06 fevereiro - Os cavaleiros da Idade Média estavam sempre
alerta para que a covardia de um instante não os fizesse perder a glória
conquistada durante longos anos de luta. Nós também nos devemos vigiar
constantemente, de armas em punho e com os olhos fitos em Cristo. (L 11). São Jose Marello
Naquele tempo, Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a
dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não
levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem
dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas
túnicas. E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa
partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando
sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” Então os doze
partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e
curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.
Meditação:
No Evangelho de hoje, temos um claro chamado de Jesus
às Missões: Ele chamou os doze discípulos e os enviou dois a dois. Enviou para
quê? Para curar, para anunciar a boa nova, para que se arrependessem de seus
pecados.
É esta a Missão de todo Cristão, espalhar ao mundo
o Amor de Cristo por nós, é dizer a todos que seus pecados têm perdão, bastam
se arrepender. Jesus deu AUTORIDADE para que eles saíssem e "expulsassem
os espíritos maus" e Ele nos dá autoridade para expulsá-los também, e
entendamos como maus espíritos todos os sentimentos de tristeza, ódio, mágoa,
pecado, ou seja, tudo aquilo que nos leva a morte espiritual.
Para tanto, faz-se necessário que sejamos
despojados, que não tenhamos apego à matéria, status, conforto, ao contrário,
sejamos livres no Amor, para que a mensagem seja passada inteiramente. A missão
não nos leva ao desapego, mas antes exige isto de nós, pois se não for desta
forma não vamos conseguir levar a Cristo verdadeiramente.
Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança
radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos
demônios), restaurar a vida humana(curas). Os discípulos devem estar livres,
ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os
que não querem transformações.
O chamado e conseqüentemente o envio é uma tarefa
que não se pode realizar no individualismo. O chamado é pessoal, a resposta
também, mas o ministério, o serviço deve ser entendido numa dimensão
comunitária. Pois a igreja é mistério de comunhão. E para que os apóstolos
entendessem isso, Ele os envia em missão, dois a dois, colocando como centro
vida em comunidade na ação missionária. Este foi o espírito do Concílio
Vaticano II: A missão na Igreja-comunhão.
A comunhão entre os fiéis em seus vários estados e
estilos de vida faz com que a Igreja se sinta por dentro da missão de Jesus.
Para Marcos no Evangelho de hoje a missão dos Doze,
portanto da Igreja hoje, é a mesma missão de Jesus. Cristo nos envia a pregar o
Evangelho, a penitência, expulsar os demônios e a curar todas as enfermidades.
Em São Tiago, em lugar dos Doze estão os presbíteros
que são os cooperadores na missão dos Doze e em lugar do envio direto de Jesus
temos a unção em nome do Senhor, isto é, de Cristo glorioso no Céu. Em nossos
dias os cooperadores, os enviados em missão somos todos nós. Leigos ou
clérigos. Cristo nos unge e envia em missão para que todos os homens conheçam a
verdade e se salvem.
Ele nos pede ao nos enviar, a comunhão, simbolizada
pelo envio de dois
Ele ainda nos adverte: Assim como as palavras de
Jesus não foram bem acolhidas até pelos próprios parentes, assim também os Doze
na missão encontrarão dificuldades. Como não acolheram nem escutaram a Jesus,
assim algumas vezes também não escutarão aos Doze. Os doze somos nós. Mas é
preciso não perder o fôlego. É preciso que tenhamos bem presente que com Cristo
e em Cristo nós somos mais do que vencedores.
Segundo João Paulo II na Exortação Apostólica
Redemptoris Missio, a missão confiada à Igreja está muito longe de ser
atingida. Estas palavras podem ser pronunciadas em cada geração e em cada época
histórica, porque é necessário estar sempre começando.
A única coisa que nesta hora de Deus não podemos
fazer é cruzarmos os braços, estar sem fazer nada. Seria uma postura
irresponsável e indigna de um bom cristão!
Livres para a missão. Para sermos “missionários”
precisamos ser livres. Livres para aceitar esta dimensão própria da vocação
cristã. Livres para responder a Deus com generosidade, sem laços de instintos e
paixões egoístas; livres para seguir docilmente as luzes e os movimentos do
Espírito Santo dentro de nós mesmos.
Precisamos ser livres de todo apego aos bens e
meios materiais, para nos apresentarmos com o evangelho puro, sem alterações,
livres de todo orgulho e ânsia de poder, com a consciência clara de que somos
servidores do homem.
Precisamos estar equipados somente com um grande
amor a Jesus Cristo, nosso modelo; equipados com o Evangelho feito vida;
equipados com a confiança em Deus e com a esperança na ação do Espírito Santo
no coração dos homens.
Como cristãos somos chamados a abrir caminhos que
para, pelo e por amor rompam as cercas levantadas pelo sistema do poder, que
gera ódio, vingança, injustiças, fome e morte de todos os homens e mulheres. E
nesta luta não temos dia nem horas.
O nosso Guia nos disse: Meu Pai trabalha todos os
dias e eu também trabalho. Assim, sendo, não temos que procurar descanso, a não
saber que fazemos a santa vontade de Deus.
Reflexão Apostólica:
Para o evangelista Marcos,
Jesus tem perfeita consciência de sua missão, mas, ao contrário dos mestres de
seu tempo, que se cercavam de alguns discípulos no seio de uma escola ou às
portas de uma cidade, ele quis ser itinerante (v.6), com a finalidade de chegar
à maior quantidade de pessoas em seu próprio ambiente de vida.
Se admite discípulos não o faz
para estar com eles à maneira dos rabinos judeus de seu tempo, mas para
associá-los a seus trajetos missionários e assim multiplicar sua missão.
O conteúdo da pregação dos
discípulos é ainda, por uma parte, o que Jesus recebeu de João Batista: a
conversão e o arrependimento (v. 12, específico de Marcos).
Mas João Batista se limita a
predizer a proximidade do reino; os discípulos de Jesus são enviados para
torná-lo visível e atual: expulsam os demônios e curam as enfermidades,
convencem as pessoas de sua libertação das forças do mal e de sua incorporação
a uma nova soberania.
Esta atenção para com os
pobres e doentes diferencia igualmente Jesus e seus discípulos dos fariseus e
dos demais mestres da sabedoria, pouco atentos às classes indigentes.
Diferencia igualmente nossa forma de evangelização?
Jesus chamou os Seus doze
apóstolos e enviou-os dois a dois para levar ao mundo a sua paz. Antes que
fossem, porém, Ele lhes deu instruções valiosas que para nós, cristãos, são
importantes observar. Jesus veio instaurar no mundo uma nova maneira de ser e
de viver, no amor e na fraternidade sem dependência das coisas materiais que
nos escravizam.
Por isto, Ele nos ensina a
caminhar em unidade com os irmãos, nunca seguindo sozinhos (as) e a nos
desapossar de coisas que não são as essenciais para a nossa trajetória.
Quando nos despojamos da nossa
humanidade, dos nossos interesses e das nossas motivações e levamos ao mundo a boa
notícia da salvação de Jesus, nós estamos também renunciando à segurança da
nossa capacidade intelectual, financeira, material para dar verdadeiro
testemunho dos bens espirituais que Jesus nos manda espalhar.
Para pregar o reino de Deus o
Senhor nos manda levar somente o Cajado que é a Sua Palavra que nos guia, nos
orienta e ilumina os nossos passos e sandálias aos pés, isto é, a oração e a
vivência dos sacramentos que nos dão respaldo e firmeza para caminhar sem
machucar os pés.
Para levar a paz nós não
precisamos de pão, de sacola, de dinheiro, mas sim de confiança na providência
e na misericórdia do Senhor e no poder do Seu Espírito. Não precisamos também
ficar mudando de lugar a todo instante.
Jesus nos recomenda para que
tenhamos perseverança. Ele não nos envia para longe, Ele quer nos ensinar essa
nova mentalidade a partir dos nossos relacionamentos familiares.
Você acha que precisa de
muitas coisas para dar testemunho de Jesus? Quais as armas que você está usando
para conquistar a sua família? Qual a impressão que você está deixando dentro
da sua casa em relação à influência do Evangelho na sua vida? Você está sendo
coerente com o ser um (a) evangelizador (a)?
Precisamos ter consciência que
esta vida que temos nada mais é que uma passagem para a vida eterna, e depois
que morremos nada levamos a não ser nossas ações, sejam elas de amor ou não.
Isso não significa que não
devemos ter nada, nenhum sucesso, de forma alguma, mas quer dizer que essas
coisas não podem ser maiores que a própria Missão ou Vocação, não podem pesar
mais que a minha obrigação, enquanto Cristão, de anunciar ao Reino dos Céus.
Quando Jesus diz que não levem
comida, ou dinheiro, Ele mostra claramente que acredita na providência de Deus
e que sabe que existem pessoas que vão acolher aqueles missionários.
É preciso confiança para
acreditar que Deus recompensará nosso Serviço e que precisamos, sim, ir além,
sair e evangelizar na Igreja, em casa, mas principalmente pelo mundo para abrir
o coração dos que ainda não conhecem a Jesus.
