12 março – Tu, ó José, ensina-nos, assiste-nos, torna-nos membros dignos da Sagrada Família. (L 35). São Jose Marello
João 5,1-16
"Depois disso, houve uma festa dos
judeus, e Jesus foi até Jerusalém. Ali existe um tanque que tem cinco entradas
e que fica perto do Portão das Ovelhas. Em hebraico esse tanque se chama
"Betezata". Perto das entradas estavam deitados muitos doentes:
cegos, aleijados e paralíticos. [Esperavam o movimento da água, porque de vez
em quando um anjo do Senhor descia e agitava a água. O primeiro doente que
entrava no tanque depois disso sarava de qualquer doença.] Entre eles havia um
homem que era doente fazia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e,
sabendo que fazia todo esse tempo que ele era doente, perguntou: " Você
quer ficar curado?" Ele respondeu: Senhor, eu não tenho ninguém para me
pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente
entra antes de mim. Então Jesus disse: "Levante-se, pegue a sua cama e
ande!" No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou a cama e começou a
andar. Isso aconteceu no sábado. Por isso os líderes judeus disseram a ele:
"Hoje é sábado, e a nossa Lei não permite que você carregue a sua cama
neste dia." Ele respondeu: O homem que me curou me disse: "Pegue a
sua cama e ande." Eles perguntaram: Quem é o homem que mandou você fazer
isso? Mas ele não sabia quem tinha sido, pois Jesus havia ido embora por causa
da multidão que estava ali. Mais tarde Jesus encontrou o homem no pátio do
Templo e disse a ele: " Escute! Você agora está curado. Não peque mais,
para que não aconteça com você uma coisa ainda pior." O homem saiu dali e
foi dizer aos líderes judeus que quem o havia curado tinha sido Jesus. Então
eles começaram a perseguir Jesus porque ele havia feito essa cura no sábado."
Meditação:
Nesta narrativa do evangelho de
João destacam-se o seu simbolismo e os detalhes do diálogo.
Este episódio evangélico está perpassado pelo tema
da vida e da morte. Aí se fala de doenças e de doentes: uma multidão de
enfermos está postada na piscina de Betesda nutrindo no coração a esperança de
recobrar a vida. Há entre eles uma verdadeira porfia nesta corrida pela vida,
pois quem tocasse primeiro na água borbulhante, seria agraciado com a cura.
Neste contexto, Jesus é presença de vida que passa
quase despercebida. Ele transita no meio da multidão abatida pela doença e pela
morte. Seu poder vivificador será usado com comedimento e discrição. A vida
jorrará não da água da piscina, e sim da força de sua palavra eficaz. Sua
pessoa será a fonte da vida.
O homem do Evangelho de hoje, esperava por ajuda há
trinta e oito anos e continuava na mesma. Jesus veio sacudi-lo e questionar a
sua inércia. Às vezes, nós nem sabemos se queremos o que esperamos acontecer na
nossa vida.
Na maior parte do tempo nós vivemos “deitados (as)”
nos nossos problemas e dificuldades, acomodados (as) e inertes, somente vendo a
banda passar e as coisas “boas” acontecerem com os outros. Jesus também nos
interpela: “Queres ficar curado?”
Podemos não ser paralíticos (as), coxos ou cegos
(as), fisicamente, mas podemos estar deitados (as), esperando que alguém venha
levar-nos para mais perto da piscina do Espírito Santo.
“Não tenho ninguém que me leve”, esta é a desculpa
de muitos de nós que ficamos esperando o socorro de alguém que nunca chega.
Jesus se aproxima, e ordena: “Levanta-te, pega na tua cama e anda!”
Pegar na cama é fazer a nossa parte, não ficar
parado, somente esperando e pondo a culpa nas outras pessoas achando que vida
boa é sempre a dos outros.
Nós murmuramos, nós reclamamos, nos maldizemos e,
quando vem um anjo nos alertar e mexer na água do nosso coração, nós nem notamos
e continuamos na mesmice.
Não percebemos a hora da graça. Jesus, porém,
aproxima-se de nós, nos alerta e nos questiona para que demos o passo decisivo.
Ao homem que ficou curado Jesus recomendou: “Não
voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior” O pecado nos paralisa e
nos deixa presos a nós mesmos (as).
Precisamos, pois, dar o passo para o arrependimento
e para isso, não precisamos da ajuda de ninguém, só de boa vontade.
O pobre paralítico, impossibilitado de mover-se
depressa, foi quem experimentou a ação vivificante desta nova fonte, Jesus. E
recobrou, para além da vida física, sua vida social e religiosa. Superada a
marginalização em que se encontrava, abriu-se para ele uma nova perspectiva de
vida.
Entretanto, este cenário de vida foi transtornado
pela perspectiva de morte que despontou no horizonte de Jesus. Os judeus
decidiram matar quem dera a vida, eliminando-a no seu nascedouro. Quem dera a
vida corria o risco de ser morto, pelo fato mesmo de ter-se posto a serviço da
vida.
Há quanto tempo você está parado (a) perto da
piscina da graça do Espírito Santo? Por quem você está esperando para
aproximar-se do banquete que Jesus quer oferecer-lhe? Por que você não se
levanta pega a sua cama (sua vida) e segue a Jesus?
Reflexão Apostólica:
O
Evangelho de hoje nos traz a mente uma palavra muito interessante, que ouvimos
constantemente, mas poucas vezes colocamos em prática: O DISCERNIMENTO.
No evangelho, vemos que muitas pessoas esperavam o dia em que o anjo ia vir
para movimentar a água da piscina e realizar o milagre da cura.
Quantos, dos que estavam deitados, próximo a piscina, necessitavam daquele
milagre, ou simplesmente daquela fé que os mantinham vivos?
Pois é, hoje muitas pessoas se encontram "às margens da piscina", mas
não por deficiências físicas como os cegos, coxos e paralíticos, e sim, por um
vazio espiritual.
Este vazio aparece quando não encontramos motivos e razões para viver a vida de
forma plena. Por isto, Jesus veio nos libertar, de nós mesmos, com sua vida.
Dentro de nós existem pecados que nos prendem, nos aprisionam e nos fazem viver
às margens da vida esperando sempre por um milagre.
Estando na posição de Jesus, tendo o poder de perdoar os pecados e curar os
doentes; o que nós faríamos? Seguiríamos as regras da lei dos judeus, não
realizando a cura no sábado e deixando para o "próximo dia útil"? Ou
utilizaríamos o "bom senso" e daríamos ao doente uma oportunidade de
sentir-se livre após tantos anos?
Pois bem, Jesus sabia que era sábado e que não "poderia" realizar curas,
mas Jesus não teve dúvidas que libertar o doente de tudo que o aprisionava
seria mais valioso que guardar um dia de sábado sem uma ação de piedade.
O evangelho também chama atenção para o nosso individualismo, cada um buscando
a solução para os seus problemas, não se permitindo ser solidário com o
próximo.
Muitas pessoas têm fé, mas por viver em pecado, se sentem paralisadas, e não
conseguem voltar e caminhar novamente para o Pai.
Às vezes não percebemos que ajudando o próximo estamos resolvendo muitos de
nossos problemas. Sozinhos nós não venceremos, ouçamos Jesus perguntando:
"Queres ser curado?" A Palavra de Cristo é a luz que nos mostrará o
caminho da salvação, da libertação, da vida e da paz.
Transferindo tudo isto para o nosso dia-a-dia... Quantas vezes deixamos outras
pessoas aprisionadas ao sofrimento, à tristeza e a tantos outros sentimentos
ruins, por ser um dia de descanso nosso, ou porque, simplesmente, "não
podemos"?
Você nunca encontrou alguém necessitando de ajuda? Qual sua foi sua atitude?
Não deu atenção, porque você também precisava de ajuda? Ou fez como Jesus, que
parou, se aproximou, conversou, perguntou oferecendo sua ajuda?
Um sábado, domingo ou feriado em que não queremos abrir mão do nosso descanso
para libertar um amigo da própria prisão... Bem talvez nosso discernimento
esteja sendo parcial demais, em prol dos nossos benefícios.
Propósito: Tanto nos bons
momentos como nos menos bons ter sempre a certeza de que: "Deus está aqui. O Senhor dirige a minha
vida! Meu futuro está nas suas mãos." (Sl 16,5)
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