"Filius accrescens Jospeh” José, filho que cresce. Os filhos de São José também devem crescer, pelo menos no culto ao seu Santo Patrono. (L 210). São José Marello
João
8,1-11
"Depois
todos foram para casa, mas Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada
ele voltou ao pátio do Templo, e o povo se reuniu em volta dele. Jesus estava
sentado, ensinando a todos. Aí alguns mestres da Lei e fariseus levaram a Jesus
uma mulher que tinha sido apanhada em adultério e a obrigaram a ficar de pé no
meio de todos. Eles disseram:
- Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que
Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas a pedradas. Mas o
senhor, o que é que diz sobre isso?
Eles fizeram essa pergunta para conseguir uma prova contra Jesus, pois queriam
acusá-lo. Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo. Como eles
continuaram a fazer a mesma pergunta, Jesus endireitou o corpo e disse a
eles:
- Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra
nesta mulher!
Depois abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. Quando ouviram
isso, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos. Ficaram só
Jesus e a mulher, e ela continuou ali, de pé. Então Jesus endireitou o corpo e
disse:
- Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
- Ninguém, senhor! - respondeu ela.
Jesus disse:
- Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais! "
Meditação:
O centro da narrativa não é o pecado, mas o coração
de Deus que quer que nós vivamos. É esta a imagem de Deus - amor que Jesus quer
dar a conhecer: que a mulher experimente que Deus a ama assim como ela é. Deste
modo, a mulher, sentindo-se respeitada, amada e protegida, é capaz de acolher o
convite de Jesus a não voltar a pecar (v.11). O amor é o primeiro, o único
mandamento. Deus salva amando. Só o amor é capaz de converter e salvar!
Este texto ‘incômodo do Evangelho teve uma histórica difícil: é omitido em
vários códices antigos, e é deslocado em outros. Há mesmo quem pense que o
autor não seja João, mas Lucas, dado o seu estilo e a mensagem muito semelhante
à “parábola do pai misericordioso” (ver Lucas 15), no Evangelho do 14
passado), com vários personagens: a mulher, no papel do filho mais novo; os
escribas e os fariseus em linha com o filho mais velho; e Jesus que entra
perfeitamente no papel do Pai. Tal possibilidade é sublinhada também por um autor
moderno: “Texto insuportável, que falta em vários manuscritos. A consciência
moral e também a consciência religiosa dos homens não pode admitir que Cristo
se recuse a condenar a mulher... Foi surpreendida em flagrante delito; cometeu
um dos pecados mais graves que Lei conheça... Cristo confunde os acusadores
recordando-lhes a universalidade do mal: também eles, espiritualmente, são
adúlteros; também eles, de um ou de outro modo atraiçoaram o amor. ‘Quem
estiver sem pecado...’ Ninguém está sem pecado, e ele conclui dizendo: «Vai, e
não voltes a pecar»: uma frase que abre um futuro novo” (Ollivier Clément).
Este texto evangélico constitui uma página intensa de metodologia missionária
para o anúncio, a conversão, a educação à fé e aos valores da vida. O amor gera
e regenera a pessoa, torna-a livre; Jesus educa ao amor vivido na liberdade e
na gratuidade. Somente com estas condições se compreende porque devemos deixar
cair as pedras que trazemos nas mãos para atirar contra os outros. O fato que
sejam os mais velhos quem começa a ir embora (v. 9) revela neles um sentido de
culpa, de vergonha, mostra que entenderam a lição? Enfim, fica bem claro que
quem luta pela igualdade de oportunidades entre a mulher e o homem, seja qual
for o contexto específico, encontra em Jesus um precursor ideal, um pioneiro e
um aliado.
Vemos, neste Evangelho que os líderes da
igreja, traiçoeiros, com hipócrita manifestação de respeito, com fingida
reverência, que encobria uma trama astutamente urdida para Sua ruína, trouxeram
uma mulher, arrastada por eles, apanhada em adultério, e ela estava apavorada.
Eles a acusaram de ter violado a lei de Moisés que dizia que uma mulher
apanhada em adultério deveria ser apedrejada. E perguntou a Jesus o que Ele
dizia do caso.
"Se Jesus absolvesse a mulher, seria acusado de desprezar a lei de Moisés.
Se a declarasse digna de morte, poderia ser acusado aos romanos como alguém que
pretendia autoridade que unicamente a eles pertencia."
A saída de Jesus diante do espinhoso dilema
apresentado pelos doutores da lei não podia ser mais inteligente e clara:
quando todos esperavam por uma resposta que o comprometesse, Jesus os leva, a
eles próprios, a darem a solução, de acordo com sua própria consciência e
justiça.
Se a morte era a pena prevista para a pecadora,
poderiam começar o castigo, mas sob a condição de que o aplicassem somente
aqueles que não tivessem pecado. Mas os ouvintes se foram retirando, um a um,
começando pelos mais velhos até o último.
Todos os acusadores se retiram, deixando claro a
qualidade de suas consciências; somente fica a mulher ao lado de Jesus, que age
com ela de forma incrivelmente compreensiva e misericordiosa.
Poder-se-ia dizer que aquela mulher “voltou a
nascer”; libertou-se das mãos de pecadores talvez piores do que ela, mas também
ficou libertada em sua consciência por Jesus, que somente podia transmitir-lhe
a vida, o amor, a misericórdia e o perdão divinos.
