14 novembro - O nosso não há de ser um martírio sangrento, mas um martírio de paciência, um martírio longo e oculto, que faz sofrer sem dar a morte e que, embora consista em pequenas coisas, todavia é grande diante de Deus e de mérito igual ao martírio de sangue. (S 352). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 17,7-10
"Jesus disse:
- Façam de conta que um de
vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele
volta do campo, será que você vai dizer: "Venha depressa e sente-se à
mesa"? Claro que não! Pelo contrário, você dirá: "Prepare o jantar
para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode
comer e beber." Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu
às suas ordens? Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi
mandado, digam: "Somos empregados que não valem nada porque fizemos
somente o nosso dever.""
Meditação:
Ele não defendia a resignação mediante a situação patrão e
funcionário (servo), mas que cada um deveria entender e fazer o seu papel.
A parábola de hoje é o final de um grande bloco de recomendações que Jesus faz
a seus discípulos sobre as condições que devem ter para fazer parte da
comunidade dos crentes.
Um efeito negativo do legalismo religioso em Israel é o tipo de pessoa que
gera: gente interesseira, que não pensa no valor de uma causa à qual se deve
entregar sem medidas, mas no estrito cumprimento da lei da qual depende seu
prêmio.
A mentalidade de Jesus era outra coisa diferente: estava absorvida pelo valor
da causa de seu Pai (a justiça e a misericórdia) e seu maior prêmio era servir
a esta causa.
Jesus queria contagiar desta mentalidade a seus seguidores. E na parábola do servo infatigável praticamente resume sua própria vida: como a do servo que depois de um trabalho (semear, arar), deve fazer ainda outro (servir à mesa).
Tudo isto lhe parece natural, e não exige recompensa nem melhor trato
porque sua causa é estar a serviço de seu senhor.
Bem diferente da mentalidade de quem está a serviço do poder e que espera
recompensa nesta mesma linha.
Quem está convencido de ser servidor da causa da justiça, não estranha que esta causa lhe exija um serviço após o outro, nem que venha a padecer carências em seu serviço. Ele não busca prêmios, quer apenas ser o simples servidor de uma causa.
Nesta parábola exclusiva de Lucas temos um contraste entre um servo submisso e seu patrão.
De início, os discípulos são convidados a se identificarem com o
patrão da parábola ("Se alguém de vós tem um servo...").
Na aplicação da parábola, os discípulos são identificados com o
servo (...dizei: "Somos simples servos...").
A parábola causa certo constrangimento pelas imagens usadas: por um lado o
senhor proprietário rural, prepotente e gozador, e, de outro lado, um servo
humilhado.
A parábola é composta com base em imagens do pequeno trabalhador que possui um
só escravo.
Ele faz parte da propriedade de seu senhor, muito distinto de outros trabalhadores que eram contratados por um determinado tempo.
O relato começa com uma pergunta de Jesus que tem por finalidade conhecer a
realidade do escravo.
O regressar do duro trabalho do dia, cansado e faminto, não pode o
escravo pensar na comida ou no descanso.
Ao contrário, como escravo que é, recebe outra tarefa: servir seu senhor. Uma
vez cumprida essa ordem, quando o senhor não tem mais o que mandar, pode ele
também comer e beber.
Esta é uma realidade comum nas sociedades de classes, onde as elites
privilegiadas exploram e humilham os pobres pequeninos e despojados de tudo.
No ambiente religioso do judaísmo no tempo de Jesus, a parábola
pode exprimir a relação entre a Lei opressora e o fiel oprimido, com sua
obediência cega.
A parábola nos descreve a atitude que o homem deve ter perante Deus. Servimos a
Deus com humildade, sabendo que não somos indispensáveis.
Tudo o que recebemos dele é graça e toda nossa vida deve ser uma resposta
agradecida a seus dons e não uma busca de recompensa, que em todo caso seria
sempre sem merecimento.
Com esta parábola, Jesus se opõe à mentalidade dos fariseus que pensavam que,
cumprindo a lei, obrigavam a Deus a premiá-los por seu comportamento.
Entretanto, Jesus pensa que os dons de Deus ao servo cumpridor não
são um direito que se pode reivindicar, mas um dom gratuito, porque a
consciência do dever cumprido é uma recompensa suficiente.
O evangelho nos recorda que somos seguidores, discípulos do Senhor. Apesar de
que os projetos, tarefas e atividades que realizamos diariamente estejam cheios
de triunfos e reconhecimentos, não é a nós mesmos quem anunciamos, mas a Jesus
e o Reino de Deus.
A vida de Jesus foi toda dedicada ao serviço aos pobres e excluídos, culminando
com o lava-pés dos discípulos na última ceia. Por Ele, somos convidados a
assumirmos esta prática de serviço.
Somos simples servos inúteis que fazemos o que temos que fazer. Não
podemos nos vangloriar pelo trabalho realizado, mas sermos humildes e não
propagar o que fazemos buscando o favor dos demais; temos que recordar sempre
que nada do que fazemos pelo Senhor será suficiente para recompensar o que Ele
faz por nós.
Reflexão Apostólica:
As pessoas não se atrevem a mudar a realidade
ao seu redor mesmo que ela (a situação) esteja errada ou parcialmente equivocada.
Elas cada vez mais as pessoas estão “lavando as mãos” aos problemas.
Mesmo a morte de cruz sendo o desígnio de
Jesus, Pilatos sabia que Ele não havia feita nada de errado, por que então nada
fez? Foi avisado por sua esposa, mas por que endureceu seu coração?
E hoje, por que nossas lideranças, amigos,
líderes têm fugido da correção fraterna? Por que é que cada um tem vivido uma
igreja e esquecido que na realidade fomos chamados a sermos um?
A igreja não cresce pela fala ou talento de
um “JACÓ”, de um Grupo, de uma Pastoral, um Movimento, mas pelo empenho de nos
mantermos unidos e com apenas um objetivo.
Uma comunidade seja ela na igreja, no
trabalho, na família, só se desenvolve quando cada membro toma posse da maturidade.
Amadurecemos na vida cristã quando entendemos
o nosso papel em relação a nós e principalmente aos outros e só assim poderemos
de fato exercer, na fé e na ação conclamadas por são Tiago, a missão a que
fomos chamados (as).
Somos agora empurrados por algo sobrenatural
que é maior que todos nós – O amor de Deus.
Nosso Deus, é um Deus do silêncio; que pede para não aparecer mesmo fazendo
mudanças e milagres em nossas vidas; é um Deus que mesmo conhecendo nossa
natureza fraca e movida por interesses confia em nossa vontade de mudar, de
crescer, (…); mas mesmo Ele sendo tão bom e compassivo, precisamos entender que
cada um tem o seu lugar.
Não posso tratar a Deus como “meu chapa” e
viver uma vida medíocre repleta de inveja, desamor, ganância, orgulho, ódio,
hipocrisia (…).
Propósito:
Pai,
reconhecendo-me servo inútil, quero esforçar-me para ser justo e misericordioso.
Somente assim serei agradável a ti.
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