17
novembro - A indecisão é a causa principal que faz os mais belos projetos se
desfazerem em nada. (L 68). São Jose
Marello
Lucas
17,26-37
"Como foi no tempo de Noé, assim também será nos dias de antes da vinda do Filho do Homem. Todos comiam e bebiam, e os homens e as mulheres casavam, até o dia em que Noé entrou na barca. Depois veio o dilúvio e matou todos. A mesma coisa aconteceu no tempo de Ló. Todos comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. No dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e matou todos. Assim será o dia em que o Filho do Homem aparecer. Aí quem estiver em cima da sua casa, no terraço, desça, e fuja logo, e não perca tempo entrando na casa para pegar as suas coisas. E quem estiver no campo não volte para casa. Lembrem da mulher de Ló. A pessoa que procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo terá a vida verdadeira. Naquela noite duas pessoas estarão dormindo numa mesma cama. Eu afirmo a vocês que uma será levada, e a outra, deixada. Duas mulheres estarão moendo trigo juntas: uma será levada, e a outra, deixada. [Naquele dia, dois homens estarão trabalhando na fazenda: um será levado, e o outro, deixado.]
Então os discípulos perguntaram:
- Senhor, onde vai ser isso?
Ele respondeu:
- Onde estiver o corpo de um morto, aí se ajuntarão os urubus."
Está preparado o banquete da Eucaristia e o banquete eterno. Seria este o título da homilia de hoje. Jesus deixou aos discípulos o sinal do pão e do vinho na última Ceia e anunciou-lhes que havia de participar com eles do banquete no reino de seu Pai. Neste texto de hoje se fala do reino, do banquete e da preparação indispensável para não ser excluído.
Em cada Eucaristia nós dizemos. «Vem, Senhor Jesus». Pedimos a sua vinda, mas
não nos podemos esquecer da preparação para essa chegada e perder o tempo de se
preparar. Eis uma advertência de permanente atualidade. Neste tempo em que as
preocupações do material fazem esquecer o essencial, o espiritual, a
advertência do Evangelho tem permanente atualidade.
Deus nos chama a atenção. A Igreja dá-nos oportunidade e Jesus Cristo avisa-nos
para não cair na tentação do desleixo. Para possuir a sabedoria e saber estar
preparado.
É a vitória da vida sobre a morte, é aquilo que todo o ser humano deseja que
Paulo nos anuncia. E com toda a Igreja professamos: creio na vida do mundo que
há-de vir, a vida em Deus só o Espírito Santo a pode dar. Mas tudo isso só será
possível se nós estivermos sempre preparados. Aliás, diz o ditado: O futuro só
a Deus pertence. É dever de todo o homem de fé esperá-lo e prepará-lo com
prudência.
O presente é o momento ideal para adquirir tudo quanto desejaríamos possuir na
hora da chegada do Esposo. Deus é o ponto de chegada da nossa existência
valorizada aqui e agora pelos nossos propósitos e ações, atitudes e comportamentos.
Quando Jesus se apresentou a pregar o Reino,
anunciou que ele está próximo. Hoje a pregação de Jesus é idêntica, os
destinatários são os homens do nosso tempo, sou eu, é você, somos cada um de
nós.
Meditar e viver agora o que quereríamos ter
feito amanhã, eis o projeto e o programa a executar. O futuro prometido por
Deus deve ser preparado por cada um dos cristãos, homens e mulheres da Igreja
que escutam e meditam a palavra divina, quer individualmente, quer inseridos
nas pastorais.
É fundamental que sejamos já aqui e agora
homens novos, virgens prudentes, de lâmpada acesa, de modo a evitar portas
fechadas no momento da entrada para o banquete. Saiba que vivemos em um mundo
que oferece sérios riscos e quedas, que se repetem ao lado da evolução tecnológica
ou simplesmente da hipermodernidade.
Não se esqueça que você é o agente da história hoje. A advertência que nos faz
o Evangelho é incentivo para todos, porque o Senhor é o «fim da história
humana».
Jesus nos alerta para que estejamos atentos
aos Seus sinais e às manifestações de Deus por meio dos fatos e acontecimentos
do nosso dia a dia, aos quais, muitas vezes, nós relevamos e os deixamos
passar.
Erroneamente nós imaginamos que podemos dar
um jeito na nossa vida e, que, na hora H nós podemos fugir de Deus. Queremos
ser independentes e fazer da nossa existência o que a nossa vontade nos
apontar.
Jesus vem nos ensinar a estar vigilantes
porque o reino de Deus acontece em nós a qualquer momento e quem estiver de
prontidão, de coração aberto, conseguirá alcançá-lo.
