14 fev
- Ainda que o corpo seja perseguido por mil perturbações, a alma deve estar
sempre na presença de Deus, a quem devemos recorrer a cada momento para renovar
as forças. (L 23). São Jose Marello
Marcos 8,11-13
"Alguns fariseus
chegaram e começaram a falar com Jesus. Eles queriam conseguir alguma prova
contra ele e por isso pediram que ele fizesse um milagre para mostrar que o seu
poder vinha mesmo de Deus. Jesus deu um grande suspiro e disse:
- Por que as pessoas
de hoje pedem um milagre? Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum milagre
será feito para estas pessoas.
Então Jesus foi
embora. Ele subiu no barco e voltou para o lado leste do lago"
Meditação:
Marcos, com esta sua narrativa dirigida às comunidades, procura
demover das comunidades a expectativa da manifestação de sinais extraordinários
de Jesus.
Os sinais de Jesus, que são os sinais do Reino, não são os atos de
poder, na realização de coisas surpreendentes e espantosas, mas sim são os atos
em vista da libertação dos oprimidos e da promoção da vida.
O grande sinal é o testemunho de amor, que conquista as pessoas,
as faz mudar de vida e comportamento, aderindo ao projeto vivificante de Deus,
transformando o mundo.
A necessidade de sinais vindos do céu revela uma atitude de fechamento,
incredulidade desafiante dos fariseus frente a ação de Jesus.
A exigência de sinais expressa também o desagrado das autoridades
do povo de Israel pela maneira de viver e sentir Deus por parte de Jesus,
concretizada em uma solidariedade total pelos marginalizados da sociedade.
Os milagres que ele realiza têm como finalidade última tornar presente o
reinado de Deus, e demonstrar a proximidade amorosa do Pai que vem libertar os
pobres da opressão.
Desperta atenção o fato de os fariseus pedirem sinais, se
todo o anúncio da Boa Nova, proclamada por Jesus, está ligado intimamente aos
milagres, à prática do Reino em seu momento histórico.
Os milagres não são sinais realizados por Jesus para produzir
admiração na multidão ou para aumentar seu grupo de seguidores, mas uma
resposta efetiva à fé dos cristãos. Enfim, são sinais de esperança a favor dos
que crêem.
Jesus recusou-se terminantemente a fazer exibição de seu poder taumatúrgico,
para satisfazer a curiosidade alheia ou para provar, a quem se recusava
aceitá-lo, sua condição messiânica. Os fariseus tentaram, sem sucesso, arrancar
um milagre de Jesus nestas condições. Jesus não caiu nesta armadilha.
São vários os motivos da recusa de Jesus. Os milagres não têm, por
si mesmos, o poder de convencer ninguém e levá-lo à fé. Fazer um milagre diante
dos fariseus seria perda de tempo e poderia ter o efeito de fazê-los odiar
Jesus ainda mais.
Os milagres pressupõem a fé e os fariseus representavam uma
categoria de pessoas refratárias a Jesus e incapazes de perceber o verdadeiro
significado de seu gesto.
Os milagres têm como objetivo levar a salvação do Reino a quem é
privado de sua saúde ou tem a vida ameaçada. Esse não era o caso dos fariseus
que não estavam dispostos a abrir mão de seus preconceitos contra Jesus.
Recusando atender o pedido dos fariseus, Jesus manifestou uma
atitude de firmeza diante da tentação de um messianismo espetacular e
exibicionista que mantém as pessoas cativas de seu egoísmo, sem sensibilizá-las
para o amor e a misericórdia.
Igualmente, a tentação de um messianismo humanamente gratificante,
pelo sucesso e pelos aplausos. Jesus estava certo de que isto não correspondia
ao querer do Pai.
Reflexão Apostólica:
Sinais? Que mais sinais e milagres esses homens ainda
precisavam ver para crer?
O
suspiro dado pelo Senhor revela o lado humano de Deus. O próprio milagre
encarnado a sua frente e os fariseus preocupados com milagres. É duro, mas
somos assim também. É definitivamente impossível agradar o ser humano.
Não
condeno, pois o próprio apóstolo João levou anos para consolidar aquilo que
havia presenciado em sua juventude dizendo assim:
“(…)
O que era desde o
princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que
temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida
porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos
anunciamos A VIDA ETERNA, QUE ESTAVA NO PAI E QUE SE NOS MANIFESTOU O QUE VIMOS
E OUVIMOS NÓS VOS ANUNCIAMOS, para que também vós tenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. Escrevemo-vos
estas coisas para que a vossa alegria seja completa “. (I Jo 1,
1-4)
Os
fariseus não queriam mais um profeta a denunciar suas mazelas, mas talvez
aceitariam o milagreiro. A presença de Jesus trazia certo desconforto a aqueles
que já tinham se acostumado com regalias, bajulações e a acobertações dos seus
erros.
Esses
mesmos homens que viam Jesus como um problema eram os mesmos que freqüentavam
os templos a procura do cumprimento da palavra de Deus em suas vidas. Eram
homens vividos, inteligentes, bem sucedidos, mas não conheciam a Deus.
Outro ponto: É intrigante tentar entender o comportamento humano de Cristo.
Tentemos compreender alguém, que por ser Deus conhecia as nossas aflições e
angustias, mas nunca as havia vivido na pele e, como afirma Augusto Cury: “Enxergava as nossas lágrimas,
mas nunca as tinha chorado”. Se fez humano para talvez senti-las.
Jesus
sabia o teor do coração daqueles que o indagavam. Talvez visse neles grandes
potenciais a serem explorados, esperança, alegria, pois ninguém é ruim por
completo.
Somos
vítimas de boas e más escolhas que fazemos. Sim! De opção própria na maioria
das vezes nos entregamos à busca de coisas de menor valor espiritual e maior
material. Jesus via um grande potencial, portanto como então não suspirar de
decepção com esse fato?
“(…) Se ressuscitastes com
Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de
Deus; CUIDAI DAS COISAS DO ALTO, não do que é da terra. Pois morrestes, e a
vossa vida está escondida com Cristo
O
Senhor sabia das coisas belas que poderia compartilhar conosco se quiséssemos,
mas as necessidades e interesses mais imediatos os cegavam e ainda nos cegam.
Todo
aquele tesouro à disposição dos que compartilhavam da sua presença,
trocado por um prodígio visível. Quantos mais precisavam?
Esse mesmo autor nos revela as características mais marcantes desse Deus feito
homem. As possuía e desejava que buscássemos.
“(…) Na sua humanidade,
escondem-se as coisas mais belas e de que mais necessitamos: a paciência, a
tolerância, a capacidade de superação do medo, a singeleza, domínio próprio, o
diálogo aberto, a capacidade de contemplação do belo nas pequenas coisas. A
fantástica noticia é que apóstolo Paulo comenta que todas essas características
podem ser comunicadas ao homem através do Espírito Santo. O homem frágil e
débil pode ter acesso à natureza de Deus. Pode ser comum por fora, mas especial
por dentro”. (Augusto Cury)
Como
o próprio texto em destaque cita, eles devem ser buscados.
Outro
ponto: Como ter paz e se dizer cristão sem se empenhar pela justiça social? Sob
a promessa de algum privilégio individual ou pessoal nos agarramos a falsos
políticos. Esses são os novos “milagreiros” que diferente de Jesus amam fazer
“boas ações e prodígios” em troca de apoio…
É
triste ver que muitos cristãos ainda levam milhares ao sofrimento, a fome, ao
desemprego pensando apenas em si mesmo, no milagre que resolva sua vida.
Pode
até parecer que os pontos citados não se casam, mas convenientemente, eles são
bem atuais. A Campanha da Fraternidade que esta pra se
iniciar objetiva: "Refletir
sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando
o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção dos enfermos e
mobilizar por melhoria no sistema público de saúde" (p. 12
do Texto-Base).
A
saúde é afirmação da vida e um direito fundamental que os Estados são obrigados
a garantir: "Saúde é um processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico,
social e espiritual, e não apenas a ausência de doença, processo que capacita o
ser humano a cumprir a missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a
condição de vida em que se encontre" (p.15 do Texto-Base e Guia para a
Pastoral da Saúde na América Latina e no Caribe, CELAM, Centro Universitário
São Camilo, São Paulo, 2010, ns 6-7).
Os
fariseus de ontem e de hoje não querem perder e tão pouco dialogar.
Ele
disse que veio para que tivéssemos vida em abundancia (Jo 10, 10), mas também
abandonou de mãos vazias os poderosos, os que escondem seus interesses, os
gananciosos, invejosos.
Enalteceu
os humildes, se revelou aos puros de coração, curou quem o tocou, mudou e muda
até hoje, a vida de quem acredita em seus valores; se rendeu ao pedido
depositado nas duas moedas de uma viúva; e viu dentro do coração de um
centurião a maior prova que podemos mudar mesmo em um sistema já corrompido.
A
Cruz é um sinal, a Palavra de Deus é prova fiel do Seu amor por nós e o
Espírito Santo é o grande motivador da nossa fé! Por isso, Jesus também depois
de dar um suspiro profundo nos diz: “Por que você pede um sinal?
O
grande sinal de Deus para todos nós é Jesus Cristo que veio como enviado do Pai
para nos dar vida e santidade e para nos revelar a Sua face amorosa.
Não precisamos de sinais, pois o amor de Deus foi derramado no nosso coração
pelo Espírito que nos foi dado e é Ele quem age em nós e nos dá sabedoria para
discernirmos a nossas inquietações e os nossos desejos.
Diante da alternativa: ter fé em Jesus ou pedir um sinal do céu, os fariseus
queriam um sinal do céu. Não foram capazes de crer
Você
confia sem que precise de algum sinal? Qual é o grande sinal do amor de
Deus por você? Qual foi o grande sinal que Deus já lhe deu? Pense agora e
responda pra Jesus.
“(…) Senhor, eu não sou
digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será
curado” (Mt 8, 8).
Propósito: Estar
atento a princípios que entram em contradição com meus princípios cristãos.
Renovar minha fé.
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