25 julho - Ah, a obediência! (não
aquela que, às vezes, pretende abrir um olho para olhar um pouquinho o seu
interesse, mas aquela que se chama cega), quantas graças nos obtém do Céu, para
não pormos os pés em falso e para atinarmos com segurança a meta! (L 234). SÃO
JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 20,20-28
"A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus
filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele
perguntou: "Que queres?" Ela respondeu: "Manda que estes meus
dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua
esquerda". Jesus disse: "Não sabeis o que estais pedindo. Podeis
beber o cálice que eu vou beber?" Eles responderam: "Podemos".
"Sim", declarou Jesus, "do meu cálice bebereis, mas o sentar-se
à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem
meu Pai o preparou". Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados
com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: "Sabeis que os chefes
das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá
ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem
quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos"."
Meditação:
Tiago e João são os filhos de Zebedeu. O
Evangelho de Marcos nomeia os dois, explicitamente, nesta cena; porém, Mateus
menciona a mãe deles como sendo quem faz o pedido a Jesus.
Talvez Mateus queira eximir os homens de tal pedido equivocado, que reflete a
ambição do poder, quando Jesus dá pleno testemunho de que veio para servir
humildemente, com amor. Em resposta, ele rejeita o comum abuso de poder em
vigor nas sociedades, propondo um novo relacionamento entre as pessoas.
Além de Tiago, irmão de João, identificado
como "Tiago Maior", no Segundo Testamento é mencionado outro Tiago,
"o irmão do Senhor", ou "Tiago Menor", que foi o chefe da
Igreja de Jerusalém.
O evangelho de hoje nos apresenta três pontos: o terceiro anúncio da paixão (vv
20,17-19), o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (vv 20,20-23) e a discussão
dos discípulos pelo primeiro lugar (vv 20,24-28).
O terceiro anúncio da paixão. Estão se
dirigindo para Jerusalém. Jesus caminha adiante deles. Sabe que o matarão. O
profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10).
A sua morte não é fruto de um plano
estabelecido anteriormente, mas a conseqüência do compromisso assumido em
relação à missão recebida pelo Pai, ao lado dos excluídos de seu tempo.
Por isso Jesus fala aos discípulos da
tortura e da morte que ele deverá enfrentar
O pedido da mãe para conseguir o primeiro
lugar para os filhos. Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem
de Jesus, mas continuam com suas ambições pessoais.
Quando Jesus insiste no serviço e na entrega de si, eles continuam a pedir os
primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago e João, levando consigo os filhos,
chega perto de Jesus.
Os dois não entendem a proposta de Jesus. Estão preocupados só com seus
interesses. Sinal que a ideologia dominante da época penetrou profundamente na
mentalidade dos discípulos.
Apesar da convivência de vários anos com
Jesus, eles não tinham renovado seu modo de ver as coisas. Olhavam Jesus com o
olhar de sempre, do passado. Queriam uma recompensa pelo fato de seguir Jesus.
As mesmas tensões existiam nas comunidades do tempo de Mateus e existem ainda
hoje nas nossas comunidades.
A resposta de Jesus. Jesus reage com
firmeza: "Não sabeis o que estais pedindo!" E pede se são capazes de beber
o cálice que ele, Jesus, vai beber e se estão dispostos a receber o batismo que
ele receberá.
É o cálice do sofrimento, o batismo do sangue! Jesus quer saber se eles, em
lugar do destaque e da honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem:
"Podemos!".
Parece uma resposta qualquer, porque, poucos dias depois, abandonam Jesus e o
deixam sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não tem muita consciência
crítica, não percebem sua realidade pessoa.
Quanto ao lugar de honra do Reino ao lado de Jesus, aquele que dará este lugar
é o Pai. O que ele, Jesus, pode oferecer, é o cálice e o batismo, o sofrimento
e a cruz.
Não deve ser assim entre vós. Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder
(Mc 9,33-35). Naquele tempo, aqueles que detinham o poder não prestavam contas
ao povo. Agiram como queriam (Mc 6,27-28).
O império romano controlava o mundo e o mantinha subjugado com a força das
armas e assim, através dos tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a
riqueza do povo nas mãos de poucos em Roma.
A sociedade se caracterizava pelo exercício repressivo e abusivo do poder.
Jesus tinha outra proposta. Ele afirma: Entre vós não deverá ser assim.
Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso
servidor; quem quiser ser o primeiro seja vosso servo! Sua postura é contra os
privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no fato que o
serviço é o remédio contra a ambição pessoal.
O resumo da vida de Jesus. Jesus define sua
missão e sua vida: "Não vim ser servido, mas servir!". Veio dar a
própria vida em resgate de muitos. Ele é o Messias Servo, anunciado pelo
profeta Isaías (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu com sua mãe
que afirmou: "Eis a serva do Senhor!" Proposta totalmente nova para a
sociedade daquele tempo.
Tiago e João pedem favores, Jesus promete o
sofrimento. E você, o que pede a Jesus na oração? Como aceita o sofrimento e as
dores que acontecem em sua vida? Jesus diz: "Entre vós não deverá ser
assim!" O seu modo de viver em comunidade segue este conselho de Jesus?
Jesus, o mestre por excelência, é o maior
exemplo de humildade que já tivemos, e Ele mesmo disse: "Sou manso e
humilde" e "Bem-aventurados os humildes".
Para sermos salvos é preciso nos humilharmos
diante de Deus pedindo perdão e salvação; e aí, passamos a ser "filhos de
Deus" e como tais, temos que prosseguir no caminho da humildade.
No
reino de Deus não há lugar para soberba, arrogância e posições de honra. Jesus
disse que deveríamos ser servos, e o nosso serviço a Ele e ao próximo, deve ser
baseado no amor, sem esperar reconhecimentos e "holofotes".
Reflexão Apostólica:
As Escrituras contém
inúmeras passagens afirmando que tentar ser o maior – ou, como dizemos, o
maioral, o superior o difícil – só nos levará a prejuízos. Jesus declara várias
vezes que os fariseus é que se comportavam assim.
Os discípulos de Jesus não estavam isentos do vírus da ambição que afeta o
coração humano. Os filhos de Zebedeu, imaginando que Jesus haveria de restaurar
o trono de Davi, deixaram-se levar pela ilusão de poder ocupar postos de
destaque no reino a ser instaurado.
A mãe deles
encarregou-se de abordar Jesus para solicitar-lhe nada menos do que o lugar à
direita e à esquerda do futuro rei.
Jesus chamou-os à realidade, fazendo-os refletir sobre o verdadeiro sentido de
Reino. Eles, porém, acompanharam mal o raciocínio de Jesus.
Quando o Mestre falava
em beber o cálice, aludindo à sua futura paixão, imaginavam tratar-se da taça
usada pelos reis. E se mostraram dispostos a beber do cálice do qual Jesus beberia.
Este não se deu ao trabalho de desfazer o mal-entendido. Por sua vez, os
discípulos não foram capazes de atinar para o sentido das palavras do Mestre: o
futuro lhes reservava a mesma sorte dele.
O incidente deu margem para Jesus apresentar os sentimentos a serem acalentados
no coração dos discípulos: quem quiser ser o maior, deve distinguir-se como
servidor de todos; quem quiser ocupar um lugar de destaque, deve tornar-se como
que escravo dos outros.
Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo
dele:servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a
autoridade não é exercida de poder, mas a qualificação para serviço que se
exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.
A Palavra é clara: se
você quer ser servido, sirva primeiro. E esse comportamento tem de se aplicar
em todos os setores da nossa vida. Não apenas no ambiente da Igreja mas,
principalmente, em nosso relacionamento com aqueles que nos cercam.
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