08 fevereiro - Coragem, coragem, o tempo urge. Ai de nós se nos encontrarmos desprovidos para o dia da batalha! (L 26). SÃO JOSE MARELLO
São Marcos 6,30-34
Os apóstolos voltaram e
contaram a Jesus tudo o que tinham feito e ensinado. Havia ali tanta gente, chegando
e saindo, que Jesus e os apóstolos não tinham tempo nem para comer. Então ele
lhes disse:
-
Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco.
Então
foram sozinhos de barco para um lugar deserto. Porém muitas pessoas os viram
sair e os reconheceram. De todos os povoados, muitos correram pela margem e
chegaram lá antes deles. Quando Jesus desceu do barco, viu a multidão e teve
pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor. E começou a ensinar
muitas coisas.
Meditação:
Todos nós, cada qual a sua
maneira, somos chamados a dar uma resposta frente a uma pergunta fundamental: Quem é Jesus? Marcos também se depara
com este questionamento. Sua comunidade, que vivia um momento difícil e
conturbado da história de Israel - o período anterior à grande guerra de 70 -
esperava um Jesus glorioso, revestido de poder. Acreditavam que Ele logo viria
e acabaria com as suas dificuldades. Para isto, era necessário que apenas
orassem.
O evangelho de hoje
nos dá uma boa pista de como respondermos à inquietação apresentada. Vamos
ao texto:
Lembremo-nos de que esta
narração deve estar ligada aos textos anteriores e posteriores, para que possamos
compreender melhor seu sentido. Antes dela, Mc 6,6-13, já se diz que Jesus
havia enviado os discípulos à missão para fazer o que Ele faz, trazendo vida e
esperança aos pobres e marginalizados.
A ação dos discípulos faz com
que aqueles que viviam afastados da sociedade, discriminados e excluídos por
esta, devido a uma lógica de poder e de pureza, sejam novamente trazidos ao
centro (curam enfermos).
Para aqueles que se encontram
divididos ou em situação de divisão, eles trazem a unidade possibilitadora de
voltar a ser criativo (expulsam demônios), fazendo-os o centro do projeto de
Deus, tornando-se eles também discípulos e profetas do mestre, que denunciam
estas mesmas situações de corrupção, injustiça e marginalização. Devolvesse-lhes
o direito a ser gente, ter esperanças e serem protagonistas da história (Mc
6,13).
Em contraste a este panorama Mc
6,14-29, apresenta um banquete do poder. Este banquete, que alimenta alguns
sobre a fome de muitos, traz a morte e a injustiça. Mata-se um dos líderes do
povo tentando matar sua esperança: João Batista. E agora, quem será o novo
líder?
A pericote seguinte começa
a delimitar o modelo da liderança de Jesus e a maneira como podemos
identificá-lo. O versículo 30 começa nos informando que os discípulos contam a
Jesus o que haviam realizado (Mc 6,13).
Pegando a frase do Evangelho: "viu
a multidão e teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor",
Jesus atrai para si o título de pastor. Este atributo a Jesus, recebe a sua
justificação na observação do evangelista ao interpretar os sentimentos do
coração do Senhor vendo as multidões que O seguiam, Jesus se compadeceu delas,
teve pena.
Mestre desde o início da Sua
missão convida os discípulos, a todos manifestarem aos homens o amor de Deus
por eles. E, em poucas linhas, podemos ter o quadro da vida de Jesus com os
Apóstolos e a multidão do povo: a intimidade do Senhor com o grupo dos Doze em
ordem à formação dos mesmos, a atividade intensa da vida pública de Jesus e dos
Apóstolos, o entusiasmo do povo pelo Senhor, a sua disponibilidade apesar da
fadiga, por fim, os sentimentos profundos de Jesus perante esse povo, errante e
faminto.
É assim que Deus olha para mim
e para ti bem como para toda a tua família e os homens no mundo inteiro. Deus
deseja e quer que todos O procuremos: Havia ali tanta gente, chegando e saindo.
Embora com o desejo e a vontade
de atender a todos, Jesus com os apóstolos ele ressalta a sua necessidade de
descanso, depois as tarefas apostólicas. Para dize que também o missionário
precisa de descanso.
Um tempo de retiro, de
recuperação das energias, de intimidade com Deus. Foi por isso que quando
voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é
convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças. Jesus tem
critérios que não correspondem com o grande critério da sociedade nossa – o da
eficácia!
Para ele, os apóstolos não eram
máquinas, mas em primeiro lugar pessoas humanas, que necessitavam de ser
tratados como tais. O trabalho – mesmo o trabalho missionário – não é o
absoluto. Jesus reconhece a necessidade dum equilíbrio entre todos os aspectos
da vivência humana.
Aqui há uma lição para muitos
cristãos engajados hoje – embora devamos nos dedicar ao máximo pelo apostolado,
não devemos descuidar das nossas vidas particulares, da nossa saúde, do cultivo
de valores espirituais, da saúde e do relacionamento afetivo com os outros.
Caso contrário, estaremos
esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários do sagrado, que não
mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai, mas que por dentro seremos ocos.
