27 novembro - Humildade em tudo, até em virar os olhos e em mexer as mãos. (S 198). São Jose Marello
Leitura do santo
Evangelho segundo São Lucas 21,1-4
Meditação:
Ao falar de “uma viúva
pobre” devemos pensar numa mulher que vive da caridade e que de fato não tem a
entrada permitida no Templo. Sua presença na fila das ofertas já é por si uma
imagem de grande força.
Uma pessoa da qual não
se espera nada, pois está entre os últimos da sociedade, coloca-se na
disposição de doar, de compartilhar, e dá do que necessita para viver. Está
pondo em risco sua subsistência com esse gesto, trivial para muitos de seus
contemporâneos.
É um relato que incita
ao silêncio e à contemplação e convida à revisão de vida: até quando rotulo as
pessoas e não lhes permito dar o melhor, por não reconhecer que todos temos
muito que oferecer? De que maneira, minha vida se converte em oferenda real a
serviço e promoção da justiça? Até onde vai minha disposição de dar e
partilhar?
Hoje, aprendemos de
Jesus, o verdadeiro valor das coisas materiais. Parado à porta do Templo, Jesus
observava o comportamento das pessoas que chegavam para participarem do culto.
Perto de Jesus estava
uma caixa para a coleta das ofertas que serviriam para a manutenção do Templo
e, para socorrer os que estivessem necessitados.
Ali, cada um colocava
a sua contribuição livremente, de acordo com a sua vontade. Percebeu então
Jesus, que muitos ricos depositaram boas quantias e que os pobres também
contribuíam.
Uma viúva pobre, por
fim aproxima-se do cofre e deposita duas únicas moedinhas que tinha em sua
bolsa. Jesus, após o culto, chama os seus apóstolos e lhes diz: Em verdade vos
digo, que esta viúva pobre depositou muito mais do que todos os outros juntos
pois, todos deram das sobras que sempre Têm, mas ela, deu tudo o que tinha,
todo o seu sustento.
Desta lição concluímos
lição que, a doação tem que representar, verdadeiramente, a vontade do nosso
coração. Às vezes, sentimos muito quando presenciamos certas cenas que nos
chocam, devido ao tamanho do sofrimento que um nosso irmão possa estar
passando.
Em vários locais que
freqüentamos, não estamos livres de presenciar a dor o sofrimento que
deprimem e sufocam pessoas como nós, porém, que as adversidades da vida, o que
presenciamos dói muito na carne e no espírito daqueles sofredores.
Ficamos horrorizados,
condoídos e com muita pena, com muito dó, mas, mesmo chegando até às lágrimas,
a maioria, enxugando os olhos e limpando a garganta, sai abatida e com muita
dor no coração, porque mesmo não estando naquele estado, leva uma vida muito
apertada, com muita luta e coragem, conseguindo sobreviver e, mesmo tendo
muito pouco recurso sempre são os que mais ajudam.
A minoria,
privilegiada, ignora aqueles sofredores e, até lastimam aquele quadro que
enfeia a sua cidade; que mancha o bom nome que ela tem, mas com raras exceções,
procuram ajudar àqueles desfavorecidos, mesmo tendo dinheiro e posição social
que pode lhes dar condições de acionar as autoridades, para conseguir mudar o
tratamento destinado àqueles que nada têm. Gastam, gastam, gastam, mas não
gostam de partilhar.
Por isso Jesus fala
que os ricos deram do que lhes sobrava. Isso não é dar com amor; é preciso
partilhar. Não basta ter dó; não basta ter pena; não basta chorarmos
compadecidos; como muitos fazem nos velórios abraçam e deixam uma mensagem
para os parentes e, depois, falam mal dos defuntos, comentando sobre a sua
vida.
Isso não muda nada na
vida dos que sofrem as marcas de um esquema social que os coloca à margem dos
planos dos que dirigem esta e outras nações. Que têm os mesmos problemas no
mundo inteiro.
Com auxílio
material, com boa vontade de os ouvirmos e falarmos com carinho e muito amor
cristão, alguma coisa sempre se pode fazer. É preciso partilhar o Deus que
trazemos dentro de nós, com aqueles que encontramos nas esquinas da vida.
Que triste
alguém que vem à casa do Senhor e tem a sua oferta rejeitada, porque com Deus
não se pode barganhar, ou se oferece a oferta a adoração de coração, com a vida
ligada a Ele ou então melhor que nem ofereça, o que essas pessoas não entendem,
é que Deus nunca precisou e nem precisa de recursos puramente humanos para
levar a sua palavra, para levar a sua igreja por esta terra por nossa era, mas
o que ele sempre procurou e procura ainda hoje, são os verdadeiros adoradores
que o adorem em espírito e em verdade, ele sempre procurou corações abertos que
não se rendam as coisas desse mundo, mais que se dediquem a Ele em todos os
momentos de sua vida, o Senhor nunca se preocupou com a quantidade da oferta,
mas sim com a qualidade dessa, era só aquilo que a viúva tinha, e foi para essa
oferta que Deus atentou.
Reflexão Apostólica:
Esta
narrativa de Lucas vem em seguida à advertência de Jesus contra a prática dos
escribas. Estes escribas, enquanto fazem questão de ostentar piedade e
prestígio, devoram as casas das viúvas.
Jesus
contempla a ação realizada pela viúva no tesouro do Templo, e utiliza sua
atitude como ensinamento para seus discípulos e também para nós: ante os olhos
de Deus tem muito mais valor a pouca oferenda depositada pela viúva que as
grandes quantidades depositadas pelos ricos. Porque a viúva coloca no cofre
tudo que tem para sobreviver, põe nas mãos de Deus tudo o que tem, põe sua
vida, expressando assim que sua única esperança é a misericórdia de Deus.
A oferenda do rico não é válida ante os olhos de Deus porque é interesseira; talvez
o rico busque com ela acalmar sua consciência, remediar sua injustiça, talvez
exibir-se como generoso e devoto, ou talvez, ao depositá-la, projete aumentar
suas riquezas sem pensar nas necessidades de seus conterrâneos, nem na
exigência própria da lei de compartilhar os bens com os mais pobres.
O texto de hoje nos mostra que é a partir da generosidade, do desprendimento
que vamos construindo uma nova sociedade e uma nova Igreja, na qual o
compartilhar fraterno e generoso é fundamento para um viver mais coerente a
nossa fé em Deus.
Muitas vezes passamos por egoístas e somente damos de forma simbólica um par de
moedas que não necessitamos, ou – pior ainda – ofertamos o que passou a ser
inútil para nós. Que mérito tem esses gestos? Dar é sinônimo de entrega; e é
entregando do que necessitamos que acumulamos tesouros no céu. Valioso diante
de Deus é dar de forma desinteressada, sem esperar nada em troca e menos ainda
o aplauso público.
Geralmente, na concepção do mundo, vale mais aquele que tem mais para dar. No
entanto, para Deus não importa o muito ou o pouco que nós ofertamos, mas, a
condição e o modo como nós o fazemos.
Neste Evangelho nós descobrimos o valor que tem diante de Deus aqueles (as) que
têm pouco para dar, mas oferecem a Ele tudo o que possuem. Se formos parar para
avaliar a nossa conduta, nós iremos perceber que geralmente nós nos apegamos
com o pouco que temos e damos ao outro somente o pouco que nos sobra do muito
que temos.
A lei natural do mundo nos instrui que devemos fazer oferta de acordo com o que
nós possuímos. Se tivermos muito, temos condições de também oferecer muito, se
tivermos pouco, escassa também será a nossa doação. Isso faz parte da vida!
Porém, o que mais impressionou a Jesus no caso da viúva do Evangelho, foi que
ela depositou no altar do Senhor as duas únicas moedas que possuía, portanto,
ela deu tudo o que tinha. Assim ela deu testemunho de desprendimento e ao mesmo
tempo de confiança na providência de Deus.
Às vezes nós sovinamos não somente dinheiro, mas também, trabalho, tempo,
atenção, carinho, compreensão, zelo. Jesus nos ensina: aquele que dá a Deus
tudo o que tem, receberá de Deus muito mais para bem viver.
Podemos
agora, colocar essa idéia na nossa vida e refletir sobre o que nós estamos
depositando diante de Deus como oferta. Deus, Criador de todas as coisas do
universo é dono de tudo, mas, ainda não tem a posse do nosso coração, mesmo
sendo Ele o Autor da nossa alma e do nosso ser.
A Ele, nós temos oferecido apenas migalhas, negamos até o que de mais precioso
nós possuímos que é o dom da nossa liberdade. Somos escravos (as) de nós mesmos
(as) e teimamos em querer nos apossar das coisas que são inerentes ao nosso
ser, mas que se constituem um entrave para que Deus seja, realmente, o dono das
nossas duas moedas ou do nosso tesouro.
Colocamos nas mãos do Senhor somente aquilo que nos sobra, ou melhor, as áreas
da nossa vida das quais nós já conseguimos nos desprender. Entretanto, há
outras, que estão tão ligadas ao nosso comodismo e à nossa vontade própria, que
nós nem pensamos, quanto mais, admitimos, colocá-las diante do Senhor para que
Ele as governe.
A
viúva que não tinha nada entregou a Deus, tudo. Será que nós, que tudo
possuímos, não estamos dando a Deus, quase nada, apenas o que nos sobra? Isso é
algo sobre o qual nós precisamos refletir.
Você tem sido generoso (a) ou tem dado somente as sobras? O que você tem
relutado a entregar a Deus? Você se acha no dever de oferecer a Deus a sua
vida? Quais as áreas do seu ser que você tem deixado o Senhor governar? Você
tem deixado Jesus arrumar todos os aposentos do seu coração? Existe alguma
coisa que você tem negado a Deus?
Na ótica de Jesus, aquela pobre viúva, representação do mais pobre entre os
pobres, saiu do templo justificada; foi quem recebeu um maior dom em troca de
seu desprendimento: a graça divina; mas do ponto de vista de um doador rico,
aquela mulher teria pouca ou quase nenhuma recompensa.
O
reino que Jesus proclama não pode reger-se pelos mesmos critérios dos
dirigentes de Israel; o reino se constrói com os critérios da qualidade e
disponibilidade para contribuir a partir de uma genuína generosidade, e das
próprias carências, não a partir do supérfluo.
É
preciso discernir continuamente nosso comportamento e atitudes com aquelas
pessoas que dão generosas oferendas a nossos centros religiosos em comparação
com aquelas que oferecem pouco ou definitivamente não têm nada que oferecer.
Quais
são as de maior objeto de nossa “consideração” e apreço? Sejamos sinceros nisto
e reconheçamos com humildade que na maioria das vezes nos sentimos muito a
gosto com aqueles que dão mais, que têm mais e melhores meios. E o evangelho
onde está?
A
viúva do evangelho que hoje meditamos simboliza aquela porção de Israel que
entrou na dinâmica de Jesus, que está disposta a dar, a dar-se, a entregar-se
com o que tem à causa do Reino do Pai.
Essas
pessoas que dedicam tempo desinteressadamente às nossas obras nos evangelizam
com sua generosidade, e especialmente as que não regateiam nada para que a obra
do Reino continue sua marcha, recebem nossa atenção como aquela viúva recebeu
de Jesus, e nos deixamos contagiar por seu exemplo?
Com auxílio material, com boa vontade de os ouvirmos e falarmos com carinho e muito amor cristão, alguma coisa sempre se pode fazer. É preciso partilharmos o Deus que trazemos dentro de nós, com aqueles que encontramos nas esquinas da vida. “O VOLUNTARIADO E ‘O AMOR EM AÇÃO, ATRAVÉS DA CARIDADE.”
Propósito:
Pai, dá-me um coração de pobre, capaz de
partilhar até do que me é necessário, porque confio totalmente no teu amor
providente.
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