23 de outubro - Nós não conseguiremos conhecer em
seus segredos a grande economia da Providência, mas sabemos, com efeito, que a
fé realiza todos os dias grandes milagres nas almas. (L 19). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do
santo Evangelho segundo São Lucas 12,13-21
"Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”.
Jesus
respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” E
disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo
que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância
de bens”.
E
contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita.
Ele pensava consigo mesmo: ‘Que vou fazer? Não tenho onde guardar minha
colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros
e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus
bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para
muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco!
Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu
acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é
rico diante de Deus”."
Meditação:
Neste Evangelho de denúncia da acumulação da riqueza, exclusivo de Lucas, Jesus rejeita o papel de árbitro em uma disputa de partilha de herança.
Contudo aproveita a ocasião para fazer a crítica sobre aqueles ambiciosos
sedentos de enriquecimento, que, explorando trabalhadores humildes e
empobrecidos, acumulam riquezas sobre riquezas.
Contando uma parábola, Jesus chama de tolo o homem rico que buscava a segurança
nas riquezas. Esta é uma falsa segurança que não protege da morte.
“A acumulação de riquezas e a ostentação estão deturpando os valores das coisas
e das pessoas. Em um mundo no qual o dinheiro é mais valorizado que os
sentimentos, a aparência também acaba sendo mais importante que a essência”. (Roberto
Shinyashiki in “Heróis
de Verdade”.
Neste livro, ele esclarece que o mundo de hoje deu um passo mais adiante: antes, as pessoas procuravam a todo custo ter, mas “como a cada dia está mais difícil ter, muitas pessoas passaram a buscar maneiras de parecer ter”.
Esta cobrança para obter sucesso a todo custo criou uma multidão que
se sente perdedora, mas que, apesar disto, prefere seguir adiante levando uma
vida mergulhada na aparência.
Estas pessoas “cobram-se ser bem-sucedidas financeiramente, mas, como nem sempre conseguem isso, começam a comprar coisas que demonstrem ser pessoas de sucesso”, fazendo dívidas impagáveis e se sentindo cada vez mais vazias.
A meditação de hoje, faz-nos refletir acerca da atitude que
assumimos face aos bens deste mundo: o ter, o poder, o parecer.
Indica que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar outros bens, as coisas do alto, que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.
Tem razão o livro do Eclesiastes quando diz: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”; onde a palavra hebraica para vaidade seria bem melhor traduzida por fugacidade, efemeridade.
Toda riqueza, luxo, excessiva segurança depositada nos bens materiais não só passa, mas enquanto dura não nos garante de jeito nenhum uma vida com sentido. Sem contar o fato de que quem gasta a vida acumulando riquezas é uma pessoa sem paz em ter que defender a cada momento os seus bens dos mal intencionados e de amizades interesseiras. “Nem mesmo de noite repousa seu coração”.
O Eclesiastes tem toda a razão. Entretanto, também é verdade que o dinheiro e os bens de consumo, pelo fato mesmo que existem, têm uma certa importância na nossa vida: como poderíamos viver o cotidiano, comer, vestir-se, se não os tivéssemos? Eles têm a sua utilidade, não devem descartados. A questão, então, é qual o papel que eles têm na nossa vida.
Paulo, escrevendo aos colossenses, nos convida à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e nos revestirmos do Homem Novo e nos comportarmos como tal: “irmãos, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo. Afeiçoai-vos às coisas celestes e nãos às terrestres”. Não tanto o dinheiro em si, mas este o acúmulo deste já é resultado de uma série de vícios que devem ser evitados: “imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria”.
Mesmo sendo tão forte hoje a ideologia do capitalismo selvagem neoliberal que promete todos os paraísos possíveis, Lucas, no Evangelho de hoje, com a parábola do rico insensato nos assegura que a riqueza não garante a segurança da pessoa humana nem a sua felicidade.
O ensinamento de Jesus parte de uma desavença entre dois irmãos por causa de uma herança. Talvez se tratasse do irmão mais jovem que quisesse a sua parte para usá-la de modo independente.
Em tais situações, se recorria logo a um rabino que devia esclarecer o problema. Jesus rejeita totalmente realizar esta função, já que seu ponto de vista é totalmente diferente do daquele jovem. Ele aproveita a ocasião para ensinar sobre a justa relação que o homem deve ter para com os bens materiais.
Ainda hoje na nossa sociedade as brigas por herança mostram um forte desejo de possuir, e muitas vezes conduzem a inimizades que duram toda a vida.
Talvez seja por isso que Jesus adverte fortemente contra a ganância. “Atenção! Cuidado contra todo tipo de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. O ter não é o valor mais alto, pelo qual tudo deva ser sacrificado.
Com a parábola, Jesus quer mostrar o quanto pequeno seja o valor dos bens terrenos e como o apegar-se a eles se demonstre um cálculo errado. Tão errado que Jesus chega a chamar quem age assim de “louco”. Esqueceu o que realmente dá sentido à existência. De que adiantou tanto esforço daquele homem se naquela noite morreu?
O sentido da vida não é o comodismo, mas o amor; não é acúmulo de coisas, mas partilha. Sem dúvida, a vida terrena depende dos bens materiais, mas não pode ser assegurada nem conseguir o seu cumprimento por meio deles.
Para sermos ricos diante de Deus, temos de ter estima pelas coisas do alto, onde está a nossa meta e onde queremos chegar.
A acumulação de riquezas por alguns gera os empobrecidos, com o escândalo da divisão da sociedade em ricos e pobres.
É a solidariedade e a partilha com os mais necessitados que nos levam à
comunhão de vida eterna com Jesus e com o Pai.
Intrigantemente algumas pessoas passaram a filtrar a Reflexão e a Meditação do dia. Uns dizem que sua leitura é longa (como a de hoje); outros que é dura demais; outros até colocaram como e-mail bloqueado; outros apenas lêem o que interessa; outros meditam pensando em quem se aplica aquilo que esta escrito; outros que não tem tempo (essa é ótima); algumas pessoas acreditam que o que esta escrito foi direcionado de forma indireta para ela (estranho não?)…
Uma vez, perguntamos a uma amiga quantas
vezes sua mesa (do escritório que trabalha) a visitou quando adoeceu; perguntei
a quantos aniversários sua cadeira foi ou lhe mandou um cartão; perguntei a ela
se no céu aceita VISA
ou MASTERCARD;
(…) as perguntas soam como idiotices, mas o que VOCÊ me responderia?
Através de Jesus, Deus instaurou uma nova
realidade em nossas vidas. Deus é chamado de PAI de todos; aquele que não
amaria um mais que outro.
Nós como ainda vivemos uma eterna
adolescência. Preferimos as coisas que são efêmeras (transitórias). Trocamos o
toque, o afago, o carinho, a atenção por status, reconhecimento, valorização,
“tapinhas nas costas”… “(…) Mas Deus lhe disse: “Seu tolo! Esta noite você vai
morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?”.
Fomos pouco aos happy-hours com a turma
do serviço (estar com eles não quer dizer que precisamos beber), que não
sabemos contar piadas, tão pouco rir; que sábado a noite passa Zorra Total,
depois Supercine, depois Altas horas (…); ai mudamos pra BAND e esperamos a
noite acabar…
“(…) Vou à Missa, ao Culto, ao trabalho, (…)
não consigo entender por que algumas pessoas são tão alegres lá. Indago-me por
que aquele rapaz (ou moça) do grupo de jovens é tão alegre, sabendo que seus
pais trabalham o dia inteiro para mantê-lo; descubro que sou feliz apenas na
frente dos outros; abraço somente quem me bajula, sou duro com garçons,
empregados, caixa de mercados, (…); descubro que os trinta e tantos músculos
contraídos no meu sorriso amarelo começam a cansar… Caio na real, mas não desço
do salto, pois anos e anos de orgulho não se perdem assim (risos). “(…) E agora
tenho certeza que esse comentário ele (no caso eu) escreveu para me ofender;
quem ele pensa que é pra julgar (risos); sou uma pessoa de oração e fé…
Propósito:
Ajudai-me,
Senhor, no desapego das coisas materiais, para que eu possa, ver a realidade
tal como ela é. Para que eu possa, Senhor, ver quem as vias de fato, eu sou. Para
que eu possa, Senhor, procurar caminhos mais felizes. Para que eu possa,
Senhor, procurar algo que me realize. Para que eu possa, Senhor, ser uma alma
melhor, em maior comunhão com o Senhor.
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