15 jun - O triunfo de luz, de cantos, de perfumes e de mil
coisas lindas que envolvem, por uma hora, o Rei da glória, simboliza as festas
triunfais com que Jesus é glorificado continuamente por uma alma eleita. (L
190). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 5,38-42
""Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente!' Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado."
Meditação:
O elemento fundamental do projeto cristão é
apresentado neste texto do evangelho de Mateus: o amor. Este amor proposto por
Jesus supera o mandamento antigo (Lv 19,18) que permite implicitamente o ódio
ao inimigo.
Supera-o porque é um amor que não se limita a um grupo reservado de pessoas, aos do meu grupo, aos da minha etnia, ou a meus patriotas, ou aos que me amam, mas alcança os inimigos, o que poderiam não merecer meu amor, ou inclusive poderiam merecer meu desamor.
É um amor para todos, um amor universal, expressão própria do amor de Deus que
é infinito, que não distingue entre bons e maus. Ser perfeito, como Deus Pai é
perfeito, significa viver uma experiência de amor sem limites, é poder
construir uma sociedade distinta, não fundada na lei antiga de Talião (“olho
por olho, dente por dente”, que já era uma maneira primitiva de limitar o mal
da vingança), mas na justiça, na misericórdia, na solidariedade; todos esses
valores fundamentados no amor.
Continuamos na Montanha, ouvindo, silenciosamente,
o Sermão de Jesus. Novas orientações estão sendo passadas. Estamos atentos,
acolhendo a Palavra que vai nos conformando. Jesus fala do abandono da antiga
lei e nos pede uma atitude diferente se queremos ser seus discípulos. Fala do
Perdão, superação do orgulho e a caridade mútua.
Perdoar, não é fácil, a pessoa que não perdoa, fica angustiada, se remoendo por
dentro, às vezes até adoece. Não é fácil esta proposta de Jesus: “se alguém te
ferir, ofereça a outra face”. Rezamos diariamente a oração do Pai Nosso, e em
determinado momento da oração rezamos: “assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”. Se rezamos a oração com a afirmação que “perdoamos”, como agir de
forma contrária? – O cristão deve ser consciente, não querer perdoar a outro é
condenar-se a si mesmo, é ser orgulhoso.
Nos v. 40-42, Mateus narra as palavras de Jesus, que fala sobre a “caridade mútua”, que deve haver entre os cristãos. Dentro do Movimento, Pastoral, Serviço que participo há esta comunhão? Será que o orgulho está em mim? Sei perdoar?
Mateus continua fiel a narração. No v. 43, escreve
a citação de Jesus, que está em Lv 19,18: “ama o teu próximo”, mas a segunda
parte “odeia o teu inimigo”, não está na Lei de Moisés.
Esta segunda parte foi um acréscimo feito pelos rabinos da época de Jesus, os quais entendiam por próximo só os Israelitas. Jesus quer corrigir esta interpretação. Pois para ser Seu discípulo, não se pode ter inimigos.
O único inimigo do cristão é o pecado, mas não o pecador. Jesus deu-nos o exemplo, por Sua própria crucificação. Esta dificuldade precisamos enfrentar, se buscamos a perfeição cristã: amar e rezar pelos que nos perseguem e nos caluniam. Este é o verdadeiro distintivo dos cristãos.
Ao final, Jesus anuncia aos discípulos de ontem e de hoje: “sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai”. Estas palavras são um resumo de tudo o que Jesus vem nos falando desde o 4º Domingo do Tempo Comum.
Devemos tender a perfeição divina. Esta perfeição deve ser nosso modelo, apesar da distância infinita que temos Criador. Devemos buscar o MAGIS, ou seja, ser mais afetivo e generoso com o próximo, como foi Jesus.
Ter o coração mais aberto ao mundo e ao próximo, como foi o coração de Jesus. Que a nossa resposta seja como a de Maria: Mais generosa e disponível. E assim, continuamos para o mais, buscando à perfeição que havemos de imitar, sobretudo deixando transparecer em nossas vidas: Seu amor, Sua misericórdia.
Como vimos, neste evangelho de Mateus, temos as duas últimas
contraposições que mostram a novidade de Jesus em confronto com a tradição da
antiga Lei.
O "que foi dito" é substituído, agora, pela revelação de Jesus através de sua prática e de suas palavras. Na primeira contraposição, Jesus remove o mau espírito de vingança pela prática da bem-aventurança da mansidão.
Com estas propostas Mateus busca a conversão plena de sua comunidade originária
do judaísmo. A lei do talião, na tradição de Israel, incitava à vingança, no
caso de uma violência sofrida: "vida por vida, olho por olho, dente por
dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por
golpe" (Ex 21,23-25).
A Lei configurava, assim, uma cultura marcada por um espírito vingativo e
cruel. Perpetuava-se a violência que, na tradição de Israel, é exemplar na
memória perene que se faz do Êxodo, com o extermínio dos primogênitos dos
egípcios oprimidos pelo faraó e no sequente extermínio dos sete povos de Canaã.
O preceito de Jesus de não oferecer resistência ao malvado, vem romper com o ciclo contínuo da violência. Contudo, embora não se responda à violência com violência, cabe, contudo, questionar e denunciar os agentes da violência.
Em uma sociedade onde a violência é praticada pela ambição, em particular por parte dos poderosos grupos de enriquecidos, cabem os movimentos sociais em defesa dos oprimidos, e o empenho no estabelecimento de estruturas sócio-econômicas mais justas.
Na última contraposição, com a novidade do amor aos
inimigos, insistentemente anunciada por Jesus, é removida a antiga imagem de
Deus apresentada no Primeiro Testamento como aquele é inimigo dos inimigos do
"povo eleito", e os destrói.
As concepções de povo eleito e de terra prometida fundamentavam a histórica segregação e conflito de Israel com os demais povos. Assim justificavam a sua violência:
"Deus parte a cabeça dos seus inimigos e o cabeludo crânio do que anda nos seus próprios delitos" (Sl 68,21).
Jesus revela o Deus de misericórdia sem limites.
O apelo de Jesus à conversão tem o sentido tanto de mudança das referências religiosas da antiga tradição de Israel como dos sentimentos pessoais. A revelação do Deus Amor abre o caminho da perfeição a todos.
A compreensão de que somos todos filhos do Deus Pai e Mãe e a percepção de que seu amor é sem limites leva à fraternidade universal, à solidariedade e à partilha, vivendo-se com alegria tendo como meta a união e a Paz.
Somos seres simbólicos e não podemos viver nossa vida isoladamente. Ao
contrario, para chegar a ser necessitamos da convivência, da companhia, do
diálogo a dimensão moral é uma abordagem inevitável. Não podemos conviver sem
alimentar e suavizar continuamente os limites de nossas relações. Não há
sociedade humana sem moral, sem direito, sem lei, sem normas de convivência.
Por sua parte, a dimensão religiosa deve incluir essa dimensão essencial. No
Antigo Testamento vemos que a maior parte dos mandamentos são negativos,
ressaltando o que não se podia fazer, os limites que não deviam ser
transpostos. É o primeiro estagio da moral.
O Evangelho dá um salto para diante. Parece não estar tão preocupado com os limites, quanto pelo “poço sem fundo” que é preciso encher, a perfeição do amor que é preciso alcançar.
Este objetivo não pode ser alcançado simplesmente evitando o mal, mas
praticando o bem. Com o Evangelho na mão, não estaríamos conseguindo o bem
moral supremo, a santidade, simplesmente omitindo o mal, porque poderíamos
estar pecando “por omissão do bem”.
E, como disse santo Tomás, o mandamento do amor sempre resulta inexeqüível na
sua plenitude, pois nunca podemos dar conta plena dele; sempre se pode amar com
mais entrega, com mais generosidade e com mais radicalidade. É típica a
proposta do Evangelho do amor aos inimigos, o amor humanamente mais inexeqüível
e racionalmente mais dificilmente justificável.
Não obstante, à proposta desta Palavra, de uma santidade à qual se chega
pelo amor, quase como em um acesso privilegiado ou quase único, teríamos de
adicionar-lhe algum complemento. À santidade cristã não se chega somente por
amor prático, pela prática moral ou ética.
É certo que na história das religiões o cristianismo fez fama como sendo a
religião que mais organizou a prática do amor, e pelo fato de sua presença ser
acompanhada sempre com as “obras de caridade” (hospitais, escolas, centros de
promoção humana, leprosários, atenção aos pobres, aos excluídos...) que lhe são
características.
Porém, bastará o amor? E a dimensão espiritual? A espiritualidade, a
contemplação, a mística... onde andam? Obviamente, não estamos diante de uma
alternativa amor-caridade/espiritualidade-mística. Os grandes santos da
caridade foram também grandes místicos. Não se trata de uma alternativa (ou uma
coisa ou outra), mas de uma conjunção necessária: as duas coisas. Porque as
duas realidades se interpenetram perfeitamente.
De fato, o santo também é um “contemplativus in caritate”, vive a contemplação
no exercício da caridade. A Espiritualidade da libertação cunhou a famosa fórmula:
“contemplativus in liberatione” como uma perfeita harmonia entre ação e
contemplação, prática moral e mística. Na realidade, quando se vive a mística,
a moral brota espontaneamente.
Sem dúvida, o cristianismo está desafiado a mudar seu modo de alcançar a moral, que deve ser, não tanto um acesso direto, “moralizante”, insistindo nos preceitos e ameaças ou castigos, mas em um acesso indireto, pela via da mística, da experiência mística, que não deixa de ser a experiência mesma do amor.
O concílio Vaticano II abriu um panorama até então inusitado, o do “chamado
universal à santidade”, uma santidade que anteriormente muitos cristãos
consideravam reservada aos “profissionais” da santidade (os monges, os
religiosos, o clero, porém não o comum dos fiéis).
Reflexão Apostólica:
O Evangelho é o
próprio Deus falando a nós na pessoa de se Filho Jesus. Ele nos diz o como
devemos ser, o que não devemos fazer e o que precisamos fazer para ser feliz
nesta vida e alcançar a felicidade eterna.
E apesar de Jesus ter dito que não veio para abolir a Lei de Moisés, O Mestre faz algumas correções: "Vós ouvistes o que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente! ..."
Só para entender, é bom lembrar aqui, que no Antigo Testamento, se alguém arrancasse um dedo de um menino por exemplo, o pai desse menino arrancaria também um dedo de um filho do agressor. Se alguém quebrasse o braço da filha de um fazendeiro, este quebraria também o braço de uma filha ou filho daquele alguém.
Não precisamos ir muito longe. As guerras de famílias que até um dia desses aconteciam no Nordeste brasileiro e na Sicília na Itália, é um exemplo do que estamos tentando explicar.
Jesus corrige isso, porque tal prática não passa de uma vingança. Jesus nos aconselha a não reagir com a mesma forma de ofensa, pelo contrário, o certo é nem reagir, e até facilitar a ação ofensiva do agressor.
Nos velhos tempos,
era culturalmente comum odiar os inimigos e amar apenas os amigos, aqueles que
eram ao nosso favor, que concordavam conosco, que nos eram simpáticos. Jesus ao
corrigir isso, e nos ensina a fazer uma coisa que para muitos é um verdadeiro
absurdo! "Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos
perseguem!
Rezar pelos nossos inimigos até dá. Porque rezemos pedindo que eles não nos façam nenhum mal. Mas amar os nossos inimigos? Que coisa difícil! Para não dizer impossível!
Não. Não é difícil nem tampouco impossível. Jesus não nos pede nenhum esforço acima da nossa capacidade. Ele não está dizendo para a gente abraçar e beijar os nossos inimigos. Não é isso. Mas sim, está nos dizendo para tratá-los como nós gostaríamos de sermos tratados. Se fizermos isso, todos vão perceber que somos filhos do nosso Pai que está nos céus.
Esse Pai que não discrimina ninguém, que manda o sol e a chuva para todos. Bons e maus. Deus poderia muito bem tornar impossível a vida dos maus, mas Ele não faz isso. Jesus nos ensina que devemos ser bons e justos com todos, e não somente com aqueles que nos são agradáveis.
Temos uma forte tendência a fazer isso? O professor, a professora, tem uma tendência quase incontrolável de se aproximar dos bons alunos e conversar sobre outras coisas que não sejam a rotina do saber, da sala de aula.
É agradável brincar com os alunos comportados, e estudiosos. Porém, há uma tendência muito forte em IGNORAR os maus alunos, ou mesmo, de ser duro e ríspido com eles mesmo quando não estão bagunçando. Por que isso acontece? É porque é muito difícil imitar Jesus. É difícil porém não é impossível.
Se tivermos seus ensinamentos na mente o dia e a noite, pelo menos a gente tenta fazer como Ele. E esta tentativa é que vai pesar no nosso julgamento. A nossa intenção. "Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?
Sabemos que existem pessoas que são incorrigíveis. Mesmo que não sejam malvados ou bandidos, mais simplesmente um aluno problema, ou um sujeito esquizofrênico, são tipos que às vezes não adianta nos desgastar tentando corrigi-los ou convertê-los, porque perdemos o nosso tempo. Nesse caso, fazemos o que podemos, e o resto entregamos para Deus. É só lembrar aqui, para ilustrar, o caso dos criminosos natos. Nenhum sistema corretivo consegue dar jeito. Só nos resta rezar.
Jesus nos pede uma coisa que realmente é impossível para nós. "sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito," . Quer dizer, isso seria o nosso ideal. Porém, como sabemos, a perfeição é inatingível por noz.
Quando pensamos que conseguimos um grau de espiritualidade acima do normal, muito superior, sem menos esperar, entramos em atrito de interesses, seja combatendo injustiças, seja uma simples correção fraterna exagerada, e pronto. Lá se foi a nossa tranqüilidade, a nossa paz de espírito.
Então, só nos resta aguardar a oportunidade para nos retratar com nosso irmão ou irmã pelo exagero das nossas palavras, e em seguida procurar um sacerdote para nos perdoar de todos os nossos pecados.
Vamos continuar tentando ser cristãos, que é aquele, aquela que procura imitar Jesus Cristo.em nossas vidas: Seu amor, Sua misericórdia.
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