16 - Neste mundo sempre se alternam a alegria e a
dor. A vida de São José não foi também uma alternância de consolações e de
temores? (L 198). SÃO JOSÉ MARELLO
Mateus 17,1-9
Naquele tempo, 1Jesus
tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte,
sobre uma alta montanha. 2E foi transfigurado diante deles; o seu
rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3Nisto
apareceram-lhe Moisés e Elias, conversando com Jesus.
4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Meditação:
4Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 5Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o!”
6Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. 7Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
8Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos”.
Meditação:
Esse
segundo Domingo da Quaresma é tradicionalmente dedicado à Transfiguração de
Jesus no monte santo. Duas perguntas podem nos ocorrer: O que foi a
"Transfiguração"? E para quê?
Tudo
o que temos notícia sobre esse episódio é o que os Evangelistas narraram, com
suas limitações. Vale lembrar que o Evangelho de Lucas foi o mais rico em
detalhes, pois ainda disse sobre qual assunto Jesus conversava com Moisés e
Elias: a morte de cruz a qual Ele iria padecer.
A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus.
A narrativa da transfiguração, nos três evangelistas sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, é apresentada logo após o anúncio de Jesus sobre os sofrimentos que o esperam em Jerusalém, seguindo-se a repreensão a Pedro que, tomado pela idéia do messias poderoso de Israel, não entende a proposta de Jesus.
Estão
aí envolvidos dois aspectos: o sofrimento e a glória. Não se trata de sugerir
que o sofrimento é o preço a ser pago para atingir a glória, como em uma
barganha.
A
transfiguração é a maravilhosa confirmação de que em Jesus a condição humana é
gloriosa, mesmo que seja vulnerável ao sofrimento e à morte, que são
passageiros.
O
realce da dignidade humana, na transfiguração é um apelo aos discípulos a
reconhecerem a verdadeira identidade de Jesus e põe em maior evidência o crime
hediondo daqueles que planejam matar Jesus.
Esta
manifestação gloriosa de Jesus se articula com a manifestação por ocasião do
seu batismo por João Batista, ambas com o caráter de uma teofania, isto é, com
manifestações de sinais e vozes celestiais extraordinárias.
Nas
duas é feita a proclamação: "Este é meu Filho amado, em quem me
comprazo", sendo que na transfiguração é feito o acréscimo:
"Ouvi-o!". O Filho amado é o homem Jesus, nascido de Maria, concebido
do Espírito Santo, revestido de eternidade em sua humanidade, e nele temos a
revelação do reconhecimento da grandiosidade da condição humana, assumida por
Deus na encarnação de seu Filho.
O
cenário, uma alta montanha, e a presença de Moisés e Elias correspondem a uma
reapresentação da revelação de Deus. Moisés e Elias subiram à montanha, o
Sinai, um para receber a Lei e o outro, para consolidar sua missão profética.
Agora ambos vêm a Jesus, transfigurado, para confirmá-lo como a revelação
suprema de Deus.
Jesus,
o simples e humilde homem de Nazaré, na realidade é participante da natureza
divina. Em nossa herança cultural encontramos marcas profundas de culto ao
poder. Somos levados a discriminar as pessoas, selecionando-as pelos critérios
de boa aparência, posses, prestígio, e poder.
Comumente
são desprezadas as pessoas de condição humilde e destituídas de poder.
Subvertendo estes critérios de valores, Deus se revela como aquele que se faz
presente e se identifica com os pobres e excluídos.
Este
homem Jesus, simples, frágil e vulnerável, é o Filho de Deu presente no tempo,
mas já inserido na eternidade, em comunhão de amor com o Pai. A glória
manifestada na transfiguração é a transparência do amor e da liberdade com que
Jesus sempre se relacionou com seus discípulos e com o povo, no dia a dia.
Cada
discípulo de Jesus é chamado a participar desta glória por sua adesão ao
projeto de Deus revelado em
Jesus. Jesus nos convida ao desapego dos atrativos e valores
de um mundo seduzido pelo poder e pelo dinheiro.
Somos
chamados a assumir a partilha, a solidariedade e a comunhão no amor e na
misericórdia com nosso próximo, pelo que entramos em comunhão com Deus.
O
Deus de amor revelado por Jesus leva a uma revisão da imagem de Deus
apresentada no Primeiro Testamento, como um deus que abençoa alguns a amaldiçoa
a outros.
Todos,
sem discriminações, somos acolhidos como filhos de Deus, em Jesus, e somos
chamados a viver, com alegria, o mundo novo de fraternidade, justiça e Paz, na
vida plena e revestidos de imortalidade, pela graça de Deus.
Mas,
e o "rosto brilhante como o sol"? E as "vestes mais brancas do
que a melhor lavadeira poderia alvejar"? Se os três discípulos que
presenciaram a cena foram fiéis na descrição do que viram, a única conclusão
que podemos chegar é de que o Céu se abriu, e Jesus tomou conhecimento de todo
o plano que seu Pai tinha para Ele.
No dia do Batismo de Jesus, a voz do Pai disse: "Este é o meu filho muito amado, no qual eu ponho a minha afeição." E hoje, na Transfiguração, a voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Ouvi-o." É uma ORDEM direta do Pai. Sem intermediários. E mesmo assim, Jesus só permitiu que esse episódio fosse revelado às outras pessoas, após a sua ressurreição!
A cena da Transfiguração tem uma razão de ser, para os três discípulos que subiram com Jesus ao monte. Seria impossível duvidar da divindade de Jesus, após ter presenciado uma cena como aquela!
No dia do Batismo de Jesus, a voz do Pai disse: "Este é o meu filho muito amado, no qual eu ponho a minha afeição." E hoje, na Transfiguração, a voz disse: "Este é o meu filho amado, no qual pus todo o meu agrado. Ouvi-o." É uma ORDEM direta do Pai. Sem intermediários. E mesmo assim, Jesus só permitiu que esse episódio fosse revelado às outras pessoas, após a sua ressurreição!
A cena da Transfiguração tem uma razão de ser, para os três discípulos que subiram com Jesus ao monte. Seria impossível duvidar da divindade de Jesus, após ter presenciado uma cena como aquela!
Seria
uma grande desobediência contra o Deus Todo-Poderoso se eles não seguissem
aquela ordem direta: "Ouvi-o!" Essa é a ordem que nós também devemos
seguir, para que possamos, um dia, ressuscitar e subir aos Céus transfigurados,
mais limpos do que já estivemos algum dia nessa terra... O Pai nem chegou a
dizer que deveríamos "seguir Jesus", pois já está implícito que quem
o ouve, de verdade, vai seguir O CAMINHO, A VERDADE e A VIDA.
Reflexão Apostólica:
A radical transformação do mundo atual parece ter deixado na
sombra o sentido da vida, porque se tornou incapaz de escutar “a voz do
silêncio suave” (1Rs 19,12), que ressoa das profundezas da história. Daí
decorre a dificuldade radical de enxergar qualquer outra dimensão da realidade
que esteja acima ou por dentro da experiência humana.
Não é mais capaz de ler os sinais da presença de Deus na história,
dando a impressão de que a realidade seja algo inconsistente e sem valor, e
que, no fim das contas, a história humana não passa de uma tremenda ilusão. No
entanto, olhando mais em profundidade, a experiência da tristeza e da angústia
e a agitação da vida moderna, tão repleta de conflitos, exprimem uma exigência
de sentido e um desejo de serenidade e de paz.
O episódio evangélico da Transfiguração revela exatamente esta
dimensão e pode ser um autêntico sinal de esperança também para o nosso tempo.
Não se trata simplesmente de um “olhar” diferente do jeito comum de considerar
as coisas, mas está em jogo uma “visão penetrante” de algo que pode mudar
radicalmente a vida e o seu sentido.
A partir das manifestações divinas do Antigo Testamento, Mateus
apresenta uma cena repleta de luz: - o rosto de Jesus resplandece como o sol,
suas vestes são brancas como a luz, a nuvem também é luminosa. Os discípulos,
diante de tão intensa luminosidade, caem com o rosto no chão, assustados, e
necessitam do “toque e da palavra” de Jesus para se levantarem e superarem o
susto.
O recurso pedagógico utilizado por Jesus, narrado tanto por Mateus
como por Lucas (9,28-36), é para indicar que não existe glória sem sofrimento,
“experiência de Deus” sem padecimento, nem ressurreição sem cruz. Assim deseja
indicar o narrador através da manifestação ou pronunciamento do Pai: “Este é
meu Filho querido, meu predileto. Escutem-no”.
Não se trata de que no plano divino estejam incluídos como
requisito indispensável a dor, o sofrimento, os padecimentos e a morte. Se
assim fosse, estaríamos falando de um Deus sanguinário e cruel, que exige o
sangue, em primeiro lugar de seu filho, e em geral de seus adoradores.
Nisso deve-se ter muito cuidado e ser muito claro na pastoral de
nossas comunidades, já que essa argumentação tem sido a maneira implícita que
se tem utilizado para justificar tanta injustiça e dor que angustiam os pobres
e oprimidos da terra. A dor e a morte não fazem parte do plano divino, cujo
principal objetivo é a vida. Como poderia haver duas situações contraditórias
ao mesmo tempo?
As situações de antivida são as “armas” dos inimigos do projeto de
Justiça e Vida proposto por Jesus. E o pior é que os que utilizam essas armas
são muitas vezes “fiéis” que reagem com perseguição, ódio e rejeição
precisamente em nome de Deus.
É óbvio que não será em nome do Deus bíblico da liberdade e da
vida, do Deus de Jesus, mas em nome do deus que o ódio e o egoísmo vão criando
à sua própria imagem e semelhança e que por desgraça tem multidões de seguidores.
Aí reside a raiz do conflito constante de Jesus com aqueles que se
acreditavam defensores da religião e de Deus. Estes, como seus “defensores” de
todos os tempos, não podiam senão utilizar violência, rejeição, dogmatismo,
excomunhão, perseguição e eliminação ou desaparecimento.
Daí que a ressurreição não pode ser vista de maneira tão simples e
reduzida como o triunfo ou a demonstração do poder do Deus de Jesus sobre os
que o perseguiram e o crucificaram, ou como o cumprimento de uma “segunda parte”
de um suposto plano divino. Não.
A ressurreição de Jesus é, de novo, a ratificação por parte do Pai
de que a opção de vida de Jesus está na mesma linha com a opção de vida do
projeto divino.
Propósito:
Ó Deus Pai, Mãe, Sabedoria eterna, visão
infinita, intuição total: dá-nos profundidade no olhar, força no coração, luz
nos olhas da alma, para que sejamos capazes de transformar a realidade e
contemplar tua glória já agora, em nossa peregrinação terrestre
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