17 outubro -
Sejamos gratos ao Deus bendito que, pela sua misericórdia, sempre nos oferece novos
meios de salvação. (L 64). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São
Marcos 10,32-45
Jesus e os discípulos iam pela estrada, subindo para Jerusalém. Ele caminhava na frente, e os discípulos, espantados, iam atrás dele; as outras pessoas que iam com eles estavam com medo. Então Jesus chamou outra vez os discípulos para um lado e começou a falar sobre o que ia acontecer com ele. Jesus disse:
- Escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. Estes vão zombar dele, cuspir nele, bater nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará.
Depois Tiago e João, filhos de Zebedeu, chegaram perto de Jesus e disseram:
- Mestre, queremos lhe pedir um favor.
- O que vocês querem que eu faça para vocês? - perguntou Jesus.
Eles responderam:
- Quando o senhor sentar-se no trono do seu Reino glorioso, deixe que um de nós se sente à sua direita, e o outro, à sua esquerda.
Jesus respondeu:
- Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber e podem ser batizados como eu vou ser batizado?
Eles disseram:
- Podemos.
Então Jesus disse:
- De fato, vocês beberão o cálice que eu vou beber e receberão o batismo com que vou ser batizado. Mas eu não tenho o direito de escolher quem vai sentar à minha direita e à minha esquerda. Pois foi Deus quem preparou esses lugares e ele os dará a quem quiser.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar zangados com Tiago e João. Então Jesus chamou todos para perto de si e disse:
- Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente."
Meditação:
Os três evangelistas sinóticos registram três anúncios da Paixão feitos por Jesus a seus discípulos, ao longo da caminhada que empreendiam para Jerusalém.
Em Marcos e Mateus, o segundo e o terceiro anúncio são seguidos de
manifestações dos discípulos que aspiravam a posições privilegiadas, esperando
que Jesus fosse a Jerusalém para conquistar o poder. Com isto se evidencia a
incompreensão dos discípulos em relação à missão de Jesus, até os últimos
momentos de seu ministério.
O texto de hoje se refere ao terceiro anúncio da Paixão. Jesus revela que a
característica do Reino não é o poder, mas sim o serviço e o amor.
Qual não terá sido a decepção de Jesus diante da insensibilidade de Tiago e
João pelo seu sofrimento? Logo após anunciar a paixão que se aproximava, esses
apóstolos pediram postos de comando ao lado de Jesus. Não entendiam que
deveriam seguir o Mestre na humilhação e não na glorificação. A dor de Jesus já
se prenunciava nessa cegueira dos apóstolos.
Quanto mais os discípulos se aproximavam de Jerusalém, onde Jesus haveria de
morrer e ressuscitar, tanto mais nutriam esperanças equivocadas a seu respeito.
Uma falsa expectativa consistia
Jesus questionou esta mentalidade mundana descrevendo o Messias como servo e
não como senhor, deslocando o eixo de sua ação da autoridade para o serviço.
Os grandes do mundo fazem questão de impor-se sobre os demais e serem tratados como senhores. Eles se comportam como se fossem proprietários das pessoas, exigindo-lhes submissão.
No contexto do Reino, as coisas se passam de forma muito diversa, revertendo os esquemas do mundo. Nele, a grandeza consiste em fazer-se servidor de todos e o ocupante do primeiro lugar será quem se predispuser a ser submisso a todos.
Por conseguinte, quem é grande no Reino não coisifica seu semelhante. Ele vê no outro um irmão a quem é chamado a servir, com disponibilidade e generosidade.
A vida de Jesus, o Filho do Homem, ilustra seu ensinamento. Toda ela se definiu como serviço à humanidade, para resgatá-la do pecado. Ele não veio para ser servido.
Notamos no evangelho de ontem que tanto
os discípulos quanto nós precisamos nos policiar no que se diz a verdadeira
face de ser cristão. Ontem notamos que o desapego é um passo importante na
construção de pessoas melhores… E hoje?
Sim! É natural e humano que precisamos de elogios e reforços positivos para
continuar a caminhar. Sabemos que não é o certo, mas nossa motivação e alegria
são bem atreladas aos “tapinhas nas costas” que recebemos. Seria hipócrita se
dissesse que isso não existe, mas o que tenho a dizer é que para isso também é
preciso disciplina e sobriedade.
Quanto à disciplina…
É importante saber que nem tudo que queremos, teremos, mas que tudo que pedimos,
Deus sempre nos ouve. Os apóstolos pediam muito mais do que haviam ganho o
direito de ter ou lutado para conseguir. Jesus narrava sua sina e sua morte, no
entanto havia apenas a preocupação com que seriam, que posto teriam ou
ocupariam no céu.
Jesus sondava seus pensamentos; mexia com seus paradigmas; fazia vibrar os
conceitos. Ele já havia exortado que o menor seria o maior, que aquele (a) que
fosse, por amor a mensagem de vida, humilhado, seria no fim exaltado, mas como
nós, os discípulos estavam presos a uma cadeia, denominada por Augusto Cury
como cárcere intelectual.
“(…) Um dos maiores problemas enfrentados por Cristo era o CÁRCERE INTELECTUAL em que as pessoas viviam, ou seja, a RIGIDEZ INTELECTUAL com que elas pensavam e compreendiam a si mesmas e ao mundo que as envolviam. Por isso, apesar de falar da fé como ausência da dúvida, ele também era um mestre sofisticado no uso da arte da dúvida. Ele a usava para abrir as janelas da inteligência das pessoas que o circundavam”. (Augusto Cury – Mestre dos mestres)
A disciplina esta em não se render as
pequenas coisas, que aos nossos olhos parecem valiosas.
Quanto à sobriedade…
Estar sóbrio é estar centrado, lúcido, apto a entender e responder pelo que
esta acontecendo. O que Deus faz em nós e através de nós deve ser dado os
créditos a Ele, portanto nenhum de nós deve “se achar” por ter feito o seu
trabalho bem feito. Deus tanto ache no “Chico” quanto no “Francisco” e os
milagres não acontecem somente pelas mãos desse ou daquele padre famoso, mas
pelo filho de Deus que consegue tocar o Senhor.
Noutro dia, o evangelho narrava o pedido do Senhor para que não segregássemos
aqueles que fazem e trabalham em Seu nome, mas algo é preciso ser dito diante
desse fato: nossa maldade tem impedido que se cumprisse.
Quantas pessoas talentosas existem em nossas comunidades, mas não são
treinadas, ouvidas, levadas em consideração? Quantos “Davis” se escondem em
meio a irmãos imaturos prontos para conduzir nosso povo, nossos grupos,
pastorais, mas que não recebem a devida chance, por não fazer parte de uma
panela, de um grupinho? Quantas comunidades sofrem pelo fato de pessoas
assumirem permanentemente responsabilidades e coordenações de Movimentos, como
fossem “donos”, os "primeirões", aqueles que tudo sabem?
No Reino de Deus, “quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos”. Portanto, os líderes cristãos são aqueles que se tornam capazes de colocar os seus talentos a serviço da comunidade, em benefício de todos, e não de si mesmos. O mundo, e de modo especial o Brasil, é profundamente carente de líderes verdadeiramente cristãos.
Sofremos em nossas comunidades, pois nossas lideranças não sabem educar, temem
dizer “não”, são relutantes ao novo; nossos grupos sofrem pois ensinaram sobre
os milagres que aconteciam a dois mil anos, esquecendo de mostrar que existe um
milagre a cada manhã que temos a graça de levantar. Muita gente perdeu a fé,
pois espera muito mais do que realmente trabalha para obter.
Lembremo-nos do evangelho de domingo: Que a paz esteja com vocês! Assim
como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
Vamos à luta... Vamos OUSAR O EVANGELHO!
Propósito: Servir com humildade, disposição e muito amor.
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