A missão de Jesus deve ser
continuada nos discípulos. A primeira impressão que se tem é a de que se findou
a missão. Faz-se necessário, agora, descansar. Porém, diante de um povo
necessitado e marginalizado pelas autoridades, que estão mais interessadas e
preocupadas com suas leis injustas e ineficazes, com seus rituais sem vida, do
que com a miséria deste povo. Jesus utiliza justamente esta necessidade do povo
como critério de julgamento para o que "pode" ou "não pode"
ser feito. Jesus assume a tarefa de acolhê-los e alimentá-los.
Frente à situação latente de um
deserto em que não se pode viver ou estar só, por estar repleto das
necessidades do povo, Jesus muda de atitude: tem compaixão. Aproxima-se e sente
com este povo sua miséria e desejo. Compreende e rechaça a lógica que o explora
e sacrifica, fazendo abrir os olhos para uma nova possibilidade: a partilha que
advém da nova organização social (Mc 6,35-44).
Fazendo isso Jesus, se mostra
como pastor para um povo sem líder e sem rumo. Esta perspectiva tem valor
fundamental para Marcos: o pastor é aquele que defende a vida de suas ovelhas,
está com elas e as dá identidade própria. Frente a um povo sofrido, oprimido e
marginalizado por falsas lideranças, Jesus se mostra como o verdadeiro líder:
aquele que tem por projeto a igualdade. Como Deus é o bom pastor de Israel,
Jesus é o Deus que caminha conosco.
Nota-se, ainda, que Marcos diz
que Jesus ensina (v. 34), porém não nos relata tais ensinamentos. Isto parece
indicar que descobriremos os ensinamentos de Jesus ao olharmos para sua
prática: ensinou a partilhar o pão, para que todos sejam saciados e possa
sobrar.... A lógica atual do mercado prega o comprar, guardar para saciar. A
lógica cristã do Reino deve basear-se justamente no contrário: doar para
sobrar.
O banquete da vida é aprendido
no encontro com o mais necessitado, tirando-o desta situação rumo à
fraternidade. Não mais exclusão, injustiça ou marginalização, mas a justiça de
Deus: a cada um conforme a sua necessidade.
Quem come o banquete com Jesus
jamais vai querer sentar-se à mesa com Herodes... Em qual mesa estamos?
Reflexão
Apostólica:
Os discípulos de Jesus voltaram
da missão para a qual haviam sido enviados e reuniram-se com Ele para contar
tudo que lhes havia acontecido. Com certeza deviam estar cansados, pois Jesus
convidou-os a descansar com Ele em um lugar deserto. No entanto, a multidão
sedenta os seguia em busca de ajuda.
Jesus teve compaixão deles pois
eram como “ovelhas sem pastor e começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.”
Apesar de todo cansaço e da hora avançada Jesus motivava os Seus discípulos a
perceberem a necessidade daquele povo que buscava cura, libertação e paz
Hoje também, a multidão precisa
de ajuda e, mesmo sem saber, ela busca alguma coisa que possa preencher o vazio
do seu coração. Somos chamados a enxergar as necessidades dessa multidão e para
isso, Jesus também nos forma.
Assim como fez com os Seus
discípulos Ele também nos atrai a um lugar deserto a fim de nos preparar para
que sejamos pastores (as) das pessoas desanimadas e sem esperança que estão ao
nosso redor.
Com Jesus nós encontramos
refrigério para a nossa alma e aprendemos muitas coisas que nos são úteis,
tanto para a nossa felicidade pessoal como também, comunitária e familiar. Ele
nos ensina a arte de viver melhor em qualquer circunstância enfrentando todas
as dificuldades.
Desse modo nós poderemos ajudar
aquelas pessoas que ainda não O conhecem e não têm ainda intimidade para
ficarem a sós com Ele. Os melhores ensinamentos da nossa vida nós os recebemos
quando passamos por experiências de dor e de sofrimento, com Jesus!
Ser pastor é saber dar
testemunho de fé, de confiança no plano de Deus e, assim, ser luz para o irmão
que também passa por necessidade. Jesus também, hoje, nos leva a descansar,
refrigera as nossas dores e nos consola para que também, possamos ser pastores
que aliviam e que amparam as ovelhas transviadas.
Você se sente pastor (a) de
alguém ou espera que alguém venha pastoreá-lo (a)? Você tem testemunhado
as suas experiências de dor para ajudar a alguém? Jesus já o (a) levou
para o deserto? O que você tem aprendido com Jesus?
Todos os momentos são bons para
evangelizar, Jesus não os desperdiça e inclusive muda o programado para ensinar,
tudo porque se deixa interpelar pela condição das pessoas e por saber o motivo
pelo qual veio. Serve-nos como modelo. O pastoreio era para o povo de Israel um
tema muito importante. Desde Abraão até o rei Davi, muitos dos grandes
personagens tinham sido pastores.
E a imagem do bom pastor estava introduzida na mentalidade do povo. O próprio
Deus era considerado o "pastor de Israel". Pelo descuido de muitos
sacerdotes do templo, de falsos profetas e de mestres que só exploravam o povo
e viviam às custas dos pobres, Deus promete enviar um pastor, como Davi, que
apascentará o povo segundo o coração de Deus.
