São Sabas
A descrição do martírio de Sabas foi feita em uma
carta, logo após sua morte, pelo governo dos Gothes ao norte do Danúbio. São
Jerônimo conta que o Rei Athanaric iniciou a perseguição aos cristãos em 370.
Sabas nasceu no ano de 439 na Capadócia e foi convertido ao cristianismo desde
jovem.
A disputa dos parentes por sua herança o levou a
procurar ajuda num mosteiro, onde foi acolhido apesar de ser ainda uma criança.
Apesar de pouca instrução, tornou-se um sábio na doutrina cristã. Dividiu tudo
o que herdou entre os cristãos pobres e doentes. Trabalhou na conversão de seus
conterrâneos e ajudando os cristãos perseguidos em sua pátria. Era, antes de
tudo, um caridoso e valente.
Experimentou a vida monástica cenobítica, ou seja,
comunitária; depois passou para o mosteiro dos anacoretas, onde os monges se
nutrem na solidão, preferindo esta última.
Naquela época, havia o decreto de que cristãos,
para serem poupados, deveriam comer a carne dos animais mortos aos deuses
pagãos. Muitos se utilizavam da estratégia de enganar os guardas, dando de
comer aos familiares carnes comuns, e não as desses sacrifícios, salvando os
familiares do martírio. Mas Sabas se recusava a mentir, chegando a protestar em
público contra tal prática.
Quando as perseguições se acentuaram, Sabas já
gozava de muito prestígio, pois tinha fundado uma grande comunidade de monges
anacoretas no vale de Cedron, na Palestina, chamada de “grande Laura”. Ela começou
naturalmente, com os eremitas ocupando as cavernas ao redor daquela em que
vivia, isolado com os animais, e construíram um oratório. Foi assim que surgiu
o que seria no futuro o Mosteiro de São Sabas.
A fama dos prodígios que alcançava através das orações
e também a grande sabedoria sobre a doutrina de Cristo, que tão bem defendia,
fizeram essa comunidade crescer muito. A ele se atribui o fim de uma longa e
calamitosa seca. Ocupava uma posição de liderança importante dentro da
sociedade e do clero. A eloquência da sua pregação do Evangelho atraía cada vez
mais os pagãos à conversão. Sabas, então, já incomodava o poder pagão
como autoridade cristã.
Interferiu junto ao imperador, em Constantinopla, a
favor dos mais pobres, contra os impostos. Organizou e liderou um verdadeiro e
próprio exército de monges anacoretas para dar apoio ao papa contra a heresia
monofisista que agitou a Igreja do Oriente.
Morreu em 5 de dezembro de 532, na Palestina, aos
noventa e três anos de idade. São Sabas está presente na relação dos grandes
sacerdotes fundadores do monaquismo da Palestina. A festa em sua honra ocorre
no dia de sua morte.
A
Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Crispina, Dalmácio e
Nicécio.
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 7,21.24-27
"“Não é toda pessoa que me chama
de “Senhor, Senhor” que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade
do meu Pai, que está no céu. – Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de
acordo com eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha. caiu a
chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa.
Porém ela não caiu porque havia sido construída na rocha. – Quem ouve esses
meus ensinamentos e não vive de acordo com eles é como um homem sem juízo que
construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento
soprou com força contra aquela casa. Ela caiu e ficou totalmente destruída.”"
Meditação:
“(…) Somente quem faz a vontade do Pai que
está nos céus irá participar plenamente do seu Reino. Jesus veio até nós para
nos revelar quem é o Pai, assim como a sua vontade, para que, a partir do seu
conhecimento, pudéssemos praticá-la e participar conscientemente do Reino. Por
isso, todos os que desejam a vida eterna devem fundamentar a sua existência na palavra
de Jesus e procurar viver segundo os valores que ele pregou no Evangelho,
colocando em prática a vontade do Pai, que Jesus, ao se fazer homem e vir ao
mundo, revelou para todos nós”. (CNBB)
A liturgia de hoje nos apresenta o final do
Sermão da Montanha, no evangelho de Mateus (5-7). Este nos conta que a pregação
de Jesus tem muito êxito entre as cidades pobres do norte do país.
Gente de muitas cidades o seguia, então ele decide subir ao monte e expõe num
longo discurso, sua lei de vida, o ideal de vida da comunidade. Chama
bem-aventurados os pobres e reinterpreta a lei do Antigo Testamento, centrada
no cumprimento de regras e preceitos, antepondo a toda a lei o respeito ao ser
humano, à sua dignidade. É neste contexto que aparece o evangelho do dia de
hoje.
Este evangelho é uma exortação final de todo o discurso: quem escuta estas
palavras, quer dizer, quem antepõe a dignidade do homem ante os projetos,
normas e leis, edifica firmemente, sobre rocha.
Quem não as escutas, quer dizer, quem nega a dignidade do ser humano e põe sua
confiança nas coisas, edifica debilmente, fica só e a primeira dificuldade
mostrará que as leis, normas e coisas servem pouco.
O texto apresenta a relação mais ou menos
estreita entre as palavras e as obras na vida, e busca, por conseguinte,
afirmar a necessidade da coerência na existência dos seguidores de Jesus.
O v. 21 coloca em primeiro plano o modo como devem ser valoradas duas atitudes
opostas. A primeira pertencente exclusivamente à ordem das palavras.
Mesmo que as palavras mencionadas aqui pertençam a uma ordem importante, a da
fé, pois proclamam Jesus como Senhor, não basta repeti-las para poder «entrar
no Reino». Pelo contrário, a segunda atitude não consiste exclusivamente em
dizer, mas se desenvolve no âmbito do «fazer».
Como na parábola dos dois filhos (Mt 21,28-32) e em muitas passagens de Mateus
se contrapõem aqui a palavra e a obra, intenção expressa e realização.
Os vv. 24-27 retomam essa oposição falando de duas categorias de pessoas que
têm algo em comum, já que ambas são descritas como “os que ouvem” as palavras
de Jesus.
A diferença se estabelece a partir de quando se coloca ou não em prática essas
palavras. Primeiramente se descreve a atitude dos que se preocupam em
transformar em vida essas palavras (vv. 24-25), em seguida aqueles que não são
coerentes com a palavra ouvida.
A partir desta opção fundamental se descrevem a natureza de cada uma destas
atitudes e as conseqüências que derivam dessa natureza.
A prudência é própria da primeira categoria, a estupidez é a característica
sobressalente da segunda. Graças a uma dupla comparação com a maneira de se
construir um edifício, coloca-se o fundamento dessa prudência ou imprudência.
O fundamento escolhido para um e outro edifício é diferente. No primeiro caso,
a rocha; no segundo, a areia. Os dois fundamentos distinguem-se entre si por
sua firmeza ou fragilidade. E, a partir daí, pode-se vislumbrar a sorte futura
das duas construções.
Uma e outra casa estarão sujeitas às mesmas adversidades originadas dos
fenômenos climáticos: chuva, inundações e tempestades.
A ação destruidora dos mesmos agentes atmosféricos produz diferentes
resultados. No primeiro caso a construção “não caiu”; no segundo, “caiu”.
Nos dois casos se tem o cuidado de mostrar que o resultado teve sua causa no
fundamento escolhido: “porque estava edificada sobre a rocha”, “porque estava
edificada sobre a areia”.
A prudência ou a sabedoria cristã não deriva do “cálculo ou da justa medida”,
mas da adequação da vida aos ensinamentos e vida de Jesus, a seu projeto de
justiça sobre o Reino.
Ser sábio é, então, buscar a realização do sermão da montanha na existência
humana, comprometer toda a vida, situar todas as ações no âmbito do seguimento,
ser “apaixonadamente imprudente” pela causa do Reino e sua justiça.
Essa entrega sem reservas, sem levar em conta as perdas e os danos que possam
se dar é a única forma de realização proposta por Jesus a seus seguidores e o
critério definitivo da realidade do seguimento.
A felicidade prometida por Jesus, à qual estão diretamente convidados os
discípulos, deve tornar-se compreensível para todos os seres humanos graças à
vida de cada um e de todos os integrantes de cada comunidade cristã. Com sua
atuação se relaciona a sorte do Reino e de toda a história humana.
