17 – Que Deus cumule os nossos corações com aquela
confiança que guiava o nosso Santo Patrono em todos os passos da sua via. (L
159). SÃO JOSE MARELLO
Lucas 6,36-38
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 36“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é
misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis
e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos
será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no
vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também
sereis medidos”.
Meditação:
Lucas é o evangelista da misericórdia de Deus.
Várias e belas são suas parábolas sobre a misericórdia. Enquanto que Mateus,
referindo-se a uma sentença de Jesus, escreve: "Sede perfeitos como vosso
Pai celeste é perfeito" (Mt 5,48), em Lucas temos: "Sede
misericordiosos como vosso Pai é misericordioso".
Lucas prefere destacar a misericórdia como atributo de Deus do que a sua perfeição. O imperativo, "amai vossos inimigos", é repetido por duas vezes, como prática concreta da misericórdia. A figura do "inimigo" é uma presença constante no Primeiro Testamento.
Lucas prefere destacar a misericórdia como atributo de Deus do que a sua perfeição. O imperativo, "amai vossos inimigos", é repetido por duas vezes, como prática concreta da misericórdia. A figura do "inimigo" é uma presença constante no Primeiro Testamento.
A própria imagem de Deus fica envolvida com o
"inimigo" quando se lê no livro do Êxodo (23,2) a mensagem de Javé:
"Serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários".
Jesus remove a concepção do "inimigo", a qual justifica atitudes
excludentes e elitistas, que respaldam a violência e a afirmação do poder.
No imenso tesouro do Evangelho, a misericórdia é como uma gema preciosa: sólida e delicada ao mesmo tempo; verdadeira e transparente na sua simplicidade; brilhante pela vida e alegria que difunde. Compaixão, solidariedade, ternura e perdão são como seus ângulos de polimento, por onde se reflete – em raios coloridos e acessíveis – o amor regenerador de Deus.
No imenso tesouro do Evangelho, a misericórdia é como uma gema preciosa: sólida e delicada ao mesmo tempo; verdadeira e transparente na sua simplicidade; brilhante pela vida e alegria que difunde. Compaixão, solidariedade, ternura e perdão são como seus ângulos de polimento, por onde se reflete – em raios coloridos e acessíveis – o amor regenerador de Deus.
Neste tempo da Quaresma, a misericórdia de Deus se traduz em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento, proteção, acolhida, generosidade e salvação – tão marcantes na caminhada do Povo de Deus.
No decorrer dos séculos, a comunidade cristã tem
atualizado esta experiência em novos contextos, lugares e relacionamentos. A
liturgia a celebra; a prece a invoca; a pregação a proclama; os místicos a
enfatizam; o magistério a propõe; as obras a cumprem.
Antiga e sempre nova, a misericórdia de Deus se
pode entender em outras palavras sob três pontos: bem-aventurança,
profecia e terapia. Como bem-aventurança, a misericórdia aproxima o Reino de
Deus das pessoas, e as pessoas do Reino de Deus. É prática que dignifica o ser
humano: tanto quem a dá, quanto quem a recebe. Está repleta de gratuidade e
alegria, como disse Jesus: “Felizes os misericordiosos, pois alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7).
As obras de misericórdia são também profecias da
justiça do Reino, que supera toda fronteira de raça, credo ou ideologia: diante
da humanidade ferida e carente, somos servidores da vida e da esperança, dentro
e fora da Igreja, para crentes e não-crentes, afim de que “todos tenham vida e
vida em plenitude” (Jo 10,10).
Jesus nos indicou o exemplo do bom samaritano para
mostrar a todos que a misericórdia não aceita fronteiras! Enfim, a misericórdia
é também terapia: compaixão que restaura, toque que regenera e cuidado que
aquece.
As obras de misericórdia têm eficácia curadora:
socorrem nossa humanidade ferida pelo pecado e pelo desamor, restaurando em nós
a imagem do Cristo glorioso, para que suas feições resplandeçam na nossa face,
na face da Igreja, na face de toda a humanidade redimida.
Se a compaixão é um sentir que nos comove na
direção do próximo, a misericórdia se caracteriza como gesto que realiza este
sentir solidário. Na compaixão temos um sentimento que mobiliza; na misericórdia
temos o exercício deste sentimento. Daí os verbos: cumprir, mostrar, fazer e
agir – que expressam a eficácia do amor misericordioso humano e, sobretudo,
divino (Ex 20,6; Sl 85,8; Lc 1,72 e 10,37).
A misericórdia tem caráter operativo: é amor em
exercício de salvação. Se o amor é a qualidade essencial de Deus; a
misericórdia é este mesmo amor exercitado para com a criatura humana, revelando
a qualidade ativa de Deus.
Assim, a misericórdia se mostra muito mais na
experiência do dia a dia, do que na conceituação teológica, catequética ou
espiritual. E ainda que tal experiência se revista de beleza, o lar da
misericórdia não é o discurso e nem explicações. Porque as crianças
abandonadas, os andarilhos e os excluídos da sociedade não comem explicações.