Os desvios ou faltas de nossos semelhantes nunca
podem ser motivo para condená-los; essas atitudes nos devem recordar que talvez
sejam mínimos se os compararmos com os nossos, e que, portanto, tanto eles como
nós necessitamos do amor e da misericórdia divinos. A posição de Deus para com
o pecado é a rejeição, mas para com o pecador é o perdão e a restauração.
Reflexão Apostólica:
Mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de qualquer
lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está isento de
pecado. O próprio Jesus não veio para julgar, pois o Pai não quer a morte do
pecador, e sim que ele se converta e viva.
Cristo é aquele que «sabe o que há no homem» (cf.Jo 2, 25), no homem e
na mulher. Conhece a dignidade do homem, o seu valor aos olhos de Deus. Ele
mesmo, Cristo, é a confirmação definitiva deste valor. Tudo o que diz e faz tem
o seu cumprimento definitivo no mistério pascal da redenção.
O comportamento de Jesus a respeito das mulheres, que encontra ao longo
do caminho do seu serviço messiânico, é o reflexo do desígnio eterno de Deus, o
qual, criando cada uma delas, a escolhe e ama em Cristo (cf. Ef 1, 1-5)… Jesus
de Nazaré confirma esta dignidade, recorda-a, renova-a e faz dela um conteúdo
do Evangelho e da redenção, para a qual é enviado ao mundo.
Jesus entra na situação concreta e histórica da mulher, situação sobre a
qual pesa a herança do pecado. Esta herança exprime-se, entre outras coisas, no
costume que discrimina a mulher em favor do homem, e está enraizada também
dentro dela.
Deste ponto de vista, o episódio da mulher «surpreendida em adultério»
(cf. Jo 8, 3-11) parece ser particularmente eloquente. No fim Jesus lhe diz:
«não tornes a pecar»; mas, primeiro ele desperta a consciência do pecado nos
homens … Jesus parece dizer aos acusadores: esta mulher, com todo o seu pecado,
não é talvez também, e antes de tudo, uma confirmação das vossas transgressões,
da vossa injustiça «masculina», dos vossos abusos?
Esta é uma verdade válida para todo o gênero humano… Uma mulher é
deixada só, é exposta diante da opinião pública com «o seu pecado», enquanto
por detrás deste «seu» pecado se esconde um homem como pecador, culpado pelo
«pecado do outro», antes, co - responsável do mesmo. E, no entanto, o seu
pecado escapa à atenção, passa sob silêncio.
Quantas vezes a mulher paga pelo próprio pecado, mas paga ela só e paga
sozinha! Quantas vezes ela fica abandonada na sua maternidade, quando o homem,
pai da criança, não quer aceitar a sua responsabilidade? E ao lado das
numerosas «mães solteiras» das nossas sociedades, é preciso tomar em
consideração também todas aquelas que, muitas vezes, sofrendo diversas
pressões, inclusive da parte do homem culpado, «se livram» da criança antes do
seu nascimento. «Livram-se»: mas a que preço?
Todos nós conhecemos a história da mulher adúltera e ficamos sempre na
mesma ideia: Jesus acolheu a pecadora que fora surpreendida em flagrante
adultério. Todos já sabiam que ela teria que ser apedrejada, segundo a lei de
Moisés. Estava escrito e não poderia ser diferente, mas Jesus nem precisou
argumentar muito nem debater com os acusadores.
Somente com o gesto de escrever no chão e de falar aos circunstantes:
“quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”,
conseguiu com que o povo se afastasse, a começar pelos mais vividos, mais
experientes.
Nós pensamos que somente adultera o homem ou a mulher que trai um ao
outro. Olhamos para os “adúlteros” e as “adúlteras” públicos e nos sentimos
superiores a eles (as) porque não fazemos o mesmo. Porém, existe o adultério
espiritual, quando negamos a Deus a origem da nossa criação, quando damos
ouvidos de mercador aos Seus mandamentos, quando recusamos a Jesus o Seu
Senhorio e prevaricamos em busca de outros deuses para tentar preencher o nosso
vazio espiritual.
Jesus falou para todos de uma maneira bem clara: “quem não tiver
pecado”, isto é, quem não for pecador atire a primeira pedra. O pecado, seja
ele qual for é uma traição a Deus.
Somos, sim, homens e mulheres adúlteros e necessitados de misericórdia.
Precisamos ter consciência disso. Quando Jesus escreveu no chão Ele estava
pensando também em nós!
Com quem você tem traído a confiança de Deus? Qual o seu menor
pecado? Será que o pecado tem tamanho? Como você se sente no seu dia
a dia diante das suas injustiças?
Propósito:
Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia
que me tornam juiz iníquo do meu semelhante, não me permitindo ver a
necessidade de pôr em ordem a minha vida.
«A conversão nunca é de uma vez para sempre, mas é um processo, um
caminho interior de toda a nossa vida. Este itinerário de conversão evangélica
certamente não pode limitar-se a um período particular do ano: é um caminho de
cada dia, que deve abraçar toda a existência, todos os dias da nossa vida.
Nesta óptica, para cada cristão e para todas as comunidades eclesiais, a
Quaresma é a estação espiritual propícia para se treinar com maior tenacidade
na busca de Deus, abrindo o coração a Cristo. Santo Agostinho certa vez disse
que a nossa vida é uma única prática do desejo de nos aproximarmos de Deus, de
nos tornarmos capazes de deixar entrar Deus no nosso ser». (Bento XVI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário