10 janeiro - Ó Deus, quantas imperfeições descobrimos em nós mesmos! Nós nos propomos de melhorar, mas cabe somente a Vós fecundar os nossos frágeis propósitos. (S 32). São Jose Marello
Marcos 6,30-34
"Os
apóstolos voltaram e contaram a Jesus tudo o que tinham feito e ensinado. Havia
ali tanta gente, chegando e saindo, que Jesus e os apóstolos não tinham tempo
nem para comer. Então ele lhes disse:
- Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco.
Então foram sozinhos de barco para um lugar deserto. Porém muitas pessoas os
viram sair e os reconheceram. De todos os povoados, muitos correram pela margem
e chegaram lá antes deles. Quando Jesus desceu do barco, viu a multidão e teve
pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor. E começou a ensinar
muitas coisas."
Meditação:
O texto de Marcos diz que Jesus teve
compaixão da multidão porque o povo andava como ovelhas sem pastor. Os
discípulos chegaram de seu trabalho apostólico, contaram a Jesus tudo o que
havia acontecido; Jesus então os convida a descansar em um lugar ermo, porém
quando chegaram, foi impossível encontrar descanso porque uma grande multidão
já estava no lugar esperando-os. Jesus compreendeu que era mais urgente atender
a multidão que o alimento e o descanso.
Temos, neste evangelho, mais um
sumário da missão de Jesus, que fecha a narrativa do retorno dos apóstolos que
haviam sido enviados em missão e revela a intensa atividade de Jesus com os
apóstolos, em seu ministério.
Os apóstolos, ao retornarem, contam tudo o que tinham feito e ensinado,
identificados com a prática de Jesus. Na missão o ensino é acompanhado da ação
libertadora e vivificante. Não há notícias detalhadas sobre o desenvolvimento
desta missão, pois os evangelhos concentram-se na pessoa de Jesus, em seus atos
e em seus ensinamentos.
Jesus é o bom pastor que acolhe as multidões, sem discriminar ninguém, unindo a
todos na paz que é fruto do amor (segunda leitura). Ele se põe a ensinar. O ensino
de Jesus, a ser comunicado na missão, não é um simples acúmulo de saber. É a
revelação da face de Deus e de sua presença amorosa entre os pobres e
excluídos, descartando a busca ambiciosa de dinheiro e de poder.
O Evangelho de hoje mostra Jesus cuidando
de seus discípulos e em contato com as multidões carentes, atento às suas
necessidades e procurando libertá-las de suas carências e opressões,
dirigindo-lhes a palavra.
Jesus repete novamente sua preocupação a respeito da falta de operários para a
messe, ou de pastores para o rebanho, em outras palavras, hoje seria a falta de
padres que sejam verdadeiramente pastores das ovelhas. Muitos e santos
ministros ordenados e comprometidos com a vida das ovelhas. Ontem, como hoje
também, existem muitas ovelhas precisando de pastores pelo mundo afora! E
Cristo nos compromete nesta missão.
O amor de Cristo é tão sincero e afetuoso pelos seus irmãos, que nem mesmo o
cansaço ou a fome são capazes de privar as pessoas de Seu convívio.
Nesta Palavra de hoje, percebemos
duas atitudes de Cristo para com os seus: a primeira, quando Ele chama Seus
discípulos ao descanso, sabendo que eles viveram uma batalha espiritual árdua,
e para tanto é preciso recolhimento, descanso físico e espiritual. É preciso se
fortalecer.
A comida, por exemplo, pode ser
entendida como alimento material, mas também alimento espiritual, afinal nem só
de pão vive o homem. Em muitos momentos dos Evangelhos, o próprio Cristo
recolhe-se para orar, para conversar com Deus e Ele nos ensina a, justamente,
ter esses tipos de momento, para criar intimidade com o Pai.
Entretanto, aquela multidão que ali se encontra não percebe essa situação,
porque estão sedentos de amor, atenção, pois eles estão constantemente sendo
excluídos da sociedade, da própria religião que professavam. Em Jesus e nos
Seus discípulos se percebe um acolhimento, uma Palavra que é diferente de tudo
que eles conheciam uma palavra que une e não separa que perdoa e não se vinga
das suas faltas.
A razão é simples: Eles eram como
ovelhas sem Pastor. Isto significa que eles agiram até agora por ignorância.
Sem saber ou distinguir a mão direita da esquerda. Que constatação triste, não
existe nada pior que a solidão, não ter com quem contar, com quem conversar,
dividir dores e alegrias, não fomos feitos pra viver como ilha, mas juntos.
Jesus sente essa solidão em cada pessoa, apesar de estarem numa multidão.
O texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma característica
específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes
político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E quando Ele se
retirava, o povo ia atrás dele. O que atraía tanta gente? Com certeza não foi
em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar
compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de Deus.
Jesus não teve “pena” do povo, não
teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha
uma empatia com os sofredores, que se transformava numa solidariedade afetiva e
efetiva. Este traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus
ministros hoje, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da
compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes as nossas
igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com a
comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão de Jesus!
A frieza humana frequentemente marca as
nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui que
marginaliza e que só valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos
desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão
diante das multidões que hoje como nunca estão como ovelhas sem pastor.
Marcos reconhece que Jesus, movido pela compaixão de ver a multidão que andava
como ovelha sem pastor, começa a ensinar. É a causa do Reino a que consome seu
tempo e sua vida. Para isto é que veio, sua paixão e sua loucura é o Reino, em
outra passagem do evangelho quando Maria e os familiares de Jesus ficam sabendo
que não lhes sobre tempo sequer para se alimentar por causa dos trabalho do
Reino, buscam-no porque creem que está fora de si. Somente quem andou na vida
motivado por uma causa assim entende essas atitudes de Jesus e não sente fome
nem fadiga em fazer o que ele mesmo fazia.
Mesmo sabendo da necessidade de descanso,
Ele sente compaixão, e serve. Ensina-nos que servir ao próximo deve ser
prioridade, apesar dos cansaços, apesar das dores, precisamos ver e entender
que existem muitas pessoas necessitadas! E pode ter certeza que muitos a nossa
volta, que aparentemente não precisam de nada, são carentes de uma palavra, de
um ombro amigo, de alguém que os escute.
Por isso, manifestam a sua carência de
várias formas: agressividade, mau comportamento, irritação, puxam o chão dos
nossos pés. E tudo o que fazem é só procurar arruinar a vida dos outros. Minha
irmã, meu irmão, não existem pessoas difíceis ou que nos roubem tempo.
O segredo é levá-las não nos ombros e sim
no coração. Pois, as pessoas nos serão pesadas se nós as carreguemos nos
ombros.
Se as levarmos no coração elas se
tornam mais leves que o fumo. Basta pedires que Jesus faça do seu coração
semelhante ao d’Ele. E verás que estas pessoas são como que ovelhas sem pastor.
E então tu serás o pastor que elas estão precisando.
Reflexão
Apostólica:
Paulo, na carta aos efésios,
nos fala que Deus pela sua bondade destruiu o muro de inimizade que separava
dois povos. Deus sempre nos conduz no tempo certo a romper o silêncio da mágoa
e da inimizade com nosso irmão, com nossa irmã, e reatar os laços de amizade
desta vez mais fortes, uma vez que tiradas as arestas, as diferenças entre
ambos, uma nova vida recomeça, desta vez na paz de Cristo.
No evangelho, Jesus repete sua preocupação a respeito da falta de operários
para a messe, ou de pastores para o rebanho, em outras palavras, hoje seria a
falta de padres. O evangelho de hoje mostra Jesus cuidando de seus discípulos e
em contato com as multidões carentes, atento às suas necessidades e procurando
libertá-las de suas carências e opressões, dirigindo-lhes a palavra.
A palavra amorosa Jesus, dirigida aos excluídos e marginalizados, traz-lhes
esperança e ânimo. Suas palavras não são princípios de uma doutrina, mas são
uma comunicação de vida e amor. Sua prática é acompanhar suas palavras com
gestos de libertação e dom da vida.
O ponto alto de seu ensinamento, destacado neste episódio, é a educação para a
partilha, que será narrada em seguida.
Nos dias atuais também
existem muitas ovelhas precisando de pastores pelo mundo a fora! Pelo Brasil e
principalmente na Região Nordeste, muita gente fica sem assistir a missa aos
domingos, fica sem confessar, porque não encontra um sacerdote por perto. Prezados
irmãos, isso é muito triste!
Na Chapada Diamantina é grande
a falta de padres. Um sacerdote tem de viajar muitos quilômetros para fazer uma
celebração. Depois sai às pressas para outra cidade, até completar as missas do
domingo.
Pergunto: O que eu posso
faze? O que você pode fazer? O que nós cristãos engajados na linha de frente da
Igreja podemos e devemos fazer para diminuir o grande vazio de sacerdotes? Você
tem um filho homem? Que tal perguntar a ele se já pensou em ser um
sacerdote? Você é um jovem? "E aí, cara! Se liga na parada! O que
está pegando é uma grande falta de padres. Tá a fim de encarar esse
desafio?"
Nós os adultos precisamos urgentemente fazer alguma coisa. Qualquer coisa, pois
"A messe é grande, mas os operários são poucos." E, pelo menos
uma coisa podemos fazer. Rezar. Rezar todos os dias, rezar em grupos de oração,
rezar no silêncio do seu quarto, mas rezar muito pelas vocações
sacerdotais. Foi o próprio Jesus quem disse: "Pedi, pois, ao
Senhor da messe que envie operários para sua messe."
O certo seria cada família começar em suas próprias casas conversando com seus
filhos homens sobre a possibilidade deles serem padres.
Infelizmente, o que notamos é que cada pai, cada mãe, pensa assim. Os jovens
precisam pensar na possibilidade de serem padres. Pois está uma grande escassez
de sacerdotes. Se alguém pergunta. E o seu filho? Bem não vai dar! Porque ele
já está enraizado num projeto com o pai, ou ele está num bom emprego, ou ainda
ele já está de casamento marcado. Se você perguntar a um desses excelentes
jovens piedosos, frequentadores e participantes assíduos da missa, e da
eucaristia sobre a possibilidade de fazer uma experiência no seminário, todos
eles vão pensar na namorada. Em seguida,
responderão mais ou menos assim: Não vai dar! Pretendo construir família.
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