17
janeiro – Quando houvermos compreendido bem que os hábitos virtuosos não
são o meio mas o fim, então não deverá ser motivo de apreensão nem mesmo a
lentidão em adquirir a virtude. Está mais unido a Deus quem se acha em luta
constante com as suas inclinações desordenadas, gemendo em seu coração e
implorando humildemente a vitória sobre elas, do que aquele que já se considera
dono de muitas virtudes, e talvez se esqueça de oferecer ao Senhor um tributo
de gratidão proporcional ao seu estado de vida.
(L 88).
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 2,18-22
"Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram
então perguntar a Jesus: "Por que os discípulos de João e os discípulos
dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?" Jesus respondeu:
"Acaso os convidados do casamento podem jejuar enquanto o noivo está com
eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Dias
virão em que o noivo lhes será tirado. Então, naquele dia jejuarão. Ninguém
costura remendo de pano novo em roupa velha; senão, o remendo novo repuxa o
pano velho, e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres
velhos, senão, o vinho arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os odres. Mas,
vinho novo em odres novos!" "
Meditação:
“(…) Em todas as épocas, as
pessoas sempre valorizaram as práticas religiosas, e, entre essas práticas, o
jejum. Na época de Jesus, não era diferente. Por isso, os fariseus procuram
Jesus e o questionam sobre a prática do jejum por parte dele e dos seus discípulos.
Jesus nos mostra que as práticas religiosas só têm sentido enquanto são
manifestações do relacionamento que temos com Deus, e que o Novo Testamento
apresenta essa grande novidade em relação ao Antigo. ASSIM, PERCEBEMOS QUE
JESUS VEIO NOS TRAZER ALGO REALMENTE NOVO, E NÃO APENAS COLOCAR RÓTULOS NOVOS
NAS COISAS VELHAS QUE JÁ EXISTIAM ANTES DA SUA VINDA AO MUNDO”. (CNBB)
Jesus
Cristo veio instaurar na terra o reino de Deus que é completamente diferente do
reino dos homens. O reino dos céus tem o amor como primeira regra e tudo que
foge a esta verdade destoa do que é proposto por Jesus Cristo. O homem de
mentalidade mundana, não entende as coisas do espírito.
Jesus nos
adverte que para sabermos entender as coisas do alto nós precisamos de
renovação, nascer de novo e ter uma nova visão sobre a realidade da vida. Ele
quis dar um novo sentido ao jejum que os fariseus praticavam, apenas para
cumprir a lei.
O jejum só
tem sentido se for praticado movido por uma razão que tenha como fundamento o
amor, a alegria, a satisfação.
Por isso,
Ele justifica o fato dos Seus discípulos não jejuarem porque não havia
motivação, pois sentiam a alegria da Sua presença comparando isto a uma festa
de casamento, onde todos se regalam por causa do noivo.
Jejuar por
obrigação, só para dar satisfação às regras impostas pelos homens se torna uma
ação inócua – como que um vinho novo colocado em odres velhos – e talvez até
seja rejeitada por Deus.
O Jejum de
coração, oferecido a Deus em vista de um bem maior é o vinho novo colocado em
odre também novo. Tudo o que nós fazemos forçados ou por obrigação não tem
ressonância em nós e não ajuda no nosso crescimento.
O remendo
novo em pano velho rasga-o; o vinho novo em odre velho rompe-o. Portanto,
precisamos de nova mentalidade, necessitamos de abertura interior para que
aconteça em nós a purificação necessária e nos tornemos novos, para acolher o
novo.
Qual o
sentido que você dá ao jejum? Para que finalidade você jejua? Como você se
sente? As coisas que você tem feito para o reino de Deus, você o tem feito por
amor ou por obrigação? Você tem cumprido com a sua missão de coração? Você tem
feito algo forçado com má vontade? Como você encara as propostas de Jesus para
a sua vida?
Reflexão Apostólica:
Era um tanto complicado mudar uma opinião
ou hábito no tempo de Jesus (isso ainda não mudou). As pessoas carregavam sobre
si anos e anos de tradição e costumes que os impediam de aceitar a Sua proposta
quanto à mudança pessoal.
Assim
também somos nós hoje em dia, pois quando nos apegamos a roteiros, disciplina
demasiada, ou seja, com posturas irredutíveis, ancoramos o Espírito Santo
Não somos
homens e mulheres naturais, mas somos aos poucos apresentados a eles e não
deveria ser assim, pois o cristão é movido na verdade por algo que não possui
roteiros ou explicação, que é a fé, mas a natural inércia que nos leva ao
comodismo, pelo que conheço, que domino, pelo que aprecio ou simpatizo faz
nossos olhos saltarem apenas para os erros em detrimento aos acertos. “(…)
Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam. Por que é que os
discípulos do senhor não jejuam”?
Mas onde
esse evangelho pode nos levar a refletir nossa comunidade, nossos trabalhos?
Tenho
visto a dificuldade de pastorais e movimentos em arrebanhar pessoas; noto
também o esfriamento de algumas comunidades, percebo também a dificuldade de
alguns em ter vontade de se engajar ajudar… Mas onde isso tudo começa? Talvez
na percepção dos problemas sobre as soluções.
Quem não
ajuda realmente atrapalha, e como é comum encontramos os tais atrapalhos! Não
conseguiremos superar as dificuldades com um estalar de dedos, pois na lida do
dia-a-dia encontraremos dificuldades físicas e pessoais que sempre nos
motivarão a desistir e muitas vezes serão tão insistentes que fatalmente terão
êxito.
Penso
quantas vezes Jesus precisou se explicar do que fazia e por que fazia apenas
para contentar os fariseus, mas era sabido que não importava a sua resposta,
pois já eram contra sua opinião.
Quem esta
engajado, de tantos rebites e pancadas desiste, mas o evangelho de hoje nos
convida a andar na contramão do natural e abraça a idéia de se apegar a
presença do noivo e não esmorecer.
O homem
natural precisa ser novo, nossa própria pele se renova de tempos em tempos sem
deixar cicatrizes. Se nos importarmos com o tombo nunca aprenderemos o quanto é
bom andar de bicicleta e se por ventura estes são inevitáveis, poucas
cicatrizes restarão ao fim da vida para serem lembradas. É muito feliz e
abençoado que busca a santidade, mesmo sabendo da fama dos tombos.
Não pense
que os tombos que me refiro são os erros, pecados ou más condutas e sim as
dificuldades inerentes a todo cristão na hora de julgar e escolher.
Dizer não
enquanto a maioria diz sim, dar uma nova chance enquanto outros já deram por
perdido, acreditar nas pessoas, respeitar, ser educado, prezar pela gentileza
enquanto muitos olham apenas por si mesmos…
Tombar é
ver o pecado maior que a graça, que a esperança; é sobrepor os pecados sobre as
qualidades; é não parar de rezar o terço enquanto alguém deseja muito um minuto
da nossa atenção…
Essa
mudança deve ser posta em odres novos! É destinada a quem quer ser novo! Não
desista!
Propósito:
Vivenciar o verdadeiro sentido do jejum.
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