22 outubro - Podemos suspirar pela luz como suspiramos pela aurora matinal, mas tal como esta, não podemos adiantá-la de um instante sequer. Devemos todavia ficar de olhos abertos para o Oriente, exatamente para o ponto onde a luz do dia costuma aparecer; que não nos aconteça de confundi-la com a aurora boreal, que engana o peregrino. (L 272). São Jose Marello.._,_.___
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 12,54-59
58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante
do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão
ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na
cadeia. 59Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último
centavo”.
A
capacidade profética de ler os sinais dos tempos deveria ser uma das qualidades
que mais identifica o cristão no seguimento de Jesus Cristo.
Segui-Lo
implica aprender, estar disposto a aprender sempre e a configurar-se como novo
ser que nasce da experiência pascal.
O
primeiro gesto transformador é a abertura à esperança, ao futuro, à novidade
que a cada momento vem de Deus. Esse futuro é possível precisamente porque a
memória da passagem de Deus nos permite ter uma referência e uma experiência
deste Deus que se empenha para que sejamos livres.
Ao mesmo tempo exige que valorizemos o momento presente, esse precioso
instante, porque nele Deus se manifesta de maneira extraordinária; e se não
tivermos a mente clara e o olhar atento, perdemos essa possibilidade de
encontro com o Deus que cria, mantém e defende a vida.
Precisamos
ter presente que nos acontecimentos do cotidiano é possível descobrir o que
Deus quer nos revelar. Isso, porém, significa redobrar a atenção e não dormir a
ponto de deixar passar este tempo significativo em nossas vidas.
Deus é
comunicação. Continuamente emite sinais que devem ser interpretados por nós.
Sua vontade se apresenta aos poucos e em diversos tempos.
Um
belo exemplo disso foi a graça do Espírito Santo que tocou o papa (beato João
XXIII – 1881-1958) para convocar o Concílio Vaticano II (1964), ao saber ver os
sinais dos tempos.
O Papa
logo os percebeu e insistiu na necessidade da Igreja fazer seu agiornamento, ou
seja, proceder a uma atualização, revisão e modernização, para que pudesse
explicar ao homem moderno seus dogmas.
Assim
olhando para as necessidades dos homens de hoje, deveremos explicar-lhes a
lição perene da Novidade de Cristo. Jesus nos adverte: Sabeis distinguir os
aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente?
Não
podemos, porém, fazê-lo por nós mesmos, mas com as bênçãos de Deus. “Digne-se o
divino Espírito Santo ouvir de maneira mais consoladora a oração que cotidianamente
sobe de todos os recantos da terra: ‘Renova em nossos dias como que os
prodígios dum novo Pentecostes, e concede que a Igreja santa, reunida em
unânime e mais intensa oração com Maria, Mãe de Jesus, e guiada por Pedro,
difunda o reino do divino Salvador, que é reino de Justiça, amor e paz Assim
seja!’ ” (Da Convocação do Concílio Ecumênico Vaticano II - Beato João XXIII –
25.12.1961).
Reflexão Apostólica:
Jesus nos ensina a dar valor ao tempo presente da
nossa vida e nos mostra que as revelações do Pai também se manifestam por meio
dos fatos e dos acontecimentos do nosso dia a dia.
Assim como nós percebemos as mudanças climáticas,
as rotações das estações do ano, e detectamos se vem chuva ou sol, nós também
precisamos estar atentos aos sinais de Deus para interpretar o tempo presente
da nossa vida.
Por meio das diversas situações que passamos o
Senhor nos dá os meios para que possamos praticar a justiça e o amor.
Portanto, o nosso momento presente é também um
presente de Deus para nós, porque representa uma chance que temos para pôr em
prática, concretamente, o que o Senhor nos ensina na Sua Palavra.
“Interpretar o tempo presente” é fazer uma reflexão
do modo como nós estamos vivendo, das ações que estamos praticando, da justiça
ou injustiça que estamos promovendo diante dos nossos irmãos.
Nós só temos um tempo para tomar decisão: é o tempo
presente. Se não avaliarmos agora, a nossa vida, talvez mais tarde já não
tenhamos tempo para arrependimento.
Portanto, a hora é essa, se você está passando por algum
momento difícil de sofrimento ou de doença, se você não está compreendendo nada
do que tem sucedido na sua vida ou com a sua família, dê um voto de confiança
ao Senhor e, procure, perceber os sinais que são evidentes.
O Espírito Santo quer dar a melhor direção e, além
do mais, Deus deve estar querendo construir em nós, um homem ou uma mulher
novos, acrisolados e purificados.
Confiemos Nele e tudo passará!
O que tem acontecido no mundo no tempo
presente? Você tem percebido os sinais do tempo? Você tem procurado tempo
para meditar sobre a sua existência à Luz de Deus? Os acontecimentos da
sua vida presente têm tido algum significado para você? Qual é para você a
perspectiva do seu futuro em relação ao que você tem vivenciado no tempo
presente? Você sabia que a dor com Jesus, se transforma em amor?
No Evangelho que hoje meditamos, Jesus lamenta que
os seus ouvintes sejam capazes de interpretar os sinais do tempo e não captem
os sinais dos tempos que representam a chegada do Reino de Deus entre eles. Não
descobrem nele e nos seus sinais a importância do momento em que vivem.
Portanto, Jesus repreende os seus contemporâneos,
que sabem distinguir os sinais meteorológicos, mas não o sinal que Ele mesmo é:
o Filho Unigênito enviado pelo Pai para salvação de todos.
Compreender o tempo em que vivemos é
compreender as intenções de Deus que, em todo o tempo, sobretudo pelo mistério
da Igreja e dos sacramentos, torna atual o mistério de Jesus com toda a sua
eficácia salvífica.
Saber fazer previsões do tempo, analisando os dados
da meteorologia, implica uma atenção interessada. Se não estivermos realmente
interessados e atentos para nos darmos conta da importância do tempo como tempo
para exercer a justiça e a caridade, corremos sério risco.
Há que reconciliar-se radicalmente com aqueles com
que estamos em conflito. Caso contrário, podemos cair no redemoinho do
não-perdão, donde não sairemos sem danos.
É como se Jesus apontasse o sinal do tempo por
excelência, que é Ele mesmo, como sinal de salvação, mas só para quem se
compromete a viver como reconciliado, isto é, na paz, na justiça e na bondade.
É na história que podemos compreender as intenções
de Deus, e não fora dela. Daí a atenção que devemos dar aos sinais dos tempos.
Deus atua dentro do tempo. É também no tempo que responde às nossas
interrogações. Quantas vezes Lhe fazemos perguntas na oração, e encontramos as
respostas na vida.
É, pois, no tempo que havemos de ler os sinais de
salvação e de perdição. O sinal de salvação por excelência é sempre Cristo, com
o seu mistério pascal. Ele salva-nos à medida que, lendo os sinais dos tempos e
confrontando-os com a Palavra, deixamos que ela mesma, a Palavra, produza
frutos em nós e no nosso tempo. Pondo em prática a Palavra, permitimos a Deus
fazer muito mais do que podemos esperar.
Um dos sinais do nosso tempo é a chamada
globalização, em que passamos de um mundo dividido e fragmentado, àquilo a que
M. McLuhan chamou de a «aldeia global».
Os meios de comunicação, que podem ser instrumentos
de divisão e guerra, também podem e devem tornar-se instrumentos de união e de
paz.
Para isso, todos os homens de boa vontade, e
particularmente nós, os crentes, havemos de superar a tentação do
individualismo, que fragmenta, e dar espaço à unificação da nossa pessoa, e à
união entre os homens.
Como crentes, temos a certeza de que Cristo habita
no nosso coração e que, fundados e radicados na sua caridade, podemos ser
repletos da plenitude de Deus, e alcançar a unificação do coração e de todas as
nossas faculdades e forças, a unificação da nossa pessoa. S. Paulo indica-nos
os meios para isso: a humildade, a mansidão, a paciência, e o suportar amoroso
de nossas índoles.
A chave que temos ao alcance da mão, para
contribuirmos para a unidade entre os homens, é procurar tudo o que une e
deixar de parte tudo o que divide como dizia e fazia João XXIII.
Com essa chave chegaremos à unificação pessoal,
comunitária, eclesial, social e… planetária. Vivendo e realizando esse projeto,
o nosso tempo, que está sob o signo de Jesus, tornar-se-á um tempo de
claridade, iluminado pela luz da salvação e, com Cristo e como Cristo,
tornar-nos-emos instrumentos de unidade e de paz.
A exemplo do Fundador, sintonizando com os sinais
dos tempos e em comunhão com a vida da Igreja, queremos contribuir para instaurar
o reino da justiça e da caridade cristã no mundo; queremos participar na
construção da cidade terrena e na edificação do Corpo de Cristo empenhando-nos
sem reserva, no advento da nova humanidade.
Muitas vezes nós, como os conterrâneos de Jesus, temos
um coração duro. Não sabemos olhar em profundidade e não descobrimos, ou não
queremos descobrir, o sentido dos acontecimentos; inclusive, olhamos para o
outro lado se o que vemos nos compromete.
A exigência de Jesus aponta para a necessidade de
colocar todas as nossas capacidades e qualidades para fazer desta humanidade
uma verdadeira morada de Deus.
Hoje temos que experimentar a Deus na história de uma maneira distinta:
trabalhar livremente no cumprimento de sua vontade; nessa mesma liberdade que
me permite ser escolhido por Ele.
Não podemos deixar de experimentar a presença
libertadora e salvifica de Deus na realidade histórica, na vida da comunidade e
na vida dos seres humanos.
Propósito:
Pai, corrige a negligência que me impede de entregar-me
inteiramente à ti, sem demora. Torna-me hábil para as coisas do teu Reino! Cura
a minha cegueira, Senhor, e dá-me a luz do teu Espírito para ver a profundidade
das pessoas.
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