03 fevereiro – Armemo-nos e armemo-nos logo! A oração, o desapego das coisas
passageiras, o zelo pela glória do Senhor, a fome e a sede de justiça, o ardor
em socorrer os necessitados, o espírito de sacrifício, de mortificação e de
penitência. Estas são as armas que devemos afiar, abraçando todos a mesma
bandeira, prontos para a mesma convocação. Este é o exército permanente da
Igreja, que nos chamou a defendê-la contra os poderosos e numerosos inimigos.
(L 26). SÃO JOSE MARELLO
Marcos 5,1-20
Naquele tempo, 1Jesus
e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo
que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um
cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos
túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas
vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as
correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia
e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos
diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho
do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!” 8Com
efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!” 9Então
Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’,
porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o
expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos,
pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então:
“Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus
permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a
manada — mais ou menos uns dois mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro
do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram
correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver
o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o
endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes
estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham
presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e
com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da
região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que
tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus,
porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para casa, para junto dos teus
e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20E
o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito
por ele. E todos ficavam admirados.
Meditação:
No Evangelho de hoje, vemos um claro
contraste entre a obra do demônio e a de Deus. O que nos faz lembrar das
palavras de Jesus registradas em João 10,10 "o ladrão não vem senão para
matar, roubar e destruir; mas eu vim para que vocês tenham vida e a tenham com
abundância".
O Diabo é esperto para cativar e ludibriar
as pessoas, apresentando uma série de atrativos que têm, por objetivo último, o
de matar, roubar e destruir. Tudo o que ele oferece termina
A Bíblia adverte: "Não deis lugar
ao Diabo" (Ef 4,27). As pessoas podem se afundar no pecado até ao ponto de
se verem totalmente dominadas pelo mal. Eis aí o retrato mais grotesco do que
os demônios pretendem fazer com os seres humanos. Dominado e derrotado pelo
mal, aquele gadareno não habitava mais em casa, mas em um cemitério (v. 3), e
era impelido pelos demônios para a solidão do deserto (Lc 8,29).
Tornou-se um ser anti-social e violento (v.
4), vivendo inquieto e ansioso, andando de um lado para o outro numa angústia
sem tréguas (v. 5). Ele passou a não apreciar e nem a valorizar mais a própria
vida. Perdeu o pudor e, sem nenhum respeito próprio, andava sem roupas (Lc
8,27). Com um espírito autodestrutivo, feria-se a com pedras (v. 5).
Este é um quadro chocante, mas devemos saber que o adversário tem estratégias
diferentes para atingir pessoas diferentes. Geralmente ele é mais sutil.
Quantos não ficam surpresos consigo mesmos
ao serem tomados pelo ódio, rancor, chegando mesmo a agirem com assustadora
violência? Quantos não estão também estressados e angustiados sem conseguir
descansar direito? Quantos não estão perdendo o pudor. Por exemplo, o que
acontece em certos bailes funk.
Onde foi parar a dignidade humana? E
quantos não estão também experimentando uma grande solidão? Mesmo em meio a
multidão, sentem-se como um Robson Crusoé. Não tem amigos em quem possam
confiar. Feridos e traumatizados, desenvolveram verdadeiras couraças que servem
de barreiras para o desenvolvimento de saudáveis relacionamentos interpessoais.
Estão, de fato, sem perceber, sendo impelidos para o deserto.
Mas a boa notícia é de que há esperança, mesmo para alguém tão arruinado como
era o caso do endemoniado gadareno. Jesus o libertou! De modo que, agora, ele
podia ser visto assentado tranquilamente na comunhão de Jesus e de seus
discípulos (v. 15). Sinal de que estava apto a voltar ao convívio social. E não
se encontrava mais nu, pois estava agora vestido (v. 15)!
Recobrou sua honra e dignidade! E já não
mais gritava e agia como um louco, pois havia recuperado o bom senso (v. 15).
Além destas três coisas maravilhosas, outra é que ele agora encontrou razão e motivação
para viver (Mc 5,18).
Queria seguir o Mestre! Desejava tornar-se
um missionário! Pretendia ir para terras distantes, mas Jesus orienta-o a
primeiramente retornar para sua família. Pois missões começa em casa (v. 19 e
At 1,8)!
Jesus promove a restauração do lar!
Ao mesmo tempo, Jesus está deixando um missionário em Decápolis (v.20)! Uma
testemunha do seu poder libertador! Sinal de sua compaixão até mesmo por
aqueles que se mostram hostis a ele.
Como o processo de libertação daquele homem implicou no sacrifício de dois mil
porcos (v.13), o povo dali acabou expulsando a Jesus da região (v. 17), pois
possuíam um sistema de valores onde porcos valem mais que os humanos. Jesus
representava uma ameaça aos porcos daquele povo.
Vemos aí que não só aquele individuo, mas
também o próprio povo também estava dominado por distintas legiões, como a
daqueles porcos que representam seu egoísmo materialista, e eram também
dominados literalmente por uma legião do Exército Romano que ocupava a cidade.
Aquele povo há séculos vinha sendo dominado e oprimido por uma sucessão de
nações estrangeiras.
Por fim, entendemos que aquele povo
também era dominado por demônios de toda espécie que buscavam afastar as
pessoas da vida abundante e impedir o seu progresso em direção a Deus.
E quanto a nós? Existe algo que impede nossa caminhada cristã, que atrapalha
nossos relacionamentos, que nos perturba e oprime ou que nos domina e
escraviza? Existe algo que amamos mais do que a Deus? Onde está o nosso
tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso
coração” (Mt 6,19-21). “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). É tão
triste constatar que “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas”
(Jo 3,20). Mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo (1Jo 3,8) e quer
conceder a você uma vida abundante e significativa (Jo 10,10). Entregue-se sem
reservas ao Senhor da Vida!
Reflexão
Apostólica:
Com a leitura de hoje ocorre algo
particular. Uma ação que para muitos é negativa e vai contra os interesses e a
dignidade do Rei Davi é a maldição que um homem lança contra ele, porém ele
mesmo a interpreta como a vontade de Deus e deixa o homem passar; enquanto que
no evangelho, a ação de Jesus a favor do endemoniado, libertando-o e enviando
os demônios à manada de porcos, é interpretada como um mal pelos gerasenos e
pedem a Jesus que se retire de seu território.
O fundo das duas situações há como que um
elemento comum: a dignidade das pessoas. No caso do Antigo Testamento, a
situação não se resolve, mas no caso do Novo Testamento a dignidade é
restituída.
A ação de Jesus se mostra incômoda, pois causou o bem para alguém, mas
prejudica os interesses de outros. Ocorre-nos que devemos fechar as portas à
salvação que se dá ao outro. Preferimos ficar como estamos, afastando-nos do
que nos incomoda, que nos faz mudar, que nos propõe salvar. Será que temos medo
da luz e da liberdade? É tão alto o preço que pagamos pela salvação a ponto de
preferirmos ficar como estamos?
Jesus veio ao mundo para salvar o homem do
pecado e da morte eterna. No entanto, o homem muitas vezes continua refém e
escravo das artimanhas do espírito do mal.
Assim como aquele endemoninhado que vivia
no “meio dos túmulos” muitos de nós ainda nos deixamos escravizar e insistimos
em viver a cultura da morte. Não reconhecemos a Deus como nosso Pai e provedor
persistimos em lutar com armas que, ao invés de nos libertar são como algemas e
correntes que nos prendem à mesma situação durante muito tempo da nossa vida.
Porém, o Pai não quer que se perca
nenhum filho Seu, por isso, ainda hoje Jesus Cristo vem a nós a fim de nos
libertar dos “espíritos maus” que nos perseguem. Jesus expulsou para longe os
carcereiros que atormentavam aquele homem da região dos gerasenos e
recomendou-lhe que fosse para casa, para junto dos seus.
Assim também Ele quer fazer conosco.
Somos curados e libertados para amar e cultivar relacionamentos saudáveis a partir
da nossa casa, na nossa família. Ele nos tira do meio dos sepulcros e nos
conduz a uma vida de paz e harmonia conosco e com o próximo, bastando para isso
que nos rendamos ao Seu poder amoroso.
O evangelho nos oferece uma faceta
interessante: quem foi tocado pela liberdade que Jesus oferece está disposto a
assumir seu estilo de vida, o "endemoniado curado" queria ir com
Jesus. No entanto, é aconselhado a ficar com os seus e aí proclame a Boa Nova
do Reino, as maravilhas realizadas pela misericórdia de Deus.
Você ainda continua lutando com as
armas que o mundo lhe impõe ou já se rendeu ao poder do Deus que liberta o
homem do pecado? Quais são os “espíritos maus” que insistem em prender
você no meio dos sepulcros? Você já voltou para casa ou continua habitando
no cemitério?
Propósito:
Pai, faze-me
anunciador da compaixão que tens por mim, a qual se manifesta na libertação de
meu egoísmo e na abertura do meu coração para o serviço ao meu semelhante.
São Brás
Dia 03
Cada
instante vivido no calendário da vida são fragmentos da eternidade, nos quais o
Senhor completa, observa e se inclina para os seres humanos com infinito
amor...
Enquanto
você estiver neste mundo, ele vai acompanhá-lo com infinita paciência, porque o
ama de modo eterno e gratuito.
Amando,
mas nem sempre sendo amado; vendo-o cair e levantando-o.
Ele está
sempre presente nas horas difíceis.
Deus
espera por você com paciência infinita.
Essa é a
espera do amor!
Se
caminhar na presença de Deus, você nada tem a temer.
“Disse,
pois, no meu coração: `Tanto ao justo como ao ímpio Deus julgará, porque há um
tempo para cada coisa, e uma oportunidade para todos`”
(Ecl
3,17).
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