02 julho – Vós estareis no mundo, porém vossos ouvidos não prestarão
atenção às vozes e às conversas do mundo, às blasfêmias e às impiedades dos
homens, mas já ouvirão os cantos dos anjos que vos chamam a si; mesmo que ouçam
essas vozes, será apenas para vos oferecer como vítimas de reparação ao amor
desprezado de Jesus. (S 354). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 9,1-8
"Jesus passou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico, deitado numa maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!" Então alguns escribas pensaram: "Esse homem está blasfemando". Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer: 'Os teus pecados são perdoados', ou: 'Levanta-te e anda'? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, - disse então ao paralítico - levanta-te, pega a tua maca e vai para casa". O paralítico levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a multidão ficou cheia de temor e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos seres humanos."
Meditação:
Mateus, preocupado em reunir dez milagres de Jesus, nos capítulos 8 e 9 de seu evangelho, resume esta narrativa da cura do paralítico, bem mais detalhada em Marcos e, embora a sua preocupação seja o caráter messiânico da cura milagrosa, o núcleo da narrativa é o perdão dos pecados.
A cura do paralítico nos é contada
também pelos evangelistas Marcos (2,1-12) e Lucas (5,17-26). Marcos apresenta a
história do paralítico com mais particularidades. Nos diz que os portadores do
leito sobre o qual jazia o paralítico, não podendo apresentar o doente a Jesus
por causa da multidão.
A chave para descobrir a intenção de
Mateus está nas palavras de Jesus: Vendo a fé daquela gente, Jesus disse
ao paralítico: Meu filho, coragem! Teus pecados te
são perdoados.
O pecado, no Primeiro Testamento, era
qualquer desobediência aos mais de seiscentos preceitos da Lei, impondo
restrições minuciosas às práticas comuns do dia a dia.
O povo trabalhador, oprimido e empobrecido, por suas próprias atividades de sobrevivência não tinha condições de observar estes preceitos todos. Assim era considerado pecador.
As doenças e defeitos físicos eram consideradas como castigo pelo pecado. Jesus vem remover a culpa imputada pela Lei, retirando a acusação de pecado do paralítico e libertando-o de sua paralisia.
Neste texto, Mateus quer afirmar que
Jesus tem o poder de perdoar os pecados. A cura do paralítico comprova esse
poder.
Além de ter o poder de perdoar os
pecados, Jesus demonstra que tem um poder mais forte, que é aquele de penetrar
os pensamentos dos escribas, sem que alguém lhe contasse, e disse-lhes: Por
que pensais mal em vossos corações?
Mateus, além de demonstrar o poder de
Jesus, quer realçar a fé daquela multidão que se aproximou de Jesus, atraída a
Ele justamente por causa deste poder. Fé tão grande que venceu todas as
dificuldades. Fé que é confiança ilimitada no poder de Jesus, posto a serviço
do ser humano.
Não são eles que perdoam. É
Cristo que o faz na pessoa do Sacerdote. Este poder de perdoar os pecados é
inseparável da pessoa de Cristo e da Sua Igreja, Una, Santa Católica e
Apostólica.
Reflexão Apostólica:
"Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: "Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer: 'Os teus pecados são perdoados', ou: 'Levanta-te e anda'?."
Ao curar o paralítico com essas palavras Jesus nos revela que o pecado nos paralisa, aprisiona e nos tira a liberdade interior.
Assim Jesus foi
direto à raiz da paralisia humana, o pecado, que tolhe a vida da pessoa,
impedindo-a de caminhar por si mesma.
Quantas vezes
nós nos sentimos presos (as), acorrentados (as), aos sentimentos de ódio, de
medo, revolta, ressentimento, idéia de vingança, precisando de alguém que nos
ajude!
O pecado é tudo que nos afasta da fonte do Amor de Deus. O pecado é o desamor, é a falta da graça de Deus e, somente quando em nós essa graça é restituída, nós nos sentiremos verdadeiramente livres.
