terça-feira, 30 de maio de 2023

EVANGELHO DO DIA 04 DE JUNHO 2023 - SANTÍSSIMA TRINDADE

 

04 de junho - É a caridade que deve predominar sobre todas as nossas ações: ela consolida a fé, aumenta a esperança e nos une mais intimamente a Deus. (S 202). São José Marello

 

João 3,16-18

 "De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem crê nele não será julgado, mas quem não crê já está julgado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus"  

Meditação:

 Celebramos hoje em toda a Igreja, em cada pequena comunidade cristã como a nossa, a Solenidade da Santíssima Trindade: Pai – Filho e Espírito Santo. Celebramos hoje, o que poderíamos chamar, o coração da nossa fé. Pois acreditamos e adoramos um Deus que é Uno e Trino.

 A bíblia revela, em uma palavra, quem é Deus: Deus é amor (1 Jo 4,8). Amor pessoal, (porque te ama como se somente tu existisses) amor total (sem medida, porque a medida do amor é dar sem medida), amor sacrificado (oblativo, entregue e paciente), amor universal (inclusivo, não excludente), amor preferencial (se inclina ao mais débil).

As leituras de hoje revelam o perfil, o rosto ou a fisionomia de Deus. A leitura do Êxodo o revela como um Deus “compassivo e misericordioso, lento na cólera e rico em clemência e lealdade”. Como querendo contrastar a infidelidade do Povo e a fidelidade de Deus.

Paulo, na segunda leitura, desvela o mistério de um Deus Pai, Filho e Espírito Santo, mediante a saudação trinitária à assembléia. Finalmente o evangelho de hoje revela uma luz especial: “Deus tanto amou o mundo que lhe entregou seu Filho” (Jo 3,16).

Estes seriam como que os versículos fundamentais para nossa fé. Em primeiro lugar Deus de Israel e de Jesus é um Deus presente na história.

 O antigo e novo Povo de Deus não chegara à experiência de Deus, nem pela natureza (religiões naturalistas, tendentes a divinizar a criação), nem pela filosofia (a elucubração dos filósofos, que através das causas segundas, chegaram a uma primeira causa: Deus), mas pela história.

Daí que o credo de Israel e da Igreja se definam como credos históricos. Impossível proclamar este Deus, deixando de lado os grandes acontecimentos salvíficos: que “nasceu da virgem Maria, padeceu sob Poncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, etc., são dados históricos pontuais.

Deixar de lado a história seria desencarnar a fé, privá-la de sua sacramentalidade histórica. Um Deus desentendido da história não seria o Deus dos cristãos. Em segundo lugar, nesta história cheia de luzes e de sombras, porém guiada pela mão de Javé, é que se vai avançando: o que os teólogos chamam “a revelação progressiva”.

Quando éramos crianças tivemos uma experiência de Deus que foi amadurecendo pouco a pouco até que nos tornássemos adultos. Trata-se de um princípio da pedagogia divina.

 O mistério de Deus uno e trino é fruto dessa experiência de revelação progressiva na história. Revelação máxima, expressão de amadurecimento: Deus não é um ser isolado, afastado das realidades temporais, solitário.

Mas um Deus comunitário, família, sociedade, fraternidade, etc. Por isso, como dissemos no inicio, a expressão máxima de toda revelação bíblica é esta: Deus é amor. E o amor nunca é solidão, isolamento, mas comunhão, proximidade, diálogo e aliança.

 A própria natureza de Deus é um projeto de vida, que revela a própria natureza da alma humana, criada à sua imagem e semelhança.

Deste modo, podemos entender como a própria humanidade sente essa necessidade de aliança, ainda que em meio à pluralidade.

 Vivemos em uma casa comum, somos uma família (humana), temos as mesmas necessidades, os mesmos problemas. Deus nesta hora da história, fala através de sinais de um mundo em constante busca de ser e de sentido.

Em terceiro lugar, não há por que quebrar a cabeça para tentar compreender (a partir de nossa lógica natural) um mistério que nos é dado pela revelação e que somente pode ser aceito plenamente pela fé. A Deus ninguém jamais o viu, somente o Filho que estava no seio do Pai, é quem no-lo deu a conhecer (Jo 1,18).

