12 maio - Maria, nós gostamos de vos contemplar no Céu, coroada
de glória, Rainha dos Anjos, Soberana entre todos os eleitos, dispensadora de
todas as graças! Mas quase nos parece que a grande distância que de vós nos
separa, possa constituir obstáculo à vossa compaixão para conosco. Preferimos
contemplar-vos na atitude de Rainha das Dores, aos pés de Jesus Crucificado.
Achamo-nos num vale de lágrimas e o nosso coração abatido encontra maior
conforto em repousar no vosso coração aflito, ó Maria! (S 341). São José Marello
Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes: «Ide por
todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem
acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que
acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome;
falarão novas línguas; se pegarem em serpentes
ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes,
eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com
eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte e o
Senhor cooperava com eles,
confirmando a sua palavra com os milagres que a
acompanhavam.
É
praticamente unanimidade entre os estudiosos que o evangelho original de Marcos
termina em Mc 16,8, e os versículos seguintes, de 9 a 20, foram acrescentados
posteriormente, já após algumas décadas. Dois motivos principais contribuem
para essa teoria; o primeiro é a mudança de estilo literário entre esses
versículos e o restante do evangelho; o segundo motivo é a ausência desses
versículos nos manuscritos mais antigos desse evangelho, os códigos Vaticano e
Sinaítico. Como 16,8 termina dizendo que naquele primeiro dia semana “as
mulheres fugiram do túmulo com medo”, a comunidade completou o texto, colhendo
informações dos outros evangelhos, dando uma conclusão menos angustiante ao
evangelho. De fato, nos versículos de 9 a 20, podemos encontrar uma espécie de
síntese dos relatos de aparição dos outros três evangelhos: referência aos
discípulos de Emaús (cf. v. 12), típico de Lucas; menção à incredulidade (cf.
v. 14), típico de João, e o envio missionário universal (v. 15), característico
da conclusão de Mateus. O acréscimo desses versículos, portanto, serviu para
apagar, em partes, a impressão de incompletude no Evangelho segundo Marcos.
O Evangelho é dom gratuito, não uma doutrina a ser imposta; por isso, pode ser
aceito ou não. O anúncio cristão só é autêntico se respeitar a liberdade dos
destinatários. Como toda escolha tem consequências, assim também é a adesão ao
Evangelho: “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será
condenado” (v. 16). Crer, aqui, é aderir, dar adesão a uma proposta de
vida, é aceitar o amor de Jesus e deixar-se envolver por ele, e não
simplesmente repetir fórmulas. A aceitação do Evangelho é seguida pelo batismo,
sinal dessa adesão e de comunhão com a comunidade. Quem faz essa experiência,
será salvo, ou seja, terá sua vida ressignificada, plenificada e cheia de
sentido, já não mais vulnerável aos efeitos da morte.
Não crer, ou seja, rejeitar o amor de Jesus também traz consequências. O texto
diz que “aquele que não crer será condenado”, mas não diz que é
Deus quem condena porque, sendo essencialmente amor, ele não condena ninguém. É
o próprio ser humano que se autocondena quando não aceita o amor como regra de vida.
É condenado, portanto, quem não consegue dar sentido à sua existência, e isso é
perder a vida. Fechar-se ao amor de Deus é deixar de viver plenamente.
Quem aceita a proposta de amor contida no Evangelho tem a vida transformada,
não como passe de mágica, mas como forma de viver e compreender as coisas. Por
isso, Jesus elenca alguns sinais: “Os sinais que acompanharão aqueles que
crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas, se
pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum;
quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados” (vv.
17-18). Antes de tudo, é importante recordar que os sinais elencados não são
dons conferidos aos anunciadores, mas aos que crêem, ou seja, Jesus não está
dotando os seus discípulos de dons extraordinários, mas comprometendo-os: o
anúncio deve ser transformador de vidas. Por expulsar demônios, entende-se a
eliminação do mal do mundo; não se trata de ritos de exorcismos, mas de
compromisso com o bem. Quem adere ao Evangelho elimina o mal da sua vida e da
vida do seu próximo. O antídoto ao mal é o amor. Falar novas línguas significa
a abertura ao universalismo da salvação e a convivência fraterna das diversas
culturas em torno do Evangelho. O amor quebra barreiras e abre perspectivas sem
impor nada.
Na sequência dos sinais que devem acompanhar aqueles que crerem no Evangelho,
percebemos uma releitura da descrição profética dos tempos messiânicos em
Isaías (cf. Is 11,1-19): um mundo completamente harmônico, com todas as
criaturas convivendo entre si sem nenhuma causar dano ao outro. O sonho de um
mundo novo inspirava a criatividade dos profetas para descrever a realidade
imaginada e desejada. Com imagens tão interpelantes, o texto quer ressaltar a
força transformadora do Evangelho e mostrar que, tanto o anúncio quanto a
adesão a esse, implicam em compromisso transformador de vidas e situações.
Com uma imagem típica de entronização, o autor narra a ascensão propriamente
dita: “Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao
céu, e sentou-se à direita de Deus” (v. 19). Sentar-se à direita significa
uma posição de honra. Essa imagem era muito usada nas cortes do antigo Oriente,
influenciando bastante a literatura bíblica. Aqui, significa que Jesus cumpriu
fielmente a sua missão de revelar, com palavras e ações, o rosto amoroso do
Pai. Ao invés de suscitar sentimentos de triunfalismos nos seus seguidores,
essa imagem deve gerar compromisso: tendo retornado ao Pai, cabe agora aos
discípulos e discípulas a missão de irradiar o seu amor no mundo. Inclusive, o
autor do texto deixa muito claro isso, com o versículo conclusivo: “Os
discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e
confirmava sua palavra por meio dos sinais que o acompanhavam” (v.
20a). A resposta da comunidade ao retorno de Jesus ao Pai não é a
contemplação com espera passiva pela sua segunda vinda, mas a missão: Jesus
sobe ao céu, e os discípulos saem por toda parte. A missão de Jesus, portanto,
não se conclui com a ascensão, mas ganha com ela novos aspectos e dimensões;
ela deve continuar através dos discípulos, e o texto atesta como as primeiras
gerações de cristãos e cristãs levaram a sério esse mandato.
Quando a comunidade assume a missão, ela nunca está sozinha, o Senhor está
presente. O anúncio, se autêntico, deixa marcas, transforma as situações. Os
sinais concretos que devem marcar o anúncio não são condições para despertar a
fé, mas consequência: “O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por
meio dos sinais que o acompanhavam” (v. 20b). Os sinais apenas confirmavam
o anúncio. Esses sinais são os frutos de amor gerados: a justiça, a
fraternidade, a aceitação das diferenças, o acolhimento, a solidariedade, a
tolerância.
O Ressuscitado está presente onde o Evangelho é anunciado, vivido e produz
frutos de amor! Os sinais são consequências da força indescritível do amor; é
essa a energia vital de qualquer comunidade cristã; amor que aumenta à medida
em que é experimentado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário