20 abril - A
solidariedade das boas obras, em nós sacerdotes, é o único recurso que ainda
nos resta, nestes tempos em que a nossa esfera de ação é tão limitada! (L 22). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do
santo Evangelho segundo São Lucas 24,13-35
Meditação:
Estamos no tempo Pascal que se estende por 7
semanas, do domingo de Páscoa à Festa de Pentecostes. É o mais belo e vibrante
tempo de todo o calendário litúrgico da Igreja. Por ele, ela nos convida,
através dos testemunhos das Escrituras e de testemunhas oculares a
fortalecermos nossa adesão pessoal ao motivo maior de nossa fé: a RESSURREIÇÃO
DE CRISTO.
De fato, diz Paulo: Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e os nossos pecados não poderiam ser perdoados; a nossa esperança seria limitada apenas a esta vida e seríamos os mais infelizes de todos os homens (1Cor 15,17-19).
Celebramos a real presença deste Deus conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal, mistério da cruz e ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que inicia a Nova Aliança.
Da ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico. Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade, solidariedade até as últimas conseqüências.
Ao
partir o pão, eles o reconhecem e retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro
pascal com o Senhor Jesus. É a certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé
pascal e pessoal. Não se trata apenas de crer em alguma coisa. A profissão
fundamental é: “Eu creio em Ti, Senhor! E por isso me comprometo e me torno
evangelizador.
Evangelizar,
ser missionário, é irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que
contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida
manifestou-se.
Sejam quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança, é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.
Reflexão Apostólica:
No evangelho, os discípulos que não eram do grupo dos onze
dirigem-se a Emaús. Provavelmente trata-se de um homem e uma mulher, casados,
(havia também mulheres discípulas), que retornavam à sua casa, frustrados por
causa dos últimos acontecimentos da capital. Enquanto conversavam, Jesus se
aproxima e começa a caminhar com eles, pois é o Emanuel. Porém, eles não
conseguem reconhecê-lo, seus olhos estavam como que fechados.
Por quê? Porque no fundo ainda tinham a idéia de um messias
profeta-nacionalista, que conquistaria o mundo inteiro para ser dominado pelas
autoridades de Israel, um messias necessariamente triunfador. Por isso estavam
vendo na cruz e na morte do mestre, o fracasso de um projeto no qual haviam
posto suas esperanças.
Serão as Escrituras as primeiras sinais de esperança que Jesus coloca nos olhos
do coração dos discípulos, para que possam ver e entender que não é com o
triunfalismo messiânico, mas com o sofrimento do servo de Javé que se conquista
o Reino de Deus; um sofrimento que não é masoquismo, mas um assumir
conscientemente as conseqüências da opção de amar a humanidade, atitude difícil
de entender em uma sociedade dominada pelo poder de domínio que mata a quem se
interpõe no caminho. Pela vida, até dar a própria vida, é o testemunho de Jesus
diante dos seus dois companheiros.
O relato dos discípulos de Emaús é uma peça belíssima, evidentemente teológica,
literária. Não é, em absoluto, uma narração ingênua, direta, de um
acontecimento, como se fosse um fato jornalístico. É uma composição elaborada,
simbólica, que quer transmitir uma mensagem. E como todo símbolo, não leva
consigo um manual de explicação, mas permanece “aberto”, isto é, é suscetível
de múltiplas interpretações. E a partir de cada novo contexto social, em cada
novo momento da história, os crentes podem confrontar-se com esses símbolos e
deles extrair novas lições.
Que maravilhosas lições tiramos desta passagem:
1. Jesus caminha conosco
2. Quer participar de nossa vida
3. Espera que o convidemos par tomar posse de nosso coração
4. Nos reúne em torno dele como comunidade eclesial
5. Se dá a conhecer pela Palavra e pela Eucaristia
Que o Senhor está conosco, todo o tempo,
bem o sabemos. Contudo, é nos momentos mais difíceis, quando estamos mais
desanimados, tristes, frustrados, sentindo o peso da dor de nossa imperfeita
condição, sem nenhuma esperança de solução para uma determinada situação, que
Ele se achega ainda mais (lembro-me aqui do bonito poema "PEGADAS NA
AREIA").
Mas como é difícil enxergá-lo. Nos é muito mais fácil louvá-lo e agradecê-lo quando tudo vai bem, mas quando estamos diante de situações complicadas, onde o mundo parece desabar sobre nossas cabeças, se torna tão complicado reconhecermos que Ele está ao nosso lado, pedindo para assumir o controle.
Achamos que temos condições de tudo empreender e de tudo fazer acontecer, mas nos esquecemos que, fora algumas poucas coisas, sobre todo o resto não temos nenhuma influência. Temos que parar de nos dar tanta importância, achando que tudo depende de nós.
Falácia! Ele caminha conosco e está interessado que o enxerguemos e que a Ele dediquemos nossas vidas; todo o resto nos será acrescentado. Temos essa coragem? Temos a coragem de abrir nosso coração e convidá-lo a entrar e comandar nossas decisões?
Propósito:
Fica conosco Senhor, principalmente quando cair a noite da nossa incapacidade de enxerga-Lo e de deixá-Lo no comando de nossas atitudes. Tu e a luz e contigo as treva já não nos assustam ou preocupam. Revela-nos a tu presença nas Escrituras e no partir do pão, tanto no altar como em nosso dia-a-dia, com quem mais precisa. Assim, abrir-se-ão nossos olhos e poderemos anunciar ao mundo a maravilha que é viver sob tua proteção.
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