15 agosto - Assunção da Bem aventurada
Virgem Maria - Aniversário da Crisma de São José Marello (1855).
Os sofrimentos são o começo da união com o Amor Eterno, mas somente a morte pode torná-la perfeita e indissolúvel. (L 232). São Jose Marello
Mateus 19,16-22
"Certa vez um homem chegou perto de Jesus e perguntou:
- Mestre, o que
devo fazer de bom para conseguir a vida eterna?
Jesus respondeu:
- Por que é que
você está me perguntando a respeito do que é bom? Bom só existe um. Se você
quer entrar na vida eterna, guarde os mandamentos.
- Que mandamentos?
- perguntou ele.
Jesus respondeu:
- "Não mate,
não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém,
respeite o seu pai e a sua mãe e ame os outros como você ama a você
mesmo."
- Eu tenho
obedecido a todos esses mandamentos! - respondeu o moço. - O que mais me falta
fazer?
Jesus respondeu:
- Se você quer ser
perfeito, vá, venda tudo o que tem, e dê o dinheiro aos pobres, e assim você
terá riquezas no céu. Depois venha e me siga.
Quando o moço ouviu
isso, foi embora triste, pois era muito rico. "
“(…) Deus nos ama com amor eterno e, por isso, quer relacionar-se conosco. A partir disso, devemos perceber qual é o verdadeiro sentido da religião. O que caracteriza o verdadeiro cristão não é a mera observância dos mandamentos, mas a busca da perfeição que está no seguimento de Jesus, portanto no relacionamento com ele. Porém, existem valores deste mundo que se tornam obstáculo para este relacionamento, como é o caso dos bens materiais, que impediram o jovem de buscar livremente a vida eterna e a perfeição, através da caridade e do seguimento de Jesus, embora observasse todos os mandamentos”. (CNBB)
Está em questão a opção entre os dois senhores: o dinheiro ou Deus.
As observâncias religiosas podem ser um primeiro passo. O passo decisivo, a
novidade do Reino, é a renúncia às riquezas e o seguimento de Jesus, onde o
amor é levado à perfeição.
No Evangelho de hoje vemos Jesus na reta final do seu ministério terreno. Está
decidido a caminhar para Jerusalém a fim de consumar o Mistério Pascal, ou
seja, Paixão, Morte e Ressurreição. Entretanto, um jovem, corre atrás d’Ele e,
ajoelhando-se diante do Mestre, soltou aquilo que estava entalado no coração:
Que farei para herdar a vida eterna?
Esta pergunta é nossa também. Pois todos nós queremos ir para o céu. Aliás, o instinto natural do homem é a vida eterna! Portanto, nada absolutamente preenche este vazio da alma que nasce no coração do homem, logo a seguir a expressão de Adão e Eva no paraíso das delícias celestiais. Mas afinal quem era este jovem?
A Sagrada Escritura não diz quem era e nem como se chamava, tão pouco onde
morava e quem eram os seus pais. Mateus 19,16 diz somente “alguém”. Marcos 10,17
– apenas um “homem”.
Lucas 18,18 “Certo
homem de posição”.
Todavia, tudo indica que era alguém delicado e educado mui reverente (Mc 10,17) diz que “ajoelhou-se diante de Jesus”. Mateus 19,20 refere-se a esse homem como “jovem”.
Não interessa saber quem era senão a preocupação dele pela vida
eterna. O que vemos nos textos citados é que procurou Jesus. Procurar Jesus
como fonte da salvação nossa deve ser a mola impulsionadora das nossas buscas
de realizações. Visto que somente n’Ele e por Ele temos a vida em plenitude.
Pelo que acabamos de ver no texto, este jovem tinha boas e excelentes
qualidades. Só lhe faltava o essencial: “a
vida eterna”. Ele sabia muito bem que essa vida estava com Jesus, o
Filho de Deus. (Jo 10,10). Como vimos não adianta almejar a “vida eterna”, ansiar
por ela. É necessário que a possuamos. É preciso que procuremos esta vida em
Jesus Cristo.
O moço rico era um zeloso guardador da lei. Disse Jesus que era fiel guardador
da lei. Respeitava os mandamentos e estatutos ordenados pelo Senhor
Todo-poderoso. Por exemplo, respondendo a Jesus que lhe pediu “guardar os mandamentos”
disse: Não mato; Não adultero; Não furto; Não defraudo; Não dou falso
testemunho; Honro pai e mãe.
Diga-se de passagem, o jovem era mesmo rico. Veja como os evangelistas narram a
sua situação: Mt 19,22 – “era
muito rico”. Mc 10,22 – “dono
de muitas propriedades”. Lc 18,23 – “era riquíssimo”. Porém, como cristão ele
tinha tudo e nada tinha.
Os bens da terra evaporam. “que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”. O que vou dizer pode te parecer contradição: Apesar das riquezas, ele era pobre, tinha nada. O jovem possuía tudo, menos a vida. E quem não tem vida não existe e se não existe não tem algo. Porque é pela vida que eu entro em contato com as coisas. Pela pergunta que fez a Jesus “que hei de fazer para herdar a vida eterna?”, infere-se que não a possuía. E nem sequer existia. E por causa da ausência da vida, o jovem que tinha tudo, desde a guarda dos mandamentos de Jesus até a fabulosa quantidade de dinheiro, corre atrás de Jesus a procura da vida para poder viver e consequentemente ter Vida eterna.
A partir da situação do jovem devemos ver que a vida eterna não se alcança por
dinheiro; nem zelo pelos estatutos de Deus; nem pela guarda de lei; nem
praticar alguma coisa boa. Pois priorizando estas coisas podes estar perdido,
perdida como este jovem. Aliás o próprio Jesus nos adverte que lhe adiantam os
tesouros deste mundo, se não tivermos a vida eterna em Deus e com Ele?
No diálogo com o moço Jesus o levou a uma decisão. Jesus e o moço chegaram a
dois caminhos diferentes. Quer Jesus ou as riquezas, Jesus ou a simples guarda
dos mandamentos? Jesus ou as delícias deste mundo? Estas perguntas eu as faço
para que tu reflitas a tua situação. Temos na Palavra de Deus, pessoas que
firmam sua decisão. Cada um é livre em tomar o seu caminho. Aceitar a Jesus
como fonte de vida eterna ou o diabo como caminho da perdição eterna. O que tu
preferes? Jesus ou o cigarro? Jesus ou a cachaça? Jesus ou as falsas doutrinas?
Jesus ou o dinheiro? Jesus ou os encontros deste mundo que se encontram no
maligno?
Não esqueçamos que o moço rico estava a um passo da vida eterna. Uma só
coisa lhe faltava, remover o ídolo dinheiro do seu coração e seguir Jesus.
Quando ouviu de Jesus, falta-te uma coisa – uma somente: Vende tudo, dá aos
pobres, volta a seguir a Jesus, não quis e se foi embora triste. Como soam
estas palavras em ti: Vende tudo o que tens, dê aos pobres o que tens e terás a
vida eterna?
Felizmente, são Mateus nos faz gravada a figura e a atitude do coração deste jovem: ao ouvir as palavras de Jesus, retirou-se triste por ser dono de muitas propriedades. Retirou-se triste, não quis Jesus, ficou com o dinheiro e perdeu a vida eterna que tanto almejava. E nós, queremos fazer o mesmo? Vamos preferir ficar com os bens terrenos a ganhar a vida eterna? Não nos atrapalhemos com este mundo passageiro.
Não é proibido ao Cristão ter bens materiais, muito ou pouco, o que é perigoso
é colocar a segurança e esperança de viver bem e ser Feliz, apenas naquilo que
tem e não naquilo que se é.
Quando entendemos isso temos com as pessoas uma relação de igualdade, e sabemos partilhar com elas tudo o que somos e o que temos.
Tudo na vida do Discípulo deve ser repartido com o próximo, menos o coração que deve ter um único Dono e Senhor: Jesus Cristo, Aquele que deu tudo de si para os outros, inclusive a própria Vida.
Qual seria a maior “decepção” do jovem rico após a conversa com Jesus? Será que alguém que seguia os mandamentos desde criança teria realmente dificuldade em vender tudo e seguir Jesus? Será que conseguimos imaginar que de repente o problema não era o quanto de riquezas possuía e sim o apego a elas?
Mateus tinha uma percepção diferente de Lucas, pois pertenceu a uma classe mais
rica e poderosa. É justamente Mateus o apóstolo que narra a parábola do tesouro
encontrado, que provavelmente chamou sua atenção por ser aquilo que viveu na
pele: Um rico que encontrou o tesouro e vendeu tudo para segui-lo.
O evangelista dessa vez empenha-se em narrar um rapaz, que como ele, encontra O
tesouro, no entanto tem uma postura bem diferente do autor desse evangelho. “(…) Quando o moço ouviu isso, foi
embora triste”. Na verdade, aos meus olhos, o problema não era o
dinheiro e sim o apego a ele. De fato existem outros apegos que nos fazem
voltar a trás e também desistir do tesouro.
Alguns se apegam a elogios, “tapinhas nas costas”, reconhecimento; outros a
posições de destaque, cargos, chefias; outros, porém, a coisas que de fato não
possuem valor algum. Quanta gente se aproveitam dos ensejos políticos para
lograr êxito através de “favores” nada legais esquecendo que essa atitude, que
lhe beneficia, pode levar a muita gente a ser prejudicada.
Um sábio frei, primeiro SCE da minha Equipe, há quase 40 anos, disse que o pior
pecado é o social. Que adianta seguir os mandamentos e ver meu irmão sofrer por
meu egoísmo?
Não se engane! Deus conhece bem esses frutos!
Sim, é deprimente o que fazemos para ascender de status, de posição, de situação:
Mentimos, dissimulamos, omitimos…
O engajamento político se faz necessário para tirarmos das esferas de decisão
os maus representantes, mas é duro de admitir que muitas vezes somos nós
mesmos, os “cristãos”, que os colocamos naquele lugar e mais duro ainda
de admitir que tudo porque não me desapeguei das coisas menores.
Se temos desigualdades sociais gritantes uma parcela da culpa é nossa, que
seguimos os mandamentos, mas não desapegamos dos benefícios. Trocamos a vida
das pessoas por um cargo para esposa, um milheiro de tijolos, duas janelas…
Falar de Deus e agir assim é hipocrisia. A parábola do jovem rico é muito atual,
pois ela esta batendo em nossa porta todos os dias.
Talvez a reflexão tenha sido dura, mas creio
também em duas coisas:
1) Somente voltará triste quem esta
vivendo isso e não tem força para se desapegar ou;
2) Quem torce a boca, fecham os ouvidos e tentam
calar a voz do profeta, não conseguirão êxito, pois creio profundamente que as
pedras gritarão.
“(…) Do meio da
multidão, alguns dos fariseus interpelaram Jesus: ‘Mestre, repreende teus
discípulos’! Ele, porém, respondeu: ‘Eu vos digo: se eles se calarem, as pedras
gritarão’”. (Lc 19,39-40)
Propósito:
Pai, quero estar sempre em
comunhão contigo, pois só tu és Bom. Que eu possa, assim, conhecer a tua
vontade e colocá-la em prática, pois este é o caminho da salvação.
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