Esse é Jesus! Como bom pastor, é toda ternura para com seus cordeiros e suas
ovelhas (não tem tempo nem para comer ou descansar), e vai até o extremo quando
se trata de defender o rebanho, pelo qual entrega sua vida. Ser como Jesus, ter
seu perfil e atitudes fez muitas pessoas serem generosas e valentes a ponto de
se lançaram ao mundo para trabalhar pelos que estavam sozinhos, tristes e
abandonados, imitando Jesus e os apóstolos, não tendo tempo sequer para comer
ou descansar. Somos assim?
Como vimos, o texto ressalta a
compaixão de Jesus para com o povo com uma característica específica: era um
povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de
então, que nem tinha tempo para comer. E quando ele se retirava, o povo ia
atrás dele. O que atraía tanta gente?
Com certeza não foi em primeiro
lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de
demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de Deus. Jesus não teve
“pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente,
sofria junto, e tinha uma empatia com os sofredores, que se transformava numa
solidariedade afetiva e efetiva.
Este traço da personalidade de
Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que não sejam
burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes as
nossas igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com
a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão de
Jesus!
A frieza humana freqüentemente
marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui
que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz o texto de hoje nos
desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão
diante das multidões que hoje como nunca estão como ovelhas sem pastor.
Propósito:
Pai, dá-me as
disposições necessárias para eu realizar bem a missão recebida de Jesus,
tendo-o sempre como modelo.
Dia
08
Às
vezes, os seres humanos correm tanto e ficam tão absortos em seus problemas que
não enxergam o próximo.
Não
é preciso muito esforço para oferecer um sorriso ou uma palavra amiga aos
demais.
É
impossível calcular quanta alegria essa atitude pode trazer ao dia de uma
pessoa.
Esforce-se
para que seu sorriso envolva os que o rodeiam.
Um
sorriso franco e sincero tem o poder de animar os semelhantes.
“O
insensato, quando ri, levanta a voz; o sábio apenas sorri calmamente.”
(Eclo
21,23).
Santa Josefina Bakhita
Bakhita nasceu no Sudão, África, em
1869. Este nome, que significa “afortunada”, não recebeu de seus pais ao
nascer, lhe foi imposto por seus raptores. Esta flor africana conheceu as
humilhações, os sofrimentos físicos e morais da escravidão, sendo vendida e
comprada várias vezes. A terrível experiência e o susto, provado naquele dia,
causaram profundos danos em sua memória, inclusive o esquecimento do próprio
nome.
Na capital do Sudão, Bakhita foi
finalmente comprada por um cônsul italiano, que depois a levou consigo para a
Itália. Durante a viagem, ele a entregou para viver com a família de um amigo,
que residia em Veneza, e cuja esposa, havia se afeiçoado à ela. Depois, com o
nascimento da filha do casal, Bakhita se tornou sua babá e amiga.
Os negócios desta família, na África,
exigiam que retornassem. Mas, aconselhado pelo administrador, o casal confiou
as duas, às irmãs da congregação de Santa Madalena de Canossa, em Schio, também
em Veneza. Alí, Bakhita, conheceu o Evangelho. Era 1890 e ela tinha vinte e um
anos quando foi batizada recebendo o nome de Josefina.
Após algum tempo, quando vieram
buscá-las, Bakhita ficou. Queria se tornar uma irmã canossiana, para servir a
Deus que lhe havia dado tantas provas do seu amor. Depois de sentir muita
clareza do chamado para a vida religiosa, em 1896, Josefina Bakhita se consagrou
para sempre a Deus, que ela chamava com carinho “o meu Patrão!”.
Por mais de cinquenta anos, esta
humilde Filha da Caridade, se dedicou às diversas ocupações na congregação,
sendo chamada por todos de “Irmã Morena”. Ela foi cozinheira, responsável do
guarda-roupa, bordadeira, sacristã e porteira. As irmãs a estimavam pela
generosidade, bondade e pelo seu profundo desejo de tornar Jesus conhecido.
“Sejam boas, amem a Deus, rezem por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis
que grande graça é conhecer a Deus!”.
A sua humildade, a sua simplicidade e
o seu constante sorriso, conquistaram o coração de toda população. Com a idade,
chegou a doença longa e dolorosa. Ela continuou a oferecer o seu testemunho de
fé, expressando com estas simples palavras, escondidas detrás de um sorriso, a odisseia
da sua vida: “Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa
vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de
Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai eterno, agora
podes julgar. E a São Pedro: fecha a porta, porque fico”.
Na agonia reviveu os terríveis anos
de escravidão e foi a Santa Virgem que a libertou dos sofrimentos. As suas
últimas palavras foram: “Nossa Senhora!”. Irmã Josefina Bakhita faleceu no dia
8 de fevereiro de 1947, na congregação em Schio, Itália. Muitos foram os
milagres alcançados por sua intercessão. Em 1992, foi beatificada pelo Papa
João Paulo II e elevada à honra dos altares em 2000, pelo mesmo Sumo Pontífice.
O dia para o culto de “Santa Irmã Morena” foi determinado o mesmo de sua morte.
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