03 julho
- Cristo ressuscitou, Cristo vive, Cristo reina, Cristo está no meio da sua
Igreja, terrível e formidável. Ele disse uma grande palavra: "Confidite:
Ego vici mundum” Tende confiança, eu
venci o mundo. Lutemos e confiemos! (L 39). SÃO JOSE MARELLO
O
martirológio jeronimiano do século VI coloca no dia 3 de Julho a transladação
do corpo de S. Tomé para Edessa, na atual Turquia. Este apóstolo, também
chamado Dídimo, é nos dado a conhecer sobretudo por S. João evangelista. É Tomé
que convida os outros apóstolos a acompanharem Jesus para a Judeia, para
morrerem com Ele (Jo 11, 16). É a pergunta de Tomé que leva Jesus a definir-se:
" Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." (Jo 14, 5s.). Finalmente,
Tome, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus,
por meio de uma profissão de fé muito clara: "Meu Senhor e meu Deus!"
(Jo 20, 24-29). Como escreve S. Gregório Magno, "A incredulidade de Tomé
foi mais útil à nossa fé do que a fé dos discípulos crentes". Após o Pentecostes,
partiu em missão. Mas não temos dados precisos acerca do seu apostolado.
Leitura do santo Evangelho segundo São João 20,24-29
"Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de "o Gêmeo", não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé:
- Nós vimos o Senhor!
Ele respondeu:
- Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não
tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não
vou crer!
Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez
reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou,
ficou no meio deles e disse:
- Que a paz esteja com vocês!
Em seguida disse a Tomé:
- Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a
mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!
Então Tomé exclamou:
- Meu Senhor e meu Deus!
- Você creu porque me viu? - disse Jesus. - Felizes são os
que não viram, mas assim mesmo creram! "
Meditação:
Hoje, celebramos na Igreja a festa de são Tomé apóstolo. Segundo
a tradição joanina, este discípulo do Senhor teve sérias dificuldades para
aceitar a mensagem da ressurreição.
Seguramente, o medo, o sentimento de fracasso, a decepção ante a
tragédia do calvário produziu seus efeitos tanto em Tomé quanto nos outros
discípulos do Senhor.
A convivência com Jesus tinha despertado a esperança nos
seguidores do Senhor. A iminente restauração do Nacionalismo Judeu. Falsas
expectativas, pois o projeto de Jesus transcende todo o limite histórico e
geográfico.
Nos Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) o nome de Tomé é
mencionado apenas uma única vez, compondo a lista dos Doze apóstolos. No
Evangelho de João, Tomé aparece em quatro situações: na narrativa da
ressurreição de Lázaro, em um diálogo na última ceia, neste detalhado diálogo
com o Ressuscitado e na pesca milagrosa na Galiléia, também com o Ressuscitado.
Este episódio do Evangelho de hoje, de certo modo, relativiza as narrativas de
visões do Ressuscitado.
Este dia em que a Igreja celebra a memória de são Tomé, apóstolo,
Jesus nos faz no evangelho uma séria advertência para rever seriamente nossa
vida como discípulos, para esclarecer em que ou em quem temos colocado nossa
confiança e existência.
É comum escutarmos em nosso dia-a-dia a expressão: “ver para crer”, que revela
em nós uma atitude que pode chegar a ser tão negativa como a própria rotina, ou
seja, nosso ceticismo diante de nós mesmos, dos outros e do próprio Deus.
Não podemos fechar-nos à possibilidade de que as realidades de morte e sem sentido
que obscurecem a humanidade cheguem a mudar. Nem tampouco garantir, em troca,
que por tempo indefinido continuarão presentes em nossa sociedade.
“Ditosos os que não viram e creram!” é a bem-aventurança que nos lança Jesus no
dia de hoje. Assinala-nos o caminho para uma mudança profunda tanto de cada um
de nós como das estruturas nas quais estamos inseridos. Deveremos ter em conta
que temos de nos abrir a viver a experiência do Evangelho como porta de acesso
ao reino de Deus, em todo seu vigor e com as implicações que traz consigo, como
a cruz redentora de Cristo.
Tomé é um dos seguidores mais próximos de Jesus; por isso o festejamos hoje.
Recordamos seu testemunho porque serve de exemplo. Este é o sentido que tem
para a comunidade a celebração dos santos. São modelos para imitar em sua
relação com o Mestre.
Refletimos assim três elementos em Tomé: primeiro, seu
seguimento de Jesus. Os relatos evangélicos o apresentam como alguém que fez o
caminho do Mestre. Nesse seguimento, certamente mudou de projetos: teve que
deixar os seus e suas coisas para ir atrás da proposta do reino.
Segundo seu testemunho do Ressuscitado. O evangelho ressalta sua incredulidade
inicial: na primeira aparição não estava; e, teimoso, se aferra a elementos
racionais e físicos que lhe sirvam de prova: as feridas nas mãos, nos pés e no
lado. Mas ao se apresentar Jesus Ressuscitado, sem necessidade de meter dedos
ou mão se convence ante sua presença de que seu amigo Jesus vive, e proclama:
Meu Senhor e meu Deus, com uma fé profunda no Ressuscitado presente em sua
vida.
E terceiro, embora não seja um dado evangélico, podemos imaginá-lo saindo da
Judéia como os outros apóstolos, a pregar a Boa Nova a todas as nações, fiel à
missão que lhes dá Jesus antes de ir para o Pai. Assim, diz-se que Tomé
evangelizou a Índia.
Alguém já disse: "Se a igreja não fosse de Deus os homens já teriam
acabado com ela". Deus criou todas as coisas, e teve o bom gosto de criar
tudo em ordem e perfeito. Mas o homem tem o poder de estragar tudo. A Igreja
foi criada por Jesus, que se entregou por ela (Ef 5,25), ela é a noiva, bela,
bonita e perfeita, e ele virá buscá-la (Ap 19,7). Esta é a verdadeira Igreja.
Esta festa é uma ocasião para revermos nossa vivência cristã,
pessoal e comunitária, da Boa Nova; um motivo para nos olharmos no espelho dos
nossos antepassados que viveram, antes de nós, a fé em Jesus.
A aceitação ou recusa do amor de Deus, traduzido por Jesus,
é o critério de discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença
que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação.
Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem
uma experiência particular para acreditar. Jesus, porém, se revela a Tomé
dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e
ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã.
O seguidor de Cristo não pode ser apenas um ouvinte. O
verdadeiro seguidor de Cristo deve ser um executor da obra de Deus.
Ao lermos e refletirmos o Evangelho, nos aperfeiçoamos cada
vez mais e nos sentimos impelidos a fazer alguma coisa concreta para proclamar
o Reino.
Todo cristão que realmente estuda e se aprofunda na fé,
buscando todos os dias crescer espiritualmente, percebe que este crescimento necessita
da ação, do amor desprendido, da ajuda ao irmão que sofre.
A religiosidade autêntica não consiste apenas em conhecer a fé,
mas em testemunhá-la com obras, com um cristianismo vivido no amor aos irmãos
necessitados e no afastamento de todo e qualquer mal. É este o mandamento que
Cristo nos deixou, o mandamento do amor a Deus e ao próximo, e é através do
nosso trabalho de evangelização que estaremos testemunhando ao nosso próximo o
verdadeiro amor que temos por Deus.
Pensemos hoje sobre este vínculo entre a fé e as obras e, mais
particularmente, entre a fé e a caridade, pois ela é essencial para nos
sustentarmos no caminho da Verdade.
Quando nos deixamos guiar pela fé em Deus, tornamo-nos pessoas
interiormente fortes e perseverantes, mesmo em meio aos momentos mais
desencontrados da nossa vida, nada nos desanima.
Não podemos nos esquecer que o Senhor tem um projeto para cada
um de nós. O que precisamos é crer e confiar que Deus é poderoso e
concretiza seus desígnios e derrama suas graças no tempo certo.
Peçamos hoje ao Senhor a graça de sermos ousados na fé.
Peçamos à Maria que nos encoraje para sermos testemunhas
vivas do Amor de Seu Divino Filho. E vivamos na graça e na certeza de que Ela
nos concederá um bom dia a todos, com as bênçãos de Jesus, Maria e José!
Reflexão Apostólica:
A partir da dúvida de Tomé, já não há mais
motivos para duvidarmos da presença operante de Cristo entre nós. Ele pode tudo
e nos quer retirar da morte do corpo e nos dar a vida imortal. Nos quer
revestir do corpo glorioso como o dele.
A fé é o fundamento dos bens que se
esperam, a prova das realidades que não se vêem, torna-se claro que a fé é a
prova da verdade daquelas coisas que não podemos ver. Pois aquilo que se vê já
não é objeto de fé, mas de conhecimento direto.
Crer no invisível é tomar Deus pela
palavra sem insistir em ter uma “prova”. Afinal, para alguns, nem toda “prova”
do mundo os convencerá a crer.
Viver pela fé, então, é continuar
naquilo que já sabemos sobre o amor de Deus; significa confiar em Deus a partir
do que já experimentamos; significa tomá-Lo pela palavra porque Ele nos mostrou
Sua bondade e amor – não importando quão difíceis sejam nossas circunstâncias e
não importando quanto deixamos de ver ou entender.
Tomé pediu um sinal tangível, lógica
e racionalmente válido. Mas a experiência do ressuscitado implica lançar-se com
absoluta confiança ao aparente vazio.
Até aquele dia o discípulo
ainda não acreditara na ressurreição de Jesus apesar do testemunho dos seus
amigos. Jesus apresentou-se diante dele para que ele se rendesse.
Diante da presença real de Jesus, vivo e ressuscitado, Tomé tirou do trono a
sua incredulidade e rendeu-se à ordem do Senhor: “E não sejas incrédulo, mas
fiel!” Tocar nas feridas do Senhor, colocar a mão no seu lado, fez com que ele
tivesse uma experiência com a dor de Jesus.
