12 abril - Rezemos! Hoje em dia a oração tornou-se o maior e mais poderoso apostolado. (L22). São Jose Marello
"Depois de dizer isso, Jesus ficou muito
aflito e declarou abertamente aos discípulos: - Eu afirmo a vocês que isto é
verdade: um de vocês vai me trair. Então eles olharam uns para os outros, sem
saber de quem ele estava falando. Ao lado de Jesus estava sentado um deles, a
quem Jesus amava. Simão Pedro fez um sinal para ele e disse: - Pergunte de quem
o Mestre está falando. Então aquele discípulo chegou mais perto de Jesus e
perguntou:- Senhor, quem é ele? - É aquele a quem vou dar um pedaço de pão
passado no molho! - respondeu Jesus. Em seguida pegou um pedaço de pão, passou
no molho e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. E assim que Judas recebeu o
pão, Satanás entrou nele. Então Jesus disse a Judas: - O que você vai fazer
faça logo! Nenhum dos que estavam à mesa entendeu por que Jesus disse isso.
Como era Judas que tomava conta da bolsa do dinheiro, alguns pensaram que Jesus
tinha mandado que ele comprasse alguma coisa para a festa ou desse alguma ajuda
aos pobres. Judas recebeu o pão e saiu logo. E era noite. Quando Judas saiu,
Jesus disse: - Agora a natureza divina do Filho do Homem é revelada, e por meio
dele é revelada também a natureza gloriosa de Deus.E, se por meio dele a
natureza gloriosa de Deus for revelada, então Deus revelará em si mesmo a
natureza divina do Filho do Homem. E Deus fará isso agora mesmo. Meus filhos,
não vou ficar com vocês por muito tempo. Vocês vão me procurar, mas eu digo
agora o que já disse aos líderes judeus: vocês não podem ir para onde eu vou.
Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei,
amem também uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que
vocês são meus discípulos. Simão Pedro perguntou a Jesus: - Senhor, para onde é
que o senhor vai? Jesus respondeu: - Você não pode ir agora para onde eu vou.
Um dia você poderá me seguir! Pedro tornou a perguntar: - Senhor, por que eu
não posso segui-lo agora? Eu estou pronto para morrer pelo senhor!
- Está mesmo? - perguntou Jesus. - Pois eu afirmo a você que
isto é verdade: antes que o galo cante, você dirá três vezes que não me
conhece."
Meditação:
Estamos no terceiro dia da Semana Santa. Os textos do Evangelho
destes dias nos colocam diante de fatos terríveis que levarão à captura e à
condenação de Jesus.
Os textos não nos apresentam só as decisões das autoridades religiosas e civis
contra Jesus, mas também as traições e as negações dos discípulos que
possibilitaram a prisão de Jesus por parte das autoridades e contribuíram a
aumentar mais ainda o sofrimento de Jesus.
Na última Ceia, com seus apóstolos, logo antes de ser entregue aos inimigos,
Jesus senta-se à mesa lado a lado com o traidor.
Ao contrário do que pintaram muitos artistas, ao longo da História, inclusive
na célebre tela de Leonardo da Vinci, não é Pedro que está junto a Jesus. É
Judas Iscariotes.
O Evangelho de João apresenta um longo discurso de Jesus, após ter lavado os pés
dos discípulos (Jo 13,2-11) e ter falado da obrigação que temos de nos
lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comove profundamente. E não
deve causar maravilha.
Ele estava realizando aquele gesto de serviço e de dom total de si, enquanto a
seu lado um dos discípulos estava tramando como traí-lo naquela mesma noite.
É um do círculo íntimo de Jesus que fará a traição fatal. Uma cena chocante e
tão real, que não poderia ser fruto da imaginação.
Jesus expressa sua emoção dizendo: "Em verdade, em verdade vos digo, um de vós
me entregará!" Não diz: "Judas me trairá", mas
"um de vós". É algum de seu grupo de amizade que o trairá.
O anúncio de Jesus sobre a traição iminente desconcerta seus discípulos. Eles
ficam assustados. Não esperavam esta declaração, isto é que um deles teria sido
o traidor.
Pedro faz um sinal a João, o discípulo a quem Jesus ama, para pedir a Jesus
quem dos doze teria cometido a traição. Sinal este que não se conheciam bem,
não conseguiam entender quem pudesse ser o traidor. Sinal que a amizade entre
eles não tinha chegado à mesma transparência de Jesus em relação a eles ( Jo
15,15). João inclina-se perto de Jesus e lhe pergunta: "Quem
é?"
Jesus diz: é aquele para quem vou molhar um pedaço de pão e vou lhe dar. Em sinal
de amizade, acena com um gesto acolhedor, pega um pedaço de pão, o molha e o dá
a Judas.
Era um gesto comum e normal que os participantes numa refeição costumavam
fazer. E Jesus disse a Judas: "O que tens a fazer, executa-o depressa!"
Judas guardava a bolsa comum. Era o responsável para comprar as coisas e dar a
esmola aos pobres. Por isso, ninguém intuiu nada de especial no gesto e nas
palavras de Jesus.
O amor de Jesus é um amor que não julga, que não conhece limites, que se
estende ao inimigo mortal, que não força ninguém, que desiste da possibilidade
de rechaço.
Para quem está com Ele não há inimigos a serem delatados. O Seu propósito não é
denunciar o traidor nem o delatar diante de seus companheiros, mas oferecer a
última oportunidade de se arrepender. É
Nesta descrição do anúncio da traição encontra-se o eco do salmo em que o
salmista se lamenta do amigo que o traiu: "Até mesmo o meu
amigo, em que confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair"
(Sl 41,10; Sl 55,13-15).
Judas toma consciência que Jesus estava a par de tudo ( Jo 13,18). Mas, apesar
de sabê-lo, não volta atrás e mantém sua decisão de trair o Mestre.
É este o momento em que se dá a separação entre Judas e Jesus. Jesus manifesta
seu total respeito pela liberdade humana, ao preço de sua própria vida. João
afirma que satanás entrou nele. Judas se levanta e sai. Posiciona-se do lado do
adversário (satanás). João comenta: "Era noite". Era escuridão.
É como se a história tivesse esperado este momento de separação entre luz e
trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entram em Judas quando ele decide de
executar o que estava tramando.
Naquele momento se fez luz em Jesus que declara: "Agora
foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi glorificado nele".
Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o
glorificará logo!" Tudo o que acontecer por diante é por contagem
regressiva.
As grandes decisões já foram tomadas seja por parte de Jesus (Jo 12,27-28) e
agora por parte de Jesus. Os eventos se precipitam.
Jesus o anuncia: "Filhinhos, por pouco tempo estou ainda
convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo como eu disse também aos judeus:
'Para onde eu vou, vós não podeis ir'". Falta pouco para a passagem,
para a Páscoa.
Junto com a traição de Judas, o evangelho fala também da negação de Pedro. São
os dois fatos que mais contribuem para a dor de Jesus. Pedro afirma que está
disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: "Darás
a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo, o galo não cantará ante que me
tenhas negado três vezes".
Marcos escreveu: "Antes que o galo cante duas vezes, tu me
terás negado três vezes" (Mc 14,30). Todos sabem que o galo
canta rapidamente. Quando pela manhã o primeiro galo começa a cantar, quase ao
mesmo tempo todos os galos cantam juntos. Pedro é mais rápido em sua negação
que o galo a cantar!
Judas, o amigo, se torna traidor. Pedro, o amigo, nega Jesus. E eu? Fico no
lugar de Jesus e penso: como enfrentar a negação e a traição, o desprezo e a
exclusão?
Reflexão Apostólica:
No Evangelho de hoje, não necessitamos de muitos
esclarecimentos. A própria leitura já nos apresenta a VERDADE.
A traição anunciada nas Palavras do próprio Jesus e também através dos Profetas
para a nossa glória. O Pai tudo faz com perfeição, embora não saibamos como Ele
decide. Ele é Deus!
Pelas palavras do evangelista nós percebemos que Jesus “ficou profundamente
comovido” quando testemunhou que um deles O trairia.
Mesmo sabendo que iria ser traído por Judas e que Pedro o negaria Jesus
prosseguia na sua missão e não desanimava diante da perspectiva de que seria
abandonado pelos Seus servos. Afinal, fora para aquele momento que Ele viera ao
mundo e Nele o Pai seria glorificado.
Trazendo esta reflexão para a nossa vida pessoal, nos parece, que dentro do
contexto das ações humanas sempre haverá alguém que terá a função de trair e,
por isso, nós precisamos nos manter atentos (as), até quando servimos a Deus,
para que a nossa fraqueza não nos imponha o papel de traidores (as).
Nós também temos dificuldades de entender os sinais de Deus e, por isso mesmo,
muitas vezes, nós olhamos para as “evidências” e julgamos os outros, sem nos
apercebermos de que também nós somos capazes de trair a Deus.
Nunca achamos que podemos ser nós, os responsáveis pelas coisas que não dão
certo, todavia, o Senhor que conhece os nossos corações, sabe, de antemão,
quando o havemos de trair, de negar, mas também tem ciência de quanto nós O
podemos glorificar quando cumprimos com a nossa missão.
Está nas Palavras que também seremos provados, assim como Pedro foi. Hora nós
agimos como Pedro, hora nós somos como Judas.
Sigamos Jesus até o fim e seremos salvos, mesmo nas maiores provações, pois
assim diz o Filho de Deus. Os JUDAS de hoje, continuam matando a Jesus,
trocando a Ele pelo dinheiro, pela ciência e pelo reconhecimento dos homens.
Há vidas entregues livremente para que seja possível o Reino. Fruto desta
entrega é o dom do Espírito de Deus que dá ao ser humano a capacidade de amar
sem limites, fazendo-o plenamente humano, ao estilo de Jesus.
Você sabia que trai a Deus
quando não está vivendo segundo a Sua vontade? Você sabe que negar a Deus é não
dar testemunho dos dons e das graças de Deus na sua vida? Você acha que o
Senhor conhece o seu coração? Nós nos abrimos incondicionalmente ao amor sem
limites?
Peçamos ao Senhor a graça de sermos como João, o discípulo amado, que se
recostava no peito de Jesus e a quem o Mestre confidenciava os Seus segredos a
fim de que não estejamos entre os infiéis.
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