Vamos aqui nos
deter em três pontos de reflexão deste evangelho: Jesus
demonstra o seu poder de cura, o poder de
estar vendo os nossos pensamentos, e a
repreensão aos fariseus por terem feito um julgamento. ""Como
pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão
Deus?" (Mc 2,7).
Essa é uma atitude típica de quem está com ciúmes, com inveja de outra pessoa
de igual categoria, ou do seu nível, por ela estar fazendo uma coisa que nós
gostaríamos de estar fazendo em seu lugar, como às vezes acontece na própria
paróquia.
Eu entro na igreja e lá no altar está um conhecido fazendo a leitura. Ou,
quando participo de um Encontro e vejo alguém fazendo uma palestra. Qual é a
minha atitude? Ei! Por que eu não estou lá? Por que eu não posso fazer
leitura/palestra também? Quem ele pensa que é para fazer leitura/palestra?
Infelizmente existem ciúmes e inveja até nos lugares mais santos, porque somos
pessoas pecadoras. E isso, às vezes, atrapalha, emperra o bom andamento das
pastorais, e da evangelização.
Quanto a Jesus ver ou ouvir os nossos pensamentos, precisamos tomar mais
cuidado, pois estamos pecando direto por pensamentos. E até consideramos serem
santos pensamentos, como, naquele dia em que pensamos ser mais santos que
aquela pessoa. Isso não é o cúmulo do absurdo? Pois é, acontece.
Um exemplo: Uma pessoa santa, talentosa, de muita fé, e conhecimento da
doutrina da Igreja, enfrenta muitas dificuldades para se engajar em uma
determinada comunidade, simplesmente por inveja ou ciúmes dos que fazem parte
do centro de decisões, ou da coordenação.
Parece até repetição de algo escrito em reflexões anteriores. Porém, certas
coisas muito importantes da nossa vida devem ser repetidas, refletidas para
serem eliminadas ou corrigidas.
A cura do paralítico nos traz como exemplo a solidariedade dos amigos que o apresentaram a Jesus. Algumas vezes nós podemos ser o paralítico, outras vezes nós somos um dos amigos do paralítico quando nós ajudamos alguém a encontrar Jesus.
O Senhor quer
tirar de nós a mentalidade de sempre querer receber e nada oferecer. Ele nos
cura, mas nos manda também levantar e tomar a nossa cama, isto é a nossa vida e
dar testemunho na nossa casa colocando-nos à disposição da edificação do Seu reino
na nossa casa. Ele não nos quer acomodados na mesmice, mas ousados e cheios de
fé.
O texto diz que
o Mestre viu a fé daquele homem. Só é possível ver a fé de alguém, quando
manifestada nas suas ações.
As providências tomadas pelo paralítico para estar na presença de Jesus devem ter sido formidáveis, pois chamou-lhe a atenção.
Esta confiança
ilimitada explica a iniciativa do Mestre: declarar-lhe, imediatamente,
perdoados os pecados e, assim, reconciliá-lo com Deus.
Segundo se
acreditava na época, as doenças eram conseqüência dos pecados. O perdão era,
por conseguinte, o primeiro passo para a cura, por cortar o mal pela raiz. Só,
então, teria sentido propiciar ao paralítico a cura física.
A restauração
dos laços rompidos entre ambos permitia ao ser humano refazer-se, até chegar
aos níveis exteriores. A cura acontece de dentro para fora. Quando o exterior é
curado, é porque o interior já deve ter sido totalmente refeito.
A cura do
paralítico foi possível por causa de sua confiança inabalável
Propósito:
Pai, que minha
fé ilimitada
Errar é
humano; no entanto, reconhecer a própria fragilidade é um dom de Deus. Só não
erra quem não faz nada nem se envolve com novos projetos. Por isso, tenha
coragem de tentar, mesmo que, algumas vezes, isso lhe custe caro. Siga em frente,
enfrentando novos desafios e situações, que serão boas oportunidades de
crescimento. |
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário