09 novembro - Se mesmo Deus quiser nos
deixar sem consolações, não devemos ficar excessivamente tristes, mas continuar
a rezar e a esperar, curvando com humildade a fronte e mantendo o coração
alegre com a Vontade divina. (S 237). São Jose Marello
João 2,13-22
"Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
- Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que
dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como
fogo."
Aí os líderes judeus perguntaram:
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer
isso?
Jesus respondeu:
- Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram:
- A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai
construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando
Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e
então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele."
Meditação:
A Igreja celebra a Dedicação da Basílica do Latrão, “mãe de todas as igrejas”, construída pelo imperador Constantino por volta do ano 325, é a primeira em dignidade das igrejas do Ocidente, pois é a catedral de Roma (urbi et orb) e foi sede oficial do bispo de Roma até o século XIV.
A basílica lateranense representa como que a passagem da igreja-tenda =
peregrina e precária nas catacumbas e símbolo da presença de Deus caminhando
com o povo de Israel no deserto – para a igreja-templo, construída sobre o
templo vivo que é o próprio Cristo.
Nós, como membros vivos da igreja local, somos co-responsáveis para que ela se
torne espécie de “igreja-mãe”, geradora de outras comunidades e aberta ao
mundo.
Jesus, para salvaguardar a sacralidade do templo, como vemos no evangelho, usou
de ação física contra aqueles que queriam transformá-la em lugar de exploração.
Do templo deve jorrar “água” para irrigar a vida da comunidade.” Com seu gesto,
Jesus anuncia o propósito de libertar o povo da exploração, “denuncia o domínio
do dinheiro e acusa as autoridades religiosas de abusar dos pobres com o
comércio do sagrado”,
Se o templo-igreja merece respeito, pois é símbolo da presença de Deus e lugar
de encontro da comunidade, muito mais se deve respeitar o ser humano, templo
vivo do Espírito Santo.
São Cesário de Aries dizia: “Hoje,
com exultação e alegria, celebramos o dia natalício deste templo, devemos ser
um templo verdadeiramente vivo de Deus e preparar nossas almas para serem como
queremos que sejam as igrejas nas quais entramos”. Ou ainda, como
diz são Paulo: ”Acaso
não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?"
No Evangelho de hoje, João narra o início do ministério de Jesus com um
contraste.
Jesus vai a Caná da Galiléia, convidado para uma festa de casamento na qual
está sua mãe. Aí contribui para a plena alegria transformando a água em vinho.
Em seguida Jesus vai a Jerusalém para a Páscoa dos judeus. Aí, no templo,
depara-se com o espaço religioso a serviço da prática do mercado. Este templo é
fadado à destruição, enquanto Jesus permanece por toda a eternidade.
João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três
dias – ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir” dos
Sinóticos (Mt 26,61).
As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo
economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o
poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois
de três dias.
Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da
religião, por parte das autoridades de Jerusalém.
Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem
freqüentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro do
Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje.
Além da descarada exploração financeira dos seus fiéis por parte de algumas
seitas (e cuidemos para não generalizarmos aqui), aos poucos, muitas
comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética de denúncia e anúncio,
configurando-se ao mundo neo-liberal de consumismo e gratificação emocional
imediata, tornando o evangelho uma mercadoria a ser vendida através de um
marketing, que jamais pode questionar os valores da sociedade vigente.
Assim, o texto de hoje nos traz um alerta: Jesus não veio compactuar com uma
religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções
do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração. Ele veio “para que todos tenham a vida e a
vida em abundância” (Jo 10,10).
Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião
decadente das elites do Templo.
A reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que comerciavam dentro do
templo de Jerusalém, serve para nós como uma exortação para que não façamos das
coisas de Deus, cabide para dar suporte aos nossos interesses.
Ao mesmo tempo em que nós devemos respeitar a casa de Deus como um lugar
sagrado, de recolhimento e oração, nós também precisamos fazer do nosso
interior um templo sagrado onde habita Deus.
Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também, com toda
determinação, necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa
transformar o nosso interior numa casa de negócios, onde paire os pensamentos
maus, interesseiros e as más intenções.
“O zelo por tua casa me
consumirá”. Precisamos repetir isto ao Senhor a todo o momento da
nossa vida. O cuidado que devemos ter com a nossa morada interior aonde Deus
habita deve consumir os nossos dias.
Não podemos em nenhum momento relaxar na vigilância diante do que nós falamos,
do que nós pensamos ou imaginamos, assim como também, com tudo que possa
corromper a nossa consciência.
Os nossos pensamentos motivam os nossos sentimentos e estes, determinam as
nossas ações.
Reflexão Apostólica:
Quais comércios na casa de Deus estão
acontecendo atualmente? Conseguimos identificar algum?
Importante:
toda a reflexão de hoje não deve ser vista como moralismo, machismo, feminismo,
separatismo e outros tantos “ismos”, ok?
Ao ir a
um mercado procuramos por mercadorias. Saímos de casa com uma lista de compras
ou com um objetivo único de adquirir algo que precisamos ou necessitamos muito.
Sim, às
vezes compramos até aquilo que não precisamos, mas como consumismo tem “ismo” o
deixaremos de lado agora.
Andamos,
procuramos pelo produto, se o encontramos, calculamos o quanto
poderemos gastar para adquiri-lo.
Calculamos
o número de parcelas, o quanto teremos que trabalhar para conseguir pagar as
prestações ou quanto tempo para juntar o dinheiro para a compra à vista.
Mesmo depois de tanta procura e pesquisa de preço, como não ficarmos frustrados ao levar um produto tão caro para casa e saber que com pouquinho mais de esmero (olha ai essa palavra de novo) poderíamos ter um de melhor qualidade.
Ao
nos fazer sua imagem e semelhança e achar que toda sua obra era boa e bela,
(…) Deus resolveu morar dentro de nós.
Dentro
do nosso peito agora pulsa o próprio Espírito Santo “(…) Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do
Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso
mesmo, já não vos pertenceis?”.
Mesmo
sendo o próprio templo de Deus é de ficar admirado o empenho velado que ainda
tem a serpente ao assistirmos TV e constatar o balcão de negócio que virou a fé
das pessoas.
A teologia da prosperidade cresceu entre muitas igrejas e agora também nos assombra pela crescente fase de nossos cristãos em negociar sua fé com Deus: “Senhor eu preciso de um carro”, “Senhor, se me ajudar eu me converterei” etc.
O
que esperar de alguém que negocia ter uma vida correta em troca de um pedido
realizado?
Como
condenar esses pastores da TV (graças a Deus são uma minoria) que extorquem
dinheiro a base da falta de fé das pessoas?
Qual
foi a última vez que pedi Sabedoria a Deus? Prudência, compaixão, misericórdia,
paz, (…) ainda as pedimos em nossas preces e louvores?
Jesus disse para que pedíssemos e nos seria dado sendo assim não vejo nada incorreto em pedir sua intercessão por algo que queremos em sonhamos, mas esse pedido foi condicionado ao nosso crescimento, a nossa fé. Tenho me empenhado a crescer? É só isso que tenho?
Quando
nossa espiritualidade, nossa maturidade, nossa vida não esta construída na
rocha usamos um artifício muito comum na compra de uma mercadoria – a
pechincha. Queremos pechinchar com Deus!
Temos
visto muita gente ir a igreja somente para pedir e isso é desesperador, pois a
primazia dessa relação seria a amizade entre nós e Deus e não uma relação de
comércio: Eu peço Ele dá.
O preço de uma espiritualidade e da maturidade, não é nada que não consigamos assumir em prestações e com o tempo, mas nos comportamos como jovens que compram um celular moderno e caro, no entanto deixam o carnê para os pais pagarem as parcelas. Coitado de Deus! São tantos carnês que vencem hoje!
“(…) Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!”.
Propósito:
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário