18 janeiro - Espírito de luta, mas também espírito de resignação; buscar a glória de Deus, mas em conformidade com sua vontade; sonhar muito e contentar-se também com pouco; promover o triunfo da Igreja, não rejeitando, porém, as nossas derrotas pessoais, as mortificações diárias do nosso amor próprio; assim se deve viver e assim temos de nos empenhar em viver em união com o nosso Divino Mestre. (L 22). São Jose Marello
Marcos 2,23-28
23Jesus estava
passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a
arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram
a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso,
nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade
e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo
27E acrescentou: “O sábado foi
feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho
do Homem é senhor também do sábado”.
Meditação:
Marcos menciona que os discípulos abriam caminho, arrancando espigas. Em
seu evangelho Marcos dá um destaque ao tema do "caminho" de Jesus. Já
Mateus e Lucas explicam que arrancavam espigas para comer, o que é confirmado
na seqüência desta narrativa de Marcos.
Uma das principais observâncias religiosas, em Israel, era a do repouso
sabático. A narrativa da criação em sete dias, no Livro do Gênesis (2,2-3), ao
apresentar o repouso do próprio Deus no sábado, já é uma indução a esta
observância pelo povo. Jesus e seus discípulos são acusados de desrespeitarem o
repouso sabático.
Os inadimplentes com as mais de seiscentas minuciosas observâncias
legais impostas ao povo eram qualificados como pecadores, obrigados a trazerem
ofertas e sacrifícios aos sacerdotes do Templo.
Com seu amor misericordioso e divino, Jesus vem contrapor-se àqueles
chefes religiosos de coração duro e interesseiro que oprimiam os inocentes. Ao
se afirmar maior do que o Templo (Mt 12,6) e Senhor do sábado Jesus significa
que vem superá-los pelo amor que promove a vida.
A lei que Deus imprimiu no nosso coração é a lei do amor, portanto, o
que nos faz mal e prejudica a nossa vida é justamente, o desamor. Tudo o que
não é regido pelo amor e não tem como objetivo a vivência do amor, não é eficaz
para o nosso crescimento.
Toda lei que tira do homem o direito de viver com dignidade, de prover a
sua existência e sobrevivência é maldita e não está conforme a vontade de Deus.
Jesus quer nos ensinar a colocar a caridade como lei primeira nas ações
da nossa vida. Às vezes nos bitolamos aos preceitos, às regras e não percebemos
que estamos sendo injustos e infratores da Lei de Deus.
Tudo o que o Pai criou, Ele o fez em favor do homem, objeto do Seu Amor,
portanto, dizer que “o sábado foi feito para o homem e não o homem para o
sábado” significa que a nossa sobrevivência e a caridade conosco mesmos (as) e
com os nossos irmãos estão acima das normas que, apesar de estabelecidas para o
homem, muitas vezes se voltam contra o próprio homem.
O homem é a criatura a quem Deus mais tem apreço e todas as coisas foram
criadas para ele, por amor. Jesus é o Senhor de tudo o que foi criado, e, tudo
foi criado por Ele, por amor ao homem.
Os campos de trigo, os rios, os mares, as aves, as árvores existem para
estar à disposição do homem a fim de que este perceba o olhar e a atenção de
Deus para si. Jesus, Senhor da criação, é o Senhor do sábado, porém, Ele
precisa ser também Senhor dos nossos “sábados”, isto é, daqueles dias em que
nós não achamos conveniente servir a alguém ou “perder” o tempo de lazer ou de
trabalho para dar de comer a alguém que está com fome.
O dia de sábado a que Jesus se refere pode ser também para nós aquele
dia que nós destinamos para o nosso deleite, para curtição, para realizar os
nossos planos pessoais e, sem menos esperar somos convocados para alguma outra
missão. Aí nós alegamos a nossa impossibilidade porque “hoje é sábado” e o
sábado está destinado a outras experiências. Neste caso a lei do amor ficou de
lado e imperou em nosso coração a lei do egoísmo e da indiferença.
Jesus é o Senhor dos “sábados” da sua vida? Você tem alimentado a
alguém necessitado em “dia de sábado”? Você é capaz de sacrificar um dia
de lazer e de descanso para ajudar a algum discípulo de Jesus? Em Nome de
quem você tem feito caridade? O que você aprendeu mais com esse Evangelho?
Em Marcos se apresenta muito bem a liberdade com que agiam Jesus e seus
discípulos. Não estavam tão apegados às leis, entre elas a do sábado, que
proibia arrancar espigas naquele dia. Isto não violava a lei de Deus, mas as
leis meticulosas dos anciãos.
Jesus lhes dá uma resposta certeira com uma pergunta: Nunca lestes o que
fez Davi, quando se achou em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?
Obviamente que teriam lido sim o que tinha acontecido naquela passagem do
Antigo Testamento, mas não lhes interessava em absoluto.
Se Davi, ao comer dos pães consagrados junto com seus companheiros, não
havia recebido a reprovação de Deus, e fora inocentado diante daquelas leis,
muito menos os discípulos de Jesus seriam condenados pelos escrúpulos de uns
poucos.
Jesus tem bem claro que nem o sábado nem qualquer lei devem estar acima
do ser humano. Quando isto ocorre, surge a injustiça, a opressão, a
desigualdade, que impedem o ser humano de viver como tal.
As leis devem estar a serviço da pessoa, e não acima dela. Devem servir
ao bem de todos, e não para oprimir e escravizar.
O que devemos levar em conta em nossas vidas não é tanto o que não se
pode fazer no Dia do Senhor, mas como poder empregar melhor esse dia para a
glória do Senhor e o bem da humanidade. Trabalhemos para que as leis e normas
estejam sempre a serviço das pessoas, e não contra elas. Isso é humanidade.
Portanto, do evangelho de hoje, podemos tirar três lições importantes
para nossa vida cotidiana:
1. Que Jesus é o Senhor da Vida;
2. Que a lei não pode ser feita para escravizar o homem;
3. Que a exemplo de Jesus devemos ter coragem de quebrar paradigmas.
Reflexão
Apostólica:
O Evangelho de hoje traz algo que nós evitamos aprofundar
sobre o assunto: Jesus transgrediu alguma regra? Pois é, Ele se colocou acima
da tradicional regra de que o sábado é o dia do descanso. E isso é um fato que
precisamos aprofundar hoje... Será que estamos seguindo alguma regra que nos
impede de seguir a maior de todas as regras?
A tradicional regra
do sábado impunha que ninguém deveria trabalhar neste dia, já que foi o dia
escolhido por Deus, desde a criação do mundo, para o descanso.
Os judeus levavam
isso tão à sério que foram criando regras cada vez mais rígidas para o sábado.
Eles instituíram uma distância máxima que era permitido caminhar, proibiram o
uso de sandálias que precisassem amarrar as correias, e nem os curandeiros
podiam trabalhar, a não ser em caso de risco de morte.
As regras foram
ficando tão estapafúrdias que deixaram de lado a razão e o bom senso. Jesus
chegou para abalar essas regras que desvirtuavam o sentido original do dia de
descanso.
"O sábado
foi feito para o homem, e não o homem para o sábado." Com essa frase
Ele resume o que a nova lei, que Ele veio instituir, pensa a respeito do
"dia de descanso".
O sábado não está
acima do nosso dever maior: FAZER O BEM ÀS PESSOAS, DA MESMA FORMA QUE NÓS
GOSTARÍAMOS QUE ELAS NOS FIZESSEM BEM. E nessa frase, podemos trocar o
"fazer o bem" por AMAR, pois esse é o amor que Jesus quer de
nós: o Amor Atitude.
Pensemos então nas
regras que aprendemos a seguir sem pensar, e lembremo-nos que nenhuma delas
está acima da maior de todas: a Regra do Amor.
Propósito:
Pai, ensina-me a ser fiel a ti, vivendo os Mandamentos, sem fanatismo, e
sim com a liberdade de quem está em plena sintonia contigo.
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