26 - Guerra à
transigência! Quem transige está perdido! (L 9). São Jose Marello
Mateus 8,1-4
"Tendo Jesus descido da montanha, uma grande multidão o seguiu. Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: Senhor, se queres, podes curar-me. Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero, sê curado. No mesmo instante, a lepra desapareceu. Jesus então lhe disse: Vê que não o digas a ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés em testemunho de tua cura."
Meditação:
Jesus, no Evangelho, curou a um homem que se humilhou e pediu: “Senhor, se queres, tu tens poder de me purificar”. Se queres: é esta a condição! Com certeza o Senhor tem um plano para nós e na hora devida Ele atenderá as nossas reivindicações.
Ele anuncia o reinado de Deus. Esse
anúncio de Jesus se manifesta nos mais necessitados. O leproso é um
desses necessitados: ele estaria fora da salvação, por ter contraído uma
impureza legal. A lepra deixava-o nessa condição de impuro. Ele era excluído da
sociedade e todos acreditavam que seria um excluído de Deus também. Jesus
desce da montanha, que para eles era lugar de manifestação predileta de Deus,
lugar da lei e de Moisés.
Porém, olhem só, o leproso não se aproxima de Jesus “acima” na montanha, mas
sim abaixo, no meio da grande multidão. Quando o leproso faz o seu pedido, “Se
queres, podes curar-me”, está pedindo que lhe seja devolvida a condição de
homem: que possa olhar, sentir, aproximar-se dos demais, enfim, ser novamente
uma pessoa. É um texto maravilhoso, motivador.
Deus não está acima, longe, no monte, mas no meio das pessoas. O excluído faz o
pedido porque Jesus lhe inspira o desejo de mudar, desperta nele a
possibilidade de recuperar os seus direitos, enfim, Jesus desperta nele o
desejo de viver. O mestre Jesus, diante desse grito de compaixão, se solidariza;
realiza seu pedido, pois é isso que Deus quer: a vida!
A lepra era uma enfermidade terrível que excluía imediatamente o enfermo da
comunidade de fé e do convívio de sua família. Havia o medo do contágio. O
doente era submetido a um isolamento total, e tinha de ir avisando por toda a
parte em que passasse, gritando: “impuro!”, para que ninguém se
aproximasse deles.
O leproso era um marginalizado da vida social (lv 13,45-46). Através da cura, Jesus o reintegra na comunidade(lv14). O verdadeiro cumprimento da Lei não é declarar quem é puro ou impuro, mas fazer com que a pessoa fique purificada.
Por isso chama a atenção que o leproso deste episódio não grite: “impuro!”, mas
reconheça Jesus como Senhor e lhe peça que o limpe. A resposta de Jesus é
curá-lo de sua enfermidade. Mas o convida a cumprir com todas as normas
prescritas pela Lei para estes assuntos. Desta maneira Jesus ajuda o enfermo a
recuperar sua dignidade. Agora pode ser incorporado devidamente à comunidade e
à sociedade.
Quantas formas de exclusão e rejeição existem hoje em nosso contexto social e cultural. A pobreza extrema, o racismo, o machismo, as brigas religiosas...são outros tantos motivos de condenações e exclusões. Se todos somos filhos de Deus, por que não nos aceitamos com nossas diferenças e particularidades?
Peçamos também ao Senhor que nos cure de nossas enfermidades sociais de marginalização e exclusão para com os demais, e nos dê a capacidade de aceitar e reconhecer no outro a um filho ou a uma filha de Deus que merece respeito e dignidade.
Reflexão Apostólica:
Não pensemos que essa cura aconteceu “do nada”,
pois estaríamos desprezando a onisciência do Senhor e o plano do rapaz que
tinha lepra. Como assim plano?
É difícil imaginar alguém que era segregado da sociedade, em virtude da
moléstia que carregava, a passar despercebido na multidão que seguia Jesus.
Sim, ele tinha um plano. Imagino até seus passos e seu objetivo para chegar até
Jesus.
Precisou pensar como passaria pelas pessoas sem ser notado ou ouvido, e quantos
irmãos ainda hoje ainda se sentam num canto da igreja, em nossos grupos,
desejando também não ser visto pelas pessoas, mas ouvidos por Deus? Era comum
ser preso aos leprosos um sino para que todos os ouvissem chegar e pudessem se
afastar. Às vezes nossos erros, até os mais corriqueiros, representam nossos
sinos. Por mais que tenhamos o objetivo em mente da cura, somos “delatados” por
eles.
As pessoas (nós) quando sabemos de grandes faltas de alguém (sinos),
inconscientemente (as vezes) costumamos nos afastar e quando isso não ocorre,
por vezes dificultamos o acesso a Jesus para aquele que deseja uma nova chance
de se tornar puro. Nossa impregnada hipocrisia não permite que o que errou
conserte seus erros.
Jesus quando desceu do monte já sabia que o aquele homem pretendia. Sabia,
portanto do sofrimento causado pela moléstia e muito mais que isso, o Senhor
fora vencido, ainda no monte, pela vontade persistente e destemida daquele
rapaz
Um outro ponto…
As nossas lepras não nos escondem de Jesus e sim o nosso silêncio!
Quando digo silêncio refiro-me a inércia, ou seja, a nossa infinita vontade que
as coisas “caiam do céu”. Por exemplo: Estou a muito tempo sem um emprego, mas
me nego a voltar a estudar, de ser o mais velho da turma, de verem que nem
terminei o primeiro grau… O orgulho é um dos nossos maiores sinos
Saibam, existem tantos outros exemplos, mas como conseguirei me encontrar com
Jesus se não faço um plano para conseguir isso?
Precisa de um emprego? Então, por que não “larga mão” da cervejinha de fim de
semana? Uma carteira de cigarros por dia quando abandonada, é no final de um
mês três sacos de cimento que rebocariam a parede do quarto… Duro isso? Não!
Duro é passar fome, ver nossos filhos doentes, sem estudo, com traficantes os
acolhendo e por orgulho não querer mudar
Deus não cansa de atrair-nos para Ele. Todos os dias, todos os momentos, (…)
Ele novamente desce do monte e o que fazemos?
Coragem e destemor são características vivas de quem acredita em Cristo.
Faça planos! Se não tem, escreva! Se perdeu, recomece! Os sinos podem até nos
denunciar, mas não podem ser o motivo para temer o encontro. Não tema as
pessoas ou que dirão. Tema sim, parar no tempo por ter medo de querer
recomeçar.
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