Reflexão Apostólica:
Já adentramos dezembro e que reflexão faço da minha
casa, ou seja, de mim, esse ano? Quantas vezes caí? Quantas vezes me
envergonhei dos meus atos? Sobre o que edifiquei ou me embasei nas minhas
decisões? Decidi ou me manifestei no calor de emoções? A quantos feri? Mais pra
frente entenderemos o porquê dessas perguntas.
Somos chamados, ano a ano a acompanhar o tempo. Os dias passam e com eles o
tempo também. Um fruto, um dia foi semente, foi flor e depois o fruto, uma
seqüência natural que também acontece conosco, pois um dia fomos crianças,
outrora jovens e agora maduros, mas nesse ano, quantos passos foram dados em
busca da maturidade?
“(…) Então é natal, e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez…”.
Pergunto isso todos os anos… Responda sem preocupações: Quantos livros eu li? O
quanto me aperfeiçoei ou me dediquei em algo? Que conceitos ou pré-conceitos
foram revistos? O que era um defeito e agora é um fato controlado ou pelo menos
esta mais tênue? A quantos eu estendi a mão (perdão, conforto, paz)? O que
plantei? Que projetos idealizei e consegui concluir?
O ano renasce a cada novo amanhecer. Se usarmos uma analogia daquela placa
“ESTAMOS EM OBRAS PARA MELHOR ATENDÊ-LO”, descobrimos que passamos mais tempo
em obras do que abertos ao público. Que afugentamos mais do que trazemos para
perto de nós. Que temos medo de abraçar, pois não sabemos as intenções
verdadeiras de quem nos abraça; que damos mais “esmolas” se tivermos algo em
troca.
Pergunte-se: A quem mais ajudamos no dia a dia, o malabarista de semáforo que
nos pede um trocado pelo show ou ao rapaz, que mora numa casa que lida na
recuperação de vítimas do álcool e outras drogas, que entra no ônibus e nos dá
duas canetas em “troca” de dois "real"? Ambos estão trabalhando.
Poderíamos alegar que o motivo dos meninos da Manasses seja mais nobre, mas
como não verificar a dificuldade de reconhecer que até a melhor de nossas
intenções pode ser movida por interesses?
Quantas vezes minha decisões foram movidas por meus interesses ou sentimentos
particulares? Quantos projetos naufragaram por minha falta de vontade ou por
minhas críticas? Quantas vezes fui movido pelas dores dos outros a atacar ou
julgar outras? Quantos, que nem mesmo conhecia, mas eu já imaginava como seriam
(pré-julgamento)?
A música “Então é Natal” termina com um pedido de paz e uma lembrança a
Hiroshima e Nagasaki, cidades destruídas pelo ímpeto humano de estar certo a
qualquer custa. Quantos casamentos, noivados, namoros e amizades também foram e
são desfeitos também pelo orgulho, por não querer ceder, não aceitar as
correções? Por exemplo, o orgulho de homens que não querem ajudar na lida
doméstica (lavar, cozinhar, passar) como se fosse “coisas de mulher” ou quando
não as deixam estudar, sair de casa, (…)
As reformas do nosso ser não param de acontecer, pois temos um imenso prazer em
receber as pessoas, estar perto delas, de nos socializar, cada vez melhor, mais
dóceis, amáveis… Quem tem Deus no coração não consegue se isolar, se calar,
fugir.
João, o evangelista, era provavelmente o mais novo dos apóstolos e somente na
velhice conseguiu sintetizar o que Jesus realmente desejava. É dele fases como
“Deus é Amor”, mas algo que ele escreveu, que nesse período tão favorável, me
toca:
Daí se sintetiza o evangelho de hoje “(…) Filhinhos, não amemos com palavras
nem com a língua, mas com obras e de verdade”, pois como Jesus disse “(…) Não é
toda pessoa que me chama de “Senhor, Senhor” que entrará no Reino do Céu, mas
somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu."
Precisamos crescer
com as primaveras que passam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário