sábado, 22 de junho de 2024

Evangelho do dia 24 junho segunda feira 2024 - Natividade São João Batista

 


24 de junho - Nem a altura do cargo, nem a grandeza e a nobreza das pessoas, nem mesmo os honrados cabelos brancos deverão nos impor silêncio quando se trata de defender Quem para nós é mais que pai, mãe, irmão, irmã, rei ou príncipe: o próprio Deus, nosso primeiro e único amor, nosso Criador, Redentor e Senhor, o único ao qual queremos servir. (S 234). São Jose Marello


 
Lucas 1,57-66.80 A Igreja celebra o nascimento de João

 "Quando se completou o tempo da gravidez, Isabel deu à luz um filho. Os vizinhos e os parentes ouviram quanta misericórdia o Senhor lhe tinha demonstrado, e alegravam-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe, porém, disse: "Não. Ele vai se chamar João". Disseram-lhe: "Ninguém entre os teus parentes é chamado com este nome!" Por meio de sinais, então, perguntaram ao pai como ele queria que o menino e chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha e escreveu: "João é o seu nome!" E todos ficaram admirados. No mesmo instante, sua boca se abriu, a língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos se encheram de temor, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. Todos os que ouviram a notícia ficavam pensando: "Que vai ser este menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele. O menino crescia e seu espírito se fortalecia. Ele vivia nos desertos, até o dia de se apresentar publicamente diante de Israel."  

Meditação: 

A Igreja celebra o nascimento de João como acontecimento sagrado: não há nenhum, entre os nossos antepassados, cujo nascimento seja celebrado solenemente.

Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: isto tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a damos tão perfeita como exige a importância desta solenidade, meditemos ao menos nela, mais frutuosa e profundamente.

João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem. O futuro pai de João não acredita que este possa nascer e é castigado com a mudez; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé. Eis o assunto, que quisemos investigar e prometemos tratar.

Se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério, por falta de capacidade ou de tempo, melhor vo-lo ensinará aquele que fala dentro de vós, mesmo estando nós ausentes, Aquele em quem pensais com amor filial, que recebestes no vosso coração e de quem vos tornastes templos.

João apareceu como o ponto de encontro entre os dois testamentos, o Antigo e o Novo. O próprio Senhor a testemunha quando diz: A Lei e os Profetas até João Batista.

João representa o Antigo e anuncia o Novo. Porque representa o Antigo, nasce de pais velhos; porque anuncia o Novo, é declarado profeta quando está ainda nas entranhas de sua mãe.

Na verdade, ainda antes de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Santa Maria. Já então ficava assinalada a sua missão, ainda antes de nascer; revelava-se de quem era o precursor, ainda antes de O ver.

São realidades divinas que excedem a limitação humana. Por fim, nasce; é-lhe dado o nome e se solta a língua do pai. Reparemos no simbolismo que estes fatos representam.

Zacarias cala-se e perde a fala até ao nascimento de João, o precursor do Senhor; e então recupera a fala. Que significa o silêncio de Zacarias senão que antes da pregação de Cristo o sentido das profecias estava, em certo modo, latente, oculto e fechado? Mas tudo se abre e faz claro com a vinda d’Aquele a quem elas se referiam.

O fato de Zacarias recuperar a fala ao nascer João tem o mesmo significado que o rasgar-se do véu no templo, ao morrer Cristo na cruz.

Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Se solta a língua porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: Quem és tu? E ele respondeu: Eu sou a voz de quem clama no deserto.

João é uma voz que grita no deserto, e nascido de mulher é o maior dentre todos nós, porque sua missão é a de anunciar a salvação.

João é a voz; mas o Senhor, no princípio era a Palavra. João é a voz passageira; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.

Precisamos despertar este “João” em nós (cuja tradução do nome é a Graça de Deus, o presente do céu) para que saibamos estar prontos para as riquezas e bênçãos que nos vem do alto: devemos sempre nos orientar para lá!

Até que ponto a Igreja vai permitir a utilização do nome desse santo homem para rotular uma festa que não tem mais nada a ver com ele, e que chega a ser até uma falta de respeito pela sua memória?

Que ao menos nós, cristãos conscientes, saibamos dar o devido valor ao anunciador de Jesus, nosso querido João Batista, e comemoremos com a nossa família e amigos, relembrando a mensagem trazida por ele: “Fazei penitência, porque está próximo o Reino dos Céus.” (Mt 3,2).

Reflexão Apostólica:

Sempre há uma preparação para a revelação boa das coisas de Deus, mesmo quando há uma aparente mudança na ordem das coisas (João nasce de uma mulher velha, já sofrida com o estigma da infertilidade: que era grande chaga para a mulher de sua época!).

Deus tem seus mistérios e – como em João – nos traz preparações boas que devemos ouvir, bons conselhos, exemplos e até acontecimentos extraordinários.

Esta narrativa pode ter sua origem dentre os discípulos de João Batista, onde circulava após sua morte. No Segundo Testamento, depois do nome de Pedro, o nome de João Batista é o mais citado, ultrapassando muito as demais ocorrências dos nomes dos próprios apóstolos.
João Batista nasceu por providência de Deus, fora dos parâmetros normais. Ele foi predestinado por Deus desde a sua concepção e fatos extraordinários aconteceram com seus pais, que já idosos experimentaram a manifestação do poder do alto. Até o seu nome foi causa de admiração.

Conforme fora prometido a Zacarias, quando se completou o tempo da gravidez, Isabel deu à luz um filho, na sua velhice.

 A criança havia recebido o Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe. As pessoas se surpreendiam com a misericórdia de Deus para com aquele casal e a expectativa era grande até mesmo em relação ao nome que eles poriam na criança.

Todos estavam alegres, Zacarias, seu pai, agora já podendo falar, louvava ao Senhor pelo grande feito. Porém ninguém imaginava que as profecias se realizariam através daquela criança que viera ao mundo preparar o caminho do Salvador. Plano de Deus! Deus pensa em tudo para nós. Até o nosso nome é sugerido por Deus para designar a nossa missão.

 Deus tem um plano também para você: no dia em que você nasceu todos ficaram alegres pela sua chegada, mas somente o Senhor sabia realmente qual seria a sua missão aqui na terra.

 Com certeza você também é alguém como João Batista muito importante para o reino de Deus! 

 Você já pensou nisso? – Pergunte ao Senhor qual é a sua parte no plano Dele. Será que você já está vivendo dentro deste plano? Você tem paz e serenidade em relação a quem você é e faz? Você tem dúvidas? 

Converse com Deus sobre isto!

Propósito:

Pai, toma-me sob a tua proteção e robustece-me com o teu Espírito, de modo que eu possa cumprir, com coragem e fidelidade, as tarefas do Reino que me são confiadas.

