21 abril - Reforçar
o vínculo da união entre os bons, à medida que se vai afrouxando entre os maus,
é uma compensação que se tornou necessária pelos acontecimentos. (L 64). SÃO JOSE MARELLO
Lucas 24,35-48
"Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no
meio deles e disse: - Que a paz esteja com vocês!
Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam
vendo um fantasma. Mas ele disse: - Por que vocês estão assustados? Por que há
tantas dúvidas na cabeça de vocês? Olhem para as minhas mãos e para os meus pés
e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não
tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. Jesus disse isso e
mostrou as suas mãos e os seus pés. Eles ainda não acreditavam, pois estavam
muito alegres e admirados. Então ele perguntou: - Vocês têm aqui alguma coisa
para comer?
Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, que ele pegou e comeu
diante deles.
Depois disse: - Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que
tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés,
nos livros dos Profetas e nos Salmos.
Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as
Escrituras Sagradas e disse:
- O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no
terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o
arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações,
começando
Meditação:
A
paz só pode ser encontrada em Jesus, que tem a vida eterna e a comunica a
todos. A vida eterna, ultrapassada a condição temporal, como ressuscitados,
envolve a totalidade da pessoa, corpo e alma, e não como um espírito
desencarnado.
A comunidade quer estar segura de que Jesus ressuscitou e de que não está
vivendo em uma espécie de falsa sugestão.
Igual a nós, eles experimentam dúvidas, temores, sentimentos de frustração e
derrota. Entretanto, o Ressuscitado não se “rende”; é compreensivo com seus
discípulos e por isso recorre à Escritura; abre-lhes as mentes para que
entendam, e come com eles. Jesus ressuscitado é o centro da fé, quem cumpre as
promessas de Deus.
A experiência da ressurreição impulsiona toda a comunidade a compartilhar seus
dois grandes bens: a conversão, que é a transformação da mentalidade para
receber a ação de Deus e o perdão dos pecados, recuperando a capacidade de fazer
o bem, de dar o melhor de nós mesmos, de crer que a justiça é possível em nossa
história e de que o Ressuscitado nos torna livres para amar e servir aos demais.
Estamos plenamente seguros: Jesus vive
Lucas orienta as primeiras comunidades que experimentam a presença de Jesus
ressuscitado entre elas. As comunidades de cristãos de origem judaica devem
reler as Escrituras sob a ótica da ressurreição, para perceberem a plenitude da
vida de Jesus.
É evidente que o evangelista quer afirmar, através deste relato, que o
ressuscitado é Jesus de Nazaré, que anunciou com autoridade a Boa Nova do
Reino; que não é um cadáver reanimado, mas que realmente é o mesmo Senhor, que,
graças a ressurreição, vinculou-se plenamente à vida divina do Pai.
Obviamente o evangelista é consciente de que Jesus não está sujeito às
limitações de um corpo; entretanto, devido à compreensão judia da realidade que
é sempre particular e concreta, é preciso insistir na corporalidade de Jesus
ressuscitado; por isso, neste relato Jesus fala, caminha e come.
Os discípulos vivem sua fé muitas vezes com dúvidas e temores, mas pouco a
pouco vão compreendendo em seu interior que o Mestre já não está no sepulcro e
que, portanto, já não é possível viver na passividade, e muito menos dar anti testemunho
do Ressuscitado.
Os
ressuscitados viveram a experiência da Ressurreição. Quem não reconhece o
Ressuscitado na comunidade não assumiu a realidade plena de ser um cristão
individual.
Os
discípulos estão reunidos dando seus próprios testemunhos do encontro com o
Ressuscitado. No meio da reunião de fé Jesus se apresenta a eles e sentem medo.
Eles são
enviados
É
aí que a experiência individual passa a ser coletiva, comunitária, sem destruir
a pessoal. Nós, como Igreja, temos a obrigação de encarnar o projeto de vida e
de justiça que nos oferece o Ressuscitado.
A
ressurreição, então, foi um feito histórico, no sentido de que realmente se
sucedeu, mas não é no sentido que podemos comprovar no espaço e no tempo.
Este acontecimento, que é o centro da fé cristã, tem razão de ser unicamente se
visto desde o ponto da fé, tal como fizeram os discípulos, que perceberam a
presença do Senhor, assumindo para si a tarefa de anunciar o Reino de Deus,
quer dizer, convertendo-se em verdadeiras testemunhas da ressurreição
Continuemos
acreditando, construindo e assumindo o Reino como a nova experiência de vida
para os homens e mulheres de boa vontade. Somente assim será possível
ressuscitar também.
Reflexão Apostólica:
Jesus
devia se divertir muito com aqueles homens que Ele havia escolhido. Ô Povo
devagar! Ele passou os últimos três anos de sua vida falando tudo que iria lhe
acontecer, as profecias já anunciavam sua morte e ressurreição, mas mesmo
assim, Seus discípulos não compreendiam e estavam bastante assustados.
Tudo
indica que um dos discípulos de Emaús (Cleófas) era o pai de Judas Tadeu e
Tiago, ambos apóstolos. O que impedia, segundo estudos recentes, o próprio tio
de Jesus de reconhecê-lo pelo caminho? E a nós? O que nos impede ainda de ver a
Jesus ressuscitado?
Esse evangelho apresenta uma pedagogia extremamente confortante a todos que
estão enfrentando momentos de dúvida em sua caminhada, seja ela no trabalho, em
equipe ou
“(…)
Por que vocês estão assustados?” (Uma
constatação)
“(…) Por que há tantas dúvidas na cabeça de
vocês?" (Uma característica
humana)
“(…) Toquem em mim e vocês vão crer!”
(Uma ação e uma promessa)
(…)
Uma constatação…
Como
no evangelho de hoje, às vezes os problemas, bem como as respostas, são
precedidos de sinais ou avisos, mas preocupados com a solução ou outras coisas,
acabamos deixando passar por despercebido a solução que pairava “embaixo dos
nossos narizes”.
A
fase inicial à solução de um problema começa na constatação que ele existe e
esta instalado. Lutamos para não usar óculos, remédios de controle de pressão
ou diabetes, (…)
Quantas
vezes pessoas muito próximas a nós nos perguntaram do nada: “você está
diferente, está mais nervoso (a)!?”, “fulano(a), porque você esta tão
introspectivo?”, “por que esta tão agressivo (a) ou ríspido?”, “o que
aconteceu, por que esta tão impaciente?”
Enxergar
o problema, ou seja, constatá-lo, ajuda na solução. “(…) Então os dois contaram
o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele
havia partido o pão”. Reparem que eles só o reconheceram mais tarde
(…)
Uma característica humana…
QUANDO
ÉRAMOS JOVENS não tínhamos a noção das limitações que nos acometeriam na
senilidade; QUANDO ÉRAMOS SOLTEIROS não imaginávamos que não teríamos tanto
tempo quando casássemos; SAUDÁVEIS não imaginamos como agiríamos na fraqueza.
Temos
dificuldade de constatar a nova realidade que nos é apresentada e transformá-la
em algo favorável, pois temos medo de reconhecer nossas fraquezas e limitações.
Combatemos contra nós mesmos o tempo inteiro. “(…) Por que há tantas dúvidas na
cabeça de vocês”?
Com
o tempo perdemos parte da energia, da saúde, da memória, da disposição e do
tempo, mas em compensação ganhamos prudência, maturidade, discernimento,
astúcia, experiência de vida… Quem nunca se pegou dizendo “se eu fosse jovem
hoje com a cabeça que tenho hoje”?
Nos
preocupamos com que perdemos, mas não com que ganhamos. Ganhamos medos. “(…)
Jesus apareceu de repente no meio deles e disse: Que a paz esteja com vocês!
Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um
fantasma”.
(…)
Uma ação e uma promessa…
Reconheça
a nova situação. Dê passos antecipados eles. Meu avô sempre dizia em minha
juventude que “guerra avisado não mata aleijado”, ou seja, os sinais das
mudanças surgem, como sementes que rompem a casca, levarão, portanto, certo
tempo a alcançar um tamanho que seja visto.
Quem
imaginava que as máquinas de escrever seriam obsoletas? Quem imaginaria alguns
anos atrás que as locadoras iriam acabar por causa da pirataria e da internet?
Viu
que a empresa que trabalha não vai bem das pernas, por que não se antecipar e
começar a procurar uma nova situação? O filho que anda estranho, com hábitos
estranhos, por que esperar para ter uma conversa?
Observe
sob essa ótica essa mensagem profética de Jesus notem que ele já avisava dos
acontecimentos e hoje os relembra: “(…) Enquanto ainda estava com vocês, eu
disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de
Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos. Então Jesus abriu a mente deles
para que eles entendessem as Escrituras Sagradas…”.
Em
todas as ocasiões, não se esqueça de se apegar a Deus. Ele caminha conosco e
não tardará em reaparecer em meio às dúvidas.
Esse
evangelho nos apresenta um alerta: MESMO CAMINHANDO COM JESUS, SENDO SEU
PRÓXIMO, ESTUDANDO SUA PALAVRA, SEM A DIVINA SENSIBILIDADE E A DOCILIDADE EM
OUVIR, NÃO CONSEGUIREMOS RECONHECÊ-LO.
Preciso rever minhas falas e meus conceitos sobre ser igreja. Será que ficar só
numa sala rezando é ser igreja? Será que fazer uma ação social sem rezar é ser
igreja?
Em ambos os casos, é e não é! Frei Faustino Paludo (referencia em liturgia da
CNBB) certa vez disse que receber a eucaristia sem meditar a conseqüência do nosso
pecado “como” e “na” comunidade torna nossa comunhão incompleta. “Sou santo”,
mas não me misturo; vou à igreja todos os dias, mas não mudo minha forma de lidar
com as pessoas… É preciso rever isso!
Ainda estamos vivendo a Páscoa, a espera de Pentecostes, mas não podemos
esquecer nossos dons, o que aprendemos, por medo ou preciosismo.
Sim, parece utopia, mas busquemos completar o gesto eucarístico de cada dia com
ações, a começar enxergando o que minha comunidade igreja precisa.
Também, brotou algo nessa reflexão: O quanto sou igreja? Consigo ver
no irmão de outra pastoral ou movimento a face de Jesus? Consigo ver no irmão
que perambula pela rua a imagem do seu Senhor? Sou igreja ou uma identidade?
Parecem perguntas desconexas, mas tem muito haver com a reflexão.
Alguns Movimentos e Pastorais sucumbem ou sofrem por falta de humildade ou de
apoio. Muitos, como os discípulos de Emaús, andam com o Senhor, mas não o
reconhecem, pois esquecem que são igreja quando se apegam a uma identidade
pastoral para justificar suas faltas com a igreja como um todo. “Batem no
peito” o nome do seu Grupo ou Movimento, esquecendo o principal: VER JESUS, A
PRÓPRIA CABEÇA DA IGREJA.
Essa cegueira (ou seria miopia) que fez sucumbir a teologia da libertação, que
apesar de ser muito preciosa e bem fundamentada, agarrou-se ao partidarismo
político abandonando a oração e conseqüentemente a Jesus. Essa cegueira, como
dos discípulos de Emaús, tem sinais bem clássicos:
Quando limito propositalmente meu olhar esqueço paulatinamente os propósitos de
Cristo. Quando vejo que precisam do meu serviço, da minha ajuda, da minha
atenção, mas limito a ajudar os meus, grandemente me equivoco.
Para
terminar deixo a reflexão proposta pela CNBB: “(…) Este trecho
nos mostra todas as etapas do trabalho evangelizador. Inicialmente, as pessoas
estão caminhando
Não
tenha medo das mudanças! Deus estará com você!
Propósito: Testemunhar que
Jesus está vivo no meio de nós, como rezo nas celebrações: "Ele
está no meio de nós".
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