domingo, 7 de maio de 2023

Evangelho do dia 08 de maio segunda feira 2023

 


08 de maio - Tornemo-nos pequenos discípulos de Maria e peçamos a ela a graça de poder imitá- la; imitar não nas virtudes grandes e sublimes, mas nas virtudes humildes e ocultas, que são próprias de Maria e que tão bem se encaixam na vida comum. (S 232). São Jose Marello

 


João 14,21-26

"Quem acolhe e cumpre os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Judas (não o Iscariotes) perguntou-lhe: "Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós e não ao mundo?" Jesus respondeu-lhe: "Se alguém me ama, cumpre a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não cumpre as minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito."  

 

O defensor, o Espírito Santo, vos ensinará tudo: Amar e observar os mandamentos! Deus revela-se na intimidade de nosso ser com seu amor que nos é dado pelo Espírito Santo.

 O discurso de despedida de Jesus visava suscitar sentimentos positivos no coração dos discípulos, num momento de desespero e angústia. E o Mestre o faz apelando para a importância de amá-lo de fato, pautando a vida por seus ensinamentos.

 Jesus percebia a fragilidade do amor dos discípulos, e a não-adesão radical à sua pessoa. Sem esta adesão amorosa, qualquer ação futura ficaria impossibilitada. Seria inútil contar com eles! Isto poderia comprometer o projeto de construção do Reino que lhes fora entregue como missão.

 Em reflexões passadas, refletimos sobre o amor infinito de Deus por nós, e sobre nossa retribuição a tal dom. O amor ao próximo é decorrência obrigatória dessa comunicação amorosa, pois “se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é mentiroso”. Desta vez, portanto, queremos deter-nos sobre o amor que Deus nos pede para com todos aqueles que compõem o nosso círculo de relações, e fazem parte da nossa história.

 O amor tem diversas características, que sempre é oportuno ressaltar. Em primeiro lugar, caracteriza-se pela universalidade. Embora possa se apresentar como preferencial, não pode ser seletivo ou exclusivo, sob quaisquer formas. É correto, por exemplo, que se deva dar mais atenção aos pobres, porque não têm ninguém, ou têm poucos, que se preocupem com eles. Entretanto, desprezar os outros, porque não se enquadram nessa situação, está em desacordo com a lei de Deus, revelada a nós pela sua Palavra.

 Vivemos em uma era de pragmatismo. Isso quer dizer que o importante para a maioria das pessoas é se uma coisa funciona, ou não, independentemente se existem princípios válidos que estão por trás das ações. Essa idéia tem penetrado até nas igrejas e muito tem sido escrito combatendo o pragmatismo, pois é uma filosofia que não é cristã. O cristão vive por princípios, na consciência de que os resultados pertencem ao Senhor. Ou seja, se vivemos o nosso dia-a-dia pelos preceitos de Deus, se as nossas ações se enquadram naquilo que Deus espera de cada um de nós, devemos ter paz e tranqüilidade de que Deus, em sua providência, estará "operando todas as coisas" para o nosso bem. A fé em Jesus, a adesão à sua pessoa e estilo de vida é resultado de uma posição pessoal. O seguidor de Jesus deve fazer seu os mandamentos e cumpri-los.

 Mandamentos em plural, mas que derivam do único mandamento, o mandamento novo que Jesus nos deixou: “amai-vos uns aos outros como eu os tenho amado”. Este é o mandamento que deve impregnar todo o nosso comportamento, o que deve marcar nosso estilo de vida, o que deve nos impulsionar a desenvolver sempre atividades a favor das pessoas a fim de ajudá-las a alcançar seu pleno crescimento.

 A lei de Deus é o caminho que nos leva à perfeição humana e sobrenatural, pela graça. Não há como chegar a Deus sem seguir por essa trilha que Ele próprio, em sua bondade, traçou e cuja observância tem por fim nossa realização pessoal e o arremate que todos nós buscamos: a felicidade. Pois bem, a perfeição na observância da lei nós atingimos pela caridade, ou seja, pelo amor ao próximo, aos irmãos e às irmãs que Deus colocou em nosso contexto. Se amamos a Deus sobre todas as coisas, é na inteireza desse amor, que não admite redução, que vamos amar ao próximo como a nós mesmos.

 Quem ama assim, será considerado filho pelo Pai e irmão de Jesus que é a plena manifestação de Deus. Jesus é o novo santuário, não mais o de pedras, onde Deus habita. É o lugar da revelação do Pai.

 Judas Iscariotes espera outro tipo de manifestação; espera a volta gloriosa de Jesus. Um Jesus triunfante. Espera que Jesus se manifeste não somente a eles mas a todo o mundo com poder. Contundo, Jesus não vai manifestar-se ao mundo porque sua manifestação supõe a aceitação de seu amor, e o mundo, sociedade onde vigora a injustiça, onde o próprio interesse egoísta causa a opressão, o odeia.

 A transformação da sociedade que Jesus propõe não se faz por imposição. Não existe mudança verdadeira se as pessoas não se transformam interiormente e essa mudança se alcança na vivência do amor. Por isso, em resposta a Judas, Jesus repete o que antes já havia dito: a adesão a ele é inseparável de sua mensagem de amor, que consiste em viver seu mandamento.

 Como conseqüência de tudo, o Pai e Jesus estabelecerão sua morada no discípulo, convertendo-o em santuário onde Deus habita, como expressão máxima da glorificação do ser humano.

 Cada pessoa convertida em santuário de Deus, manifestação de Deus, vive com Ele na intimidade de uma nova família. Cada um dos seguidores de Jesus, de agora em diante, será morada de Deus.

 Jesus insiste em que sua mensagem é a mesma do Pai. É a mensagem que revela aos oprimidos o meio para saírem da opressão, convidando-os a um êxodo fora do sistema injusto; abre os olhos para que as pessoas conheçam sua dignidade segundo o desígnio de Deus e faz caminhar os que estão paralisados a causa das ideologias opressoras; é o amor manifestado no partilhar que dá a todos sua independência e os liberta da exploração. Praticá-lo significa ter o Espírito de Jesus. Porém, será o Espírito quem fará com que os discípulos compreendem tudo o que Jesus disse.

 Muitos aspectos da vida e mensagem de Jesus estão ainda obscuros para eles. Contundo, terão o defensor, que os ajudará em tudo o que necessitam. Chama-se agora “o Espírito Santo”; é “Santo” porque pertence à esfera divina e é ao mesmo tempo “santificador”, “consagrador” porque separa o ser humano das trevas, do mundo perverso e o instala na esfera de Deus, da luz e da vida.

 A separação não se efetua de modo material ou local, e sim interiormente, fazendo semelhante a Jesus, o Consagrado por Deus, pela infusão de um amor que responde ao seu, com a atividade de uma missão como a sua.

 O Espírito não fala de si mesmo. Faz recordar e compreender o ensinamento de Jesus. Este papel que desempenha na comunidade assinala o espírito profético que transmite à comunidade mensagens do Senhor. Jesus, que se faz presente por seu Espírito, será o mestre da comunidade.

 As palavras de Jesus são um apelo aos discípulos para uma vida de comunhão com ele. Daí sua insistência no tema do amar e pôr em prática os mandamentos. O amor supõe vínculos tão estreitos de relação com o Mestre, a ponto de permear e transformar a vida do discípulo. Porque ama Jesus, recusa-se a dar guarida ao egoísmo e ao pecado que rompem a comunhão.

 O discípulo que ama é fiel aos mandamentos do Mestre. Portanto, o amor não se reduz a teorias. É uma contínua busca de conformidade com o modo de ser e o querer de Jesus. Seus mandamentos são uma expressão de seu modo de ser. Por isso, Jesus ordenou que os discípulos fizessem o mesmo que ele fez, propondo-lhes seu próprio projeto de vida. Assim, a melhor escola de amor é o testemunho de vida de Jesus.

 Guardar as palavras de Jesus é seguir o seu caminho, ao longo do qual se dá o encontro com o Pai na vivência da partilha, da fraternidade e da solidariedade com os excluídos e oprimidos.

 A Palavra sempre fez parte do mistério de Deus e, também, de todos os poetas. Seria absurdo querer entender uma poesia conhecendo sua métrica, morfologia e a gramática histórica que lhe configurou um sentido social. Não, não se entende poesia assim. Poesia é para ser lida e sentida na medida que as palavras fluem em nossa mente. Alguns gostam de recitar poesia porque a melodia das rimas parece ter o mesmo efeito das notas de uma música apreciada. Deus deve ser Poeta pois ele insiste em fazer uso das palavras para serem sentidas na mente e no corpo.

 Podemos afirmar que amar é guardar quem se ama no coração. Todavia não esquecendo a poesia desta afirmação podemos concluir que amar é construir em palavras quem se ama. Sim, é verdade. Quem ama tem o poder de construir pela palavra e com palavras a pessoa amada. Talvez por isso devemos ter o cuidado de nunca amar coisas, bens materiais ou riquezas. Quando amamos tais coisas as nossas palavras começam a falar de coisas mortas e de nossa própria morte. Quando amamos falamos de pessoas, sempre de pessoas. Sim, elas são o verdadeiro bem que vale a pena investir e gastar a vida.

 Talvez por isso Jesus tenha gastado Sua vida até o fim. Talvez ele tenha feito de Suas palavras um verdadeiro gesto de amor e esperança viva. Jesus amou pessoas, sempre pessoas, e deixou um grande legado para todos os Seus seguidores: todos aqueles que fizerem uso de Suas palavras para torná-las palavra de Deus estarão próximos do coração do próprio Deus. Serão amados por Deus e ser amado por Deus é viver para sempre. Mas onde descobrimos a força deste grande legado de Jesus? Na Bíblia: a Palavra viva de Deus para nós, os cristãos.

 Só conhece a Deus e sua Palavra quem a pratica de modo simples e sincero. Mas tem que ser verdadeiramente Palavra de Deus. Fora aos genéricos e misturados! Quem aceita esse desafio o amará e muito. Com amor Eterno, cheio de ações de Graças Eternas. Pois compreenderá a essência da vontade de Deus, revelada em Cristo. Por outro lado, os homens verão isto, e glorificarão ao nome do Senhor, sem que uma igreja besta, bélica, arrogante, dona da verdade, tapada e maligna tenha que fazer cruzadas evangelísticas propagandistas e “marketeiras” em nome d'Ele.

 Nós precisamos redescobrir a força da palavra que faz viver as pessoas. Devemos ter a coragem de decidir abrir nossas Bíblias e ler as palavras que possuem o poder de construir uma esperança viva. A mensagem do evangelho de João é um convite para que deixemos a palavra de Deus ganhar mais espaço em nosso cotidiano. Assim, a Escuta da Palavra e a Meditação diária nos ajudará a perceber o poder dessa palavra para refazer a vida e o verdadeiro amor de Jesus na vida do mundo. Muita coisa pode mudar naqueles que estão próximos de nós quando decidimos guardar no coração e viver pra valer a palavra de Jesus. Sim, a palavra de Jesus ainda pode ser ouvida: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.”.

 A nitidez e a exatidão de nossas percepções humanas são inversamente proporcionais às nossas carências de afeto. As pessoas carentes de afeto ficam com a percepção turva, errada, tem até dificuldades para aprendizagem.  A pessoa que foi bem amada tem clareza e objetividade de percepção. Ao se deixar amar ficando com Jesus em oração, ele nos sacia de amor, clareia nossas vistas, ilumina o nosso interior dando-nos boa percepção e sabedoria.

 Deus se manifesta aos seus amigos, quando quer, a quem quer (teofania). Mas, nossa sensibilidade para ouvir Deus melhora com o tempo que gastamos com Ele em oração.

 Tempo é questão de preferência. Ele quer ser o nosso preferido, o nosso amigo. Você tem tempo para os seus amigos?... Você tem tempo para Jesus?  Ele nos constituiu como amigos: “Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai”.

 Ele quer ser o nosso amigo. Vamos cativá-lo com o nosso horário de oração. Ele não precisa que nós lhe demos toda a nossa vida. Ele é a Vida! Ele só quer um pequeno tempo a sós com Ele, o seu Deus. Com nossa fidelidade a este pequeno tempo e espaço, Ele nos fará feliz com a Sua Presença!

 Para finalizar, recordemos um trecho do Hino da Caridade, transcrito da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, que se recomenda à nossa meditação. Embora seja um texto muito conhecido, dificilmente é bem praticado: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.”. Que Deus nos conceda esse que é o maior dom do seu Espírito, para que sua Palavra se torne vida em nós!

 Oração: Deus eterno e todo-poderoso, fazei-nos viver sempre mais o mistério pascal para que, renovados pelo santo batismo, possamos, por vossa graça, produzir muitos frutos e chegar às alegrias da vida eterna. Pai, despertai em nós o desejo e a disposição de amar Jesus e de pôr em prática as palavras dele. Assim, estaremos seguros de sermos amados por vós e de viver em comunhão convosco, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EVANGELHO DO DIA 30 JUNHO 2024 - SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS

  30 junho - Solene tumulação dos despojos mortais de São José Marello no Santuário da Casa-Mãe em Asti. (1923). Atualmente não temos sen...