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agosto - Uma vez fixada a meta, ainda que o céu venha abaixo, é preciso olhar
lá, sempre lá. (L 10). São Jose
Marello
Leitura do santo Evangelho segundo
São Mateus 19,23-30
"- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: é muito difícil um rico entrar no Reino do Céu. E digo ainda que é mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito admirados e perguntavam:
- Então, quem é que pode se salvar?
Jesus olhou para eles e respondeu:
- Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, tudo é possível.
Aí Pedro disse:
- Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor. O que é que nós vamos ganhar?
Jesus respondeu:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando chegar o tempo em que Deus vai
renovar tudo e o Filho do Homem se sentar no seu trono glorioso, vocês, os meus
discípulos, também vão sentar-se em doze tronos para julgar as doze tribos do
povo de Israel. E todos os que, por minha causa, deixarem casas, irmãos, irmãs,
pai, mãe, filhos ou terras receberão cem vezes mais e também a vida eterna.
Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os
últimos serão os primeiros."
Depois de Jesus nos ter falado sobre o jovem rico, um estudioso da Lei, cumpre todos os parágrafos, não é desonesto, nem mentiroso, nem violento, nem adúltero, nos propõe hoje o texto que fala do perigo das riquezas. Vendo o homem, Jesus acha-o não longe do Reino do Céu por isso faz-lhe um convite a vender tudo e distribuí-lo aos pobres: se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, e dê o dinheiro aos pobres, e assim você terá riquezas no céu.
Ao jovem que já era fiel observante dos mandamentos, Jesus faz uma proposta
radical: vender tudo, distribuir o dinheiro aos pobres e segui-lo. O jovem se
retirou triste, porque era muito rico. Não teve coragem para desvencilhar-se de
tudo, tornar-se discípulo e aderir ao compromisso de construir o Reino. E Jesus
adverte sobre o perigo que a riqueza pode significar para a liberdade e o
desenvolvimento pleno da pessoa. O Eclesiástico lembra que ela pode se tornar
um forte obstáculo para a integridade (Eclo 32, 1-11). Certamente, a palavra de
Jesus: Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E
digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um
rico entrar no Reino de Deus (Mt 19, 23-24), além de alertar para o risco que
corre o rico em ordem à sua salvação, alude à dificuldade para um seu
engajamento mais pleno na construção do Reino, que é vida para todos, no aqui e
no agora de nossa existência.
Os Padres da Igreja, dos primeiros séculos pós-catacumba, explicam que a razão
da dificuldade tem a ver com minha relação com Deus, comigo mesmo, com os
outros. O que entendem por rico e riqueza, não é quantidade absoluta de bens,
mas situação na sociedade. Quem tem 10% dos bodes da tribo de criadores
primitivos, é rico; não importa se dispõe de menos bens do que hoje vemos.
Riqueza é condição material concreta adequada do poder. Mas como o poder em si
mesmo, ela em si não é má. O Senhor não condena nem os ricos nem as riquezas;
mas adverte os seus discípulos do perigo que correm, se lhes entregarem o
coração. Em contrapartida, a atitude desprendida de Pedro e dos outros
Apóstolos é caminho certo para entrar no reino de Deus. O mundo novo que o
Filho de Deus nos revelou na sua morte e ressurreição inaugurou a regeneração
do Universo, em que tudo é julgado por outros critérios.
A graça de Deus pode fazer gente profundamente evangélica: Henrique II
imperador da Alemanha, Luis IX rei de França, Isabel rainha de Portugal e a
duquesa Edwiges, cujo fundo rotativo de ajuda ao camponês encalacrado a fez
padroeira de todos os endividados. Mas ser rico é risco. Risco em nossa relação
com Deus, exposta a duas variantes da mesma tentação: o ateísmo prático e a
idolatria.
A riqueza ameaça minha relação comigo. Os bens são nossos servos, para nossa
vida e vida plena, nossa e de todos ao nosso redor, para nossa realização como
pessoas, também diante de Deus. No momento em que eles não mais nos servem, mas
nós servimos a eles, começa o desvio.
A riqueza me separa dos outros, afasta-me deles. Os bens deste mundo em si são
bons, presentes carinhosos do Deus que quer que todos os seres humanos tenham
vida e vida plena.
Que a verdade proferida por Jesus me ensine a ter um coração mais desapegado
dos bens terrenos e mais rico da presença de Deus. Pois, o desapego dos bens
terrenos é um caminho de sincera humildade e confiança em Deus.
Na reflexão de ontem, que conseqüentemente tem sua continuidade no evangelho de hoje, faço, pois uma colocação pertinente: Qual é o empenho que apresento em buscar minha própria conversão?
Nossa vida é como aquele letreiro que vemos em lojas e supermercados tentando
se desculpar com os clientes pelas reformas que acontecem e precisam ser
feitas: “DESCULPE OS TRANSTORNOS. ESTAMOS EM OBRAS PARA MELHOR ATENDE-LO”.
Sim são obras necessárias e periódicas que visam unicamente não perder você.
Será que o salário pago pelos comerciais, pelo consumismo desenfreado, pelo
hedonismo é mais atraente que a paga dada por Deus por um filho que volta ao
lar? Se o pagamento de Deus vale mais por que faço um trabalho, muitas vezes,
meia boca?
Aonde e como estão minhas obras de fé?
Minha leitura, meu entendimento ou minha reflexão não se omitem a enxergar que
preciso do dinheiro para por comida em meu lar e assim poder viver com
dignidade, mas também não quero mentir para mim mesmo que de fato muitas vezes
estou passando longe de ser um bom cristão quando me apego à concha e esqueço a
pérola.
O meu empenho é o mesmo? Minha disposição é a mesma? As coisas do mundo não me
tiram a atenção?
Que compromisso tenho ou disponho com a instauração do reino de Deus se só me
preocupo com a limpeza do meu lote no céu? Se sou novo em Jesus, por que ainda
aceito essa atitude velha em minha vida?
Desculpem a dureza das palavras desse inicio de semana, mas precisamos mudar um
mundo que precisa começar em nós a faxina.
ORAÇÃO
Oração: Pai, desapega meu coração das coisas deste mundo, livrando-me da ilusão de buscar segurança nos bens acumulados. E reforça minha fé na Providência!
Propósito: Abrir as mãos e o coração para
acolher os irmãos.
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