29 outubro - Quando tiveres menos vontade de pronunciar palavra, então é tempo de falar.(S197). São Jose Marello
Evangelho (Lucas 14,1-6)
1 Jesus entrou num sábado em casa
de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2 Havia ali um
homem hidrópico. 3 Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: “É
permitido ou não fazer curas no dia de sábado?” 4 Eles nada disseram. Então
Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5 Depois, dirigindo-se a
eles, disse: “Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o
tira imediatamente, mesmo em dia de sábado?” 6 A isto nada lhe podiam replicar.
COMENTÁRIOS
1. Senhor do Sábado
Um amigo muito espirituoso comentou
comigo, sobre este evangelho, que Jesus parecia que gostava de “Cutucar a onça
com vara curta”. Entrou na casa de um Fariseu notável em dia de sábado, para
tomar uma refeição, estava sob a vigilância severa do grupo de Fariseus, e eis
que ali estava um Homem Hidrópico. Há que se desconfiar até que os próprios
Fariseus levaram este homem lá, para ver a reação de Jesus, achando que ele não
teria o “topete” de fazer uma cura em dia de sábado, justo na casa de um
Fariseu importante.
Não
se sabe se foi armação dos Fariseus, pode até ser que sim, pois não era
novidade que eles estavam “doidinhos” para pegar o Mestre em uma armadilha.
Jesus, como sempre, manteve a serenidade e ainda perguntou se era permitido ou
não, fazer curas em dia de Sábado. Os Fariseus nada disseram, mas certamente
com os olhares “fuzilaram” Jesus.
Se
não fossem tão cegos e cabeças duras, se não tivessem um coração tão endurecido
e fechado à Graça de Deus, e reconhecessem a Jesus como o Messias esperado e
prometido que viera para Salvar a Humanidade, poderiam dar uma linda resposta.
“Olha
mestre, ao Senhor tudo é permitido, pois hoje nós celebramos o repouso, o Dia
em que nosso Deus Eterno e Poderoso criou todas as coisas, como o Senhor é o
Filho Dele e Aquele que nós todos esperamos, tens o poder de restaurar e
refazer todas as coisas, inclusive devolver a saúde a este nosso irmão, para
nós será motivo de muitas alegrias e iremos dar Glórias a Deus. O Senhor nem
precisava perguntar, és o Senhor da Vida e da História...”
Esta
é a resposta que qualquer um de nós daria se lá estivéssemos. Então mudemos a
pergunta, em lugar dos Fariseus está um grupo de zelosos agentes da pastoral do
Batismo, com uma larga caminhada e que sabem de cor cada regra ou norma da
Igreja “Deve-se batizar o filho de uma mãe solteira, ou não?”. “Pode um casal
em segunda união receber a Comunhão?” “Pode um evangélico visitar a Igreja
Católica e vir em uma celebração?” “Pode um católico ter amizade com um Espírita
ou de outra religião, que não seja Cristã”? Tem outras perguntinhas iguais a
essa, que a gente se engasga quando vai responder. Uma coisa é darmos uma
resposta linda, estando lá, em lugar do Fariseu, outra é estarmos aqui, diante
de situações onde, na maioria das vezes priorizamos a Lei, a Linha Pastoral, a
norma, e esquecemos do mais importante: de acolher as pessoas, de ouvir suas
histórias, de anunciarmos também a elas o Santo Evangelho que Liberta e dá a
verdadeira Vida!
Jesus
curou o homem enfermo e ainda fez uma pergunta muito provocante “Se o trabalho
a ser feito, como tirar um Jumento do poço, for de interesse próprio, será que
alguém vai pensar no Preceito Sabático?”. Ou seja, todo rigor e austeridade
quando se aplica a Lei ao outro, quando for para o meu interesse, a lei sempre
é mais branda.
A
classe dos Fariseus há muito já se foi, mas o Espírito Farisaico está mais vivo
do que nunca, principalmente nas comunidades que se dizem cristãs.
2. Em dia de sábado, é permitido
curar ou não? - Lc 14,1-6
Na quarta etapa da subida para Jerusalém, Jesus é convidado para uma refeição
na casa de um dos chefes dos fariseus. Durante a refeição, Jesus mesmo toma a
iniciativa e introduz alguns temas para a reflexão dos que lá se encontravam.
Começou com o significado religioso do sábado. É a terceira vez em São Lucas
que Jesus está na casa de um fariseu e a terceira vez em que discute o sentido
do sábado. Lá estava um homem inchado por acúmulo de água no corpo. Lá estavam
também doutores da Lei. Vem então a pergunta de Jesus: “Em dia de sábado, é
permitido curar ou não?”. Em outras palavras: “Posso ou não curar este amigo de
vocês?”. Pode ser que estivesse lá por conta própria, porque, depois de tê-lo
curado, Jesus o despediu. A resposta foi um grande silêncio. Explorando ainda
as relações de sentimentos, Jesus continua: “Se algum de vós tem um filho ou um
boi que caiu num poço, não o tira logo daí, mesmo em dia de sábado?”.
Continuaram em silêncio. Parece que a pergunta sobre o que é permitido e o que
é proibido não faz parte dos ensinamentos de Jesus. São Paulo dirá que tudo é
permitido, mas nem tudo convém. A pergunta deve ser sobre o que é melhor para o
ser humano, o que liberta e constrói. Jesus curou o hidrópico no dia de sábado.
3. O AMOR PELOS SOFREDORES
Ao se deparar com um ser humano
sofredor, Jesus deixava de lado os casuísmos legais e se antecipava para
curá-lo. Até mesmo a Lei do repouso sabático era olvidada. Ele não se
perguntava se era, ou não, sábado, quando tomava a decisão de curar alguém.
Pouco lhe importava saber se era permitido ou proibido curar naquele dia. Seu
único propósito era socorrer quem estava atribulado pelos sofrimentos e
aliviá-lo.
É
preciso entender em que se fundamenta a liberdade de Jesus diante da tradição
religiosa. No caso do repouso sabático, ele o entende na perspectiva da
intenção original de Deus, quando o instituiu. O Deuteronômio relaciona esse
repouso com a escravidão egípcia: "Lembra-te (Israel) de tua escravidão no
Egito, donde o Senhor te libertou, com mão forte e braço estendido. Por isso, o
Senhor manda-te guardar o sábado." Descansar no sábado era, pois, uma
forma de preservar a dignidade humana contra a aviltamento da opressão e da
escravidão. Era a celebração da libertação, obra da misericórdia divina.
Para
Jesus, a cura do hidrópico encaixava-se perfeitamente bem no contexto do
sábado. Aquele infeliz estava sendo libertado, pela bondade de Deus, de uma
situação de escravidão, recuperando sua dignidade menosprezada.
Se
fariseus e mestres da Lei ficaram chocados com a ação de Jesus, o Pai, sem
dúvida alguma, a tinha como um gesto muito acertado.
Oração
Espírito de sensibilidade para com os
sofredores, que nada me impeça de ajudar os que sofrem. Antes, que eu demonstre
por eles um amor eficaz.
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