20 dezembro - É natural que sintamos vergonha de nossas faltas
e, depois de uma queda, quase já nem ousamos mais dirigirmo-nos a Deus.
Enchamo-nos de coragem! Deus é tão bom!... Aquele Jesus que, esquecendo as
ofensas dos apóstolos, levou-lhes a paz depois da sua ressurreição, trará a sua
paz também ao nosso coração humilhado e angustiado. (S 205). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,26-38
Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o
anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. O anjo levava uma
mensagem para uma virgem que tinha casamento contratado com um homem chamado
José, descendente do rei Davi. Ela se chamava Maria. O anjo veio e disse:
- Que a paz esteja com
você, Maria! Você é muito abençoada. O Senhor está com você.
Porém Maria, quando ouviu
o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou pensando
no que ele queria dizer. Então o anjo continuou:
- Não tenha medo, Maria!
Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá
nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus
Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei
Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca
se acabará.
Então Maria disse para o
anjo:
- Isso não é possível,
pois eu sou virgem!
O anjo respondeu:
- O Espírito Santo virá
sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso
o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua parenta
Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter
filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez. Porque para Deus
nada é impossível.
Maria respondeu:
- Eu sou uma serva de
Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer!
E o anjo foi
embora.
Meditação:
Em
plena preparação para as celebrações do Natal, a liturgia nos apresenta a
figura de Maria no mistério de sua Imaculada Conceição. Desde os primeiros
séculos cristãos a igreja contemplou com amor e admiração a mãe de Jesus;
tentou compreender seu papel na história da salvação e chegou a conhecer,
iluminada pelo Espírito, que aquela mulher por quem nos foi dado o Salvador, a
quem o arcanjo na anunciação chamou de “cheia de graça” ou “sumamente
favorecida”, havia sido enriquecida por Deus com todos os dons necessários para
fazer dela “digna morada” de seu Filho.
A
leitura do evangelho de Lucas já é bastante conhecida. Hoje lemos a anunciação
do arcanjo Gabriel a Maria de que será a mãe do Filho de Deus, o Messias, o
Salvador do mundo.
O relato nos é familiar porque na Bíblia lemos
muitas anunciações, muitas vocações. Podemos dizer que aqui não se trata só da
anunciação a Maria, mas também de sua vocação. É chamada a colaborar
decididamente no plano de Deus. Espera-se seu consentimento aos planos do Pai,
sua inteira submissão à vontade divina.
O
texto nos revela que Deus a amou e a dotou de uma graça superabundante por
causa da missão que lhe está confiando: a de ser mãe do Messias. Lemos que
Maria terminou manifestando total disponibilidade a essa missão. Suas palavras
são exemplares: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo tua
palavra”.
As
maiores obras de Deus se realizam em silêncio. Chegou a plenitude dos tempos. O
tempo messiânico. E seus sinais são: simplicidade, alegria, humildade e
entrega.
O
evangelho nos narra a familiar cena da Anunciação. Esta história começou há
muito tempo na Judéia. Zacarias, sacerdote do Templo, e sua esposa, de idade
avançada, conceberam um filho (Lc 1, 5-25). Agora, Deus se fixa numa jovem do
outro extremo de Israel.
São
dois contextos contrastantes: Zacarias recebe o anúncio na cidade, no templo,
durante o ofício divino. Maria o recebe em casa, em meio a suas tarefas
cotidianas. Ela, mulher de fé, tem um diálogo dinâmico com o mensageiro:
inquieta-se, analisa, pergunta e escuta. Suas perguntas não são as de quem
duvida, mas de quem deseja compreender o projeto de Deus para ela. Assim,
acolhe o anúncio e se oferece confiadamente: Eu sou a servidora do Senhor.
Este
anúncio revela a novidade de Deus em Jesus, que em lugar de limitar o sagrado
ao templo e aos ofícios religiosos, deseja santificar a vida com suas tarefas,
lutas, festas e fadigas. Somente uma mulher de fé podia dar este salto.
Hoje
se precisa de pessoas de fé, capazes de libertar Deus dos estreitos muros do
ritualismo e que saibam ver o Espírito, impulsionando homens e mulheres de bem
que, dia a dia, constroem o mundo justo e fraterno com que Deus sonha.
Na
Anunciação, Maria tem um papel relevante, e responde comovida, mas sem medo,
“eu sou a servidora do Senhor”. Assim, com a fé de Maria, começa a nova
aliança. Ela foi eleita para ser sinal da presença de Deus. Levará em seu ser o
Salvador. Diante da proposta do anjo, Maria só obedece, com uma entrega e
abandono absolutos.
Somente
a preocupa uma coisa: “eu sou virgem”. Então o anjo lhe dissipa todas as
dúvidas e a nós também: “para Deus nada é impossível”. Deus não necessitava de
uma criatura para dar a seu Filho um corpo humano, mas, em seu imenso amor à
humanidade, buscou uma mãe, e para que Maria fosse essa mãe, necessariamente
Deus a teve que olhar com amor, antes que a qualquer outra criatura. Por isso
lhe foi dito e sempre se dirá “cheia de graça”.
Agora
Maria espera o nascimento do filho concebido em seu seio com a graça e o poder
criador de Deus, da mesma forma que nós também esperamos que chegue o Natal
para poder adora-lo e bendize-lo.
Somos
chamados a assumir neste Advento as atitudes de Maria: humilde disponibilidade
à vontade de Deus sobre nós, gozosa acolhida de sua palavra, fidelidade à nossa
vocação de cristãos e à tarefa que Deus dispôs para cada um de nós em sua
Igreja, certos de que participamos também da graça superabundante com que Maria
foi dotada.
O
mundo espera de nós e da Igreja que, como Maria, façamos nascer a Cristo no
coração de tantos e tantos que ainda não o conhecem e que não ouviram sua
palavra de salvação.
Reflexão Apostólica:
Quanto
mais nós meditamos sobre esta passagem do Evangelho mais nós nos
conscientizamos da grande participação de Maria no Projeto Salvífico do Pai.
Conforme prometera Deus escolheu Aquela de cuja descendência sairia o Salvador
dos homens.
Porque
conhecia as Escrituras e confiava na promessa do Pai, Maria submeteu-se a ação
do Espírito Santo e deu o seu Sim a fim de que a humanidade fosse redimida. O
anjo Gabriel anunciou a Maria o advento do Filho do Altíssimo o qual reinaria
eternamente, segundo o plano de Deus, sobre toda a humanidade.
O
anjo anuncia da parte de Deus a Zacarias e depois a Maria o nascimento de João
e Jesus, respectivamente, que se relacionam com outros nascimentos no Antigo
Testamento. Os anúncios a Zacarias, mesmo não sendo mulher, e a Maria, dão
continuidade ao projeto de Deus na história da salvação.
Lucas
apresenta os personagens e os lugares que preparam a chegada de Jesus: Gabriel,
Zacarias, Maria, José, Isabel, João Batista, os pastores, Simeão, Ana, Nazaré,
o Templo. Descreve o que está acontecendo: a ajuda de Deus a cada um deles, e
mostra a forma como é recebido Jesus na vida de cada um desses personagens.
Ainda que todos tenham uma importância dentro do relato, o personagem central é
Maria: ela recebe o chamado do Senhor, experimenta a certeza da bondade de Deus
e responde com generosidade ao chamado. Maria nos apresenta uma forma concreta
de acolher e tornar viva a Palavra de Deus que se manifesta de forma concreta
na nossa vida.
No
Evangelho de hoje três aspectos nos chamam a atenção: a Fé de Maria que não
questiona a vontade de Deus transmitida pelo anjo, o conteúdo da mensagem do
anjo e a obediência expressa na resposta: “Eis a serva do Senhor, faça-se em
mim segundo a tua palavra.”
Maria
recebeu o dom da divina maternidade porque teve fé e pela fé se torna
felizarda. O nascimento de Jesus é obra da intervenção de Deus, pois Maria
concebe sem conhecer homem algum. Aquele que vai iniciar nova história surge
dentro da história de maneira totalmente inédita.
0
título Filho de Deus, associado à ostentação de poder, foi atribuído aos faraós
e a outros chefes de nações ou impérios, além de ao próprio rei Davi. Muitos
discípulos de Jesus se inclinaram a essa interpretação. Jesus, contudo, sempre
se colocou em relação de filiação com o Deus Pai, misericordioso e todo
amoroso. Filho de uma jovem pobre e de um carpinteiro, Jesus revela-se como o
Filho de Deus humilde e solidário com os pobres e excluídos, aos quais deseja
comunicar a vida divina.
Eis
a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Palavras muito simples
mais que atraem responsabilidade. Pois doravante aquela pobre menina vai ser
depositária dos desígnios de Deus. Deus entra no tempo por meio do sim de Maria
que se coloca como escreva ao serviço do seu senhor 24 horas por dia.
O
sim de Maria mostra a confiança no projeto de Deus. A promessa feita através
dos profetas, agora vai se realizar na pequena jovem, que com o seu sim, vai se
tornar a mãe do salvador.
Maria
é um exemplo de humildade e obediência ao Pai. Devemos aprender com Maria a
darmos sempre o sim a Deus acolhendo com humildade a Sua vontade sobre nós e
nossas comunidades.
As
mesmas palavras que o anjo dirigiu à Mãe de Jesus nos são dirigidas também,
hoje, quando somos escolhidos (as) para cooperar na edificação do reino de Deus
aqui na terra: “Não tenhas medo, porque encontraste graça diante de Deus”.
Também
nós somos chamados a todo o momento a dar o nosso sim ao projeto de Deus. Como
está sendo nossa resposta? Um sim sincero e confiante, ou um talvez, quem sabe,
mais tarde!!! Maria deu o seu sim, e deixou que Deus realizasse maravilhas.
Assim, também se dermos nosso sim, as maravilhas de Deus podem acontecer
através de cada um de nós.
Propósito:
Senhor Jesus, que a contemplação da concepção imaculada
de tua mãe desperte em mim o desejo de romper, definitivamente, com o pecado
que maculou a humanidade.
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