09 JULHO - Os
efeitos da leitura nem sempre são imediatos, o que nos leva muitas vezes a
duvidar do proveito com que lemos. Tenhamos como certo que tudo o que lemos com
convicção e amor fica profundamente gravado em nós e nunca mais se apaga. (L 5). SÃO JOSE MARELLO
"Enquanto os cegos estavam saindo, as pessoas trouxeram a Jesus um possesso mudo. Expulso o demônio, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: "Nunca se viu coisa igual em Israel". Os fariseus, porém, diziam: "É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios". Jesus começou a percorrer todas as cidades e povoados... proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade. Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!""
Meditação:
O
evangelho de hoje traz dois assuntos: (1) a cura de um endemoninhado mudo (vv
32-34) e (2) um resumo das atividades de Jesus (vv 35-38).
Estes
dois episódios encerram a parte narrativa dos capítulos 8 e 9 do evangelho de
Mateus na qual o evangelista procura mostrar como Jesus praticava os
ensinamentos dados no Sermão da Montanha (Mt 5 a 7).
No
capítulo 10, cuja meditação começa no evangelho de amanhã, veremos o segundo
grande discurso de Jesus: o Sermão da Missão (Mt 10,1-42).
Como
vimos na leitura do Evangelho, Mateus, num único versículo, descreve como
trouxeram um endemoninhado mudo até Jesus, como Jesus expulsou o demônio e como
o mudo começou a falar de novo.
Jesus
vinha fazendo muitos milagres, salvando as pessoas de doenças e de suas dores
e, ao mesmo tempo, despertar a fé daquele povo que estava adormecido para as
coisas do Pai.
Durante
a caminhada, naquele dia, encontra-se com uma multidão que lhe apresenta uma
pessoa surda e possessa pelo demônio.
O
demônio é o causador do mal. Pode ser um ser sobrenatural ou aqueles que, aqui
no mundo, fazem o mal. Seja enquanto indivíduos ou na perspectiva
sócio-econômica, em que as estruturas de poder excluem os pequenos e pobres
expondo-os às mais diversas doenças. Jesus vem libertar destes demônios que
levam o povo ao sofrimento.
Jesus
expulsa o demônio e, a pessoa passa a ouvir e falar normalmente e o povo fica
cada vez mais admirado com todas as maravilhas que Jesus fazia.
As
multidões se admiram da ação libertadora de Jesus, mas os fariseus procuram
difamá-lo. Identificam-no com um demônio, enquanto eles, fariseus, ostentam-se
em suas cátedras de hipocrisia e poder. As multidões excluídas, cansadas e
abatidas despertam a compaixão de Jesus. A tarefa de trabalhar na sua promoção
e libertação é grande.
Ontem,
como hoje, vemos muita gente sempre esperando que Jesus repita milagres e mais
milagres na sua vida, para que possam manter acesa a sua fé. Hoje, sabemos tudo
sobre o Plano de salvação que Ele trouxe como sua missão: Salvar um povo de cabeça dura.
De
cabeça dura muitas vezes não por conta própria. Mas porque eles estavam aflitos e abandonados,
como ovelhas sem pastor.
Jesus
vem reinstalar, com sua vida, com sua paixão, com sua morte e, principalmente
com a sua ressurreição, o Reino do Pai, novamente baseado no Amor e suas
conseqüências, ou seja, no Perdão, na doação, na Honra, na Verdade, na
Felicidade e na Responsabilidade assumida por cada filho Seu, gerado aqui na
Terra.
Porém,
nem tudo foi um mar de rosas para Ele, pois os
fariseus diziam: é pelo poder do príncipe dos demônios que ele expulsa os
demônios.
Até
nos dias atuais, Jesus continua a sua missão, conforme a sua promessa, em nosso
meio. Sempre nos guiando e nos guardando para que sejamos felizes e, pedindo-nos,
como naqueles dias, que fortaleçamos o Reino do Pai aqui na Terra: a Messe é grande, mas, os trabalhadores
são poucos. Rogai ao Senhor da Messe, que mande mais operários para a sua Messe,
diz, ainda hoje Jesus.
Contudo, o
povo, tão evoluído com as coisas materiais, esqueceu-se de vigiar, cada um, a
sua vida, o Dom recebido do Pai amoroso, para que ela não se perca; para que
ela seja sempre mais uma realização da bondade do Criador, vivendo-a como um
meio para ajudar na sua salvação e dos outros irmãos.
Muitos
são os que precisam mudar de vida para reencontrar-se com o Pai, transmitindo
aos que o cercam só o amor, só o bem, só a fraternidade, orando e agindo em
nome do Senhor, no trabalho da Messe.
Não
esperemos como muitos que vivem ao bel prazer, uma vida egoísta, ignorando a
dor e o sofrimento de tantos à nossa volta, durante a nossa caminhada, achando
que a fortuna e tudo o que é material que acumulamos nos bastam. De repente se
fica doente; de repente um mal incurável, que pode atingir a qualquer um, com
ou sem dinheiro.
Nós
acolhemos o chamado de Cristo quando fazemos tudo por amor. A vivência do amor
anima as pessoas enfraquecidas, enfastiadas e sem perspectiva.
O
amor vence o ódio e expulsa dos corações a intriga, a divisão, a incompreensão.
Se fizermos como Jesus fez, estaremos sendo trabalhadores da Sua messe. Quanto
mais nós nos apresentarmos à vinha do Senhor mais, surdos e mudos serão
curados.
Você
já se sente liberto (a) do demônio que paralisa os lábios do homem? Você conhece
quando as pessoas à sua volta estão desanimadas e sem esperança? O que você diz
a elas? Você tem ajudado a alguém pelo menos escutando e acolhendo? Você se
considera trabalhador da messe de Cristo? Em que você tem empregado o seu tempo
livre?
Se,
não, o tempo é este e a hora é agora. Respondamos o chamado de Jesus,
levantemo-nos e vamos anunciar a cura, a libertação, a paz e o amor de Deus no
coração dos nossos irmãos que, como que ovelhas sem pastores, caminham para o
abismo irreversível.
É
importante pedir ao Pai do céu, que deseja acolher estas multidões no seu
Reino, que envie trabalhadores para esta missão.
Reflexão Apostólica:
No fundo, estas doenças eram apenas a manifestação de um
mal muito mais amplo e mais profundo que arruinava a saúde do povo, a saber, o
total abandono e o estado deprimente e desumano em que ele era obrigado a viver.
As atividades e as curas de Jesus se dirigiam não só
contra as deficiências corporais, mas também e sobretudo contra esse mal maior
do abandono material e espiritual em que o povo era condenado a passar os
poucos anos da sua vida.
Além da exploração econômica que roubava a metade do
orçamento familiar, a religião oficial da época, em vez de ajudar o povo a
encontrar em Deus uma força para resistir e ter esperança, ensinava que as
doenças eram castigo de Deus pelo pecado. Aumentava nele o sentimento de exclusão
e de condenação.
Jesus fazia o contrário. O acolhimento cheio de ternura e
a cura dos enfermos faziam parte do esforço mais amplo para refazer o
relacionamento humano entre as pessoas e restabelecer a convivência comunitária
e fraterna nos povoados e aldeias da Galiléia, sua terra.
É muito bonita a descrição da atividade incansável de
Jesus, na qual transparece a dupla preocupação a que aludimos: o acolhimento
cheio de ternura e a cura dos enfermos: “Jesus percorria todas as cidades e
povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e
curando todo tipo de doença e enfermidade”. Nos capítulos anteriores,
Mateus já tinha aludido várias vezes a esta atividade ambulante de Jesus pelos
povoados Galiléia (Mt 4,23-24; 8,16).
Jesus transmite aos discípulos a
preocupação e a compaixão que o animam por dentro: "A colheita é
grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita
que mande trabalhadores para a colheita".
Jesus teve compaixão diante das multidões cansadas e
famintas:"Vendo as
multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como
ovelhas que não têm pastor”. Os que deviam ser os pastores não eram
pastores, não cuidavam do rebanho. Jesus procura ser o pastor (Jo 10,11-14).
Na história da humanidade, nunca houve tanta gente
cansada e faminta como hoje. A TV divulga os fatos, mas não oferece resposta.
Será que nós cristãos conseguimos ter em nós a mesma compaixão de Jesus e
irradiá-la aos outros?
Propósito:
Pai, faze-me compassivo diante do sofrimento de tantos
irmãos e irmãs, movendo-me a ser, efetivamente, solidário com eles.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário