23 AGOSTO - Antes de mais nada, se quisermos possuir a potência e a
fortaleza necessárias para o nosso propósito, deveremos buscar a nossa força no
Céu. (L 9). São Jose Marello
Mateus 13,44-46
""O
Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra,
deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e
compra aquele campo. O Reino dos Céus é também como um negociante que procura
pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os
bens e compra aquela pérola.""
Meditação:
As
parábolas ensinadas por Jesus, em especial as de Mateus 13, expressam verdades
acerca do reino dos céus. O Senhor introduziu suas parábolas com a seguinte
expressão: “O reino dos céus é semelhante a…”.
Na pessoa e obra de Jesus o reino dos céus se manifestou entre os homens. Muito
do seu tempo foi gasto na pregação do evangelho do reino, na qual estavam
incluídas as parábolas do reino.
Cada parábola apresenta um aspecto desse reino. Por exemplo, algumas vezes
Jesus fala do reino como uma realidade presente (ex: parábola do grão de
mostarda – crescimento do reino na terra, 31,32) e outras como uma realidade
futura (a parábola da rede – juízo final, 47-50).
Algumas parábolas apontam para a pessoa e a obra do rei Jesus (parábola dos
lavradores maus – oposição a Jesus e sua morte); outras expressam a atitude
cristã dos súditos do seu reino (bom samaritano - ser misericordioso, (Lc
10,30-37).
O evangelho de hoje nos traz duas breves parábolas do Discurso das Parábolas.
As duas são semelhantes entre si, mas com diferenças significativas para
esclarecer melhor determinados aspectos do Mistério do Reino que as parábolas
estão revelando.
Na parábola do tesouro escondido Jesus conta a
história de certo homem que encontrou um tesouro escondido num campo.
O Senhor não diz quem foi o homem (empregado, arrendatário) que encontrou o
tesouro nem tampouco como ele o encontrou, se arando, cavando ou plantando no
campo, não sabemos.
Também não sabemos qual foi o tesouro encontrado. O que sabemos apenas é que
certo homem encontrou um tesouro que estava escondido num campo. Tal fato não
era algo anormal e fora da realidade.
Era uma coisa comum tanto na época do AT (Pv. 2.4; Jr.41.8) quanto do NT
esconder tesouros debaixo da terra por causa das guerras e revoluções tão frequentes
na época. Era mais seguro guardar um tesouro escondido no campo do que deixá-lo
em casa, pois este, estando em casa, poderia ser roubado por ladrões ou levado
pelos invasores como despojo.
Na leitura dos evangelhos dois tipos de narrativas chamam a atenção: as
parábolas e os milagres. As parábolas são associadas ao ensinamento de Jesus e
os milagres são a expressão do poder de Deus nele presente.
Os discípulos de Jesus e suas comunidades ao reterem as memórias de Jesus o
fizeram conforme sua sensibilidade e seu imaginário. Os enigmas das parábolas e
o espantoso dos milagres são atraentes para a uma piedade mais superficial.
Porém Jesus vai conduzindo seus discípulos a um aprofundamento da fé.
Os três versículos de hoje encerram duas pequenas parábolas: a do tesouro
escondido (v. 44) e a da pérola de grande valor (vv. 45-46).
Ambas focalizam o tema da opção radical pelo
reino da justiça, diante do qual vale a pena arriscar tudo, alegremente (veja
6,33).
Ambas mostram a atitude de alguém que vende
tudo o que possui para conquistar o novo, algo de valor incalculável, o único
valor absoluto. Podemos imaginar os efeitos que essas parábolas tiveram sobre
as comunidades siro-palestinenses, desiludidas e ameaçadas de afrouxamento.
A primeira parábola é a do tesouro escondido
no campo (v. 44). A parábola não compara o Reino com o tesouro, mas quer
mostrar o estado de ânimo de quem encontra esse tesouro, comparando esse estado
de ânimo com o que deveria animar os que descobrem o reino da justiça como
valor absoluto de suas vidas. Como reage quem encontra um tesouro? Como reage
quem descobriu que a justiça é o único caminho para conseguirmos sociedade e
história novas?
O texto não afirma que o descobridor estivesse à
caça de tesouros escondidos. Simplesmente topa com ele, sem esforço.
O reino da justiça também não é objeto de
buscas intermináveis; está debaixo de nossos pés, a nosso alcance, em nosso
chão.