O lar da misericórdia é a solidariedade. Seu órgão
vital é o coração e as mãos: erguem o caído, curam o ferido, abraçam o
peregrino, alimentam o faminto.
Deus é bondoso para com os ingratos e os maus. Não
lhes inflige castigos e sofrimentos para que se arrependam. Conquista-os pelo
amor, pela misericórdia e pela mansidão. Contudo, isto não deve impedir o uso
do discernimento para reconhecer as responsabilidades diante do mal praticado.
Este discernimento, contudo, não deve levar a um julgamento de condenação.
Acima de tudo vigora o perdão e a misericórdia que reanimam a vida.
A misericórdia que Deus exige de ti e de mim não é outra senão a evangélica, que consiste em 14 obras: 7 corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o forasteiro, vestir quem está nu, visitar os doentes e assistir aos prisioneiros e sepultar dignamente os mortos.
A misericórdia que Deus exige de ti e de mim não é outra senão a evangélica, que consiste em 14 obras: 7 corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o forasteiro, vestir quem está nu, visitar os doentes e assistir aos prisioneiros e sepultar dignamente os mortos.
Sete obras, centradas na exortação “cada vez que o
fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (25,40). E
7 espirituais: dar bom conselho a quem necessita, ensinar os ignorantes,
corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com
paciência as fraquezas do próximo, rogar a Deus pelos vivos e mortos.
Obras de misericórdia corporais: dar de comer ao
faminto, dar de beber ao sedento, vestir os maltrapilhos, abrigar os
peregrinos, cuidar dos enfermos, visitar os encarcerados,
Em Emaús e à beira do lago da Galiléia, Jesus toma
o pão, abençoa e reparte: os discípulos o reconhecem, por causa de seu tato
característico (Lc 24,30; Jo 21,12-13). Que gestos tens feito para que as
pessoas te reconheçam como discípulo de Jesus? Os gestos alimentam, curam e
restauram! Eles são toques da misericórdia de Deus.
O nosso mandato é a prática da misericórdia para
com o irmão: “Vai e faze o mesmo!”
Reflexão Apostólica: A alegria do perdão é concedida por etapas: primeiro, experimentando a compaixão que é "sentir com o outro" a carência, a necessidade de curar seu interior, no dizer do próprio Evangelho, e Jesus ressalta: "como é compassivo o vosso Pai". O segundo momento que envolve a dádiva do perdão é não julgar, nem condenar, pois, no sentido mais estrito, nem mesmo Deus julga ou condena.
Com freqüência nós manifestamos atitudes de julgar e condenar. Essa atitude não é divina e, portanto, tampouco pode ser nossa; de onde, pois, inventamos que nós temos poder para tal?
Finalmente, seguindo os passos sugeridos por Jesus, perdoar para sermos perdoados. A maior parte de nossa vida gira ao redor dessa necessidade de manter sã a nossa consciência e nossas relações com os demais.
Alguns poderiam dizer que nas relações com os outros, o termômetro que mede o grau de verdade, o grau de crescimento e até de humanização das nossas relações, é a capacidade de perdoar ou a incapacidade de pedir perdão e também de outorgá-lo. Na observação simples e despretensiosa, observa-se que o mais necessitado de perdão é aquele que tem mais problemas para perdoar.
Neste Evangelho Jesus nos ensina a usar
a misericórdia como medida para todas as nossas ações. Não julgar, não
condenar, perdoar e dar são realidades que nós podemos vivenciar a cada dia da
nossa vida e que nos põem em sintonia com a misericórdia do Pai.
Tudo o que praticarmos será a medida
para que também o Pai faça conosco. Se usarmos a nossa medida com a
misericórdia, receberemos misericórdia, se usarmos a nossa medida com ódio,
intolerância, incompreensão, também assim a receberemos de volta, em porção
dobrada.
Se não julgarmos, não seremos julgados;
se não condenarmos, não seremos condenados, se perdoarmos, seremos perdoados,
se dermos, também receberemos. É uma lei natural, a mesma medida de
misericórdia que usarmos nos nossos relacionamentos nós a receberemos,
“calcada, sacudida, transbordante”, isto é, plena, cheia. Isso vale, tanto para
o bem como para o mal. Deus ama a nossa miséria, mas espera que nós também
acolhamos a miséria do nosso próximo da mesma forma como Ele acolhe a nossa.
Por isso, não podemos nos confundir! Se
apreendermos os conselhos do Mestre, nós estaremos sendo misericordiosos como o
Pai é misericordioso.
Você tem agido conforme os conselhos de
Jesus? Você se acha uma pessoa misericordiosa? Você faz aos outros o
mesmo que você queria que fizessem com você? Com que você tem transbordado a
sua medida: com misericórdia ou intolerância? O que você espera receber ainda
aqui nesta vida: misericórdia ou intolerância?
Propósito:
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