03 ABRIL - Ah! pobre juventude, tão abandonada e descuidada; pobre geração em crescimento, deixada por demais à própria sorte e ainda muito caluniada ou, pelo menos, duramente julgada em tuas leviandades e em tua generosidade desregrada, naquela necessidade de ação mal desenvolvida, com afetos mal orientados, razão pela qual, sem culpa totalmente tua, te afastas do caminho reto! Pobre juventude! Rezemos mui particularmente por ela. (L 29). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 24,13-35
Meditação:
Estamos
no tempo Pascal que se estende por 7 semanas, do domingo de Páscoa à Festa de
Pentecostes. É o mais belo e vibrante tempo de todo o calendário litúrgico da
Igreja. Por ele, ela nos convida, através dos testemunhos das Escrituras e de
testemunhas oculares a fortalecermos nossa adesão pessoal ao motivo maior de
nossa fé: a RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
De
fato, diz Paulo: Se Cristo não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e os
nossos pecados não poderiam ser perdoados; a nossa esperança seria limitada
apenas a esta vida e seríamos os mais infelizes de todos os homens (1Cor
15,17-19).
Celebramos
a real presença deste Deus conosco na Eucaristia, memória do mistério pascal,
mistério da cruz e ressurreição, mistério da redenção e reconciliação, que
inicia a Nova Aliança.
Em
cada Eucaristia olhamos para Deus, celebramos o Deus conosco, sua encarnação,
paixão morte e ressurreição. “É Deus Pai quem nos atrai por meio da entrega
eucarística de seu Filho, dom de amor com o qual saiu ao encontro de seus
filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai”.
Da
ação de graças, da doação gratuita do Cordeiro de Deus, emerge a energia
missionária da Eucaristia. A Eucaristia é a ponte para o ministério apostólico.
Eucaristia é Nova Aliança que pressupõe reconciliação, unidade na diversidade,
solidariedade até as últimas conseqüências.
Ao
partir o pão, eles o reconhecem e retornam ao Caminho. Nossa fé é o encontro
pascal com o Senhor Jesus. É a certeza de que ele está vivo. Nossa fé é uma fé
pascal e pessoal. Não se trata apenas de crer em alguma coisa. A profissão
fundamental é: “Eu creio em Ti, Senhor! E por isso me comprometo e me torno
evangelizador.
Evangelizar,
ser missionário, é irradiar “o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que
contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida porque a Vida
manifestou-se.
Sejam
quais forem nossas fraquezas, misérias, limitações, o que contagia todas as
culturas, o que convence todos os povos e raças, é o testemunho da alegria e da
graça de termos encontrado o Senhor Ressuscitado. Tudo isso é graças à força do
pão partido de Emaús, é o vigor do fruto da videira no cálice da Nova Aliança,
é o corpo entregue e o sangue derramado de Jesus, morto e ressuscitado.
Reflexão Apostólica:
No
evangelho, os discípulos que não eram do grupo dos onze dirigem-se a Emaús.
Provavelmente trata-se de um homem e uma mulher, casados, (havia também
mulheres discípulas), que retornavam à sua casa, frustrados por causa dos
últimos acontecimentos da capital. Enquanto conversavam, Jesus se aproxima e
começa a caminhar com eles, pois é o Emanuel. Porém, eles não conseguem
reconhecê-lo, seus olhos estavam como que fechados.
Por quê? Porque no fundo ainda tinham a idéia de um messias
profeta-nacionalista, que conquistaria o mundo inteiro para ser dominado pelas
autoridades de Israel, um messias necessariamente triunfador. Por isso estavam
vendo na cruz e na morte do mestre, o fracasso de um projeto no qual haviam
posto suas esperanças.
Serão as Escrituras as primeiras sinais de esperança que Jesus coloca nos olhos
do coração dos discípulos, para que possam ver e entender que não é com o
triunfalismo messiânico, mas com o sofrimento do servo de Javé que se conquista
o Reino de Deus; um sofrimento que não é masoquismo, mas um assumir
conscientemente as conseqüências da opção de amar a humanidade, atitude difícil
de entender em uma sociedade dominada pelo poder de domínio que mata a quem se
interpõe no caminho. Pela vida, até dar a própria vida, é o testemunho de Jesus
diante dos seus dois companheiros.
O relato dos discípulos de Emaús é uma peça belíssima, evidentemente teológica,
literária. Não é, em absoluto, uma narração ingênua, direta, de um
acontecimento, como se fosse um fato jornalístico. É uma composição elaborada,
simbólica, que quer transmitir uma mensagem. E como todo símbolo, não leva
consigo um manual de explicação, mas permanece “aberto”, isto é, é suscetível
de múltiplas interpretações. E a partir de cada novo contexto social, em cada
novo momento da história, os crentes podem confrontar-se com esses símbolos e
deles extrair novas lições.
Que
maravilhosas lições tiramos desta passagem:
1.
Jesus caminha conosco
2. Quer participar de nossa vida
3. Espera que o convidemos par tomar posse de nosso coração
4. Nos reúne em torno dele como comunidade eclesial
5. Se dá a conhecer pela Palavra e pela Eucaristia
Que
o Senhor está conosco, todo o tempo, bem o sabemos. Contudo, é nos momentos
mais difíceis, quando estamos mais desanimados, tristes, frustrados, sentindo o
peso da dor de nossa imperfeita condição, sem nenhuma esperança de solução para
uma determinada situação, que Ele se achega ainda mais (lembro-me aqui do
bonito poema "PEGADAS NA AREIA").
Mas
como é difícil enxergá-lo. Nos é muito mais fácil louvá-lo e agradecê-lo quando
tudo vai bem, mas quando estamos diante de situações complicadas, onde o mundo
parece desabar sobre nossas cabeças, se torna tão complicado reconhecermos que
Ele está ao nosso lado, pedindo para assumir o controle.
Achamos
que temos condições de tudo empreender e de tudo fazer acontecer, mas nos
esquecemos que, fora algumas poucas coisas, sobre todo o resto não temos
nenhuma influência. Temos que parar de nos dar tanta importância, achando que
tudo depende de nós.
Falácia!
Ele caminha conosco e está interessado que o enxerguemos e que a Ele dediquemos
nossas vidas; todo o resto nos será acrescentado. Temos essa coragem? Temos a
coragem de abrir nosso coração e convidá-lo a entrar e comandar nossas
decisões?
Propósito:
Fica conosco Senhor, principalmente quando cair a noite
da nossa incapacidade de enxerga-Lo e de deixá-Lo no comando de nossas
atitudes. Tu e a luz e contigo as treva já não nos assustam ou preocupam.
Revela-nos a tu presença nas Escrituras e no partir do pão, tanto no altar como
em nosso dia-a-dia, com quem mais precisa. Assim, abrir-se-ão nossos olhos e
poderemos anunciar ao mundo a maravilha que é viver sob tua proteção.