29 de maio - A santa pureza é guardada pela virtude da
humildade, sua irmã. Ah! Ninguém pode ser puro se não for humilde! E a Virgem
Santíssima foi enriquecida por uma pureza tão singular e resplandecente porque
foi sumamente humilde. (S 358). São
Jose Marello
João 19,25-27
"Perto da cruz de Jesus estavam a sua mãe, e a irmã dela, e Maria, a esposa de Cleofas, e também Maria Madalena. Quando Jesus viu a sua mãe e perto dela o discípulo que ele amava, disse a ela:
- Este é o seu filho.
Em seguida disse a ele:
- Esta é a sua mãe.
E esse discípulo levou a mãe
de Jesus para morar dali em diante na casa dele. "
Meditação:
Nos evangelhos sinóticos (Mt, Mc, Lc) as mulheres, sem nomear a mãe de Jesus, no momento da crucifixão de Jesus permanecem olhando de longe. No evangelho de João, não mais à distância, mas junto à cruz, são nomeadas a mãe de Jesus e Maria Madalena, bem como o discípulo que Jesus amava.
Comemoramos
hoje Nossa Senhora das Dores, por esse fato que “pulamos” de João 3 para João
19. Poderíamos também meditar Lucas 2,33-35 que é justamente o oposto desse
momento. Em Lucas nos lembraríamos da apresentação de Jesus no templo, onde
fora revelado a Maria o destino final de seu filho, que vemos no Evangelho de
João.
João escreveu o seu evangelho por volta do ano 90-100 d.C. É também autor do livro do Apocalipse. Tanto o quarto evangelho com o livro do Apocalipse apresentam, por serem os escritos mais tardios, uma reflexão bem mais madura sobre Jesus.
O Evangelho de João está dividido em três partes:
a) Prólogo (Jo 1, 1-18)
b) Livro dos Sinais (Jo 1,19 - 12,50)
c) Livro da Exaltação (Jo 13-20)
Menciona a Mãe de Jesus em três ocasiões: uma indiretamente, na encarnação do
Filho de Deus (Jo 1, 14), e as duas de uma maneira bem explicita: as Bodas de
Caná (Jo 2, 1-12) e na Morte de Jesus (Jo 19, 25-27).
Um primeiro dado interessante que se percebe à primeira vista é que João não
menciona o nome "Maria". Ele refere-se a Maria chamando-a de
"Mulher" ou "Mãe de Jesus" (seis vezes).
A explicação é simples: João gosta de apresentar certas pessoas como modelos de seguidores do projeto de Jesus. Maria, portanto, é um modelo, uma figura símbolo que aceitou a mensagem de Jesus.
A palavra "mulher" pode representar três idéias: pode lembrar Gn 3,
referindo a Eva-Mulher que trouxe o pecado ao mundo.
Assim Maria, a nova Mulher trouxe a salvação, Jesus; Maria, Mulher, pode representar todo o povo de Israel (Filha de Sião); pode traduzir todo o reconhecimento da figura feminina na comunidade de João pelo papel evangelizador que as mulheres desempenhavam no testemunho do Evangelho.
Maria-mulher é aquela que leva os discípulos a crerem
As mulheres representam o serviço generoso e destacado que elas exerciam
na comunidade; o "discípulo amado" representa o modelo ideal de todo
cristão que apesar das contrariedades e cruzes da vida, permanece fiel a
Cristo.
Ao colocar Maria junto à cruz de Jesus, o autor do livro, quer: simbolizar a
presença da mãe sofredora que sempre esteve ao lado de Jesus e de todo aquele
que sofre; fazer uma relação entre as Bodas de Cana onde Maria esteve presente
no inicio das atividades do seu Filho, como no pleno cumprimento de sua missão,
através da morte da Cruz.
Tanto o discípulo amado com Maria, são representações da Igreja: João, como
representante de todos os fiéis que seguem Jesus custe o que custar e Maria
como geradora de novos filhos (mulher, membro constitutivo da Igreja e mãe da
comunidade).
Resumindo, podemos sintetizar a figura de Maria no quarto evangelho como:
discípula fiel, pessoa de fé, mãe da comunidade, mulher solidária.
No coração de Maria certamente, mais duradoura do que a dor, pulsa a alegria de
ver seu filho glorioso no cumprimento da missão que recebeu do Pai, com toda a
fidelidade e amor.
Uma característica importante do seguidor de Jesus é a perseverança, ou seja, o
compromisso de vida que se prolonga no tempo, vencendo as crises.
Manter-se
junto à cruz expressa a atitude de estar em sintonia com Jesus, exercitando a
fé no momento de crise da morte e de sua passagem para o Pai.
Maria, as
mulheres e o discípulo amado são os que perseveram neste momento crucial.
Permanecem com Jesus e em Jesus. É certo que este momento significou um grande
sofrimento para Maria. Mas, parece que perseverar assume mais importância do
que sofrer.
Nesse momento
tão importante da cruz, João quer nos dizer algo mais. Ele deixa impresso na
memória de todos os cristãos que Maria não é somente a mãe, que concebeu,
gestou, deu à luz, nutriu e educou Jesus.
Novamente,
ela é chamada de “mulher”, como
Por vontade
de Jesus, Maria é adotada como mãe pela comunidade cristã de todos os tempos. O
discípulo amado, que representa a comunidade, recebe-a como mãe. Maria é
investida nessa nova missão. Acolhe os membros da comunidade cristã como seus
filhos.
Que
poderíamos pensar no lugar dela? Esconder a criança? Fugir para bem longe? Ela
preferiu enfrentar… Maria, por amor ao projeto de Deus, jamais se prostrou
diante da dor. Viu seu filho crescer na graça e por fim se entregar na Cruz.
Quantos
de nós sofremos por antecedência? Às vezes nem vivenciamos o problema e já
estamos sofrendo. Vem o vestibular, a prova de um concurso, uma entrevista de
emprego e nosso pensamento já esta derrotado, pessimista.
Temos
um filho ou filha que nos dá muito trabalho na escola, não se interessa, fica
até tarde na rua, (…) e nosso pensamento já diz “o que será dele (a)”; temos um
marido que bebe; um filho sem regras e de vida transviada, o desemprego;
dívidas e nosso pensamento já vai nos destruindo: “Fazer o que?” ou “Resta me
conformar!!”
Precisamos
PARAR IMEDIATAMENTE
de sofrer por antecipação. Há uma possibilidade real que o que imaginamos nunca
acontecerá e nós já estamos sofrendo.
Saibamos
que sofrer antecipado é sofrer duas vezes, pois caso os fatos culminem para o
que imaginamos sofreremos antes de durante o fato.
Busquemos
o exemplo de Maria, a Senhora das Dores, sabendo o que iria acontecer se
preocupou em com aproveitar ao máximo o tempo.
Ninguém
ouviu tão bem como ela, ninguém entendeu o projeto como ela, ninguém acreditou
mais do que ela. É importante frisar que longe de mim acreditar que Maria
apenas cruzou os braços e aguardou.
Maria
deixou clara a idéia que temos que muito por fazer. Temos seu exemplo e
intervenção nas bodas de Caná; ela esteve perto do seu filho nos momentos mais
marcantes… A SENHORA DAS DORES não ficou em casa se lastimando ou sofrendo
imaginando o que estava a acontecer com seu filho.
Se
temos problemas a serem resolvido, partamos para cima deles! Se ainda não
temos, por quê então estamos a imaginá-los? Se ainda são “filhotes”, porque
fazê-los crescer?
É
duro também aceitar que boa parte dos problemas que temos, infelizmente foi
causado por nossas ações ou nossas omissões do dia-a-dia e talvez por
reconhecer esse fato, sofremos mais do que deveríamos.
Quem
por acaso nunca errou?
Que
Maria nos abençoe. Que seu espelho de vida, compenetrada, focada e pró-ativa
possam nos ajudar a superar nossas dores, nossas fraquezas, nossos erros.
Propósito:
Pai, a
prática do amor e da justiça revele tua ação no íntimo do meu coração,
transformando-me em instrumento de tua misericórdia, que eleva a humanidade
decaída. Que Maria me acolha como filho bem amado do seu Filho afim de que,
olhando para a glória que me está reservada no Céu, carregue a minha cruz todos
os dias. E quando chegar a minha hora eu diga como Jesus: Pai tudo está consumado, a
Ti entrego o meu espírito. Nossa Senhora das Dores, rogai por
nós!
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