 Para encontrar seu propósito de vida

De modo geral, estamos neste mundo para glorificar a Deus e fazer a sua vontade. Porém, para cada um de nós, Ele tem um propósito especial. Essa é a razão da nossa existência. É a missão, o objetivo ou plano da nossa vida. “Senhor, eu sei que tens um propósito para minha vida, porque eu não sou fruto de um acaso. Eu sei que o Senhor pensou em mim, mesmo antes do meu nascimento, como diz Sua Palavra. Por isso, peço: coloca o meu coração em sintonia com Teu coração e ajuda-me a ouvir o Teu chamado. Se minhas expectativas e planos não estão alinhados com os Teus propósitos, eu quero submetê-los a Tua autoridade; e comprometo-me a andar contigo. Quero que a Tua vontade se cumpra em mim e desejo que, com a minha vida, eu possa glorificar o Teu santo nome. Amém”.

domingo, 16 de junho de 2024

EVANGELHO DO DIA 23 JUNHO 2024 - 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B

 

23 junho - Somos soldados de Jesus Cristo e, como tais, devemos, em algumas circunstâncias, demonstrar o nosso valor e a nossa coragem em defender a sua e nossa causa. Mas isso deve ser feito sempre com prudência e com o único fim de buscar a glória de Deus. (S 233). São José Marello

 Reflexão para o 12º Domingo do Tempo Comum


MARCOS 4,35-41 (Ano B) 23 JUN 2024

"Naquele dia, de tardinha, Jesus disse aos discípulos:
- Vamos para o outro lado do lago.
Então eles deixaram o povo ali, subiram no barco em que Jesus estava e foram com ele; e outros barcos o acompanharam. De repente, começou a soprar um vento muito forte, e as ondas arrebentavam com tanta força em cima do barco, que ele já estava ficando cheio de água. Jesus estava dormindo na parte detrás do barco, com a cabeça numa almofada. Então os discípulos o acordaram e disseram:
- Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso?
Então ele se levantou, falou duro com o vento e disse ao lago:
- Silêncio! Fique quieto!
O vento parou, e tudo ficou calmo. Aí ele perguntou:
- Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?
E os discípulos, cheios de medo, diziam uns aos outros:
- Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?!"

 A liturgia deste décimo segundo domingo do tempo comum prossegue com a leitura contínua do Evangelho segundo Marcos, como é característico do ciclo litúrgico em curso (ano B). O texto lido hoje – Mc 4,35-41 – é precisamente a continuação daquele do domingo passado (cf. Mc 4,26-34). Naquela ocasião, fora lida a parte conclusiva do discurso em parábolas sobre o Reino de Deus em Marcos, que corresponde ao primeiro ensinamento de Jesus após a constituição da sua nova família, composta por todas as pessoas com disposição para fazer a vontade de Deus, tornando-se, por consequência, mãe, irmãos e irmãs suas (cf. Mc 3,35). Ora, no discurso em parábolas, Jesus evidenciou o mistério paradoxal e complexo do Reino; trata-se de uma realidade tímida, a princípio, mas com grande força transformadora, tanto é que a imagem predominante nas parábolas foi a da semente: o discurso começou com a parábola do semeador (cf. Mc 4,3) e terminou com a do grão de mostarda (cf. Mc 4,30).

 A adesão ao projeto de Reino apresentado por Jesus, portanto, exige mudança de mentalidade, passando pela ruptura e emancipação das pessoas em relações às estruturas, esquemas e instituições tradicionais, a começar pela família patriarcal e a religião do templo (cf. Mc 3,20-35). O evangelho de hoje mostra um passo importante dessa ruptura: a travessia do lago de Genesaré, chamado pelos evangelistas de mar da Galileia. Trata-se de um texto de grande importância para o conjunto do Evangelho de Marcos, pois inaugura uma nova fase na atuação messiânica de Jesus. É o ponto de partida para a sua missão fora dos limites de Israel, já que a “outra margem” significa o mundo pagão. Além disso, a “tempestade acalmada” inaugura uma série de quatro milagres de Jesus, concluída com a ressurreição da filha de Jairo (cf. Mc 5,21-43), mostrando o centro de todo o seu projeto é o triunfo da vida. Para isso, é necessário vencer todos os obstáculos e impedimentos. Convém recordar, como sempre, que o objetivo do evangelista com o seu relato é ajudar a manter viva a fé de comunidade(s) em crise, seja por perseguição externa, por divisões ou falta de entusiasmo interno.

 Feita a contextualização, olhemos para o texto: “Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” (v. 35). É muito importante quando a versão litúrgica preserva o indicativo temporal do próprio texto, como hoje, o que é raro, sem substituir pela vaga e genérica expressão “naquele tempo”. Portanto, “Aquele dia” foi o dia mesmo do discurso em parábolas, proclamado à beira-mar (cf. Mc 4,1). O cair da tarde significa o início da noite; para a mentalidade semita, é também o início de um novo dia, mas não era o momento ideal para começar uma viagem. Na verdade, era o momento de recolher-se em casa, ainda mais para quem passou o dia inteiro ensinando, como Jesus, e esperar o dia amanhecer para recomeçar as atividades. Porém, Jesus faz o contrário, e convida seus discípulos para uma empreitada desafiadora: “Vamos para a outra margem!”. Já temos, assim, dois sinais de perigo, logo no primeiro versículo: a noite e o mar, imagens que simbolizam trevas e caos, ao mesmo tempo. Certamente, os discípulos pescadores estavam acostumados a essa realidade, mas nem todos eram pescadores. Além disso, a atividade pesqueira exigia familiaridade com o mar, mas não necessariamente a chegada à outra margem.

 O mar simboliza o caos, como afirmamos acima. Para a mentalidade bíblica, era o lugar onde residiam as forças do mal. A outra margem significa o mundo pagão, considerado impuro pela religião judaica. Para um judeu devoto, era um mundo a ser evitado, mas é para esse mundo que Jesus convoca seus discípulos a andarem com ele. O que era evitado pela religião da época, torna-se prioridade na missão de Jesus. O mar da Galileia representava, então, uma barreira de separação entre o judaísmo e o mundo pagão, mas quebrar barreiras faz parte da missão de Jesus e da comunidade de seus seguidores e seguidoras. Os discípulos obedeceram: “Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele” (v. 36). Os discípulos despedem a multidão que tinha se reunido para escutar Jesus, que já se encontrava na barca. Ora, a barca (em grego: πλοῖον – ploion), que tinha servido de púlpito improvisado para Jesus (cf. Mc 4,1), é a outra imagem privilegiada da comunidade cristã no Evangelho de Marcos, junto com a casa. Enquanto a casa simboliza a vida fraterna, a irmandade, a barca simboliza a missão, o sair de si, a disposição e a coragem de correr perigos pelo Reino. Sem essas duas dimensões – irmandade e missão – não existe comunidade cristã.

 A passagem para a outra margem não acontece sem riscos e perigos, mas é essencial para a comunidade manter-se fiel aos propósitos de Jesus. As turbulências são inevitáveis, pois essa passagem pressupõe um desestabilizar-se. E é isso o que mostra o texto: “Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher” (v. 37). A “ventania muito forte” é a síntese das principais dificuldades da comunidade do evangelista, na época da redação do Evangelho: a perseguição do império romano, sob o reinado de Nero (início dos anos 60 d.C.), a oposição das lideranças do judaísmo, e o medo/comodismo/desânimo dos próprios membros da comunidade. Tudo isso ameaçava a comunidade, tornando-a comparável a uma barca em alto-mar durante uma tempestade. Surpreende que, durante a tempestade, “Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro” (v. 38a). Logo, as turbulências da vida, as tempestades pelas quais passa a comunidade cristã não significam ausência de Jesus. O caminhar da Igreja em saída jamais será tranquilo. Pelo contrário, quanto mais a Igreja sair de si mais encontrará oposição e obstáculos, ou seja, ventanias contrárias muito fortes, a começar pelos seus próprios membros que não aceitam passar para as outras margens, onde estão os pobres e as pessoas marginalizadas em todos sentidos.

 O sono de Jesus lhe rende uma reprovação pelos discípulos: “Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” (v. 38b). É interessante que, aqui em Marcos, os discípulos não pedem uma intervenção propriamente, mas apenas questionam a aparente indiferença de Jesus; em Mateus e Lucas, por outro lado, eles fazem um pedido explícito de socorro: “Senhor, salva-nos!” (cf. Mt 8,25; Lc 8,24). Ora, o sono de Jesus não significa indiferença diante dos obstáculos vividos pela comunidade, mas sim que esses são inevitáveis. Faz parte da missão mesma a exposição aos perigos. Não há travessia tranquila. As dificuldades só podem ser vencidas se forem enfrentadas. Aos discípulos, estava faltando coragem para enfrentá-la. Essa é a primeira vez que os discípulos chamam Jesus de mestre, no Evangelho de Marcos, um dado bastante significativo. Aos poucos os discípulos iam compreendendo a posição de Jesus na comunidade e na vida de cada um, mas de maneira muito tímida, ainda. Reconhecê-lo como mestre já é um passo, mesmo que a motivação tenha sido a situação desesperadora. Nos momentos mais difíceis da vida, saber com quem se pode contar e a quem se dirigir, já é meio caminho para a resolução.

 Diante da pressão dos discípulos, eis que “Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” o vento cessou e houve uma grande calmaria” (v. 39). A intervenção de Jesus se dá unicamente por meio da palavra. O evangelista não relata nenhum gesto, além do levantar-se. A ordem dada é praticamente a mesma quando realiza exorcismos (cf. Mc 1,25). Ao ordenar ao vento, ao mar ou a um espírito impuro que se calem, na verdade Jesus está é advertindo os seus discípulos para que não escutem outras palavras que não sejam as suas. O que fez o vento e o mar silenciarem foi a Palavra de Jesus. A comunidade precisa fazer essa Palavra ressoar no mundo, fazendo calar o mal. É claro que o evangelista está reforçando sua catequese de apresentar Jesus como o Messias, o agente de Deus no mundo para destruir as forças do mal. De fato, no Antigo Testamento a capacidade de acalmar o mar e as tempestades era um sinal do poder de Deus (cf. Sl 89,10; 106,9; Is 51,9-10). Jesus é, portanto, o agente autorizado de Deus para erradicar o mal do mundo e fazer a vida triunfar em plenitude, missão essa compartilhada com seus seguidores e seguidoras de todos os tempos.

 Tendo acalmado a tempestade e o mar pela força da sua palavra, Jesus se dirige também aos discípulos em tom de reprovação: “Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tao medrosos? Ainda não tendes fé?” (v. 40). A expressão é muito forte. Inclusive, a tradução mais adequada para o termo grego traduzido por medrosos seria covardes (em grego: δειλοί – deiloi). Ora, os discípulos imaginavam que o seguimento e a fé em Jesus os isentassem dos perigos e dificuldades que a vida e a missão apresentam. Jesus ensina que não; a fé e a confiança na sua Palavra dão forças para superar os obstáculos, ou seja, as tempestades, mas não impedem de enfrentá-las. Por isso, o questionamento tao duro: “ainda não tendes fé?”. Certamente, esse questionamento impactou a comunidade de Marcos. Tanto é que, para amenizar o tom, Mateus trocou “não tendes fé” por “pouca fé” (cf. Mt 8,26). Para Marcos, no entanto, a fé não permite meios termos: ou se tem, ou não se tem. Aqui, é preciso considerar de novo o contexto literário do texto: segue de imediato ao discurso das parábolas do Reino. Os discípulos tinham acabado de ouvir, não apenas as parábolas, mas também as explicações exclusivas que Jesus dava a eles (cf. Mc 4,10). A covardia, portanto, consistia em não levar a sério as palavras de Jesus, e sem a Palavra não há fé.

 A conclusão, porém, mostra um avanço importante na fé dos discípulos, o que significa uma adesão progressiva ao projeto de Jesus: “Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (v. 41). Aqui, já não se trata de medo, propriamente, de modo que o termo mais justo para a tradução seria temor. Trata-se do temor reverencial, a postura adequada do ser humano quando reconhece o agir de Deus. Diferentemente do medo, o temor não é o oposto da fé; ele não paralisa a comunidade. Pelo contrário, o temor instiga o ser humano a fortalecer a fé, tornando-a mais convicta, estimula a pessoa a conhecer melhor a vontade de Deus, à medida em que gera espanto, admiração e curiosidade. Nesta passagem específica, o temor se torna um estímulo para os discípulos buscarem compreender melhor a identidade de Jesus, à medida em que se questionam. Ora, como sabemos, todo o Evangelho de Marcos gira em torno da clássica pergunta “Quem é Jesus?”. E o questionamento final dos discípulos, “Quem é este…?” é uma das variantes dessa pergunta que é constantemente repetida ao longo do Evangelho, tanto por adeptos quanto por opositores ao projeto de Jesus (cf. Mc 1,27; 2,7; 4,41; 6,2.14; 8,27; 11,27; 14,61-62; 15,31-32). A resposta definitiva só será dada no final do livro, por incrível que pareça, por um centurião romano, o qual reconhecerá que Jesus “era mesmo o Filho de Deus” (cf. Mc 15,39).

 O evangelho de hoje, portanto, é um convite à Igreja para que assuma cada vez mais a sua identidade missionária, reconhecendo que sua razão de existir consiste em estar sempre em estado de saída, mesmo enfrentando obstáculos. É preciso romper barreiras e alcançar as outras margens, compreendendo todas as periferias, existenciais e geográficas. E isso só é possível superando os medos, saindo do comodismo e, acima de tudo, confiando na força da Palavra de Deus, cuja revelação plena é Jesus de Nazaré com sua vida e missão

 


Evangelho do dia 22 junho sábado 2024

 

22 junho - Não podemos duvidar do amor de Jesus por nós; então, coragem! (S 359). SÃO JOSÉ MARELLO

 

Mateus 6,24-34

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24“Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
25Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso?
28E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
31Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
33Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas”.
 
Meditação:

Este longo trecho do Sermão da Montanha (caps. 5-7) é um desdobramento da primeira bem-aventurança (“Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino do céu”), associado ao que se recomenda em seguida, 5,20: “Se a justiça de vocês não for maior que a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no reino do céu”, culminando no v. 33 da leitura deste domingo: “Busquem em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça! E Deus dará a vocês todas essas coisas”. Os pobres em espírito têm um só absoluto – Deus – e um objetivo principal: a busca do seu reinado.

