02 Setembro - A tristeza é inimiga do bem. (S 197). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 5,33-39
"Algumas pessoas disseram a Jesus:
- Os discípulos de João Batista jejuam muitas vezes e fazem
orações, e os discípulos dos fariseus fazem o mesmo. Mas os discípulos do
senhor não jejuam.
Jesus respondeu:
- Vocês acham que podem obrigar os convidados de uma festa de
casamento a jejuarem enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará
o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar!
Jesus fez também esta comparação:
- Ninguém corta um pedaço de uma roupa nova para remendar uma
roupa velha. Se alguém fizer isso, estraga a roupa nova, e o pedaço de pano
novo não combina com a roupa velha. Ninguém põe vinho novo em odres velhos. Se
alguém fizer isso, os odres rebentam, o vinho se perde, e os odres ficam
estragados. Não. Vinho novo deve ser posto em odres novos. E ninguém quer vinho
novo depois de beber vinho velho, pois diz: "O vinho velho é melhor.""
Meditação:
Seguindo o fio condutor da narração de Lucas, podemos compreender o quadro geral da pregação de Jesus: ancorado na realidade e no cotidiano, parte de comparações simples e expressivas, e resgata sentido profundo da vida e, sobretudo, de verdade.
A partir de um questionamento a partir de um certo comportamento, dele e de seus discípulos, aproveita para dar uma instrução simples e profunda.
Depois de ter sido questionado pelos fariseus por comer com os publicanos e
pecadores, agora é cobrada de Jesus a observância do jejum e das orações
rituais. Jesus rompe com a tradicional piedade da Lei.
O jejum caracteriza o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a
hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os
homens.
Além de sentar-se à mesa com companhias pouco recomendáveis segundo os
critérios do legalismo religioso, “comem e bebem”, desprezando os jejuns
rituais. Jesus, como um noivo presente entre os convidados em uma festa de
núpcias, não vem trazer castigos, mas sim comunicar alegria e vida.
A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem concreto
e não para manter as estruturas que sugam o homem.
A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudanças radical.
Neste Evangelho de Lucas e no de Marcos, o questionamento a Jesus é feito por
um sujeito indeterminado: “eles”. Já Mateus, de modo próprio, atribui a
pergunta aos discípulos de João.
O jejum era praticado tendo-se em vista o perdão dos pecados diante de um Deus vingativo para com homens e mulheres, o qual deveria ser aplacado com sacrifícios.
A parábola do remendo, em Lucas, é revestida de um colorido especial: não se
corta um pedaço de uma roupa nova para colocá-lo como remendo em roupa velha.
Além de estragar a roupa nova, repuxa a roupa velha e, ainda mais, não vai
combinar! A sentença final é uma alusão aos judeus, apegados à sua antiga
tradição, que rejeitam a novidade de Jesus.
A comparação do pedaço de pano novo e do odre novo. O jejum e a penitência, eram
práticas religiosas externas comuns e obrigatórias nos tempos de Jesus, são
agora recolocadas e deixadas de lado por Jesus e seus seguidores. Esta é a raiz
do questionamento lançado a Jesus, que possibilita que deixe sua mensagem.
O pedaço de pano novo que rompe a veste velha é a imagem usada por Jesus para expressar as implicações da mudança proposta pelo mestre.
As novidades do Reino exigem pessoas, estruturas e sentimentos novos. As exigências e conseqüências desta mudança se reforçam com o exemplo do vinho novo que requer odres novos, do contrário, pode-se colocar tudo a perder.
Jesus não vem castigar nem condenar, mas libertar e acolher. A sua presença
entre os discípulos, expressa pela imagem do noivo em um casamento, é motivo de
alegria e festa, não de luto e jejum.
As duas parábolas que se seguem exprimem bem a novidade de Jesus, que não
combina com a prática legalista da tradição do Primeiro Testamento.
A frase final, que termina com a expressão: “o vinho velho é melhor”, é estranha no texto e indica inserções que se cristalizaram na tradição.
O que na verdade Jesus quer salientar é uma prática que saia do fundo do
coração. É esta a proposta que Jesus nos apresenta para nossas ações. Diante de
Deus todos os nossos atos terão o valor proporcional ao que o nosso coração
lhes confere.
Fazer apenas por fazer, não nos edifica nem nos ajuda na caminhada para Deus. O
odre e a roupa significam a nossa mentalidade e a maneira como acolhemos as
observâncias que Deus nos propõe por meio da sua Palavra e dos seus
mandamentos.
A maneira como encaramos os fatos da nossa vida e a mentalidade com a qual nós
participamos das propostas de Deus nos dão a garantia para que as nossas ações
diante do Senhor tenham valia.
O que é novo não cabe na mentalidade antiga. Precisamos de um espírito aberto,
para acolher as novidades do Evangelho e viver segundo os mandamentos de Deus.
Do contrário, não daremos frutos.
Você é uma pessoa apegada ao seu modo de pensar? Você é capaz de mudar de
opinião diante das novidades do Evangelho? Com que espírito você jejua ou faz
sacrifício? Você costuma murmurar e se lastimar das coisas boas que você faz
aos outros?
Reflexão Apostólica:
No Evangelho de hoje, Jesus é de uma sutileza incrível! E quem não parar para refletir por alguns momentos, vai deixar passar uma mensagem, no mínimo, profunda...
Na primeira parte, os fariseus tentam, novamente, colocar Jesus contra a
parede. E mais uma vez Jesus responde com toda a autoridade que enquanto o
noivo está presente, os convidados devem comemorar. Mas que vai chegar o
momento em que o noivo será tirado deles, e aí sim, eles jejuarão.
Esta parte é muito clara para nós, pois nós já sabemos o que aconteceu com Ele, mas para os que estavam lá, essas últimas palavras não devem ter sido muito bem entendidas.
Porém, se já não devem ter entendido bem a primeira parte, a segunda, então,
deve ter sido um verdadeiro enigma para eles. A sutileza de Jesus foi impressionante.
"Remendo novo em roupa velha: vai rasgar a roupa nova, e não vai combinar
com a roupa velha." O que é a roupa nova, e o que é a roupa velha?
Vejamos...
A estrutura religiosa que existia na época de Jesus era muito complicada...
Durante muitas décadas, talvez séculos, os fariseus e doutores da lei pegaram a
Torá e outros livros sagrados, e foram formando uma doutrina cheia de regras.
Só para citar algumas: no sábado não se podia amarrar as sandálias, porque isso era um trabalho; nem podia cortar unhas, cabelos ou barba; e um médico não podia socorrer alguém, a menos que estivesse em risco de vida.
Existiam mais de 300 regras assim, a serem seguidas. Jesus veio trazer a Boa Nova do Reino dos Céus, e não se submeteu as regras impostas pelos fariseus. A doutrina de Jesus era a "roupa nova": amem-se uns aos outros como eu vos amo, o Reino é dos pequeninos, quem for maior dentre vós deve ser o primeiro a servir...
Nada disso combinava com a "roupa velha" dos fariseus. E não adiantava enxertar alguns dos ensinamentos de Jesus na "roupa velha" dos fariseus, porque simplesmente "não combinaria".
Até que ponto nós criamos regras sem sentido para a nossa vida, e se as pessoas
não respeitarem, nós ficamos chateados?
Por exemplo: "ninguém pode sentar no meu lugar à mesa", "tenho que dormir depois do almoço", "não posso repetir a roupa numa festa"...
Jesus vem para acabar com todas as regras sem fundamento, e trazer a REGRA DE OURO: Amai a Deus sobre todas as coisas, e amai ao próximo como a si mesmos. E só!
A continuação é ainda mais interessante: "Vinho novo em odres velhos: o
odre se quebra e o vinho se perde." O "vinho novo" é a Boa Nova,
e O "ODRE VELHO" É AQUELA PESSOA QUE NÃO TEM A CAPACIDADE DE RECEBER
O "VINHO NOVO".
Você já tentou ensinar a alguém que parece não estar entendendo nada do que
você está dizendo? É como tentar empurrar vinho novo em odre velho... se forçar
muito, ele quebra. "Vinho novo é para ODRES NOVOS".
Agora ficou fácil: "ODRE NOVO" É AQUELA PESSOA QUE ESTÁ ABERTA PARA RECEBER
O "VINHO NOVO". É assim que nós devemos ser: ETERNOS APRENDIZES, e
nunca nos fecharmos para aprender algo novo.
O melhor ficou pro final... O vinho novo vai envelhecendo dentro do odre... e a
medida que vai envelhecendo, vai ficando mais saboroso.... a ponto de quem
provar do vinho velho, não querer mais do vinho novo!
O "vinho" que jorrava de Jesus era o "vinho velho", da melhor qualidade. Por isso que quem provava, não queria saber de nenhum outro. E assim o seu time de discípulos só aumentava... Muitos dos discípulos de João Batista e até dos fariseus passaram a ser discípulos de Jesus.
E agora, você está mais para odre novo ou odre velho? Ainda está aberto(a) para
aprender, ou acha que já sabe o suficiente? E o seu vinho, que tal envelhecê-lo
aos poucos e oferecê-lo para nós? O mundo precisa muito do seu vinho...
Propósito:
Pai, abre meu coração para acolher a novidade trazida por
Jesus, sem querer deturpá-la com meus esquemas mesquinhos e contaminá-la com o
egoísmo e o pecado.
A vida é cheia de surpresas.
Algumas boas e outras não. Dor, perda e sofrimento fazem parte da vida, e, a
princípio, não percebemos nada de proveitoso nisso. Quando sentimos a dor, a
perda e o sofrimento, toda a nossa vida é afetada. O medo surge nesses
momentos. Onde se agarrar? Você se sente perdido? Existe uma solução? Existe sim!
A resposta para vencer o medo é agarrar-se em Jesus. A Bíblia afirma: “As
tentações que vocês têm de enfrentar são as mesmas que os outros enfrentam; mas
Deus cumpre a sua promessa e não deixará que vocês sofram tentações que vocês
não têm forças para suportar. Quando uma tentação vier, Deus dará forças a
vocês para suportá-la, e assim vocês poderão sair delas” (1Coríntios 10.13).
Confie nesta promessa de Deus, pois ele é fiel e quer salvar você.
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