A reação de quem encontrou o tesouro é de
alegria e desembaraçamento de tudo para a obtenção desse tesouro. Aí está, diz
Mateus, o estado de ânimo de quem descobriu, na prática da justiça do Reino, o
filão escondido do mundo novo.
O Reino é dom gratuito, manifestado na prática
de Jesus. A esse achado inesperado correspondem alegria e desprendimento total.
Não se trata de renunciar para obter o Reino. É sua descoberta que possibilita
desembaraçar-se alegremente de tudo.
A segunda parábola é a da pérola de grande
valor (vv. 45-46). Há algumas diferenças em relação à anterior: o fato de o
comprador estar buscando pérolas e a falta de menção da alegria com que vende
todos os seus bens.
O significado é o mesmo da parábola anterior:
pelo fato de encontrar um valor maior, desfaz-se de tudo para possuí-lo, porque
vale a pena.
O Reino não é troca de mercadorias. Não
pode ser comprado como o campo que esconde o tesouro ou como a pérola. As
parábolas querem salientar que nada faz falta a quem descobriu o sentido e o
valor da luta pela justiça.
Resumindo o ensino das duas parábolas. As duas
tem o mesmo objetivo: revelar a presença do Reino, mas cada uma o revela de seu
jeito: através da descoberta da gratuidade da ação de Deus em nós, e através do
esforço e a busca que todo ser humano faz para descobrir sempre e cada vez
melhor o sentido de sua vida.
Reflexão Apostólica:
Hoje em dia quando
se fala em tesouro a gente não faz muita ideia, mas se falar de fortuna,
riqueza, valor patrimonial e monetário é linguagem que todo mundo entende.
Quem
é que já não fez a sua “Fezinha” em uma Casa Lotérica pensando em ganhar uma
fortuna, como uma Mega Sena acumulada em algumas rodadas? Quem é que já não
vislumbrou essa possibilidade e “carregou” um pouco mais em sua aposta, fazendo
talvez um bolão com os amigos?
A
ideia de sair de um salário irrisório para administrar uma bela fortuna,
morando em uma mansão, com mais de três carrões do ano na garagem, viajar de
jatinho para qualquer parte do mundo, enfim, nunca mais passar “aperto” com
pagamento de contas, é uma ideia muito tentadora e eu não vejo maldade nisso, o
problema é: até que ponto acreditamos que vamos ser os vencedores….
Então
a gente aposta sim, mas de leve, sem comprometer o orçamento doméstico, senão
já se está fazendo uma grande besteira, porque não há nenhuma certeza de que
vamos ganhar e as possibilidades são mínimas….quase irrisórias….
Bem
diferente desse homem que encontrou um tesouro, tornou a enterrá-lo e foi para
casa tomado pela alegria de ser dono do tesouro encontrado, e começou a
desfazer-se de seus bens captando recursos para comprar o terreno onde estava o
tesouro, que ninguém sabia a não ser ele….
Jesus conta na Parábola,
que o Reino de Deus onde devemos habitar e viver plenamente, é um lugar que tem
muito valor.
Muitos pensam que podem
comprá-lo, mas ele não tem preço. Este lugar é conquistado pelas virtudes
trabalhadas e desapego aos bens materiais. Quanto mais nos desfazemos dos bens
passageiros, mais conquistamos nosso espaço no Reino. É proporcional um ao
outro.
Porém, Deus não quer que
sejamos pobres sem dignidade, ao contrário, o trabalho traz frutos para uma
sobrevivência digna e honesta.
O Reino é daqueles que
têm tudo sem se apegar a nada, dos que são felizes simplesmente porque acordam,
dos que amam incondicionalmente, dos que são fortes para proteger os mais
fracos, dos que sabem dividir e partilhar.
Quando renunciamos a um
bem passageiro não significa que estamos nos esvaziando e enfraquecendo, ao
contrário, toda vez que nos desfazemos de um bem material nos fortalecemos e
conquistamos joias espirituais que vão garantindo nosso lugar no Reino de Deus.
É como se estivéssemos comprando pequenas joias para serem guardadas num
tesouro que garantirá a subsistência na vida eterna.
Nossa maior riqueza,
portanto, não são ouro e nem prata, mas gestos de caridade e amor fraternos que
conquistam o Reino através da conquista de novos corações.
Propósito:
Pai, que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do
que me impede de acolher plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se
apegue a coisa alguma deste mundo.
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