09 abril – Lembra-te de buscar o
segredo da tua eloqüência na caridade. (L 23) São Jose Marello
João 11,45-56
"Muitas pessoas que tinham ido visitar Maria viram o que Jesus
tinha feito e creram nele.Mas algumas pessoas voltaram e contaram aos fariseus
o que ele havia feito. Então os fariseus e os chefes dos sacerdotes se reuniram
com o Conselho Superior e disseram: - O que é que nós vamos fazer? Esse homem
está fazendo muitos milagres! Se deixarmos que ele continue fazendo essas
coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e
destruirão o Templo e o nosso país. Então Caifás, que naquele ano era o Grande
Sacerdote, disse: - Vocês não sabem nada! Será que não entendem que para vocês
é melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja
destruído? Naquele momento Caifás não estava falando por si mesmo. Mas, como
ele era o Grande Sacerdote naquele ano, estava profetizando que Jesus ia morrer
pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo
todos os filhos de Deus que estão espalhados por toda parte.
Então, daquele dia em diante, os líderes judeus fizeram planos
para matar Jesus. Por isso ele já não andava publicamente na Judéia, mas foi
para uma região perto do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ficou ali com
os seus discípulos. Faltava pouco tempo para a Festa da Páscoa. Muitos judeus
foram a Jerusalém antes da festa para tomar parte na cerimônia de purificação.
Eles procuravam Jesus e, no pátio do Templo, perguntavam uns aos outros:
- O que é que vocês acham? Será que ele vem à festa?"
Meditação:
Nestes últimos dias da Quaresma, preparando a Semana Santa e a
Páscoa, a liturgia destacou, no evangelho de João, as perseguições dos chefes
judeus a Jesus, com a decisão firmada de matá-lo.
Jesus caminhava, e os sinais eram evidentes e isso era motivo para que os
pontífices e os fariseus pensassem em liquidar com Ele.
Os sinais que Jesus realizava chamavam a atenção dos fariseus que temiam que
Ele fosse aclamado Rei e atraísse a fúria dos romanos que desejavam reinar
sobre os judeus.
Eles não percebiam, porém, que Jesus viera ao mundo não para tornar-se Rei,
mas, vítima entregue em holocausto para a salvação da humanidade.
O Plano de Deus se realizava e o próprio sumo-sacerdote Caifás profetizou
quando disse: “Será que não entendem que para vocês é
melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja
destruído?” Caifás prognosticou que a missão de Jesus era salvar a
humanidade.
De fato, sem saber ele decretou a sentença de morte para Jesus como redenção
para os homens. Deus age de acordo com o Seu Plano e nos faz Seus instrumentos
de salvação, mesmo que às vezes, nem nós percebamos como foi o caso de Caifás.
Muitas vezes, apenas uma palavra que nós pronunciamos é um sinal que Deus dá ao
mundo para que a sua vontade se realize.
Nada acontece por acaso, os sinais de Deus na nossa história também são
evidentes. São muitas as ocasiões em que nos encontramos num emaranhado de
situações e não entendemos o que está atrás de tudo, mas a confiança de que o
Plano de Deus se realiza, mesmo que nem saibamos, é a nossa única arma para nos
mantermos firmes na luta esperando a vitória final.
No evangelho de hoje, temos a continuidade da narrativa
A ressurreição de Lázaro é o sétimo sinal que Jesus realiza. Muitos dos judeus
acreditaram Nele e outros contaram aos fariseus o que Jesus havia realizado.
Mais uma vez os que seguiam Jesus tiveram que optar, acreditar ou não acredita
Nele, acolher ou rejeitar sua ação que devolve a vida e vence a morte.
A ressurreição de Lázaro foi a "gota d'água", para que a morte de
Jesus fosse decretada. Teriam que fazer alguma coisa, os sumos sacerdotes e os
fariseus reuniram o conselho e decidem pela morte de Jesus, o argumento que usaram
não era verdadeiro, a blasfêmia, por Jesus dizer ser Ele o Filho de Deus.
A verdade é que Jesus fora condenado a morte, porque incomodava os chefes da
lei, a elite, os fariseus, ou seja, os poderosos da época. Jesus fazia o bem a
todos, e não podiam mais permitir que ele continuasse com sua ação libertadora,
de bondade e de vida.
Morto o cachorro, acabou-se a raiva. Assim pensavam os dirigentes do povo ao
ver que cada vez mais pessoas seguiam Jesus, enquanto Ele lhes pregava duras
verdades. Tampouco poderiam tratá-lo como rebelde, porque atuava sempre
pacificamente. Fariseus, escribas e autoridades religiosas firmaram a sentença
de morte de Jesus.
Identificam a sobrevivência do povo com a sua sobrevivência. Assim justificam
seu oportunismo político e a injustiça que cometem.
A atividade de Jesus em favor dos marginalizados e excluídos os interpela
seriamente. A denúncia é feita pelo próprio Deus que trabalha na história. Eles
afastam o questionamento matando o enviado de Deus.
Esta maneira de argumentar dos poderosos para justificar a opressão que
realizam se repete uma e outra vez na grande história.
Entretanto, erraram os cálculos. Mataram Jesus, porém sua causa continuou viva
no meio daqueles que buscam liberdade e justiça. Nossos mártires a gritam com
seu sangue
Reflexão Apostólica:
Quantas vezes, por ciúmes ou inveja, julgamos ou
tentamos denegrir a imagem de alguém que nos incomoda?
Nós, muitas vezes, condenamos e até mesmo "queimamos" os nossos
concorrentes, arrumando um jeito de diminuir as suas qualidades: sejam no
emprego, por ciúmes daqueles colegas que são mais capazes que nós, seja aquela
garota que é mais bonita, do professor, ou aquele cara forte que arrasa quando
chega na área...
Semana passada, conversando com um amigo, ele disse-me: "Trabalhei
muitos anos como bancário, e, como eu não conseguia nivelar-me aos demais,
quase sempre era chamado de 'estrela' e era muito perseguido, acho que não
necessariamente pela minha inteligência ou pelo meu destaque, pois não sou pessoa
que gosta de aparecer, mas pelo meu esforço. E o pior foi quando tive por
chefe, um coordenador que sabia menos do que todos nós..."
A psicologia diz que quando cruzamos com outra pessoa na rua, na nossa mente
fazemos um pequeno julgamento, ao comparar-nos com aquela criatura de Deus.
Olhamos discretamente e pensamos: "será que esse(a) aí já leu os livros
que li? Será que tem as mesmas propriedades que tenho? Não me parece que já
visitou os mesmos lugares que eu!...
Não podemos culpar ou condenar alguém por sua competência e capacidade. Devemos
admitir que essa está mais preparada do que nós, que ele se empenha e é mais
dedicada. Não é mais interessante se nos juntarmos a ela e somar forças?
Enquanto isso, vamos correr atrás, tentar melhorar, crescer, buscar de mais
conhecimento, sem ter que conviver com medo diário de perder o nosso lugar ou o
nosso espaço.
Essa é uma das lições que o evangelho nos dá hoje: "Não
julguem e não serão julgados! Não condenem e não serão condenados!"
Não podemos permitir que esses sentimentos ruins dominem nossos pensamentos,
nosso coração, e não condenar alguém por fazer bem coisas que se quer tentamos
fazer.
É tempo de buscarmos e orarmos pela nossa transformação, conversão, para sermos
felizes e procurar fazer sempre o bem.
Precisamos tomar mais cuidado para não fazer como os líderes judaicos. Ter mais
cuidado com os nossos pensamentos e palavras. Lembrar, acima de tudo, o que nos
disse o Ressuscitado: "Não julguem e não serão julgados! Não
condenem e não serão condenados!"
Oração: Pai, ajuda-me a compreender, sempre mais
profundamente, o caminho para encontrar-me contigo, que Jesus nos ensinou.
Livra-me, também, do apego aos esquemas já superados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário