17 junho - Como um dia no Calvário, assim agora nas igrejas
Jesus não quer defender-se de outra
maneira senão com a força do amor, e tolera sempre as violências dos bandidos
para ceder lugar à caridade das almas piedosas das quais espera conforto e
reparação. (L 209). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 5,38-42
""Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente!' Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado."
Meditação:
Temos
aqui a quinta contraposição feita por Jesus, entre a antiga Lei e o seu novo
mandamento. O "que foi dito" é substituído por uma nova prática
fundada no amor, na misericórdia e na justiça, estabelecendo-se a paz.
A
lei do talião era a expressão típica do culto ao espírito vingativo e cruel,
afinado com a violência comum praticada por Israel contra os povos da terra
ocupada em Canaã e os povos vizinhos, considerados inimigos.
Jesus
apresenta uma referência baseada, não na lei da justiça judaica, isto é, o que
é devido a cada um, mas na lei da graça e do amor: Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por
dente!’ Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se
alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém
quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se
alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te
pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado.
A
lei que Jesus faz alusão é de do Talião: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho,
dente por dente”, embora à primeira vista pareça estar alimentando um
sentimento de vingança, ela justamente deseja frear um ímpeto de vingança
individual.
Para
santo Agostinho, está Lei impedia expressões desmesuradas. É como um já perdoar
um pouco: é um começo de justiça misericordiosa. E Aquele que veio não abolir,
mas aperfeiçoar, a conduz à sua perfeição. Porque em Jesus, e por Ele: Não resistais ao malvado. Pelo
contrário, se alguém te dá uma bofetada na face direita, oferece-lhe a
esquerda…
Assim,
com estas palavras, o Senhor nos vai progressivamente conduzindo. Fazendo-nos
reconhecer o não revide: oferecer a outra face; deixar também o manto; caminhar
com ele dois mil passos.
Desta
maneira, Ele nos leva ao mandamento da caridade, não só para melhor compreendê-lo,
mas também como concretamente vivê-lo.
O
Senhor nos ordena dar a todos tudo o que eles nos pedem: que todos sejam
cumulados, por nossa generosidade, de tudo o que lhes falta.
Façamos
de modo que eles não sofram nem de sede, nem de fome, nem da falta de vestes. E
então, seremos encontrados dignos dos bens que faltam a nós mesmos e que
pedimos a Deus, pois o costume de dar nos merecerá obtê-los. Ademais há mais alegria em dar do que em
receber.
Urge
que, aos nossos ouvidos, soem as palavras de Jesus: vencer o mal com o bem e tornar concreto em
nosso agir o mandamento do amor fraterno.
Ensina-nos a não responder o mal com mal, mas, como diz São Paulo (Rm 12,17.21):
“a ninguém devolva mal pelo mal. Vença o mal fazendo o bem”. A proposta
evangélica da não-violência tem que ser um exercício eficaz para ir assumindo
um novo estilo de vida.
Peçamos
ao Senhor que encha nossos corações com as graças do Seu Espírito Santo; com
amor, alegria, paz, paciência, bondade e humildade, nos ensine a amar os que
nos odeiam; a rezar pelos que nos perseguem e, com o Seu auxílio, renunciar aos
prazeres deste mundo e a desejar uma nova terra e novos céus.
Reflexão Apostólica:
Nesta
passagem o evangelista apresenta a famosa Lei do Talião: “olho por olho, dente
por dente”, que gera mais violência do que a existente.
Mahatma
Gandhi dizia com grande ironia: “Se aplicarmos o olho por olho, logo o mundo
ficará cego”. A vingança é violência e gera violência. Por esse motivo, Jesus
apresenta uma nova maneira de atuar frente ao mal que nos aflige.
Um
dos desafios mais tremendos para os discípulos de Jesus consistia em “oferecer
a outra face a quem lhes esbofeteasse a face direita”. Receber um tapa no rosto
é uma experiência altamente ofensiva em qualquer cultura. Revidar é uma reação
natural. O discípulo do Reino, porém, é orientado para agir de maneira
diferente: jamais responder violência com violência.
As primeiras comunidades cristãs viam-se pressionadas pela violência de seus
perseguidores. Quanto mais sem fundamento é a violência, tanto mais perversa e
maligna ela é.
A violência contra os cristãos era deste tipo. Se pagassem com a mesma moeda a
violência sofrida, que moral teriam para proclamar a excelência do mandamento
do amor e a urgência da reconciliação? Caso se submetessem passivamente seriam
dizimados dentro de pouco tempo. Se optassem por se dispersar ou por viver na clandestinidade,
não poderiam realizar a missão de arautos do Evangelho que tinham recebido.
O gesto de oferecer a outra face era uma forma de resistência pacífica à fúria
dos perseguidores. Significava que os discípulos de Jesus não temiam quem os
perseguia; que recusavam a se rebaixar ao nível de seus adversários; que
buscavam eliminar a violência no seu nascedouro; e que davam testemunho de um
mundo novo onde a violência não tinha vez. Este testemunho inusitado poderia
até mesmo levar os perseguidores à conversão.
A
nova lei do amor levada a cabo pelo próprio Deus
Mas,
por que existem tantos conflitos entre os cristãos? Parece que não foi nada
fácil passar da lei do Talião para a lei do amor, que não somente haverá de nos
levar a não lutar com o inimigo.
Humanamente
falando, é mais fácil arrancar o espinho que fica no coração ante uma ofensa
recebida respondendo com outra ofensa maior, do que praticando o mandamento do
amor, que nos exige perdoar a quem nos ofendeu, e amá-lo.
Para
o mundo, tal exigência de Jesus é irracional; mas a partir da lógica do amor, o
ódio gera mais ódio; e enquanto a raiz dos males do ser humano continuar em seu
coração, lhe será impossível alcançar por seus próprios meios a paz que tanto
busca. Ser cristão implica: acima do ódio, amar e, passando por cima da ofensa,
perdoar.
Como
vimos, Jesus veio dar uma nova mentalidade à Lei que os antigos vivenciavam e
nos orienta a ter uma postura coerente com o que Deus Pai nos deixou como
legado, nos dando conselhos úteis para as nossas ações.
Com as nossas atitudes é que nós vivenciamos o Evangelho de Jesus Cristo. Jesus
veio esclarecer para nós a mentalidade Evangélica.
Assim é que ele nos recomenda: “não enfrenteis o malvado” ; “se alguém te dá um
tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda;”
Por
isso Ele abre os nossos olhos para que não queiramos enfrentar a quem é
malvado, isto é, aquele (a) age com o poder do mal. Não devemos medir forças
com o inimigo nem mostrar que temos poderio. Não devemos fazer questão por
coisas que não são essenciais, por coisas que só os maus desejam, mas sim,
angariar a amizade dos que estão contra nós e não nos submeter à tentação de
revidar.
Muitas vezes nós fincamos pé naquilo que nos é de direito e entramos em litígio
com alguém praticando a vingança. Dar a outra face é, sem dúvida, mostrar uma
ação diferente daquela que a outra pessoa adotou.
É mostrar o contrário, é dialogar, é promover a paz e não a discórdia. É também
não fazer questão de nada e nunca negar ajuda a alguém, mesmo a quem não nos
ajuda. Jesus também nos aconselha: “Dá a quem te pedir e não vires as costas a
quem te pede emprestado”. As nossas ações de amor devem ser inspiradas no que
Jesus nos ensina nesse Evangelho.
Fazer o bem a quem nos trata bem é muito fácil. O verdadeiro amor é baseado nas
ações mais difíceis de viver: o perdão, a compreensão, o suportar, o aceitar.
Como você tem agido com aqueles que não satisfazem aos seus desejos, aos seus
pedidos? Você é uma pessoa vingativa? Você faz questão pelos primeiros lugares?
Qual o sentimento que se apossa de você quando você é contrariado (a), quando
não alcança os seus objetivos? Você é uma pessoa pacificadora ou você “gosta de
botar lenha na fogueira”?
Não permitas que a violência tome conta do meu coração; antes, torna-me capaz
de responder, com gestos de amor, a quem me faz o mal.
Para
praticar a caridade
Vivemos
em um mundo regido por interesses, onde a maioria das pessoas pensam única e
exclusivamente em si e no seu próprio bem-estar. Porém, não importa se somos
correspondidos ou não, a Palavra de Deus ensina-nos a dar. Aprendamos a dar sem
esperar nada em troca! “Ó Jesus, Divino modelo da caridade, dai-me aqueles
puros sentimentos de amor ao próximo, de que nos deixastes tão admiráveis
exemplos.
Fazei,
Senhor, que eu ame santamente os meus semelhantes por amor de Vós, que nunca
deles suponha mal; que lhes acuda em suas necessidades e, que sofrendo suas
fraquezas neste mundo, por amor de Vós, Jesus, possa um dia cantar com eles
Vossos louvores, assim na Terra como no Céu. Amém”
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