Quando nós também passamos pela dor e nos colocamos em intimidade com Jesus nós podemos sem titubear, reconhecê-Lo: “Meu Senhor e meu Deus”! Aí então, nunca mais seremos os mesmos.
Então, se Tomé viu e tocou, porque é que
lhe diz o Senhor: Porque me viste, acreditaste? É que ele viu uma coisa e
acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a
humanidade de Jesus e fez profissão de fé na sua divindade exclamando: Meu
Senhor e meu Deus. Portanto, tendo visto acreditou, porque tendo à sua vista um
homem verdadeiro, exclamou que era Deus, a quem não podia ver.
O apóstolo Tomé é profundamente humano
e nós nos parecemos muito com ele na falta de fé. Muitas vezes em nosso
relacionamento com Deus, nos comportamos como Tomé, e agimos como uma criança
birrenta.
Colocamos a culpa em Deus das coisas ruins e tristes que acontecem em nossa
vida e muitas vezes exigimos coisas que não são necessárias para nós.
Para que nós também sejamos curados de nossa falta de fé e de nossas
frustrações com a vida e com as pessoas, olhemos para a cruz, para o lado
aberto de Jesus, e peçamos a Ele a graça de entrarmos no seu coração. E, o
lindo é que o próprio Jesus é quem nos chama para descansarmos no coração
D’Ele: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos
aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou
manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas” (Mt
11,28-29).
A nossa fidelidade a Deus é do tamanho da
nossa fé. Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Nós somos os “bem-aventurados”, porque,
não podendo tocá-Lo fisicamente, nem tampouco vê-Lo, como foi concedido aos
discípulos, nós O experimentamos pelo dom da Fé que recebemos no nosso Batismo.
O conhecimento de Deus supera toda a inteligência e racionalidade, portanto,
deixemo-nos ser íntimos do Senhor. Ele se oferece a nós como confidente de
nossos pensamentos e interlocutor de nossas conversas secretas.
Quando tudo é obscuro e se perde toda a segurança é quando se experimenta a
força do ressuscitado que fortalece e confirma a fé.
Hoje, assistimos a um momento confuso e
complexo da história. Perdeu-se a fé, não só no âmbito religioso, institucional
eclesiástico, mas também no sentido da vida, nas pessoas, nas comunidades e
grupos. Tendemos a levar uma vida isolada, insossa e descompromissada.
Hoje não existe uma experiência autêntica
com o ressuscitado fora da comunidade de fé, só poderemos ver e crer em Jesus
na Igreja. É a nossa comunidade que garantirá que verdadeiramente: “Nós vimos o
Senhor!”. Tomé se abriu ao dinamismo da ressurreição. Façamos nós o
mesmo.
Hoje, também não é suficiente o batismo, a crisma, a comunhão, a missa todos os
domingos. Falta, há exemplo dos apóstolos e primeiros cristãos, o encontro
pessoal com o Senhor ressuscitado. As diversas experiências das primeiras
comunidades nos orientam a este encontro com Jesus.
O encontro de Tomé, que precisou ver para crer. Importante que Tomé retorna
possibilitando o encontro. Mas não esquecendo o que o Senhor disse: “Você
acreditou porque viu? Felizes os que acreditarem sem ter visto.”
Jesus aparece a Paulo, no caminho para Damasco, e leva-o a conversão passando
de perseguidor dos cristãos a perseguido. Embora, Paulo, não tenha pertencido aos
primeiros discípulos que tiveram o convívio com Cristo, como nós hoje, o
encontro com o Ressuscitado torna-o um dos mais fervorosos e decisivos
discípulos na construção da nossa Igreja.
Não somos mais nós, mas Jesus em nós, quando a nossa caminhada esta repleta de
encontros com o Ressuscitado e esta experiência abre nossos olhos, arde nossos
corações, enche-nos de paz interior, transborda-nos do amor verdadeiro,
ajuda-nos na verdade, justiça e humildade.
Aproximemos-nos do coração de Jesus com
plena confiança e lancemos sobre Ele todos os nossos fardos. Coloquemos
como são Tomé as mãos nas chagas gloriosas de Cristo e pelo seu Sangue sejamos
lavados, purificados e amadurecidos na fé, e assim possamos dizer com toda
confiança: “Meu Senhor e meu Deus!”.
Que são Tomé, apóstolo da dúvida e da fé, rogue por nós e que Maria, Mãe da
Divina Graça, nos faça repetir cada dia com mais ardor e muita fé: “Creio
Senhor, mais aumenta a minha fé!”
Oremos hoje pedindo a Jesus que nos concede também a Sua paz e experimentemos
levá-la a todos os lugares por onde formos. Depois, mais tarde, antes de dormir
pensemos se o nosso dia foi diferente dos outros. Com Tomé digamos: MEU SENHOR
E MEU DEUS!
Propósito:
Pai, não deixe a incredulidade contaminar o meu coração e me
impedir de buscar um modo de ser, onde a vida e a esperança falem mais alto que
a morte e o desespero.
Seja perseverante! Não desanime nem
desista dos sonhos. |
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