31 julho - Recomendo-vos a obediência! Tende grande estima por essa
virtude: ela vos fará ricos em méritos para o Céu. (S 354). (L 9). São Jose
Marello
Mateus 13,44-46
""O
Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o
lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra
aquele campo. O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas
preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e
compra aquela pérola.""
Meditação:
As
parábolas ensinadas por Jesus, em especial as de Mateus 13, expressam verdades
acerca do reino dos céus. O Senhor introduziu suas parábolas com a seguinte
expressão: “O reino dos céus é semelhante a…”.
Na pessoa e obra de Jesus o reino dos céus se manifestou entre os homens. Muito
do seu tempo foi gasto na pregação do evangelho do reino, na qual estavam
incluídas as parábolas do reino.
Cada parábola apresenta um aspecto desse reino. Por exemplo, algumas vezes
Jesus fala do reino como uma realidade presente (ex: parábola do grão de
mostarda – crescimento do reino na terra, 31,32) e outras como uma realidade
futura (a parábola da rede – juízo final, 47-50).
Algumas parábolas apontam para a pessoa e a obra do rei Jesus (parábola dos
lavradores maus – oposição a Jesus e sua morte); outras expressam a atitude
cristã dos súditos do seu reino (bom samaritano - ser misericordioso, (Lc
10,30-37).
O evangelho de hoje nos traz duas breves parábolas do Discurso das Parábolas.
As duas são semelhantes entre si, mas com diferenças significativas para
esclarecer melhor determinados aspectos do Mistério do Reino que as parábolas
estão revelando.
Na
parábola do tesouro escondido Jesus conta a história de certo homem que
encontrou um tesouro escondido num campo.
O Senhor não diz quem foi o homem (empregado, arrendatário) que encontrou o
tesouro nem tampouco como ele o encontrou, se arando, cavando ou plantando no
campo, não sabemos.
Também não sabemos qual foi o tesouro encontrado. O que sabemos apenas é que
certo homem encontrou um tesouro que estava escondido num campo. Tal fato não
era algo anormal e fora da realidade.
Era uma coisa comum tanto na época do AT (Pv. 2.4; Jr.41.8) quanto do NT
esconder tesouros debaixo da terra por causa das guerras e revoluções tão freqüentes
na época. Era mais seguro guardar um tesouro escondido no campo do que deixá-lo
em casa, pois este, estando em casa, poderia ser roubado por ladrões ou levado
pelos invasores como despojo.
Na leitura dos evangelhos dois tipos de narrativas chamam a atenção: as
parábolas e os milagres. As parábolas são associadas ao ensinamento de Jesus e
os milagres são a expressão do poder de Deus nele presente.
Os discípulos de Jesus e suas comunidades ao reterem as memórias de Jesus o
fizeram conforme sua sensibilidade e seu imaginário. Os enigmas das parábolas e
o espantoso dos milagres são atraentes para a uma piedade mais superficial.
Porém Jesus vai conduzindo seus discípulos a um aprofundamento da fé.
Os três versículos de hoje encerram duas pequenas parábolas: a do tesouro
escondido (v. 44) e a da pérola de grande valor (vv. 45-46).
Ambas
focalizam o tema da opção radical pelo reino da justiça, diante do qual vale a
pena arriscar tudo, alegremente (veja 6,33).
Ambas
mostram a atitude de alguém que vende tudo o que possui para conquistar o novo,
algo de valor incalculável, o único valor absoluto. Podemos imaginar os efeitos
que essas parábolas tiveram sobre as comunidades siro-palestinenses,
desiludidas e ameaçadas de afrouxamento.
A
primeira parábola é a do tesouro escondido no campo (v. 44). A parábola não
compara o Reino com o tesouro, mas quer mostrar o estado de ânimo de quem
encontra esse tesouro, comparando esse estado de ânimo com o que deveria animar
os que descobrem o reino da justiça como valor absoluto de suas vidas. Como
reage quem encontra um tesouro? Como reage quem descobriu que a justiça é o
único caminho para conseguirmos sociedade e história novas?
O
texto não afirma que o descobridor estivesse à caça de tesouros escondidos.
Simplesmente topa com ele, sem esforço.
O
reino da justiça também não é objeto de buscas intermináveis; está debaixo de
nossos pés, a nosso alcance, em nosso chão.
A
reação de quem encontrou o tesouro é de alegria e desembaraçamento de tudo para
a obtenção desse tesouro. Aí está, diz Mateus, o estado de ânimo de quem
descobriu, na prática da justiça do Reino, o filão escondido do mundo novo.
O
Reino é dom gratuito, manifestado na prática de Jesus. A esse achado inesperado
correspondem alegria e desprendimento total. Não se trata de renunciar para
obter o Reino. É sua descoberta que possibilita desembaraçar-se alegremente de
tudo.
A
segunda parábola é a da pérola de grande valor (vv. 45-46). Há algumas
diferenças em relação à anterior: o fato de o comprador estar buscando pérolas
e a falta de menção da alegria com que vende todos os seus bens.
O
significado é o mesmo da parábola anterior: pelo fato de encontrar um valor
maior, desfaz-se de tudo para possuí-lo, porque vale a pena.
O Reino
não é troca de mercadorias. Não pode ser comprado como o campo que esconde o
tesouro ou como a pérola. As parábolas querem salientar que nada faz falta a
quem descobriu o sentido e o valor da luta pela justiça.
Resumindo
o ensino das duas parábolas. As duas tem o mesmo objetivo: revelar a presença
do Reino, mas cada uma o revela de seu jeito: através da descoberta da
gratuidade da ação de Deus em nós, e através do esforço e a busca que todo ser
humano faz para descobrir sempre e cada vez melhor o sentido de sua vida.
Reflexão Apostólica:
Hoje
em dia quando se fala em tesouro a gente não faz muita ideia, mas se falar de
fortuna, riqueza, valor patrimonial e monetário é linguagem que todo mundo
entende.
Quem
é que já não fez a sua “Fezinha” em uma Casa Lotérica pensando em ganhar uma
fortuna, como uma Mega Sena acumulada em algumas rodadas? Quem é que já não
vislumbrou essa possibilidade e “carregou” um pouco mais em sua aposta, fazendo
talvez um bolão com os amigos?
A ideia
de sair de um salário irrisório para administrar uma bela fortuna, morando em
uma mansão, com mais de três carrões do ano na garagem, viajar de jatinho para
qualquer parte do mundo, enfim, nunca mais passar “aperto” com pagamento de
contas, é uma ideia muito tentadora e eu não vejo maldade nisso, o problema é: até
que ponto acreditamos que vamos ser os vencedores….
Então
a gente aposta sim, mas de leve, sem comprometer o orçamento doméstico, senão
já se está fazendo uma grande besteira, porque não há nenhuma certeza de que
vamos ganhar e as possibilidades são mínimas….quase irrisórias….
Bem
diferente desse homem que encontrou um tesouro, tornou a enterrá-lo e foi para
casa tomado pela alegria de ser dono do tesouro encontrado, e começou a
desfazer-se de seus bens captando recursos para comprar o terreno onde estava o
tesouro, que ninguém sabia a não ser ele….
Jesus
conta na Parábola, que o Reino de Deus onde devemos habitar e viver plenamente,
é um lugar que tem muito valor.
Muitos
pensam que podem comprá-lo, mas ele não tem preço. Este lugar é conquistado
pelas virtudes trabalhadas e desapego aos bens materiais. Quanto mais nos
desfazemos dos bens passageiros, mais conquistamos nosso espaço no Reino. É
proporcional um ao outro.
Porém,
Deus não quer que sejamos pobres sem dignidade, ao contrário, o trabalho traz
frutos para uma sobrevivência digna e honesta.
O
Reino é daqueles que têm tudo sem se apegar a nada, dos que são felizes
simplesmente porque acordam, dos que amam incondicionalmente, dos que são
fortes para proteger os mais fracos, dos que sabem dividir e partilhar.
Quando
renunciamos a um bem passageiro não significa que estamos nos esvaziando e
enfraquecendo, ao contrário, toda vez que nos desfazemos de um bem material nos
fortalecemos e conquistamos joias espirituais que vão garantindo nosso lugar no
Reino de Deus. É como se estivéssemos comprando pequenas joias para serem
guardadas num tesouro que garantirá a subsistência na vida eterna.
Nossa
maior riqueza, portanto, não são ouro e nem prata, mas gestos de caridade e
amor fraternos que conquistam o Reino através da conquista de novos corações.
Propósito:
Pai,
que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do que me impede de acolher
plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se apegue a coisa alguma deste
mundo.
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