20 DE MARÇO - Pede ao nosso grande Patriarca São José que te
obtenha de Deus o que te convém, ou melhor, o que mais convém. (L 86). SÃO JOSE MARELLO
"Então Jesus disse para os que creram nele:- Se vocês continuarem a
obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus discípulos e conhecerão a
verdade, e a verdade os libertará. Eles responderam: - Nós somos descendentes
de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que ficaremos
livres? Jesus disse a eles: - Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem peca é
escravo do pecado. O escravo não fica sempre com a família, mas o filho sempre
faz parte da família. Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres. Eu
sei que vocês são descendentes de Abraão; porém estão tentando me matar porque
não aceitam os meus ensinamentos. Eu falo das coisas que o meu Pai me mostrou,
mas vocês fazem o que aprenderam com o pai de vocês. - O nosso pai é Abraão! -
responderam eles. Então Jesus disse: - Se vocês fossem, de fato, filhos de
Abraão, fariam o que ele fez. Mas eu lhes tenho dito a verdade que ouvi de
Deus, e assim mesmo vocês estão tentando me matar. Abraão nunca fez uma coisa
assim! Vocês estão fazendo o que o pai de vocês fez. Eles responderam: - Nós
não somos filhos ilegítimos; nós temos um Pai, que é Deus! Jesus disse a eles:
- Se Deus fosse, de fato, o Pai de vocês, então vocês me amariam, pois eu vim
de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por minha própria conta, mas foi Deus
que me enviou."
meditação:
Jesus disse: “Eu sou
o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). Depois da sua morte e ressurreição,
prometeu que nos enviaria o Espírito Santo como “o Espírito de verdade” (Jo 16,
13), que nos “guiaria à verdade total” (Jo 16, 13).
Rezou ao Pai
pelos seus discípulos: “Consagra-os na verdade. A tua palavra é verdade” (Jo
17, 17; ). Diante de Pilatos disse: “Foi por isso que nasci e para isso vim ao
mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Seguindo radicalmente
Cristo, caminhamos na verdade, na verdade total, na verdade que não desilude
(Rm 9, 33).
No Evangelho de hoje
continua a reflexão sobre o capítulo 8 de João. Através de círculos
concêntricos, João aprofunda o mistério de Deus que envolve a pessoa de Jesus.
Parece uma repetição, porque sempre volta a falar da mesma coisa. Na realidade,
é o mesmo ponto, mas cada vez num nível mais profundo.
O
evangelho aborda o tema da relação de Jesus com Abraão, o Pai do povo de
Deus. João procura ajudar as comunidades a entender como Jesus se insere no
conjunto da história do Povo de Deus.
Ajuda-as a perceber a diferença que existe entre Jesus e os judeus, e entre os
judeus e os outros: todos nós somos filhos e filhas de Abraão.
A liberdade que nasce da fidelidade à palavra de Jesus. Jesus afirma aos
judeus: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus
discípulos, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Ser discípulos de Jesus é o mesmo que se abrir a Deus. As palavras de Jesus são
na realidade palavras de Deus. Comunicam a verdade, porque dão a conhecer as
coisas como são aos olhos de Deus e não aos olhos dos fariseus. Mais tarde,
durante a última Ceia, Jesus ensinará a mesma coisa aos discípulos.
O que significa ser filho e filha de Abraão? A reação dos judeus é imediata:
"Somos descendência de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como pode
dizer 'Vós vos tornareis livres'?" Jesus retruca fazendo a distinção entre
filho e escravo e afirma: "Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele
que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não permanece para sempre numa
família, mas o filho permanece nela para sempre. Se, pois, o Filho vos
libertar, sereis verdadeiramente livres".
Jesus é o filho e
vive na casa do Pai. O escravo não vive na casa do Pai. Viver fora da casa,
fora de Deus quer dizer viver no pecado.
Se eles
aceitassem a palavra de Jesus poderiam se tornar filhos e alcançar a liberdade.
Não seriam mais escravos. E Jesus continua: "Bem sei que sois descendentes
de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida
por vós".
Logo em seguida aparece bem clara a distinção: "Eu falo o que vi junto do
Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai". Jesus lhes nega o direito
de afirmar que são filhos de Abraão, porque as obras deles afirmam o contrário.
Eles insistem em afirmar: "Nosso Pai é Abraão!" como se quisessem
apresentar a Jesus um documento da identidade deles.
Jesus retruca:
"Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! Mas, agora, vós
procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de deus. Isso,
Abraão não o fez. Vós fazeis as obras do vosso pai". Nas entrelinhas deixa
entender que o pai deles é satanás (Jo 8,44). Sugere que são filhos da
prostituição.
"Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de Deus é que
eu saí e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou". Em outras
palavras, Jesus repete a mesma verdade: "Quem pertence a Deus escuta as
palavras de Deus".
A origem desta
afirmação vem de Jeremias que diz: "Colocarei minha lei em sua alma, a
escreverei em seu coração. Então eu serei seu Deus e eles o meu povo. Não
deverão mais se instruir uns aos outros, dizendo: Reconhecei o Senhor porque
todos me conhecerão, desde o menor ao maior, afirma o Senhor; porque eu vou
perdoar sua iniqüidade e esquecerei completamente seu pecado" (Jr
31,33-34). Mas eles não vão se abrir a esta nova experiência de Deus, e por
isso não reconhecerão Jesus como enviado do Pai.
Concluindo: Escravidão e liberdade resultam da postura que as pessoas assumem,
diante de Jesus e de seu projeto. A liberdade brota da obediência ao Mestre,
explicitada em forma de comunhão e solidariedade, de maneira especial, com os
mais fracos e pequeninos.
Este gesto de amor é
possível quando o discípulo se liberta da tirania do egoísmo, e se projeta para
além de si mesmo. A escravidão acontece quando, tiranizadas pelo egoísmo, as
pessoas não são capazes de superar seus pequenos interesses, abrindo-se para
Deus e para o próximo.
Existem religiosidades falsamente libertadoras, que levam as pessoas a se apegarem
a elementos secundários, tornando-se incapazes de acolher o projeto de Deus.
Jesus entrou em atrito com gente deste tipo. O orgulho de pertencerem à
descendência de Abraão levava certas pessoas a se oporem, abertamente, a Jesus,
o enviado do Pai, e à sua proposta de conversão.
Pensando
ser filhos de Deus, acabavam por se fazer filhos de outro pai. Não pode haver
contradição no agir de quem provém de Deus. Se rejeitam o Filho, é porque não
estão enraizados no Pai.
A missão de Jesus consistiu em libertar a humanidade, fazendo-a conhecer a
verdade. Não podemos nos contentar com uma libertação apenas aparente e
enganadora. Só Jesus pode tornar-nos, efetivamente, livres.
Reflexão
Apostólica:
"Não sou dono do mundo, mas sou filho do Dono”. Esta frase^, tão
significativa, aparece em muitos para-choques de caminhão ou adesivadas em
muitos carros. Será apenas modismo, uma frase bonita ou os donos desses
veículos percebem o seu real sentido que significa: segurança, dignidade
e liberdade?
É disso que
Jesus falava. A mensagem de Jesus produz a liberdade que vem somente de Deus,
não de uma linhagem ou de uma condição social.
Para Jesus, considerar-se filho é uma questão de conduta, não de nascimento. Quem,
por seus atos, torna-se homicida e traiçoeiro, não tem Deus como Pai.
A verdade e a
liberdade são dois valores muito profundos no evangelho de João. A verdade é a
garantia da liberdade. A verdade não é um conjunto de afirmações teóricas ou de
representações mentais que concordam com a realidade material ou objetiva.
Entendo que a verdade, no evangelho, seja a maneira correta de
proceder, transparência de vida, na qual não cabe engano nem moral dupla,
coerência entre o que uma pessoa pensa, sente, diz e faz. É o que sempre
procuramos testemunhar, como cristão: Coerência ente fé e vida. Jesus não só
diz verdades, mas que Ele é a verdade, porque é transparência do próprio Deus.
Ser livre não é fazer o próprio capricho sem nenhum tipo de limites. Ser livre
é tomar distância de tudo o que possa aprisionar, atrapalhar, escravizar. A
liberdade também implica viver com autenticidade, sem enganos e sem conveniências.
O ambiente sócio-cultural em que nos movemos está viciado pelo engano, mentira,
manipulação e corrupção. É um ambiente que envolve a todos, de tal maneira que
todos se sintam de alguma forma numa armadilha, sem liberdade para denunciar as
novas formas de escravidão.
Nosso empenho
deverá se orientar para a busca da verdade, para encontrar a autêntica
liberdade dos filhos de Deus?
O Evangelho de hoje dentre tantas coisas que nos traça está o caminho da
santidade que passa pelo seguimento a Cristo. Fazer-se seus discípulos, isto é,
o caminho da santidade é na realidade um caminho na verdade e na liberdade.
Propor a santidade de vida nada mais é do que propor o caminho da verdade e da
liberdade.
À luz da fé, a
santidade é vida na verdade total não limitada às realidades materiais ou
apenas à vida terrena. Com efeito, o santo tem em consideração tanto os bens
materiais como os espirituais; tem em consideração tanto a realidade terrena
como a sobrenatural; contempla a própria vida não apenas na perspectiva
temporal, mas também eterna. Por outras palavras, o santo vive na verdade
considerando todos os aspectos da própria existência.
O aspecto mais importante é que aquele que deseja a santidade abre-se a Deus
que é o bem supremo e a fonte da verdade.
A santidade de
vida e a abertura à graça ajudam-nos na realidade a compreender mais
profundamente as verdades de Deus.
Peçamos ao
Senhor que nos ajude, a saber, aceitar seriamente o convite à santidade nas
nossas condições de vida quotidiana, que mais não é que um convite a caminhar
na verdade total e na liberdade autêntica.
Propósito: Deixar iluminar e marcar os passos e decisões pela verdade
que é Jesus.
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