O evangelho de hoje nos apresenta o caráter materno de Deus através do que tradicionalmente chamamos da “divina Providencia”, uma dimensão do amor de Deus que a tradição espiritual popular deu muita relevância na vida diária. Foi um exercício de fé a descoberta da mão materna de Deus cuidando nossos passos, para evitar problemas, para atender sempre nossas necessidades.
Antigamente foi fácil a fé na Providencia de Deus, a confiança de que ele interviria nas condições externas para nos cuidar maternalmente. Hoje, depois da modernidade, ficou claro que Deus não intervém nem pode intervir nas leis da natureza para nos fazer algum bem. A fé na Providencia deve ser reformulada radicalmente. Não temos por que acreditar na intervenção de Deus sobre as causas segundas.
Na nossa forma adulta de viver a fé, como pessoas que se consideram inteiramente responsáveis de seu destino, sabemos que precisamos viver sem o consolo de um Deus a nosso serviço para facilitar nossa segurança ou nossa vida. Sabemos que neste mundo moderno estamos sós, sem um deus-tapa-buracos que nos proteja, porém sob a nossa única responsabilidade, e nas mãos de um sem fim de imprevistos que devemos assumir com responsabilidade, audácia e coragem.
É esse sentido de responsabilidade e coragem que nos permitem superar a angustia existencial que sempre rodeiam e assediam nossa vida, como vida de seres limitados, contingentes e submetidos a toda sorte de ameaças.
Preocupar-se é ocupar-se antes do tempo. Deus é um Pai providente e previdente, isto é, sabe de tudo quanto nós carecemos e nos conforta com a Sua Palavra promissora. Por isso, nós não podemos servir a dois senhores!
Ou, nós confiamos na providência do Pai e nos entregamos totalmente a Ele, seguindo os Seus ensinamentos e vivendo de acordo com a Sua orientação, ou então, iremos servir ao dinheiro, ou seja, trabalhar mais para amealhar mais.
Não poderemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo, porque assim sendo, falharemos em uma ou em outra. Jesus nos dá como exemplo os pássaros e os lírios dos campos que vivem na dependência do Criador.
Nós nos angustiamos e nos consumimos por coisas que não vão depender da nossa preocupação e sim das ações que realizamos confiantes no auxílio e na ajuda de Deus. A maioria das pessoas faz tudo ao contrário do que Jesus nos ensina. Corre basicamente para o trabalho e para a ação, e esquece de que tudo isto acontecerá em decorrência da conquista, em primeiro lugar “do reino de Deus e da sua justiça”.
Buscar o reino e a justiça de Deus em primeiro lugar é o requisito para que tenhamos todas as coisas, por acréscimo. O reino de Deus não está dissociado do tempo e do espaço em que vivemos porque Ele começa aqui e agora. Portanto, muitas coisas as quais ansiamos e desejamos são inerentes ao reino dos céus e porque Deus é justo, Ele quer nos dar.
O que você tem buscado em primeiro lugar na sua vida? A quem você está servindo mais: a Deus ou ao dinheiro? Você se preocupa com o que comer e vestir? Você já experimentou contemplar a obra de Deus através da natureza? Você sabe que faz parte dela?
A frase do versículo 24b não pode ser mais taxativa: não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Erroneamente durante muito tempo acreditamos que o pobre, o necessitado, o desamparado, tinha que ser consolado dizendo que a situação em que se encontrava era a “vontade de Deus” e que no “céu” teria sua recompensa.
Nosso bom Pai-Mãe Deus continua nos falando hoje e ensinando que não se trata de fugir da sociedade para viver uma vida eremita e miserável, não é isso que Deus quer para nós.

Não podemos cair na tentação de nos transformarmos em seres passivos, e achar que a desgraça e a pobreza são vontade de Deus; muito pelo contrário, nosso afã deve se centrar no trabalho e no esforço em fazer tudo o que está ao nosso alcance, para que cada pessoa tenha uma vida digna, direito a um trabalho, a uma boa educação, a uma boa saúde.
Se cada um, a partir do lugar em que se encontra, se preocupa pelo bem comum e com os direitos de igualdade na sociedade em que vive, e se entrega confiante e seguro nos braços de Deus, tudo o mais se dará por conseqüência.

Reflexão Apostólica:

O amor de Deus por nós se revela na vida de Jesus, que foi uma vida de amor e serviço aos pequeninos, empobrecidos e excluídos. O testemunho e a prática de Jesus é a contradição da prática daquele que serve ao dinheiro.
Quem serve ao dinheiro ama o dinheiro, e a ambição o torna cego e insensível ao próximo e a Deus. Servir ao dinheiro é consolidar esta estrutura econômica que favorece o enriquecimento de minorias ricas, às custas da exploração dos consumidores e das maiorias empobrecidas que são os trabalhadores que produzem os bens de consumo e os bens acumulados por estes ricos. Servir a Deus é assumir o seu projeto de comunhão no amor, de misericórdia e reconciliação, de solidariedade e partilha. 
A advertência de Jesus, "não podeis servir a Deus e ao dinheiro!", se insere na recomendação "fazei amigos com o dinheiro injusto, a fim de que, no dia em que faltar, eles vos recebam nas tendas eternas".
Isto significa colocar o dinheiro injusto a serviço da promoção da vida dos empobrecidos e excluídos. Hoje, no evangelho de Mateus, a advertência sobre a incompatibilidade entre o servir a Deus e o servir ao dinheiro se relaciona com a busca de segurança na vida pela acumulação do dinheiro.
A partir da insegurança quanto às questões elementares da sobrevivência opta-se pela aparente segurança que o dinheiro proporciona. Passa-se a acumular dinheiro, e, contraditoriamente, a acumulação do dinheiro gera mais insegurança e ansiedade, pelo receio das desvalorizações financeiras, das concorrências, ou pelo receio dos ladrões marginais. Quem busca salvar a sua vida colocando sua segurança no dinheiro a perde.
Encontramos toda nossa segurança na fonte e doador da vida que é Deus. O cuidado de Deus por nós é expresso de maneira poética pela comparação com os cuidados com os pássaros do céu e com os lírios dos campos.
A bem-aventurança da pobreza é o abandono nas mãos de Deus que cuida dos pássaros do céu e das flores do campo. Conquista-se, assim, a liberdade para colocar-se inteiramente a serviço de Deus, na prática de sua justiça, com o que entramos em comunhão de vida eterna com Deus.
Abandonar-se nas mãos de Deus é a atitude fundamental para usufruir da vida plena. Deus ama seus filhos como mãe. Na primeira leitura temos esta referência à mãe que ama seus filhos, como imagem de Deus, no qual não há nenhuma imperfeição. É um lampejo do caráter feminino de Deus, tão ocultado pela sua predominante imagem patriarcal tradicional.
Libertados da ambição, os filhos de Deus buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e, como "administradores dos mistério de Deus", devem se empenhar em que vigore a justiça e os bens terrenos tenham um caráter comunitário, estando a serviço da vida plena para todos, conforme a vontade do Pai.

Propósito:

Pai, centra toda minha vida na busca do teu Reino e na justiça que dele vem, de forma que nenhuma outra preocupação possa ser importante para mim.

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Evangelho do dia 21 junho sexta feira 2024

 

21 junho- Procuremos também nós imitar São Luís Gonzaga, este grande santo que, mais que criatura desta terra, poderia ser chamado Serafim do céu. E nós, se não pudermos imitá- lo nas virtudes extraordinárias que praticou, imitemo-lo ao menos nas virtudes ordinárias e comuns. (S 237). São Jose Marello


Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 6,19-23

 ""Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho: se teu olho for límpido, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas. Se, pois, a luz em ti é trevas, quão grandes serão as trevas!"

 Meditação:

Mateus propõe não acumular, não ter mais do que o verdadeiramente necessário. Não se trata de viver miseravelmente, pois Deus não quer isso para nós, ao contrário, temos direito a viver dignamente e com todas as comodidades que nos proporciona nosso tempo.

A crítica é dirigida para quem, além de ter de sobra, acumula, esconde, guarda; estes vivem na obscuridade, pois não tem a sensibilidade de que existem muitas pessoas que sobrevivem apenas com o pouco que possuem.
Tais pessoas são os que têm o olho enfermo, estão cheios de obscuridade, pois são incapazes de se comover com os necessitados do mundo, aquele que tem em abundância só se preocupam de amontoar e acumular sua riqueza, e sua preocupação será sempre em não perder os bens adquiridos. Por outro lado, aquele que tem o olho sadio, não acumula dinheiro nem bens.
Pode ter muito ou pouco, materialmente falando, entretanto, está sempre atento para as necessidades dos outros, disposto a ajudar e compartilhar com outros. Este sim tem luz, porque pode ver o próximo e iluminá-lo; seu verdadeiro tesouro está escondido nos rincões de seu coração, porque seu verdadeiro tesouro não está em possuir, mas sim em ser.

Continuamos a meditação sobre as Bem-aventuranças. E hoje no evangelho nos faz duas recomendações sobre como que olhos e como nos devemos relacionar e usar os bens materiais.

Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para cada dia e de não o acumular para o dia seguinte.

E hoje na mesma linha Jesus diz: Não acumuleis riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam

O que significa acumular tesouros no céu? Trata-se de saber de onde vim, o que faço aqui na terra e para onde vou. Descobrir qual o fundamento da minha existência e nelas colocar a minha confiança. Se a deposito nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei.

Porém se for a Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo.

Para que isto seja possível e visível, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é o meu Pai e todos. E se ele é nosso Pai todos nós somos irmãos.  É nosso Pai nele deve estar o nosso coração de filhos.

A lâmpada do corpo é o olho por que como disse Jesus: os olhos são como uma luz para o corpo. Mas para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular, não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo.

Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas têm mais angústias e preocupações. É urgente que tenhamos o nosso olho lúcido e são porque se teu olho estiver doente, todo o teu corpo estará também doente.

Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da tibieza, mesquinhez!

Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.

Jesus quer uma mudança radical. Quer que vivamos como Deus é. A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira.

Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração. Onde está a tua e a minha riqueza? Muitas pessoas idolatram o marido, a esposa, os filhos ou parentes colocando-os acima de Deus.

Outras colocam em primeiro lugar o dinheiro, os bens matérias (o carro, o cavalo, a vaca, as jóias…) e relegam para o segundo ou o último lugar Deus e a família. Esquecem-se de que é em Deus, é no amor ao próximo como a si mesmo que está a fonte da vida.

Que luz temos como referência? Para onde direcionamos os nossos olhos? Para as coisas do mundo ou para o Círio Pascal que é a fonte da luz sem ocaso? Ela é a luz no mundo, quem lhe segue não se engana nem na vida nem na morte.

Reflexão Apostólica:

A injusta acumulação de bens torna o coração tão corrompido quanto às riquezas acumuladas. Os tesouros no céu são conquistados pela união de coração e de vontade com Deus, com o empenho no resgate e no cultivo da vida, particularmente entre os excluídos.

O olho é a lâmpada do coração. O olho fixo nas riquezas traz trevas ao coração. O olho sensível ao sofrimento do irmão é luz para o coração.

O ser humano, apesar das grades riquezas que dia a dia extrai da terra e do mar, continua sendo a mais pobre de todas as criaturas, porque não descobriu a riqueza maior de todas as descobertas até agora: seu próximo.

Jesus adverte sobre o perigo das riquezas não porque sejam más, mas pelo mau uso que delas costuma fazer o ser humano.

Nós temos o dever de administrar bem as riquezas que encontramos em nosso mundo para que redunde em benefício de todos, e não de uns poucos.

Nosso tesouro como cristãos há de ser o da vivência da caridade, que trará como conseqüência que nosso coração tenha como centro o próprio Jesus.

Dessa maneira, poderemos ver no próximo não a um estranho, mas a outro igual que nós, necessitado da presença de Deus em sua vida, da ação misericordiosa do Pai que cure suas mais profundas feridas causadas pelo sofrimento.

Que nosso tesouro seja o encontro com Jesus na presença do irmão que sofre, que clama por justiça e anela, como nós, que chegue o dia em que o reino de Deus se estabeleça para sempre.

Muitas vezes as coisas materiais podem nos levar ao egoísmo e à inveja. Obviamente, quem se apega ao material não pode ser chamado de discípulo do Senhor, simplesmente porque não tem liberdade para agir.

Seu apego às coisas não o deixa entregar-se ao projeto de Jesus: o Reino. O Senhor mesmo diz claramente: “Onde está teu tesouro, aí está também teu coração”.
Diz um refrão popular: “Os olhos são reflexos da alma”, e Jesus expressa uma idéia similar: “O olho é a lâmpada do corpo”. O olhar expressa cansaço, ódio, ofensa, tristeza, dor, alegria, tranqüilidade, paz. A pessoa generosa, entregue, serviçal ilumina com seu olhar, enquanto que a mesquinha e egoísta vive nas trevas da avareza e cobiça.
Manter os olhos fixos no Senhor significa olhar a realidade a partir dele e buscar, por todos os meios, sua transformação para o bem da humanidade, especialmente dos mais pobres.

A luta por um mundo melhor, mais justo, mais digno para todos, é uma das prioridades de nosso trabalho como evangelizadores e humanizadores.

Ontem e ainda hoje pensamos no que VEMOS e pouco valorizamos o que TEMOS. TER é importante para podermos viver em nossa sociedade. Precisamos TER dinheiro para pagar nossas contas, comprar mantimentos, manter nossa saúde, ter lazer…

Carregamos no nosso coração a idéia concreta daqueles filmes de detetive que sempre há em disputa um testamento repleto de bens e riquezas. Esse horizonte de compreensão é apenas visual.

Jesus dois mil anos atrás pedia para que ampliássemos nosso compreender do que é importante. “(…) Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu…”.

É muito bacana quando um filho diz que o maior patrimônio que recebeu de seus pais foi o caráter, o estudo, a disciplina, a coerência, (…); esses valores, como outros também, o tempo não os coroem. Ver valores como PATRIMÔNIO é enxergar além dos olhos.

Nossos olhos não conseguem dar atenção aos 180 graus que lhe são apresentados portando dependem de nós para colocar o FOCO. Para onde olhamos, definimos nossa atenção, é lá que este nosso foco. Jesus alertava que não o colocássemos no que pode enferrujar. Ao ampliar nosso horizonte deveríamos também não o fazer.

Mais uma vez, Jesus não é contra em se ter um objetivo grandioso na vida, algo que fosse muito almejado como um sonho, uma conquista, um desafio, mas a palavra alerta que esse horizonte não tivesse como foco o que é perecível.

Nossa Igreja nos revela um imenso HORIZONTE de conhecimento a ser explorado. Se hoje não é do jeito que imaginamos é porque nós, servos, participantes, irmãos, estamos colocando nosso foco em outros lugares.

Quando um padre, por exemplo, rejeita uma determinada pastoral ou movimento, apenas por seu próprio gosto, está de vontade própria diminuindo o horizonte de compreensão que Deus lhe oferece (Rm 1,31-32). Quando uma pastoral desiste de lutar tem seu foco distorcido, sofre de miopia, pois só enxerga o que está perto.

Quando alguns "dirigentes" de Movimentos não aceitam aquilo que insistem em chamar de "novidades" que, na realidade, nada mais são do que a própria dinâmica e atualização do mesmo, também não enxergam ou não querem enxergar.

Propósito:

Pai, dá-me sabedoria suficiente para buscar sempre o tesouro verdadeiro, e assim estar seguro de que em ti coloquei o meu coração.

Para evitar discussões

As discussões só atrasam a nossa vida. Por isso, usemos nosso tempo e a nossa boca para falar aquilo que é bom. Ao invés de proferir falas vazias, prefira ajudar as pessoas com palavras de edificação. “Amado e sábio Espírito Santo, ajuda-me a dizer o que for mais adequado, da maneira mais amorosa possível. Elimina da minha mente e do meu coração todos os julgamentos, projeções e preconceitos. Ajuda-me a falar com compaixão e generosidade. Ao conversar com as pessoas, inspire-me com a sua sabedoria a escolher bem cada palavra. Amém”.

 

evangelho do dia 20 junho quinta feira 2024

 

20 junho - Seja qual for o caminho pelo qual o Senhor nos conduza, se lhe formos sempre fiéis, nos encontraremos um dia no Paraíso, onde teremos acumulado numerosos merecimentos e glória, e tanto mais nos regozijaremos e nos deliciaremos em Deus, quanto menos tivermos desfrutado de suas consolações aqui na terra. (S 359). São Jose Marello

 


Mateus 6,7-15


"- Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam. Portanto, orem assim:
"Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo.
Venha o teu Reino.
Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu!
Dá-nos hoje o alimento que precisamos.
Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam.
E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal.
[pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!]"
- Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês.
"

Meditação:

O evangelho de hoje nos apresenta a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos deixou. Existem duas redações do Pai Nosso: a de Lucas (Lc 11,1-4) e a de Mateus (Mt 6,7-13).

A redação de Lucas é mais breve. Lucas escreve para as comunidades que estavam inseridas entre os pagãos e eram constituídas por pessoas de cultura e mentalidade grego-pagã. Visa ajudar as pessoas que estão iniciando a caminhada da oração.

No Evangelho de Mateus, o Pai Nosso encontra-se inserido no Discurso da Montanha, onde Jesus orienta os discípulos na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum.

O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles estavam acostumados a rezar, mas tinham alguns vícios que Mateus queria corrigir. No Pai Nosso, Jesus resume todo o seu ensino em sete pontos dirigidos ao Pai.

Nestes sete pedidos, retoma as promessas do Antigo Testamento e manda pedir ao Pai que nos ajude a realizá-las. Os primeiros três se referem à nossa relação com Deus. Os outros quatro tem a ver com a relação comunitária que temos com os outros.

Na introdução, Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a responder a seus pedidos e necessidades.

Quem reza deve buscar, em primeiro lugar, o Reino, muito mais que seus interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição das palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhecer nossas necessidades, antes mesmo das nossas orações.

As primeiras palavras: “Pai Nosso que estás nos céus!” Abbá, Pai, é o nome que Jesus usa para se dirigir a Deus. Expressa a intimidade que ele tem com Deus e manifesta a nova relação com Deus que deve caracterizar a vida das pessoas nas comunidades cristãs (Gl 4,6; Rm 8,15). Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo nosso e a expressão que “estás nos céus”.

A verdadeira oração é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e às irmãs, à natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas expressa a consciência de pertencer à grande família humana, da qual participam todas as pessoas, de todas as raças e de todos os credos: Pai Nosso.

Rezar ao Pai e entrar na intimidade com Ele, é entrar em sintonia com os guias de todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar.

A experiência de Deus Pai é o fundamento da fraternidade universal. • Mateus 6,9b-10: Os três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade. Na primeira parte do Pai Nosso, pedimos para restaurar a nossa relação com Deus.

Para fazer isso, Jesus pede (a) a santificação do Nome revelado no Êxodo por ocasião da libertação do Egito; (b) pede a vinda do Reino, esperado pelo povo após o fracasso da monarquia; (c) pede a realização da Vontade de Deus, revelada na Lei que estava no coração da Aliança.

O Nome, o Reino, a Lei, são os três eixos do Antigo Testamento que manifestam como deve ser a nova relação com Deus.

Os três pedidos apontam que é preciso viver na intimidade com o Pai, tornando conhecido seu Nome, amando-o, fazendo com que seu Reino de amor e de comunhão se torne realidade, que se faça sua Vontade assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem à lei de Deus e criam a ordem do universo.

A observância da lei de Deus “assim na terra como no céu” deve ser fonte e espelho da harmonia e do bem-estar para toda a criação.

Esta relação renovada com Deus torna-se visível na relação renovada entre nós que, por sua parte, é objeto dos outros quatro pedidos; o pão cotidiano, o perdão das dívidas, e não cair em tentação e a libertação do Mal.

Na segunda parte do Pai Nosso pedimos para restaurar e renovar a relação entre as pessoas. Os quatro pedidos apontam como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade de modo que todos os filhos e as filhas de Deus vivam com igual dignidade.

"O pão nosso de cada dia" (Mt 6,11): lembra o maná de todo dia no deserto (Ex 16,1-36). O maná era uma "prova" para ver se as pessoas eram capazes de seguir a Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de juntar alimento só por um dia em sinal de fé que a providência divina oferece para a organização fraterna. Jesus convida a caminhar para um novo êxodo, rumo a uma nova convivência fraterna que possa garantir o pão para todos.

O pedido do “perdão das dívidas” (6,12): lembra o ano sabático que obrigava os credores a perdoar todas as dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano sabático e do ano jubilar (Lv 25,1-22) era zerar as desigualdades e recomeçar tudo de novo.

Como rezar hoje: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos a quem nos deve”? Os países ricos, todos cristãos, se enriquecem graças à dívida exterior doa países pobres. Não cair em tentação: o pedido de “não cair em tentação” (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo caiu em tentação (Ex 18,1-7; Nm 20,1-13; Dt 9,7-29), para imitar Jesus que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17).

No deserto, a tentação leva as pessoas a seguir outros caminhos, a voltar atrás a não seguir o caminho da libertação e a exigir de Moisés que os guiava.

Libertação do Mal: o mal é o Maligno, Satanás, que procura desviar e que, de muitas maneiras, tenta levar a pessoa a não seguir o caminho do Reino, apontado por Jesus. Tentou Jesus a abandonar o Projeto do Pai e ser o Messias das idéias dos fariseus, escribas e outros grupos judaicos.

O Maligno afasta de Deus e é motivo de escândalo. Entrou também em Pedro (Mt 16,23) e tentou também Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11).

Jesus afirma “perdoa as nossas dívidas”, mas hoje rezamos “perdoa as nossas ofensas”, o que é mais fácil: perdoar as ofensas ou perdoar as dívidas? Como você está acostumado (a) a rezar o Pai Nosso: mecanicamente ou inserindo nele toda a tua vida e teu ardor nas palavras que pronuncias?

Reflexão Apostólica

Esses dias ficou enfatizada a importância do Jejum, hoje falaremos da oração.

Comecemos pela primeira leitura de hoje (Is 55,10-11): (…) Isto diz o Senhor: assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la."

Como rezar? Como saber se nossa prece chegou ao Senhor? Como saber? Saibam que esse é um dos maiores dilemas dos cristãos. Sabemos que Ele nos ouve e que suas palavras não voltam sem cumprir seu destino, mas não sabemos se o tocamos. Como suprimir essa angustia?

Nossa humanidade requer respostas. Viramos o volante, esperamos que o carro mude de direção; pisamos no freio, esperamos que pare; compramos um bilhete de rifa, esperamos pelo menos saber o número sorteado.

Precisamos dessa alimentação, que chamam de feedback para saber se a atitude que tomamos correspondeu ao desejado. Importante salientar: tudo isso faz parte de um conjunto de atos instintivos, primitivos e bem normais.

Um bebê chora esperando assim chamar atenção para algo; uma criança rola no chão esperando a mesma coisa; rezamos esperando ser ouvidos… será que somos ouvidos?

É claro que sim! Mas essa angústia é tão remota que os mais antigos queimavam suas ofertas, imaginando assim, ao ver a fumaça subir ao seu, levava consigo as suas preces. A fumaça era um sinal visível da oração. Ela reforçava a sua fé. Ela ainda é muito usada ainda hoje só que na forma de incenso, mas em nossas orações diárias não vemos fumaça (graças a Deus! risos), mas então o que nos faz ter a certeza que elas chegaram a Deus? Uma resposta simples: A fé!!

No Evangelho de hoje Jesus nos ensina a rezar. Ele diz que não precisamos usar palavras bonitas ou difíceis, pois o Pai já sabe do que precisamos, muito antes de nós abrirmos a boca para pedir.

Você poderia perguntar: "Ora, se Ele já sabe, então por que eu ainda preciso pedir?" Pois é, você também não precisa pedir... O nosso Pai do Céu não exige que você peça.

Você consegue lembrar da última vez que passou 3 dias sem rezar um Pai Nosso? Pense um pouco... Agora tente lembrar... O que foi que aconteceu? Você passou fome? O sol deixou de nascer pra você? A água deixou de lhe molhar? Acredito que não. E por quê? Porque Deus cuida de você como quem cuida de um bebê recém-nascido, que nem sabe do que precisa, mas é cercado de mimos e paparicos sem nem saber de onde eles vêm...

Jesus nos ensinou a oração por excelência, essencialmente comunitária: o Pai-Nosso. A primeira parte da oração tem como centro o desejo da realização do projeto do Pai (teu nome, teu reino, tua vontade). Na segunda parte o centro é a comunidade (pão nosso, nossas dívidas, não nos deixeis), que adere concretamente a este projeto.
Na oração do Pai-Nosso encontramos o projeto da mudança.

Jesus nos deu a matiz de todas as orações: O Pai Nosso. Partindo dela saem e originam as outras orações. Decoradas ou espontâneas o que as diferencia é a fé de quem as proclama. Celina Borges sintetizou numa canção (Hoje eu vou tocar no Senhor) como devemos evocar a Deus em nossa oração: “(…) Vou te buscar com todo o meu coração. E além do véu te encontrar. Face a face te ver, te tocar te sentir. E dizer tudo aquilo, que eu tenho em mim. Hoje eu vou tocar no Senhor, COM MINHA FÉ, VOU RASGAR O CÉU COM A MINHA ORAÇÃO E te ver face a face”.

A oração é uma busca por Deus. É não se contentar de vê-lo passar sem o tocá-LO. Portanto O FOCO DA ORAÇÃO NÃO É O PEDIDO OU O QUE É VISÍVEL E SIM A CONVERSA.

O Apostolo Paulo alertava que não sabemos pedir e em virtude disso o Espírito Santo vem para pedir por nós (Rm 8,26).

Esse mesmo Espírito faz-se agitar pela fé, confiança esta que fez o cego saber que Jesus passava por ali mesmo sem vê-lo ou quando moveu a mulher que sofria de hemorragia a enfrentar as cotoveladas e empurrões da multidão para pelo menos tocar a orla de seu manto.

O PAI NOSSO é a matiz das orações, mas ele muda de acordo com a fé de quem reza. Vamos tentar novamente?

Pai Nosso que estais no céu…

Propósito: Rezar com muita consciência e fé a Oração que Jesus nos ensinou.

 

Para se manter longe de fofocas

A fofoca é um mal presente na nossa sociedade e está diariamente no nosso ambiente de trabalho, na nossa família, rondando os nossos relacionamentos. Porém, se você quer sentir-se mais próximo de Deus, é importante cuidar com o que sai da sua boca. Deus condena a fofoca. Em Sua Palavra, Ele diz para cuidarmos da nossa língua, pois ela pode causar muitos problemas e nos trazer grandes males. “Pai, que hoje eu possa saber fazer silêncio! Que os maus pensamentos se calem e que os meus ouvidos sejam surdos para más palavras e maledicências. Que os meus olhos possam apenas enxergar o bem em todas as coisas, por pior que elas pareçam. Que o meu ego se emudeça e se afaste de julgamentos e condenações. Que a minha alma se expanda e tenha compaixão por todos os seres vivos. Que eu saiba calar na hora exata e, nessa hora, lembrar-me de observar que, na música da vida, só prevalece a Tua arte. Em meio a qualquer som, Tu sempre soarás mais alto. Amém”.

 

 

Evangelho do dia 19 junho quarta feira 2024

 

19 junho- Também nas coisas do espírito saibamos contentar-nos com o que Deus crê seja melhor conceder-nos, sem nos apegar demasiadamente ao fervor sensível ou ambicionar consolações espirituais. (S 359). São Jose Marello

 


Mateus 6,1-6.16-18

"- Tenham o cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros. Se vocês agirem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no céu.
- Quando você der alguma coisa a uma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas sinagogas e nas ruas. Eles fazem isso para serem elogiados pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo fique sabendo do que você fez. Isso deve ficar em segredo; e o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
- Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
- Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa."

Meditação;

Jesus mostra uma porção de coisas incorretas e ou mesmo erradas que os fariseus faziam, e recomenda os discípulos a não agirem assim. 

Que bom que os fariseus e doutores da Lei existiram no tempo de Jesus, e faziam muitas coisas incorretas. Por que assim nós podemos entender hoje o que é certo e o que é errado, porque Jesus ao combatê-los nos mostrou o caminho certo.  

Com toda certeza, foi com a permissão de Deus que se desenvolveu aquela sociedade excludente formada pelos saduceus, escribas, fariseus, e doutores da Lei. Para quando Jesus chegasse lá, tivesse como nos exemplificar o que estava errado e o como devemos ser, desmantelando o velho, e construindo o novo, com a palavra e com seu exemplo.

Será que ainda hoje tem gente que faz como os fariseus?  Gente que faz as coisas visando serem vistas, visando sua glória pessoal, seu engrandecimento, a fim de aparecer?

Jesus volta e meia explicava uma coisa e em depois falava exatamente ao contrário. Por Exemplo. Hoje Ele nos adverte para não ficar com mania de aparecer. Mas outro dia, Cristo vai nos dizer o contrário. Que a nossa luz não deve ser colocada em baixo do móvel, mais sim no alto para que todos vejam as nossas boas obras.  E agora? Como entender a mensagem do Mestre? 

Na verdade, ao fazer isso, Ele está mostrando o verso da medalha, a exceção da regra.

Jesus tinha dito que quando levássemos um tapa no rosto, que virássemos o outro lado para apanhar mais. Quando o soldado lhe deu uma bofetada, Jesus não fez isso, mas sim mostrou o verso da medalha, explicou o que Ele fez e em seguida perguntou ao soldado. Por que me bates?  Em outras palavras, é o mesmo que dizer: O que foi que eu fiz para merecer uma bofetada?

Porque na verdade, tanto precisamos rezar no nosso quarto, como precisamos rezar em público, e foi o próprio Jesus que recomendou, dizendo que estaria no meio de nós quando estivermos reunidos em seu nome, como já comentamos em outra reflexão. 

Onde queremos chegar? É o seguinte. É claro que precisamos de comentaristas nas missas, de padres nos altares, de pessoas animando o canto lá na frente etc. Que tudo isso seja feita para a glória de Deus e não para a nossa projeção pessoal. Pois é importante que vejam as nossas boas obras, principalmente as crianças, e que a nossa luz brilhe para que todos vejam.

Só que não podemos esquecer que essa luz não é nossa. Somos seres opacos.  A luz que brilha em nós, é a luz de Deus que reflete através de nós. Somos apenas uma espécie de espelhos que reflete a luz de Deus aos homens. 

Por isso, nenhum aplauso, nenhuma honra ou glória merecemos se fizermos um discurso, palestra ou sermão inspirado e bonito. 

Não fizemos nada por nossa competência. Foi o Espírito Santo quem falou através da nossa pessoa. Sempre que posso, eu proíbo os aplausos dizendo. Não façam isso. Não me recompensem aqui e agora. Porque eu prefiro a recompensa lá de cima.

Reflexão Apostólica:
O texto de hoje nos ajuda a fazer uma reflexão, uma introspecção. Estamos diante de um Evangelho que determina o nosso ser cristão. É, diria eu, o termômetro da nossa própria fé católica. E não poderia existir passagem melhor do que a do Evangelho de hoje.

Lembram-se desse ditado: "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento… "? Ele se refere a pessoas que são supérfluas, que não são sinceras, que aparentam ser uma, mas são outra na realidade.
Ninguém gosta de pessoas que têm essa conduta, nem Jesus, por isso ele exorta seus discípulos a não se deixarem levar pelo Velho Farisaísmo que se preocupa muito com aquilo que as pessoas vão pensar a meu respeito, e que por isso, sempre querem posar de “bonzinhos”, cristãos exemplares, só que aqui há um problema muito sério. As pessoas só nos vêm por fora, mas Deus nos vê por dentro. Vende-se uma imagem falsa, daquilo que não se é,
Isso chama-se propaganda enganosa, e na relação com as pessoas até que a gente consegue, mas com Deus não tem jeito, somos o que somos….
Qualquer prática religiosa deve exteriorizar algo que está no mais íntimo de nós, lá em nosso coração, aliás, isso é o mais importante, diz esse evangelho, pois um salmo muito bonito diz que Deus nos conhece quando estamos sentados ou em pé, de frente e por trás, no alto da montanha ou no fundo do abismo, estamos sempre diante dele.
Deus nos pede sinceridade e coerência naquilo que fazemos, principalmente em nossas práticas religiosas, tudo tem que sair do coração, a oração, o jejum e a esmola, feitos para Deus e não para os homens.
Claro que hoje em dia os cristãos não ficam nas praças públicas rezando em alta voz para que todos o vejam, mas há certas orações bem arrogantes, aquelas nas quais determinamos a Deus o que e como queremos.
Quanto a esmola, o problema é o modo como a damos, se não sabemos o nome da última pessoa que ajudamos, nem quem é ela, nem como chegou aquela situação, pode ter certeza de que Deus nem tomou conhecimento dessa esmola, “Eu estava no pobre e você não me reconheceu”, há certas esmolas que damos apenas para nos vermos livres de quem pede.
E o Jejum, há algo que possamos hoje em dia dizer sobre ele? Sim, o jejum que agrada a Deus é aquele em que, afirmamos com a nossa atitude, que nossa maior necessidade é TER DEUS em nossa vida, o resto a gente pode se virar… e um segundo ponto, quando o nosso jejum é solidário com quem nada tem, sendo precedido de uma obra de caridade na promoção humana, aliás, se o Jejum não estiver ligado à oração e a esmola, de nada valerá…. sendo um puro Farisaísmo…

Em todas as circunstâncias façamos então a opção singela pelo silêncio. Seria essa a síntese do evangelho do dia de hoje?

Ao rezar, que nossa oração chegue ao céu como a fumaça do incenso que sobe; ao construir um prédio, não esperemos ganhar um apartamento para lá morar. Ao dar, não esperar pelo “obrigado”. No sofrimento, buscar um aprendizado…

Jesus, mais uma vez, demonstra ter razão ao afirmar, em outro momento, que não estamos ainda preparados para conhecer a verdade sobre a vida.
Sim, AINDA não suportaríamos hoje viver assim. Somos seres sociais, adoramos contar o que acontece conosco e por vezes abusamos e nos vangloriamos; gostamos de chamar atenção para nós; precisamos que o mundo e as decisões tomadas gravitem ao redor dos nossos quereres e vontades…
Somos seres sociais e não gostamos de ficar sozinhos, detestamos o isolamento. Alguns chamam de auto-afirmação a necessidade que temos de sermos vistos; amamos “tapinhas nas costas”. Precisamos ser lembrados até compramos presentes pra nós mesmos por medo que ninguém se lembre do nosso aniversário.
Se nós, normais, sociais e sem medos, vivemos assim e ainda precisamos aprender a fazer as coisas em silêncio, como será que é viver tendo medo do silêncio?
Uma criança que teme o escuro dorme com um abajur ou a TV ligado; um jovem sozinho a noite em casa deixa o máximo de luzes acesas tentando não deixar espaços escuros onde possam habitar fantasmas de sua própria imaginação.

Pessoas que temem o silêncio não conseguem se afastar após longos anos liderando; não conseguem ver o correto, para sempre ser necessária a sua opinião; quando adoecem “publicam” o tamanho SUPER do que ela tinha; em suas orações aumentam palavras e não dizem nada.
Temerosos do silêncio! Louvem sempre a Deus no tom que quiser e que sua intimidade permitir, mas saiba que Ele não é surdo! NOSSA dor TALVEZ não seja a metade da do vizinho; NOSSA fé TALVEZ seja a décima parte daquele que em silêncio roga. NOSSA angústia DE REPENTE não é NADA perto daquele que realmente tem um problema.
Se temos a Deus por que nos apegamos a recompensa? Por que ainda somos tão imaturos na fé? Pagamos por um milheiro de uma graça alcançada, mas colaboro concretamente com uma só palavra para que um irmão se salve. Se vendessem velas de cem dias tenho certeza que seria um tremendo sucesso, mas como não se indignar com quem toparia com isso, mas não consegue passar (em silêncio) uma hora escutando a palavra numa missa dominical?
Aí do padre que não ler a intenção de dez anos e cinco dias pelo falecimento do fulano de tal! Como diz um padre amigo: "Oh povo de chagas abertas!"

Deixemos no silêncio, que insistimos em NÃO fazer, Deus agir. “(…) Dizia também: O REINO DE DEUS é como um homem que lança a semente à terra. Dorme, levanta-se, de noite e de dia, e a semente brota E CRESCE, SEM ELE O PERCEBER. Pois a terra por si mesma produz, primeiro a planta, depois a espiga e, por último, o grão abundante na espiga. Quando o fruto amadurece, ele mete-lhe a foice, porque é chegada a colheita”. (Mc 4, 26-29)

Para renovar as esperanças

Na vida, é natural que, às vezes, sintamos nossa força diminuída, como se não existisse mais saída para os problemas que surgem e acabam tirando a nossa paz. Quando você se sentir assim, lembre-se de que Deus te trouxe a este mundo para que seja um(a) vencedor(a), para que aprenda a ser forte nas adversidades e esperançoso(a) na vitória.

“Deus, meu Pai, eu te peço esperança para a minha vida. Não me deixes desanimar! Tu és a minha fortaleza e a minha rocha firme, o meu escudo protetor diante das adversidades. Em Ti, deposito a minha fé. Meu coração quer se sentir cheio de confiança em Ti, em todos os momentos, cheio da Tua força para vencer os desafios e conquistar vitórias todos os dias. Ajuda-me a dar o melhor de mim, a me entregar plenamente à bondade e à pureza do Teu amor de Pai, a ouvir Tua Palavra que me abraça, me sustenta, me impulsiona e me encoraja. Ajuda-me a explorar a profundidade do meu ser, a perscrutar a fundo e encontrar todos os talentos que semeaste em mim, para conseguir a felicidade em todas as tarefas do meu dia a dia. Em Teu nome e com a Tua ajuda, Pai, eu sei que posso vencer, porque aquele que confia em Ti, na Tua misericórdia e no Teu amor, sempre triunfa contigo! Amém”.

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