02 - Apresentação do Senhor.
02 de fevereiro - Aprendamos a nos desprender inteiramente de
nós mesmos, de nossos gostos, de nossa vontade, de nosso ponto de vista. Em
todas as nossas ações não visemos senão fazer a santa vontade de Deus do modo
mais perfeito possível. (S 359). São Jose Marello
2 Fevereiro 2022
Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no século IV.
Chamava-se festa do encontro, hypapántè , em grego. Em 534, a festa estendeu-se
a Constantinopla e, no tempo do Papa Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em
Roma, a festa incluía uma procissão até à Basílica de S. Maria Maior. No século
X, começaram a benzer-se as velas.
José e Maria levam o Menino Jesus ao templo, oferecendo-o ao
Pai. Como toda a oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o
começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu ponto
culminante no Calvário. Maria e José unem-se à oferta do seu divino Filho
estando a seu lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.
Lucas 2,22-40
"Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. Pois está escrito na Lei do Senhor: "Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor." Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
Em Jerusalém morava
um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de
Israel. O Espírito Santo estava com ele, e o próprio Espírito lhe tinha
prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor.
Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino
Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, Simeão pegou o menino no colo e
louvou a Deus. Ele disse:
- Agora, Senhor,
cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir
Pois
O pai e a mãe do
menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. Simeão os
abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
- Este menino foi
escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente
Havia ali também uma
profetisa chamada Ana, que era viúva e muito idosa. Ela era filha de Fanuel, da
tribo de Aser. Sete anos depois que ela havia casado, o seu marido morreu.
Agora ela estava com oitenta e quatro anos de idade. Nunca saía do pátio do
Templo e adorava a Deus dia e noite, jejuando e fazendo orações. Naquele
momento ela chegou e começou a louvar a Deus e a falar a respeito do menino
para todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Quando terminaram de
fazer tudo o que a Lei do Senhor manda, José e Maria voltaram para a Galiléia,
para a casa deles na cidade de Nazaré.
O menino crescia e
ficava forte; tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus."
Meditação:
Hoje, a Palavra de Deus nos convida a contemplar a vida familiar. Vivemos em um mundo em que todas as instituições estão sendo relativizadas. Também a família, como lugar da vida digna, passa por uma séria crise de identidade e de sentido.
No evangelho, vemos toda a família de Nazaré no cumprimento dos preceitos religiosos; mas o mais importante é ver a família unida, realizando o plano de Deus.
Ontem vimos o ancião Simeão bendizendo a Deus pela presença do Salvador. Hoje,
no mesmo ato da apresentação, a família encontra-se com Ana, uma profetisa.
Ela, assim como Simeão, envelheceu esperando ver a glória de Deus. Em Jesus
ocorre algo especial: o menino é a vida nova, o cumprimento da promessa
libertadora de Deus.
Ana é uma mulher excluída por ser mulher, por ser viúva e por ser anciã; como
Simeão, perseverou muitos anos esperando o Salvador para conhecê-lo antes de
morrer.
Ela sabe ler os sinais dos tempos, descobrindo a ação de Deus na história e na realidade cotidiana. Jesus é o Messias esperado e desejado por muitos que estão em condições de pobreza, para que surja uma nova ordem social.
Ana, cujo significado é "graça", que assim como Simeão personifica a
espera do Senhor e a libertação de seu povo. A dupla formada por Simeão e Ana
se relaciona com a formada por Zacarias e Isabel, os pais de João Batista;
demonstrando o interesse de Lucas em destacar a importância do homem e da
mulher no projeto de Deus.
O evangelho conclui dizendo que Jesus, o menino antes apresentado no Templo, de
quem falavam o profeta Simeão e a profetisa Ana, que nos veio do pobre, do
humilde, do simples, de quem não conta, "ia crescendo e se fortificava:
estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele".
Ele crescia integralmente no seio familiar; algo que vale a pena ressaltar hoje. Jesus configura seu ser no lar, com sua família, é ali onde aprende a amar, servir, trabalhar e lutar por justiça.
Assim como Jesus ia crescendo em sabedoria e graça de Deus, nós,
como seus seguidores, também somos chamados a continuar nosso crescimento como
cristãos autênticos.
Crescer em autenticidade cristã é viver plenamente em Cristo; e
este viver se concretiza na aplicação de seu projeto de vida para que todos
tenham vida
Agora, já crescidos e encaminhados na fé, com nossos próprios passos e nossa
própria palavra, apresentemo-nos a Deus, a cada dia, comprometendo-nos em dar
um santo testemunho de vida e fé.
Sejamos sempre luz, cumpramos sempre a promessa de Deus, buscando o Amor. Viver
com Deus, para Deus e por Deus. Sejamos espelho para que o próximo nos veja
como sinais de Deus. E busquemos também esses sinais nas pessoas que nos
cercam.
Por fim, que Deus nos dê o discernimento para entender as Suas promessas nas
nossas vidas.
A palavra de Deus se fez carne para satisfazer a esperança de um povo oprimido
por dimensões políticas, econômicas, culturais e religiosas.
Ao final do relato, termina a vigem que José e Maria fizeram em terras da
Judéia, e regressam a Nazaré na Galiléia. É nesse último contexto, em um lugar
simples, pobre e solitário, onde Jesus crescia e se fortalecia em sabedoria e
onde o favor de Deus o acompanhava.
Oremos hoje por todas as famílias do mundo, para que sejam verdadeiras escolas
de vida nas quais o amor, a escuta e a compreensão sejam as principais
características.
Estou descobrindo a ação de Deus nos sinais dos tempos? Em que rostos estou reconhecendo a chegada de Jesus? Com que feitos concretos o estou recebendo e quais são meus compromissos reais para com os que esperam libertação de todo tipo de morte, de injustiça e desigualdade (não confundir isto com aberrações do tipo "casamento" entre pessoas do mesmo sexo)?
Reflexão Apostólica:
Como não admirar a Sagrada Família?! Portadores da graça, mas simples adoradores a servir e obedecer às leis. Num momento tão ímpar de suas vidas, se preocupavam primeiramente em cumprir, passo-a-passo as tradições de sua lei.
E hoje, temos o mesmo zelo? Nossos filhos vão a catequese, à crisma? E melhor
que isso, os acompanho? O que adianta catequizar os filhos se não vou à missa,
as reuniões periódicas, se não participo (…)?
Diz um ditado popular que o exemplo arrasta, sendo assim, pouco adianta o
esmero dos mais talentosos catequistas em duas ou três horas semanais se o
restante do tempo os pais não se empenham e regar a semente plantada. É uma
dura e injusta luta: educar e ensinar duas horas e nas outras 22 horas
deseducar. Não extingamos o Espírito Santo pela omissão.
O corre-corre nos fez um tanto omissos com a criação dos nossos filhos.
Queremos o melhor para eles, mas esse melhor não podemos dar, pois trabalhamos
o dia inteiro.
Tão cedo os colocamos na escola, para os ensinar o que é segundo a pedagogia,
obrigação nossa. É um testemunho pessoal, pois apesar de escrever todo dia,
quem ensinou o sinal da cruz para meu filho foi minha esposa.
Sim, graças a Deus, Ele sempre zela pelos nossos, mas isso não nos credencia a
fugir de nossas responsabilidades. É tão fácil acender a lareira, mas é preciso
ter uma motivação diária em buscar lenha para manter o fogo aceso.
É duro dizer isso, mas dá-se impressão que muitos pais acham que as obrigações
pela fé pelos costumes e hábitos são dos professores e catequistas e não
nossas.
Terrível é imaginar que a condição de eu ir a missa é que não me contrariem,
não me cobrem, não me digam verdades. Que ao primeiro sinal de cobrança paro de
ir, fico em casa, troco de religião…
O engraçado é que muitos que trocam de religião justificadas pelo excesso de
regras e zelo da igreja acabam se rendendo a regras ainda mais severas em
outras igrejas. Passam a não cortar os cabelos, saias cumpridas.
Graças a Deus nossa igreja não se rende a vontade das pessoas, pois se isso
acontecesse imagino o que seria, pois temos a ingrata mania de escolher as
regras e convicções que melhor nos agradam.
Descobri recentemente que durante o ofertório e comunhão não fazemos “filas” e
sim procissões. Parece ser a mesma coisa, mais “procissão” denota de vontade
própria, espontânea, que aguardará a espera, pois algo importante esta a
frente, (…).
Nossa fé e dos nossos filhos não pode ser encarada uma fila e sim uma
procissão. Se temos pouco tempo, planejemos então novas estratégias. Apesar de
toda vontade de Deus em se revelar a nós é preciso que Ele não precise mendigar
pelo nosso amor, nosso interesse…
Como a Sagrada Família, temos algumas obrigações a serem cumpridas: “(…) E vós, pais, não provoqueis
revolta nos vossos filhos; antes, educai-os com uma pedagogia inspirada no
Senhor“. (Ef 6, 4)
Pai,
a exemplo de Simeão e de Ana, faze-me penetrar no mais profundo do mistério de
teu Filho Jesus, e torna-me proclamador da salvação presente na nossa história.
Senhor Jesus Cristo, tu restaurastes a família humana, restabelecendo a
primitiva unidade, vivendo com Maria, tua Mãe, e são José, o pai adotivo,
durante 30 anos
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