E os mortos-vivos? O que será deles? Quem são eles?
“(…) A pessoa que procura os seus próprios interesses nunca terá a vida
verdadeira”.
São “mortos-vivos” os que perambulam por todo lugar sem um objetivo maior a sua
frente. NÃO são eles os mendigos, os pedintes, mas os que se apegam a carros,
casas, fazendas, grifes, cargos, chefias, (…) São aqueles que fazem lobbies
para serem eleitos para cargos eletivos ou de liderança de massas (prefeito,
vereadores, governadores, deputados... e até mesmo no trabalho, na
comunidade). Aqueles que PREFEREM NÃO OUVIR quem mais precisa (às vezes usam
até o nome de Deus); fecham seus olhos aos seus defeitos, mas se aguçam a
procurar o dos que discordam do seu “modelo” e tristemente “(…) Onde estiver
o corpo de um morto, aí se ajuntarão os urubus“.
Fico
muito triste quando vejo os urubus (às vezes somos nós mesmos) atestando os
atos dos mortos-vivos! Pois de certa forma ao calarmos estamos consistindo,
consciente ou inconscientemente, o gesto incorreto e pior que isso, dando
argumentos para novos “seguidores”.
Dura é a realidade: Só existe ainda propina (pagamento ilícito), pois sempre
tem alguém a querer pagar; acabam-se as locadoras de DVD, pois justifica-se que
é um serviço caro locar um filme original; o consumo e o tráfico de drogas só
existem, pois alguém o alimenta comprando uma “cabecinha”; a menina ou o menino
que não deixam a prostituição, pois se recusam perder os luxos a receber um
salário mínimo por mês num emprego qualquer; que prefiro colocar a culpa da
falta de programas de saúde, emprego e educação no governo, nos políticos que
eu mesmo ajudei eleger em troca de um cargo comissionado, por um privilégio,
por um botijão de gás... Estamos sempre querendo levar alguma vantagem.
Verdade Senhor! “(…) Onde estiver o corpo de um morto, aí se ajuntarão os
urubus“.
Esses “mortos-vivos fazem tudo isso e depois tem a capacidade de ir a frente
das pessoas para novamente ludibriá-las, enganá-las, fazendo cara de bom moço,
passando-se por ingênuos, inocentes, usando assim do sentimento bom que temos…
Isso vai durar até o momento que vem o dilúvio…
Outro ponto: Imagino o desespero das pessoas que vêem repentinamente a água
subir e ver as portas da arca fechadas.
Diferentemente
do episódio bíblico, devemos estar prontos e amadurecidos para abrir as portas
e recebê-los de volta enquanto a água não sobe, pois cabe somente a Deus dizer
quem fica e quem vai.
Esse
que vem bater à porta da arca pode ser seu irmão que se arrependeu e pede
abrigo; o filho que pelo vício do álcool ou das drogas pede ajuda; a filha
adolescente gestante de outro guri; o nosso maior desafeto de trabalho vivendo
um difícil momento ou em profunda depressão (…)
Sabe,
acredito que talvez sejam nessas horas, que parece que ninguém esta vendo, que
o Senhor de fato, repara o quanto mudamos, o quanto somos verdadeiros, bons,
obedientes, (…)
Cada
um de nós tem o seu dia e sua hora e as coisas não acontecem em série, nem igualmente
para todos, como se fôssemos marcados para o mesmo momento.
As
nossas ações, o nosso objetivo, o nosso ideal, nortearão o nosso futuro. “Quem
procura ganhar a sua vida vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la”.
Não
podemos fazer justiça com as nossas próprias mãos, nem tampouco são os nossos
méritos que nos darão a salvação.
Quanto
mais as nossas atitudes forem atos de amor, de confiança e de entrega, mais
estaremos perto de alcançar o nosso sonho, que é a vida nova que Jesus veio nos
presentear.
O
Senhor pode chegar a qualquer momento, e, vivos ou mortos, a Ele pertencemos,
portanto, estejamos atentos (as) aos Seus sinais.
Você tem o coração vigilante para que aconteça em você o que Deus quiser? Você se acha uma pessoa boa, merecedora de um bom lugar na vida e também depois, na outra vida? Você percebe os sinais de Deus nos acontecimentos da sua vida?
Precisamos
nos empenhar em pelo menos não sermos hipócritas. Que pelos nossos gestos
verdadeiros consigamos tocar a Deus e como Ló, não voltar e nem olhar para
trás.
Abandonemos o quanto antes o que é velho e o que não edifica. Joguemos fora nossas máscaras para com Deus. Despertemos desse sono!
Propósito: Ter no coração a certeza de que tudo o que é feito tem marca de eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário