25 de outubro - Quem é que põe em nosso
coração o gosto que sentimos pela conquista da virtude, o desejo de agradar a
Deus com a mortificação dos nossos sentidos? É justamente aquilo que chamamos
de Espírito bom, o qual trabalha e atua sem parar em nossas almas. (S 345). São
Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 12,39-48
41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou
para todos?” 42E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente
que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a
todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo
assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de
todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’,
e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a
embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa
hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos
infiéis.
47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada
preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o
empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será
chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito
foi confiado, muito mais será exigido!”
Estas
duas parábolas de Lucas vêm reforçar o tema da vigilância. Estar preparado para
o encontro com o Filho do homem (Jesus identificado com o humano) pode
significar que, a partir de Jesus, o humano se torna o lugar do encontro com
Deus. Libertados das ambições do mundo os discípulos, confiantes no Pai, não
devem ficar inertes, apáticos, acomodados. A eles foi revelada a vontade do
Pai, oferecendo a todos o Reino de amor, na fraternidade e no serviço.
Este texto é formado por três partes relacionadas entre si. A primeira fala da reiterada advertência de Jesus a seus discípulos para que estejam preparados e atentos para a vinda do Filho do Homem.
É necessário para estes convulsionados tempos de hoje estar em uma atitude que
dê sentido à nossa experiência de fé: temos que estar atentos às moções do
Espírito na história.
Temos que ter a agudeza evangélica necessária para compreender os sentidos da
revelação de Deus na comunidade humana. A segunda parte do texto trata da
ingenuidade do dirigente da comunidade: as palavras que diz Jesus são para nós
ou para todos?
A resposta de Jesus é clara e taxativa: tanto ontem como hoje somos chamados a
sermos dirigentes fiéis, responsáveis, sem perder o caráter libertador,
profético e salvifico do serviço coerente com o Evangelho.
Jesus nos previne: o dia da salvação vai chegará como um ladrão de noite, no
momento mais inesperado. Como vigilantes, cuidamos de nossa propriedade, porque
os ladrões esperam o menor descuido ou o mais débil vacilo para entrar em ação.
Às vezes temos a tentação de viver a vida cristã num monótono ritmo semanal e não arriscamos viver no agito incansável do caminho para o reino.
O dia de nossa salvação não chega em função de nossa espera, mas sim porque Deus quer libertar seu povo da vergonha e da exploração. O evangelho nos convida a viver alertas aos sinais do reino, para estarmos à altura dos tempos e retribuir com agradecimento oportuno o enorme bem que estamos recebendo.
Por ultimo, o texto lança o teor teológico, com um convite concreto: a administração responsável dos bens recebidos, não importando se são muitos ou poucos. Definitivamente, o sentido do texto em sua totalidade aponta para a condução responsável da comunidade cristã por parte de seus animadores.
Cabe então, aos discípulos, empenharem-se em servir o Filho do homem presente em seus irmãos. As referências finais aos castigos cruéis refletem a cultura em vigor nas comunidades primitivas que fizeram memória de Jesus, sob a influência do Primeiro Testamento, no qual a violência é marcante.
O Senhor nos confiou sua Palavra, e esse tesouro é tão valioso que deve ser compartilhada e repartida incansavelmente, porque quanto mais a repartimos, mais a conservamos; e quanto mais a conservamos, mais podemos repartir.
Que não nos falte o ímpeto de quem defende sua propriedade ao defender a causa de Jesus; porque esse é o único bem e a única razão de viver para um autêntico cristão.
Reflexão Apostólica:
Esperando
continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã
permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o
serviço fraterno.
Os
vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade,
que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da
comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser
feito.
O
que lhe impede de fazer isso hoje, mesmo sabendo que talvez hoje não seja o
último dia da sua vida? Fazer assim é estar preparado. Não sabemos nem o dia e
nem a hora.
Por
quê? Porque estamos vivendo este dia como o último, esta hora como a última. E
o que faríamos no último dia de nossa vida? Certamente faríamos o melhor dia
da nossa vida, iriamos amar a todos, perdoar a todos, servir a todos.
Os
primeiros cristãos viviam sempre na iminência da segunda vinda de Cristo. Assim
como eles, também nós estejamos vigilantes porque Jesus vai voltar.
Ele
pode voltar hoje pela manhã, pela tarde, ou durante a noite. Vivamos
então, preparados, para que o Senhor possa assim nos encontrar.
Pai, leva-me a tomar consciência de que muito será
exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha vida seja compatível com
minha condição de discípulo do teu Reino.
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