Peçamos essa graça de sermos missionários, desapegados, humildes e
confiantes na Providência Divina.
Dia
06
Ao
dar-nos a vida, Deus concedeu aos seres humanos a própria vida.
No
batismo, foi feita nossa consagração; com isso, todos se tornaram templos vivos
da Santíssima Trindade, feitos à imagem e semelhança de Deus.
Quem
tem o Filho de Deus possui a vida.
No
entanto, aquele que não tem o Filho de Deus não possui a vida.
Lembre-se
de que, para ter a verdadeira vida, é preciso crer no nome de Jesus Cristo, o
Filho de Deus.
Ter
fé significa possuir esperança na vida eterna.
“Em
verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna.”
(Jô
6,47).
Santo Paulo Miki e companheiros
Foi através do trabalho evangelizador
de São Francisco Xavier, que o Japão tomou conhecimento do cristianismo, entre
1549 e 1551. A semente frutificou e, apenas algumas décadas depois, já havia
pelo menos trezentos mil cristãos no Império do sol nascente. Mas se a
catequese obteve êxito não foi somente pelo árduo, sério e respeitoso trabalho
dos jesuítas em solo japonês. Foi também graças à coragem dos catequistas
locais, como Paulo Miki e seus jovens companheiros.
Miki nasceu em 1564, era filho de
pais ricos e foi educado no colégio jesuíta em Anziquiama, no Japão. A
convivência do colégio logo despertou em Paulo o desejo de se juntar à
Companhia de Jesus e assim o fez, tornando-se um eloqüente pregador. Ele porém,
não pôde ser ordenado sacerdote no tempo correto porque não havia um bispo na
região de Fusai. Mas isso não impediu que Paulo Miki continuasse sua pregação.
Posteriormente tornou-se o primeiro sacerdote jesuíta em sua pátria,
conquistando inúmeras conversões com humildade e paciência.
Paciência, essa que não era virtude
do imperador Toyotomi Hideyoshi. Ele era simpatizante do catolicismo mas, de
uma hora para outra, se tornou seu feroz opositor. Por causa da conquista da
Coréia, o Japão rompeu com a Espanha em particular e com o Ocidente em geral,
motivando uma perseguição contra todos os cristãos. Inclusive alguns
missionários franciscanos espanhóis que tinham chegado ao Japão através das
Filipinas e sido bem recebidos pelo Imperador.
Os católicos foram expulsos do país,
mas muitos resistiram e ficaram. Só que a repressão não demorou. Primeiro foram
presos seis franciscanos, logo depois Paulo Miki com outros dois jesuítas e
dezessete leigos terciários.
Os vinte e seis cristãos sofreram
terríveis humilhações e torturas públicas. Levados em cortejo de Meaco a
Nagasaki foram alvo de violência e zombaria pelas ruas e estradas, enquanto
seguiam para o local onde seria executada a pena de morte por crucificação.
Alguns dos companheiros de Paulo Miki eram muito jovens, adolescentes ainda,
mas enfrentaram a pena de morte com a mesma coragem do líder. Tomás Cozaki
tinha, por exemplo, catorze anos; Antônio, treze anos e Luis Ibaraki tinha só
onze anos de idade.
A elevação sobre a qual os vinte e
seis heróis de Jesus Cristo receberam o martírio pela crucificação em fevereiro
de 1597 ficou conhecida como Monte dos Mártires. Paulo Miki e seus companheiros
foram canonizados pelo Papa Pio IX, em 1862.
Os crentes se dispersaram para
escapar dos massacres e um bom número deles se estabeleceu ao longo do rio
Urakami, nas proximidades de Nagasaki. Lá eles continuaram a viver sua fé,
apesar da ausência de padres. A partir do momento em que o Japão se abriu
novamente aos europeus, os missionários voltaram e as igrejas voltaram a ser
construídas, inclusive em Nagasaki, a poucos quilômetros da comunidade cristã
clandestina. Ela havia perdido todo contato com a Igreja Católica, mas guardava
preciosamente três critérios de reconhecimento recebidos dos ancestrais:
“Quando a Igreja voltar ao Japão, vocês a reconhecerão por três sinais: os
padres não são casados, haverá uma imagem de Maria e esta Igreja obedecerá ao
papa-sama, isto é, ao Bispo de Roma”. E foi assim que aconteceu dois séculos e
meio depois, quando os cristãos do Império do sol nascente puderam se reencontrar
com sua Santa Mãe, a Igreja.
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