19 fev – Nós sabemos por
experiência que, no momento oportuno, as dificuldades desaparecem, muda o ânimo
de quem as provocava e a obra de Deus prossegue abençoada com novos favores. (L
253). São Jose Marello
Marcos 9,2-13
Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e
João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E
transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão
brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe
Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou
a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três
tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro
não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu
uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu
Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em
volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao
descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham
visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles
observavam esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar
dos mortos”. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres
da Lei dizem que antes deve vir Elias?” 12Jesus respondeu: “De fato,
antes vem Elias, para pôr tudo
Meditação:
A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A
transfiguração é sinal de ressureição: a sociedade não conseguirá deter a
pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A
voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os
que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a
participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.
Marcos situa a Transfiguração num contexto
A Transfiguração é, portanto, uma exortação de urgência especialmente
para Pedro, para que concorde a ouvir Jesus (v. 7), quando fala de seus
sofrimentos e de sua morte, sem deixar por isso de reconhecê-lo como Messias
definitivo.
À maneira de Servo (Is 50,4-11), aquele que sendo Filho de Deus tomou
nossa condição humana, assumiu a fraqueza e a fragilidade para se tornar um de
nós; é o Servo que vai preferir a morte a deixar de libertar toda a humanidade
que estava submetida ao pecado.
A fé exigida dos espectadores da Transfiguração anima os discípulos de
hoje a não fugir das necessárias encarnações e do desprendimento que elas
exigem, para assim não buscar um reino que prescinda da morte; mas que os
impulsione também a não querer uma encarnação sem transfigurações. Os
discípulos são chamados a ‘levedar’ as estruturas do mundo para transformá-las,
morrendo para toda a classe de seguranças.
A transfiguração de Jesus é um texto que nos põe frente aquilo que Jesus
deseja de seus seguidores. O Reinado de Deus requer seguidores convencidos de
que o final de sua vida não é a morte, mas também a transfiguração de seu ser,
ou seja, a Ressurreição.
Jesus, enquanto ora, transforma seu rosto e suas vestes, tem uma missão
e partilha toda a experiência de sua transfiguração e o que ele assimilou de
Deus, seu Pai, o revela a três de seus discípulos. Jesus, na transfiguração,
compreende e revela o sentido profundo de sua vida: Uma atitude de filho que
entende que para cumprir sua missão – que é a vontade de seu Pai - deve passar
pela morte, na dinâmica de Marcos, pela morte na Cruz.
Os discípulos não conseguem assimilar a mensagem de derrota e de morte
que seu Mestre lhes expressa; por isso recebem a mensagem: por trás da derrota
e da morte, está seu triunfo.
O Pai assegura que a vida e a obra de Jesus não terminam com a morte,
que a transfiguração, ou seja, a Ressurreição, será o definitivo para ele, que
os animou na vocação do Reino.
Deve-se declarar que esta visão não levou o grupo dos discípulos ao
perfeito conhecimento e a perfeita confissão de Jesus; entretanto, essa
experiência permaneceu em seu interior como uma realidade indelével que os
levaria a compreender melhor sua ressurreição e a partir daqui, chegar a
entender a fundo o sentido aparentemente contraditório de sua vida: renunciar a
todo poder e terminar condenado a morte, sem que ninguém até então
compreendesse a fundo sua causa.
A presença de Moisés e de Elias, genuínos representantes da Lei e dos
profetas, manifesta que, para o escritor do Evangelho, em Jesus se cumpre
totalmente a lei e a profecia.
Assim como Moisés foi o libertador do povo da escravidão do poder do
Faraó e como Elias foi o libertador do povo do poder despótico da Babilônia,
Jesus é, para Marcos, o definitivo libertador de todo homem e mulher que
assimilando sua causa se deixa conduzir por ele para viver a plena liberdade
dos Filhos de Deus.
Um tema fundamental que toma novo rumo no relato da transfiguração é o
tema da morte. A morte deixa de ser o fim irremediável e a sombra do horror, e
começa a ser entendida como o translado para onde Deus está. Por isso, desde
agora, a morte está intimamente ligada ao triunfo, e não pode ser entendida,
senão a luz da Ressurreição.
Reflexão Apostólica:
Jesus levou os três discípulos à uma alta montanha
e se transfigurou diante deles, mostrando-lhes a Sua glória. Isto também Ele
quer fazer com cada um de nós que se dispõe a segui-Lo aonde Ele for.
Muitas vezes o subir a uma alta montanha requer um esforço pessoal e nos leva a
nos desinstalarmos, a abrir os horizontes, a ir mais além da nossa vidinha
medíocre. Aquele que sobe à montanha com Jesus consegue enxergar a Sua glória e
também será contagiado com a sua beleza.
A manifestação do poder de Deus em nós muda as
nossas estruturas e o nosso modo de ser. A transfiguração de Jesus nos revela a
glória e o poder de Deus que também age em nós de uma maneira concreta nos
fazendo sair da nossa humanidade que é terra para conviver com a realidade do
céu que está dentro de nós, no nosso espírito.
Quando também, espiritualmente, nos deixamos
conviver com Jesus na oração, na adoração, na meditação da Sua Palavra, nós
também ouvimos a voz do Pai que nos diz: “Este é o meu Filho amado.
Escutai o que ele diz!” Aí então, com certeza, nós
não teremos mais dúvidas de que o espiritual se revela a partir do que os
nossos olhos vêem, do que os nossos ouvidos ouvem, independentemente do que as
nossas mãos possam tocar.
O poder da palavra é tal que assim como cria,
destrói. No caso de Deus, a Palavra criou tudo quanto existe, e ela fez tudo
bem. No caso do ser humano, há a possibilidade de criar por meio dela
realidades que levem os outros a encontrar algo de paz e de misericórdia, mas
também é capaz de levar ao conflito e à morte.
Hoje em dia continuamos sofrendo da crise
mencionada por Tiago em sua carta e que tem sua raiz no uso da língua. Somos
chamados como cristãos a saber utilizar nossa língua, a pensar bem antes de
falar.
O evangelho de Marcos que nos narra o acontecimento
da transfiguração, convida-nos a um momento mais pleno de revelação de Deus ao
gênero humano, representado ali em Pedro, Tiago e João; revelação que acontece
ao se ouvir a seu Filho, que tem palavras de vida eterna e nos conduz a
pastagens verdes onde nossas mais nobres esperanças verão sua realização.
Em nossas mãos está fazer um bom uso da Palavra não
só falada, mas também daquela que cheguemos a transmitir com nossas obras cada
dia de nossa vida.
O Evangelho de hoje nos traz a reflexão sobre o
episódio da transfiguração de Jesus. E a pergunta que poderíamos pensar hoje é:
o que há de tão importante na transfiguração de Jesus?
A primeira e maior lição que devemos tirar dessa
passagem é a divindade e a intimidade de Jesus com o Pai e os profetas do
Antigo Testamento. Só um Homem-Deus poderia fazer o que Ele fez, e aquilo
serviu para os 3 discípulos deixarem para trás qualquer dúvida que ainda
pudesse haver quanto a divindade de Jesus. E mesmo assim, Jesus ainda pediu que
eles guardassem segredo sobre o que eles viram, até que acontecesse a
ressurreição.
Quando perguntado sobre Elias, o que deveria vir
antes do Filho do Homem, Jesus afirmou que o Elias prometido já havia vindo, e
que os homens fizeram dele o que quiseram... mataram. Esse Elias era o próprio
João Batista, que veio para endireitar os caminhos, para a chegada de Jesus...
Ele fez o que pôde para cumprir sua missão, e foi isso que garantiu seguidores
fiéis a Jesus desde os primeiros dias de sua missão.
E eu? Será que Jesus precisa se transfigurar na
minha frente para que eu acredite nEle? Será que eu estou esperando algo
extraordinário acontecer, para me decidir a seguir Jesus incondicionalmente?
Ele mesmo não nos engana dizendo que vai ser fácil... "Quem quiser me
seguir, tome a sua cruz e me acompanhe." Não é fácil... Mas o fardo se
torna leve, porque Ele nos ajuda a levar... assim como o cirineu o ajudou.
Que saibamos reconhecer as transfigurações de Jesus
nas pessoas que nos rodeiam, e que também deixemos Jesus se transfigurar em nós
para as pessoas, para que Ele alcance cada vez mais pessoas através de nós...
Propósito:
Pai, faze-me contemplar o brilho de tua glória em cada discípulo de teu
Filho que se entrega ao serviço do Reino, com total generosidade, mesmo devendo
enfrentar a morte.
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