15
abril - Rezemos muito e de coração, rezemos mesmo sem sentir gosto,
rezemos inclusive na aridez de espírito! Rezemos ao bom Deus para que nos
ensine a amá-lo e que ponha, finalmente, um termo à nossa falta de fervor. (L
33). SÃO JOSE MARELLO
PAIXÃO DO SENHOR
João 18,1-19,42
"Depois de fazer essa oração, Jesus saiu com
os discípulos e foi para o outro lado do riacho de Cedrom. Havia ali um jardim,
onde Jesus entrou com eles. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar porque
Jesus tinha se reunido muitas vezes ali com os discípulos. Então Judas foi ao
jardim com um grupo de soldados e alguns guardas do Templo mandados pelos
chefes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam
lanternas e tochas. Jesus sabia de tudo o que lhe ia acontecer. Por isso
caminhou na direção deles e perguntou: - Quem é que vocês estão procurando? -
Jesus de Nazaré! - responderam.
- Sou eu! - disse Jesus.
Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse: "Sou
eu", eles recuaram e caíram no chão. Jesus perguntou outra vez: - Quem é
que vocês estão procurando?
- Jesus de Nazaré! - tornaram a responder.
Jesus disse:
- Já afirmei que sou eu. Se é a mim que vocês procuram, então
deixem que estes outros vão embora!
Jesus disse isso para que se cumprisse o que ele tinha dito
antes: "Pai, de todos aqueles que me deste, nenhum se perdeu." Aí
Simão Pedro tirou a espada, atacou um empregado do Grande Sacerdote e cortou a
orelha direita dele. O nome do empregado era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: -
Guarde a sua espada! Por acaso você pensa que eu não vou beber o cálice de
sofrimento que o Pai me deu?
Em seguida os soldados, o comandante e os guardas do Templo
prenderam Jesus e o amarraram. Então o levaram primeiro até a casa de Anás.
Anás era o sogro de Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote. Caifás era
quem tinha dito aos líderes judeus que era melhor para eles que morresse apenas
um homem pelo povo.
Simão Pedro foi seguindo Jesus, junto com outro discípulo. Esse
discípulo era conhecido do Grande Sacerdote e por isso conseguiu entrar no
pátio da casa dele junto com Jesus. Mas Pedro ficou do lado de fora, perto da
porta. O outro discípulo, que era conhecido do Grande Sacerdote, saiu e falou
com a empregada que tomava conta da porta. Então ela deixou Pedro entrar e lhe
perguntou: - Você não é um dos seguidores daquele homem?
- Eu, não! - respondeu ele.
Por causa do frio, os empregados e os guardas tinham feito uma
fogueira e estavam se aquecendo de pé, em volta dela. Pedro estava de pé, no
meio deles, aquecendo-se também."
Meditação:
Jesus foi injustamente condenado a morte humilhante de Cruz, tendo que carregar esta mesma cruz como um criminoso qualquer.
Com extremo esforço ele subiu a encosta do Calvário, carregando aquela pesada cruz. Estava todo ferido e desfigurado, mas permanecia manso como um cordeiro levado ao matadouro.
Foi uma entrega amorosa e cheia de compaixão, foi morrer por nós, tomou sobre si todas as nossas enfermidades. Deu tudo o que tinha que dar para nos salvar a todos.
Hoje, Sexta-Feira Santa, lembramos o sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo o qual ficou conhecido como Paixão do Senhor.
A celebração da Paixão do
Senhor consta de três partes. A Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e a
Sagrada Comunhão.
Por isso, a Liturgia da Palavra, bastante desenvolvida, começa por nos
introduzir, por meio de Isaías (Is 52,13-53.12), de São Paulo (Hb
4,14-16.5,7-9) e de São João (Jo 18,1-19,42), no mistério do sofrimento e
Morte de Jesus.
A narrativa da Paixão, no
Evangelho de João, apresenta-nos a imagem de Jesus que o evangelista quis
forjar através de todo seu evangelho: um Jesus que é a revelação do Pai, ao
mesmo tempo que nele se revela a plenitude do amor. Ainda que pendente na cruz,
sua vida e sua morte é uma vitória, porque "tudo está consumado" como
era da vontade do Pai.
A morte tem sido o grande mistério que preocupa o homem através de toda sua
história. Porque ainda que este pretenda negar todas as verdades, entretanto,
há uma que sempre o persegue e nunca pode rechaçar: a realidade da morte. Nem
sequer os ateus mais convictos se atreveram a negar que eles também vão morrer.
Para o pagão, a morte era uma tragédia; não se tinha idéias claras sobre o
além, por isso que se admitia uma existência "além da tumba", dita
existência estava rodeada de escuridão e enigmas. Ademais, nem todos admitiam
uma vida depois da morte, porque esta era um desaparecer total, o fim de todas
as esperanças, a frustração de todos os anseios. Os próprios judeus aceitavam a
ressurreição, mas a projetam para o fim da história.
Para os discípulos, a situação era desoladora. Eles esperavam um Messias
terreno que revivesse as glórias do reinado de Davi e Salomão e é aqui que suas
ilusões se desvaneceram como espuma.
Essa sensação de desalento está claramente expressada em um dos discípulos de Emaús: "Nós esperávamos que ele resgataria Israel; mas já fazem três dias que tudo isso ocorreu".
A morte de Jesus foi um acontecimento trágico; seus inimigos conseguiram o que
queriam: tirá-lo do meio; os fariseus, porque Jesus desmascarou sua hipocrisia,
os sacerdotes porque denunciaram a vício de um culto formalista; os saduceus
porque refutou a negação da ressurreição; os ricos porque havia jogado na cara
a injustiça de suas atuações; os romanos porque pensavam que era um sedicioso.
Jesus morreu abandonado por todos; seus discípulos fugiram, os judeus o
desprezavam; o Pai se fez surdo ao seu clamor; essa tarde, na cruz estava o
corpo de um justiçado, condenado pela justiça humana e rechaçado pelo seu povo.
Parecia que o ódio tinha vencido o amor; o poder sobre a debilidade de um
homem, as trevas sobre a luz; a morte sobre a vida.
Aquela tarde, quando as trevas caíram sobre o monte Calvário, parecia que tudo
estava terminado e os inimigos de Jesus poderiam descansar tranqüilos.
Porém, era aqui, no mais profundo dos acontecimentos, que a realidade era
distinta. Jesus não era um vencido, mas um triunfador; a morte não o
aprisionava, mas o havia libertado de seu abraço mortal.
O que parecia o fim se transformou em glória; o que muitos consideravam como o término era o começo de uma nova etapa de salvação.
A cruz deixou de ser um instrumento de tortura para se converter em um trono de glória de um novo reino e a coroa de espinhos posta sobre sua cabeça é agora um diadema de honra.
Ao morrer, Jesus deu um novo sentido à morte, à vida, à dor. A pergunta
desesperada do homem sobre a morte encontrou uma resposta. Mas isto não
significa que possamos cruzar os braços e nos contentar com o ensinamento de
que a morte de Jesus significou uma mudança na vida da humanidade.
Essa mudança deve manifestar-se em nossa experiência porque ele não aceitou sua
morte como a resignação de quem se submete a um destino iniludível, mas como
quem aceita uma missão de Deus.
Por isso, sua morte condena a injustiça dos crimes e assassinatos, mas nos pede
para fazer algo contra a injustiça porque não somente condena a exploração dos
oprimidos, mas nos pede para melhorar sua situação; a morte de Jesus não
somente é a rejeição do abandono das multidões, mas exige que nos aproximemos
do desvalido.
Sua morte não é somente uma recordação que revivemos a cada ano, mas um chamado
para melhorar o mundo, destruir as estruturas do pecado e restabelecer as
condições de paz, construir uma sociedade baseada na concórdia, na colaboração
e na justiça.
Jesus continua morrendo nos nossos bairros marginalizados, nos soldados e
guerrilheiros que jazem nas selvas, nos sequestrados e prisioneiros, nos
enfermos e nos ignorantes.
A nós cabe fazer com que o grito de desespero de Jesus quando diz: "Pai,
por que me abandonastes" se converta no grito de esperança: "Pai,
em tuas mãos entrego meu espírito".
Reflexão Apostólica:
Jesus era Deus e homem. O Jesus-homem sentia
dor, fome, frio como qualquer pessoa. Jesus-Deus sabia tudo o que iria
lhe acontecer nos mínimos detalhes.
Foi por isso que Jesus-Homem ficou muito tenso e suou sangue no Horto das
Oliveiras. Na verdade, o nome exato é TRANSPIRAR SANGUE.
Você sabe o dia da sua morte? Nem eu. Isso é bom, ou ruim? É claro que é bom.
Imagine que hoje seria o seu último dia de vida e você ficou sabendo disso ao
se levantar.
Será que você estaria sentado aí, lendo esta reflexão, com toda esta calma?
Não! Você estaria em PÂNICO! Pânico total e pleno.
Já teria telefonado para todos os amigos e parentes, já teria corrido atrás do
sacerdote para fazer uma boa confissão ou a extrema unção...
e provavelmente, teria também transpirado sangue.
Conclusão: Não saber o dia da nossa morte é uma coisa muito boa, uma dádiva de
Deus para que não soframos por antecipação.
Como aconteceu com Jesus enquanto homem na noite antes de sua morte. Jesus
estava profundamente abalado em sentido psicológico, moral e físico, e foi por
isso que o Evangelho diz que Jesus suou sangue.
Muita gente já deve ter dito ou pensado. Suar sangue? Isso não existe! Que
coisa mais ingênua! Vamos entender o que realmente aconteceu com Jesus
naquele momento de grande aflição no Horto das Oliveiras momentos antes da sua
Paixão propriamente dita.
O fenômeno é cientificamente conhecido pelo nome de hematidrose. Hêmato+hidrose
hêmato = a palavra é composta pelos radicais gregos: haima (de haimatos), que
significa "sangue". Hidrose = suor, transpiração.
A pessoa quando submetida sob tensão ou ansiedade extrema, as artérias se
rompem e o sangue penetra nas glândulas sudoríparas.
A hematidrose é um fenômeno raríssimo apenas uma fraqueza física excepcional
onde o corpo inteiro dói, acompanhada de um abatimento moral violento causada
por uma profunda emoção, por um grande medo.
Apenas um ato destes pode causar o rompimento das finíssimas veias capilares
que estão sob as glândulas sudoríparas onde o suor anexa-se ao sangue formando a
hematidrose. A hematidrose pode ser mais entendida como uma transpiração
de sangue acompanhada de suor.
Portanto, ler no evangelho que Jesus suou sangue, não se trata de uma coisa
ingênua, como alguns pensam.
Nos Estados Unidos foram registrados mais de 100 casos. Por exemplo.
Pessoas que antes de irem para a cadeira elétrica, sob forte tensão por
saber que iam morrer, transpiraram sangue.
Pessoas com medo minutos antes da morte, em caso de naufrágios,
tempestades destruidoras, etc. Também transpiraram sangue.
Em seu caminho para o Calvário Jesus-Homem sofreu muita humilhação e muita
dor física e mental, dos quais Ele, enquanto Deus, poderia ter se livrado
num piscar de olhos com mais um milagre daqueles muitos que fez.
Se você reparou, de todos os milagres que Jesus realizou, ele não operou nenhum
milagre em benefício próprio. Todos foram para acabar com o sofrimento daqueles
que eram excluídos da sociedade injusta.
Jesus-Deus podia simplesmente através de um gesto ou pensamento, destruir o
chicote que o flagelava, derreter os cravos que penetraram em seus
pulsos, em fim transformar em estátuas todos os soldados e os demais
homens que o maltratavam.
Jesus precisava passar por todo aquele sofrimento. E, em vez de castigar seus
agressores, Jesus rezou e pediu ao Pai para perdoá-los, pois se soubessem que
Ele era o próprio Deus, não estariam fazendo tudo aquilo.
Essa atitude de Jesus é uma demonstração da imensa e infinita misericórdia e
bondade de Deus. Nós também precisamos perdoar as pessoas que são injustas
conosco. Pois se elas conhecessem e seguissem os ensinamentos de Jesus, não
agiriam dessa forma.
O Jesus-Homem no momento de desespero sentindo-se abandonado pelo Pai, gritou:
"Pai! Por que me abandonastes? Não, Deus Pai não o abandonou! Foi só
uma impressão do Jesus-Homem naquele momento de desespero. Ele tinha de passar
por tudo aquilo, mais o melhor estava por vir no sábado. A RESSURREIÇÃO!
Quantas vezes em nossas vidas nos sentimos abandonados! Na hora que perdemos o
emprego, no momento em que desmanchamos o namoro com aquela pessoa que amamos
tanto, no momento em estamos envolvidos em um acidente terrível etc.
Não! Deus nunca nos abandona! Nós é que nos afastamos de Deus, e depois
colocamos a culpa nele pelas conseqüências dos nossos atos impensados
ou irresponsáveis.
Além disso, às vezes não entendemos os desígnios ou a vontade de
Deus. Exemplo. Desmanchar com aquela namorada que lhe fez sofrer tanto,
foi bom para você.
Hoje você está bem casado e feliz da vida, enquanto aquela sua ex-namorada
seguiu outro caminho que nem vamos comentar...
Oração:
Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo,
conversai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação
deste mistério, vos consagremos sempre a nossa vida. Que a Paixão de Cristo
perdoe os nossos pecados, e também ressuscitemos e voltemos à vida da
graça como um homem novo, uma mulher nova.
Propósito: Ter um olhar de compaixão para com as pessoas que sofrem e ajudar, como Cireneu, os que caem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário