18 outubro - Deus cuida de nós com o
mais terno carinho. (S 212). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,1-9
3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis
bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer
casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali
morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará
para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem,
porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando
entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os
doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘o Reino de Deus está próximo de
vós’”.
Meditação:
Os
evangelhos não foram escritos de maneira imediata pelos discípulos do Jesus
histórico. Foram escritos pela necessidade das gerações posteriores que viram a
importância de conservar o testemunho dos primeiros discípulos e discípulas de
Jesus.
Uma figura simpática do Cristianismo primitivo, homem de posição e qualidades,
de formação literária e de profundo sentido artístico divino.
Nasceu
em Antioquia da Síria, médico de profissão foi convertido pelo apóstolo Paulo,
do qual se tornou inseparável e fiel companheiro de missão.
O programa narrativo e teológico do evangelho mostra Jesus, o Senhor, que ensina
a destruir o poder do mal a partir da criação de uma comunidade convertida,
socialmente comprometida, que o confessa como Filho de Deus, que veio devolver
a visão aos cegos e libertar os oprimidos da humanidade. Programa que
desencadeou o Livro dos Atos dos Apóstolos, atos realizados pela igreja
nascente.
O
evangelista Lucas caracteriza-se, entre outros aspectos, por sua visão mais
universalista, em relação ao ministério de Jesus, ampliando a compreensão mais
limitada dos discípulos convertidos do Judaísmo. Enquanto Mateus faz ascender a
genealogia de José até Abraão, Lucas a amplia até Adão, "pai de todos os
viventes". Lucas é também o único evangelista sinótico que destaca o
"bom samaritano".
universal.
O
evangelho focaliza sua atenção ao compromisso evangelizador dos mensageiros,
cujo seguimento de Jesus, vivem e anunciam a novidade do Reino aos homens e
mulheres.
Lucas vê provavelmente na missão temporal dos 72 discípulos uma prefiguração da missão eclesial futura entre os pagãos, representada pelas 72 nações. Mateus, por sua vez, reconhece só Doze discípulo (Mt 10, 1 – 14). Marcos especificou que haviam sido enviados os Doze (Mc 6, 7–12). Provavelmente Lucas encontrou nesta missão, de um grupo mais numeroso de discípulos, uma constatação de tudo o que acontecia na Igreja que ele conhecia.
Não é importante agora o debate sobre o número de discípulo, que seja doze,
setenta ou setenta e dois, como se lê em alguns manuscritos; o importante é
frisar o fato de que a obra de Jesus se encontra eternamente aberta e se
realiza através dos discípulos.
Os Doze, como número simbólico, continuam sendo o fundamento de toda a missão da Igreja. E juntos a eles, Jesus escolheu a muitos outros. Daí a sentença: “a messe é grande e os trabalhadores são poucos.” Sempre haverá desproporção entre a grandeza da tarefa missionária e o número de enviados.
Em sua viagem a Jerusalém, Jesus tem a possibilidade de passar pela terra dos Samaritanos e sente vontade de entrar aí e passar a noite. Por esta razão manda mensageiros para que lhe preparar pousada, mas fica surpreso porque é discriminado pelos samaritanos (9,51ss).
Lucas
nos diz que depois desta dificuldade com os Samaritanos, enviou Jesus os
setenta e dois às cidades que ele iria. Estamos conectados a um contexto
urbano: a missão que vão realizar na cidade os enviados.
Muitas
vezes os filhos da paz correspondem com hostilidade ao dom que têm os
pregadores.
A
primeira casa em que os discípulos forem acolhidos deve ser para eles como sua
própria casa. “Permanecei naquela mesma casa”.
O
grande objetivo dos missionários é a mensagem do reino de Deus. O mais
importante não deve ser o bem-estar pessoal, o bom trato e os cuidados da
hospitalidade.
A
pregação do Senhor não é suficiente, se faz necessário que aqueles que caminham
com ele e instruídos por ele saiam a proclamar para o mundo, como se fez a
partir de hoje.
O
trabalho dos enviados não deve ficar paralisado com as preocupações terrenas. O
que recebem é justa compensação pelo que eles trazem: seu dom é maior. A missão
dos discípulos é missão nas casas e nas cidades. Uma cidade que os acolhe
mostra boa disposição.
Os
discípulos devem realizar aquilo para o qual foram enviados. Os enviados
cumprem a missão de Jesus, da qual se disse: “Tal é a mensagem que enviou
(Deus) aos filhos de Israel anunciando o Evangelho de paz por meio de Jesus
Cristo (At 19,36).
A
messe é grande e os trabalhadores são poucos. O Reino de Deus está perto e é
urgente sair proclamando. Mas aonde ir? Para as cidades onde se encontram os
lobos que devoram suas vítimas, os pobres e inocentes que sofrem as explorações
por parte dos donos das cidades. São os ricos e poderosos os que habitam a
grande cidade, onde se concentra o poder, como hoje.
Reflexão Apostólica:
Por
isso, a paz de Deus excede a todo o conhecimento humano, a tudo o que o mundo
nos oferece e a todo o bem ou riqueza material que nós possamos possuir aqui na
terra.
Jesus
é a paz e por meio de nós Ele deseja penetrar em todos os corações e participar
da vida da nossa família e de todas as famílias da terra.
Assim
como enviou os seus discípulos Ele também nos envia a ir de “casa em casa” deixando
de lado tudo o que pesa e complica a nossa vida.
Ele
nos envia e nos orienta a fim de que o nosso trabalho seja frutuoso e não nos
percamos no meio do caminho. “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias e não
cumprimenteis ninguém pelo caminho”, é o conselho que Ele nos dá.
Bolsa,
sacola, sandálias significam as coisas que trazemos na bagagem da nossa vida e
nas quais nos apoiamos. São “falsas seguranças” que durante a nossa vida nos
acostumamos a lançar mão delas, mas que desvirtuam as características do reino
de Deus que Jesus veio instaurar.
Não
cumprimentar ninguém pelo caminho é também não perder tempo, não se envolver
com outras ocupações que nos tiram do caminho ou então experimentar sentimentos
que prejudicam o nosso relacionamento com Deus e com os irmãos: ódio,
ressentimento, discriminação, julgamentos, idéias preconcebidas etc.
A
nossa missão é muito importante: somos trabalhadores da messe do Senhor,
missionários do Seu amor, a partir da nossa casa, dentro da nossa família.
É
por meio do nosso testemunho de vida com o irmão que nós anunciamos a
proximidade do reino, por isso Jesus nos mandar ir dois a dois.
Os
nossos relacionamentos, a nossa convivência fraterna, a unidade com que nós
vivenciamos as nossas diferenças, darão testemunho ao mundo de que nós já
vivemos o reino, aqui, desde já.
Por
fim precisamos também atender a Jesus quando Ele nos manda interceder: “pedi ao
dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.”
Você
é um trabalhador da messe do reino de Deus? Você já sente no seu coração a
paz dos que vivem o reino de Deus? Como você tem vivido este
reino? Você tem procurado levar esta paz para a sua casa? Você tem
dificuldades de relacionamento? Você sabia que o seu testemunho é a melhor
maneira de evangelizar e de propagar o reino de Deus? Você tem intercedido
pelos trabalhadores da messe?
A
metáfora da condição dos discípulos é uma forma de descrever o futuro da
missão. Ser cordeiros entre lobos não dá margem para dúvidas: a missão está
destinada a ser uma batalha desigual, onde toda prudência é pouca. Nada de
ilusões!
Os
enviados em missão devem estar despojados e confiantes. Em seu anúncio,
sofrerão a repressão dos poderosos, que são como que lobos A pobreza material os
levava a depender da caridade alheia. Como se sabe, nem todo mundo está
disposto a ajudar.
Quem
depende de esmolas, está sujeito a toda sorte de ironia, gozações e
humilhações, sem contar o risco de sofrer agressões físicas. A recomendação de
não escolher casa ou cidade onde entrar - os discípulos deveriam ir a toda
cidade e lugar por onde Jesus passaria - obrigava-os a visitar até mesmo
povoados hostis, especialmente os situados na região da Samaria.
Lucas
destaca por duas vezes a determinação de “entrar” e “comer” nas casas, o que é
uma negação dos costumes do judaísmo de não entrar, e muito menos comer, em
casa de gentios.
Se
a hospitalidade em uma cidade lhes fosse recusada, eles não teriam o direito de
fazer uso da força ou da violência. Bastava-lhes sacudir o pó das sandálias, e
seguir adiante.
Propósito:
Ó Deus, que nos apóstolos mostrais a eficácia
transfigurante da vossa graça; ajudai-nos a procurar continuamente o seu
testemunho e o seu ensinamento, para que encontremos de fato o rosto do vosso
Filho. Pai, que a perspectiva de dificuldades a serem encontradas no apostolado
não me faça recuar da missão de preparar o mundo para acolher teu Filho Jesus.
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