15 junho - O triunfo de luz,
de cantos, de perfumes e de mil coisas lindas que envolvem, por uma
hora, o Rei da glória, simboliza as festas triunfais com que Jesus é
glorificado continuamente por uma alma eleita. (L 190). São José Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 5,33-37
"- Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: "Não quebre a sua promessa, mas cumpra o que você jurou ao Senhor que ia fazer." Mas eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. Não jurem nem mesmo pela sua cabeça, pois vocês não podem fazer com que um só fio dos seus cabelos fique branco ou preto. Que o "sim" de vocês seja sim, e o "não", não, pois qualquer coisa a mais que disserem vem do Maligno."
Meditação:
Entre os judeus se
emprega com freqüência a mesma palavra (‘ala) para indicar tanto juramento como
maldição. O juramento é uma afirmação pela qual alguém se deseja para si mesmo
um mal ou uma desgraça, no caso de não dizer a verdade ou de não cumprir algo
prometido. Quem jura espera da divindade que recaia sobre ele o efeito da
maldição. “Então Jônatas falou: Por Javé, Deus de Israel! Amanhã ou depois de
amanhã sondarei meu pai. Se tudo for favorável a ti e eu não te avisar, então o
Senhor me trate com todo seu rigor! E se meu pai te quiser fazer mal,
avisar-te-ei da mesma forma; deixar-te-ei então, partir e poderás estar
tranqüilo” (1Sm 20,12-13).
Nos tempos de Jesus se usava jurar não só invocando a Deus, mas também o céu
(lugar onde Ele habita), a seu nome (que equivale à sua pessoa), ao templo
(lugar de sua presença), aos anjos (seus servidores mais próximos). Pela Bíblia
sabemos que quem jurava levantando a mão (Gn 14,22), apertando-a (Jó 17,3), ou
colocando-a debaixo da coxa daquele a quem se prometia algo (Gn 24,2); “coxa” é
um eufemismo pelos órgãos sexuais. O livro do Eclesiástico (23,9-11) procede
contra os juramentos feitos com rapidez; os rabinos tratavam de remediar os
abusos; os essênios o consideravam ilícitos e os fariseus estabeleceram uma
sutil casuística para manter sua validade.
Jesus não era partidário dos juramentos, pois as relações humanas devem ser
regidas pela sinceridade; o juramento supõe má fé ou falta de confiança no
outro e isto é coisa do Mal, de Satanás, que é, por natureza, mentiroso (Jo
8,44). E a mentira não deve entrar no coração do ser humano nem reger as
relações de uns com os outros. Na comunidade cristã e nas relações humanas, a
regra deve ser a sinceridade, a limpeza de coração. O juramento, portanto, está
sobrando.
No entanto, nossa sociedade está instalada na aparência da verdade ou na
falsidade. A publicidade, que todos os dias nos assedia desde a televisão, a
imprensa, o rádio, é enganosa; por razões de competitividade nos é aconselhado
a não confiarmos em ninguém, não nos manifestarmos como somos ante os demais,
não sermos ingênuos. E o ser humano – em lugar de irmão – se converteu em lobo
para o ser humano. E ante o lobo todas as precauções que se tomem são poucas.
Como estamos longe de sermos limpos de coração! Quando digam sim, que seja
sim, e quando digam não, que seja não; o que passa daí é coisa do Mal. Isto é
próprio das pessoas adultas, das pessoas de palavra, que se dizia antes dos
discípulos de Jesus que praticavam a sexta bem-aventurança: “Felizes os limpos
de coração, porque verão a Deus”.
Somos muito inclinados
a colocar alguém acima de nós como garantia de nossos empréstimos, créditos e
promessas. Certamente isso outorga algo mais de valor à palavra que damos e à
confiança que exigimos para acreditarem em nós. Então, por que colocar Deus
como garantia? Certamente não nos damos conta das implicações que tem o “jurar
por Deus”, porque já se tornou uma formalidade a mais como os que usamos para
saudar, despedir-nos ou relacionar-nos com os outros.
Jesus exige de nós
sermos plenamente responsáveis pela palavra que damos; sermos nós mesmos
garantia dela com um “sim” ou um “não”, sem buscar em Deus a justificação ou
veracidade de nossas promessas. É uma exigência à qual devemos nos ater como
verdadeiramente adultos em nossa vida, em nosso trabalho como discípulos, inclusive
em nossa forma de falar.
Ser discípulos de
Jesus implica diariamente realizarmos um sério e profundo exame de consciência,
para levarmos em conta aquelas situações que continuam nos custando trabalho em
nosso seguimento de Cristo.
Como pessoas de fé,
não podemos nos acostumar a viver sem discernir como é que vivemos, ou a viver
sem consciência de nossos atos e palavras. Deus nos chama a vivenciarmos nosso
seguimento de seu Filho com coerência e fidelidade de qualidade.
Reflexão Apostólica:
A lei não ordenava
que ninguém jurasse, mas ela mostrou que quando tivesse algum juramento,
deveria ser feito em nome de Deus e em hipótese alguma haver falsidade
(Deuteronômio 6,13; Levítico 19,12; Zacarias 8,17). Mas isto não indicava que
fora de juramento, alguém poderia mentir, pois o Senhor Deus abomina a mentira
(Provérbios 6,16,17; 12,22).
O problema é que a
tradição farisaica encontrava nisto uma fenda para sair de seus erros, ou seja,
quando o nome de Deus estivesse envolvido, não se jurava falsamente, porém não
tendo o nome do Senhor, era uma porta aberta para a desonestidade.
No entanto, eles
deveriam encontrar nos regulamentos de Deus, uma porta para a fidelidade a
verdade contínua. O que Jesus condena aqui não são os juramentos em si, mas o
engano praticado pelos oportunistas, pois na verdade, qualquer juramento que se
faça, está diante de Deus, mesmo que diretamente não envolva o Seu nome.
Um simples “sim” ou
“não” não nos coloca em menor responsabilidade com a verdade e com nossos
compromissos, que qualquer juramento que se faça (Mateus 12,36-37). Um
juramento não obriga necessariamente a quem o faz de reforçar a verdade, mas
assegura ao seu receptor uma maior segurança.
O que o Senhor quer é
que haja total e absoluta verdade em nossos corações e lábios. O que Jesus
espera de cada um de nós em nossos relacionamentos, seja com Ele, com Deus e
com o nosso próximo é que sejamos absolutamente sinceros e verdadeiros, ou
seja, tenhamos compromisso com a verdade, mesmo nas coisas pequeninas e nos por
menores da vida cotidiana.
Como seres humanos,
estamos sujeitos a sucumbir às tentações de mentir, ser infiel, odiar, agir com
egoísmo, ceder às concupiscências, esquecer e não cumprir com compromissos com
os outros e principalmente com Deus. Tais condutas não coincidem com um andar
santo e consagrado daquele que se declara seguidor de Cristo.
Deus não pode mentir
e espera que cada um que se declara cristão, tenha compromisso com a verdade,
sendo honestos a qualquer custo, havendo transparência em suas palavras ditas a
Deus ou a alguém, seja ela um “sim” ou um “não” (Tito 1,2; Colossenses 3,9;
Efésios 4,15,25). O cristão tem que estar ciente que ele não é obrigado a
jurar, mas precisa e deve sempre dizer a verdade.
É o Senhor quem nos
aconselha através da Palavra de Jesus que veio nos revelar o que é ou não do
agrado do Pai: “não jureis de modo algum”.
Não somos senhores da
nossa existência, por isso não podemos dar garantia de coisas de que não temos
o alcance. Não pudemos ser senhores da verdade, porém podemos ser firmes
naquilo que é a verdade de Deus, dizendo sim ou não de acordo com a Sua
Palavra, com Seus ensinamentos. Não podemos acrescentar nenhum dia à nossa
existência nem tampouco comandar a rotina da nossa vida. Até os cabelos da
nossa cabeça não estão sob o nosso governo, por isso, humildes e conscientes
nós necessitamos nos abandonar às sugestões do Senhor e dizer sim, quando for
do Seu agrado, e não, quando Ele nos permitir. Que as nossas ações acompanhem
as nossas palavras!
Você tem sido fiel ao
sim que dá a Deus? A que ou a quem você tem dado não? Você tem dado a
sua vida em garantia para algum propósito seu? O que você, seguramente,
acha que lhe acontecerá?
Propósito:
Pai, seja o meu sim, sim, e o meu não, não, de forma que o maligno não
contamine o meu coração com a mentira, levando-me a ser falso no relacionamento
com meu próximo.
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