 Neste texto, como núcleo do discurso de Jesus a Nicodemos, João reapresenta a encarnação salvífica de Jesus, já anunciada no Prólogo de seu evangelho. "E o Verbo se fez carne e veio morar entre nós e vimos a sua glória, que ele recebe do seu Pai como Filho único" (Jo 1,14). "Ele estava no mundo. A quantos, porém, o acolheram deu o poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome" (Jo 1,12).

 Temos aqui o anúncio fundamental que pregava o evangelho de João. Deus, no seu grande amor, enviou seu Filho ao mundo para comunicar a vida eterna a todos que nele crêem.

 O objeto do amor de Deus é o mundo. A palavra "mundo", principalmente nas cartas paulinas (1Co 2,12; 3,19; Ef 6,12) e no evangelho de João, significa a sociedade alienada de Deus pela dominação daqueles que são seduzidos pela ambição do dinheiro e do poder.

 No evangelho de João o mundo está submisso ao príncipe das trevas. Não é necessário pensar em entidades demoníacas. Trata-se do poder da morte.

 São os poderosos deste mundo que semeiam a morte em vista de garantir e consolidar suas riquezas, seu poder econômico, militar, e ideológico, apelando para contra-valores seculares ou religiosos.

 Este "mundo" tem uma estrutura que se opõe a Deus, mas Deus vem, com amor, para transformar e libertar este mundo.

 O mundo é criação de Deus e Deus dá seu Filho único ao mundo para elevá-lo à plenitude da paz e da vida eterna. O Filho é a "luz do mundo" (Jo 1,9; 3,19; 8,12; 9,5; 12,46), e Jesus dá a vida pelo mundo (Jo 6,33).

 "Deus amou tanto o mundo que deu seu filho único", enviando-o pela sua concepção no ventre de Maria, na encarnação. Jesus, o novo Adão, já é a realidade da nova humanidade: é o homem que, na condição de filho de Deus, já é divino e eterno.

 O fruto do amor não é a condenação, mas a libertação de toda opressão, que é realizada por Deus com o dom gratuito da vida eterna, e alcançada pela fé.

 Jesus, a luz do mundo, vem como dom e prova do amor de Deus. Sua glória, que é a glória do Pai é a comunicação deste amor.

 Deus que "dá" seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo, foi entendido dentro das categorias do judaísmo, como oferta sacrifical.

 Jesus seria sacrificado na cruz nos moldes dos cordeiros no altar do Templo de Jerusalém ou como Isaac que é levado ao sacrifício por seu pai Abraão. Terrível compreensão!

 Deus é amor! Deus envia Filho Jesus não para julgar e condenar, mas como portador do amor divino, no Espírito Santo, para comunicar a vida aos homens e mulheres.

 É um renascer para a eternidade, é a ressurreição. "Deus enviou seu Filho ao mundo, não para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele".

 A salvação, na tradição de Israel, é compreendida como sendo o resgate do castigo e da condenação dos ímpios pecadores, um povo de "cabeça dura", sob o ponto de vista das elites religiosas.

 Com Jesus esta idéia de salvação vai sendo didaticamente substituída pela idéia da libertação da opressão que impera no mundo e o anúncio do dom da vida eterna. O estar julgado ou não estar julgado é substituído pelas atitudes de não crer ou crer em Jesus, Filho único de Deus.

 Quem crer em Jesus não será julgado porque libertou-se e recebe o dom da vida eterna. Quem não crer é julgado por permanecer conivente com as estruturas de poder deste mundo, distanciando-se deste dom.

 Os discípulos eram do mundo, mas foram libertados de seu poder e de sua ideologia pela adesão ao projeto de Jesus. Eles são a semente da libertação do mundo.

 O crer é a porta para a vida eterna. Crer no nome do Filho é seguir Jesus. É ser portador da misericórdia e da vida ao mundo. Viver o amor na comunidade, desvelando a presença do amor de Deus no mundo.

 A fé passa do ouvido à mente, da mente ao coração e do coração à vida. Não se trata de um processo meramente racional. Pois a razão necessita da racionalidade da fé, ao reconhecer-se humilde diante do mistério de Deus. Com efeito, Deus revela estas coisas ao povo simples, e as esconde aos sábios deste mundo.

Esta é a lógica e a sabedoria do nosso Deus, muito distinta e muito distante da lógica natural, marcada pelos egoísmos humanos. Deus entra mais facilmente no coração da criança do que no coração do adulto; entra mais no coração do humilde do que no coração do soberbo; mais no coração do débil que no coração do que se julga forte.

Estamos diante do maior mistério, que nem olho viu, nem ouvido escutou. Aproximemo-nos de Deus com adoração (O Pai) dispostos a assumir seu projeto de fraternidade (O Filho) com toda profundidade de nosso ser (o Espírito Santo).

Reflexão Apostólica:

 Nós adoramos Deus que é Pai criador. Aquele que criou todas as coisas visíveis e invisíveis, conforme professamos no creio, com amor e sabedoria e fez de nós homens a mais predileta de todas as suas criaturas; pois só a nós foi dada a dignidade de sermos chamados filhos de Deus.

 Adoramos o Deus que é Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que por nós e por amor nosso se encarnou no seio de uma Virgem, Maria; fez-se um de nós para salvar a nossa humanidade destruída e desfigurada pelo pecado.

 Prova disso é que ele passou pelo mundo sanando, curando, restituindo a dignidade aos pobres e excluídos e a todos mostrando o caminho que conduz ao Pai,  o caminho que nos conduz à felicidade. 

 Nós adoramos Deus que é Espírito Santo,  que é o amor infinito do Pai e do Filho por nós. Ao voltar para o Pai, Jesus não quis que ficássemos sozinhos.

 Ele sabia que continuar a sua missão não seria nada fácil para os seus discípulos, e por isso, Ele nos deu o Espírito Santo,  o grande consolador.

 É o Espírito que nos fortalece nas provações, nos guia nos nossos caminhos, nos ajuda no testemunho, nos une como irmãos numa só família que é a Igreja que Cristo desejou.

 Mas o que significa para nós celebrar hoje a Santíssima Trindade,  esse Deus Uno e Trino, que tanto nos amou e nos ama a ponto de fazer-se um de nós para nos salvar, que hoje caminha conosco como nosso companheiro de vida; como Ele próprio prometeu, que estaria conosco até o fim dos tempos?

 A primeira coisa mais importante a dizer é que celebrando solenidade da Santíssima Trindade, nós celebramos o grande amor de Deus por nós. O nosso Deus não é um Deus das nuvens e dos tronos celestes.

 Não é um Deus longe do ser humano, indiferente á aquilo que lhe acontece; mas é um Deus que caminha conosco, que se revela como misericórdia, rico de graça e perdão, fiel; que faz aliança com o seu povo amado.

 O nosso Deus é o Deus que entra na nossa história e na nossa vida  para nos salvar e que faz questão que sintamos a sua presença protetora, defensora, como encontramos relatado em muitos textos do livro do Êxodo. Ora, a máxima revelação desse amor do Pai por nós chegou com Jesus Cristo.

 O próprio Jesus no Evangelho de hoje vai dizer no colóquio com Nicodemos que: "Que Deus tanto amou o mundo que deu o seu filho unigênito para que quem nele crer, não morra, mas tenha a vida eterna".

 No seu filho Jesus, por meio do qual o Pai também age para a salvação  do ser humano, Deus quer acabar definitivamente com aquele abismo que o pecado escavou entre Ele e a humanidade. Deus não quer que os seus filhos morram, mas que vivam.

 Diante das situações de morte pelo pecado, ele propõe para os homens e mulheres de os todos os tempos  uma possibilidade de vida nova e feliz.

 Nós fomos feitos para viver junto de Deus e é por isso que desde sempre Ele vem ao encontro do ser humano quando se extravia do reto caminho; perdoa quando caímos no erro; nos corrige quando persistimos em nos fazer o mal e conosco faz aliança de amor.

 Todo esse amor de Deus por nós quer nos revelar toda a sua dedicação e cura pela nossa vida e pela nossa felicidade. Em Jesus, Deus destruiu o poder do pecado sobre nós e com o sangue do seu filho fez conosco uma aliança de Amor, fortalecida e renovada cada dia pelo Espírito que nos acompanha até o fim dos tempos.

 Celebrar também a Trindade é para nós hoje um chamado ao compromisso com esse amor de Deus por nós.  Se o nosso Deus Uno e Trino nos amou e continua nos amando apesar de nossas fraquezas, devemos também nós nos comprometer a viver esse amor, sobretudo porque somos nós batizados os convocados e enviados pelo Mestre Jesus para anunciar o seu amor e o amor do Pai pela força do Espírito a todos os povos.

 Essa é a nossa missão como batizados. E esse anúncio, passa sobretudo através do testemunho das nossas comunidades, que são  os lugares privilegiados da vivência e do compromisso com esse amor.

 Porque somos amados por Deus, por sua vez devemos também nos amar para sermos, para este mundo, anunciadores, com a vida, do grande amor de Deus.

 Olhando para nós, para o nosso testemunho de vida, os outros deveriam dizer como diziam para os primeiros cristãos: olhem como eles se amam. 

 Esse amor urge, portanto, traduzir-se em ações concretas que nos construam e nos conduzam a sermos mais irmãos conforme é o desejo de Deus.

 São Paulo, na sua carta aos Coríntios, vai justamente nos apontar algumas formas concretas de como a comunidade cristã pode traduzir em ações concretas este amor de Deus.

 A vivência da paz, da concórdia, da ajuda mútua, do encorajamento nos momentos difíceis, dentro da comunidade é um testemunho vivo de como o amor de Deus está sendo correspondido e que se torna um grande testemunho para o mundo. 

 Com certeza, a vivência da paz entre nós como irmãos, se torna  para o nosso mundo destruído por tantas guerras e violência um sinal de esperança.

 Assim também, como o é, a vivência da compreensão, da ajuda mutua, num mundo que prega o individualismo e a competição.

 Vivendo esses valores que a nossa fé nos convida a viver podemos ser para este mundo um grande sinal como comunidade que o amor de Deus não é uma teoria, mas uma realidade que pode tornar-se concreta quando buscamos crescer como irmãos.

 Para concluir, lembramos que, celebrar a Santíssima Trindade hoje, é celebrar a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo no meio de toda comunidade cristã.

 É pela Trindade que toda comunidade é viva, é santificada, é abençoada. A Eucaristia,  que celebramos nas nossas comunidades, é um exemplo concreto dessa presença.

 De fato, nós começamos a Celebração da Eucaristia em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo e recebemos a última benção em nome dos três.  E ainda: é no nome da Trindade que recebemos todos os sacramentos, assim como todas as bênçãos que pedimos à Igreja.

Propósito:

Pai, louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito. Ó Deus Trindade, “a maior comunidade”, mistério eterno, insondável, do qual apenas podemos balbuciar uma longínqua aproximação. Aviva em nós tua própria vida, da qual fazes participar a cada uma de tuas criaturas, para que nos sintamos convocados a acrescentar a Vida. Nós nos joelhamos diante dessa corrente original e eterna de vida, na comunhão expressa no teu próprio ser: Trindade Santa, Pai, Filho e Espírito Santo.

 

Evangelho do dia 03 de junho sábado 2023

 

03 junho - A nossa bondade não deve ser exclusivista, carrancuda e indiscreta, como a daqueles que gostariam que fossem todos como eles. A verdadeira santidade deve ser afável, tolerante, universal, multíplice; deve estender-se a todas as pessoas, acomodar-se a todos os estados e a todas as condições, e não se limitar à esfera de uma bondade exclusiva e construída à nossa maneira, não conforme ao espírito de Jesus. (S 329). São Jose Marello

 

Marcos 11,27-33

Depois voltaram para Jerusalém. Quando Jesus estava andando pelo pátio do Templo, chegaram perto dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da Lei e os líderes dos judeus que estavam ali e perguntaram:
- Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
- Eu também vou fazer uma pergunta a vocês. Se me derem a resposta certa, eu direi com que autoridade faço essas coisas. Respondam: quem deu autoridade a João para batizar? Foi Deus ou foram pessoas?
Aí eles começaram a dizer uns aos outros:
- Se dissermos que foi Deus, ele vai perguntar: "Então por que vocês não creram em João?" Mas, se dissermos que foram pessoas, ai de nós!
Eles estavam com medo do povo, pois todos achavam que, de fato, João era profeta. Por isso responderam:
- Não sabemos.
- Então eu também não digo com que autoridade faço essas coisas! - disse Jesus.

Meditação:

 O Sinédrio era composto por sumos sacerdotes, letrados e anciões. Dessa instituição é que vinha o questionamento: “Jesus, com que autoridade fazes isso? Quem te deu tal autoridade para fazê-lo?” Jesus foi enviado pelo Pai para levar Boas Novas aos pobres.

Portanto sua autoridade provém do Pai e Jesus a exerce através do serviço aos mais pobres. O Sinédrio que o questiona, tampouco acreditara em João Batista; por outro lado, o povo o considerava um profeta autorizado por Deus.

O profeta é o homem de Deus, sua vida é resposta que surge do escutar a Deus em sua Palavra e no clamor doloroso de seu povo. Esta capacidade de escutar o adentra cada vez mais no conhecimento do projeto que Deus tem, e se consagra a ele servindo aos pobres.

O profeta é chamado a dar toda sua vida para que os pobres vivam. A autoridade não é reconhecida quando as pessoas a vêem como privilégio ou um título, mas quando se torna serviço, doação da própria vida. Assim o fez Jesus, assim devem ser seus discípulos.

Uma das características dos evangelhos é registrar os diversos conflitos provocados pelas elites religiosas de Israel contra Jesus por causa de sua solidariedade e promoção dos marginalizados e oprimidos por estas elites.

Jesus volta ao Templo de Jerusalém depois de, no dia anterior, ter expulsado aqueles que ali comerciavam. Esta ação de Jesus provocou a ira dos chefes do Templo, os quais eram coniventes com este comércio. Jesus está presente entre a multidão de peregrinos que vêm de longe, não como um devoto entre os demais, mas para anunciar-lhes o Reino de Deus, diferenciado do culto interesseiro praticado naquele templo.

Reconhecer a origem divina do batismo de João implica em reconhecer o caráter divino de Jesus, do qual João foi precursor. Diante da negativa dos dirigentes judeus em lhe responder, Jesus também não lhes responde diretamente. Contudo, a seguir, lhes dirigirá a "parábola dos vinhateiros homicidas".

Como Jesus ensina todos os que nele nascem, através do batismo, com Ele caminharão para sempre. O Batismo verdadeiro vem do céu é este que eu estou apresentando ao mundo e a vós, através destas palavras.

Nascemos diferentes, pois nascemos pelo Espírito, depois de sermos batizados com a Santíssima Trindade. Não somos nós que fazemos as palavras que aqui estão sendo postas para o resto da humanidade.

É desse Espírito Santo, que acompanha o trabalho santo por ordem de Deus, enviado por Jesus por conta de um chamado para a apostasia. É triste ver que as pessoas trocaram o Evangelho e o seu caminho, preparado por Deus, por outros "evangelhos" e por caminhos criados por homens ou espíritos. Jesus não abandona aquele que a Ele ama.

Hoje, o Evangelho pede-nos que pensemos com que intenção vemos Jesus. Há quem vá sem fé, sem reconhecer sua autoridade: por isso, «os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos, lhe perguntaram: “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?”(Mc 11,27-28).

Se não tratamos a Deus na oração, não teremos fé. Mas, como diz são Gregório Magno, «quando insistimos na oração com toda veemência, Deus se detém no nosso coração e recobramos a vista perdida».

 Se tivermos boa disposição, apesar de estar no erro, vendo que a outra pessoa tem razão, acolheremos suas palavras. Se tivermos boa intenção, apesar de arrastar o peso do pecado, quando façamos oração Deus nos fará compreender nossa miséria, para que nos reconciliemos com Ele, pedindo perdão de todo coração e, por meio do sacramento da penitência.

A fé e a oração vão juntas. Diz-nos Santo Agostinho que, «se a fé falta, a oração é inútil. Depois, quando oremos, criemos e oremos para que não falte a fé. A fé produz a oração e, a oração produz também a firmeza da fé».

 Se tivermos boa intenção e, acudimos a Jesus, descobriremos quem é e, entenderemos sua palavra, quando nos pergunte: «O batismo de João era do céu ou dos homens?» (Mc 11,30). Pela fé, sabemos que era do céu e, que sua autoridade vem-lhe do seu Pai, que é Deus e, Dele mesmo porque é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Porque sabemos que Jesus é o único salvador do mundo, acudimos a sua Mãe que também é nossa Mãe, para que desejando acolher a palavra e a vida de Jesus, com boa intenção e boa vontade, para ter a paz e a alegria dos filhos de Deus.

 Reflexão Apostólica:

 Jesus operava com sabedoria, porque tinha conhecimento da falsidade daqueles que o inquiriam. Por isso, muitas vezes Ele respondia aos seus interlocutores fazendo-lhes também uma pergunta. Assim, Ele confundia ainda mais àqueles que armavam ciladas contra Ele.

Seria fácil para Jesus dar uma resposta correta, porém Ele sabia que por mais que Ele esclarecesse as dúvidas, eles nunca iriam entendê-Lo, porque Ele falava das coisas que O Pai lhe revelara, coisas que os homens não entendem por si mesmos.

Quantas vezes nós também fazemos perguntas a Jesus e não recebemos as respostas? Quantas vezes nós também abrimos a Bíblia querendo um retorno para as nossas indagações? E sabe por que também isso acontece conosco?

Quantas vezes também nós não queremos responder para não nos comprometer? Com Deus não podemos ser falsos, ele conhece o nosso íntimo, sabe quando queremos nos esconder atrás de falsas desculpas.
 
A sinceridade perante os homens é sempre um bem, não sendo sempre compreendida e reconhecida, contudo não podemos nos esconder e mentir para Deus. O Pai sabe tudo, reconhece o bem que fazemos assim como os nossos pecados.
 
Não devemos ter medo em abrir nosso coração para Deus, nem reconhecer humildemente os nossos pecados, porque ele não nos condena, mas nos mostra a saída e, onde está o bem. Dando- nos compreensão da verdade para que sejamos capazes de sair do erro e mudar de vida.

Porque nós também não entenderemos quando Jesus nos falar de coisas que nós não queremos aceitar porque já temos uma opinião formada e não nos afastamos dela. Porque nós não nos abrimos ao Espírito Santo para compreender os mistérios de Deus e aceitá-Los, porque a mentalidade do mundo ainda é muito poderosa nas nossas ações.

Precisamos desistir das nossas próprias opiniões para que as respostas de Jesus ecoem dentro de nós de uma forma convincente.

Você tem dado abertura ao Espírito Santo para que Ele elucide as suas dúvidas? Quais as perguntas que você tem feito a Jesus? Ele tem respondido? Você tem entendido o que Ele fala? Você é daquelas pessoas que abrem a Palavra esperando logo uma resposta que lhe seja agradável? Você acredita que Deus fala com você?

Propósito:

Senhor, Jesus, tu conheces o íntimo de todos nós, dá-nos a coragem e a liberdade de abrir-nos totalmente a ti para que possamos conhecer a verdade sobre Ti e sobre nós para nos purificar e viver na verdade.

 

Evangelho do dia 02 de junho sexta feira 2023

 

02 de junho - É preciso ser fortes e afáveis, como São Francisco de Sales. (S 174). São Jose Marello

 

Marcos 11,11-26

Jesus entrou em Jerusalém, foi até o Templo e olhou tudo em redor. Mas, como já era tarde, foi para o povoado de Betânia com os doze discípulos.
No dia seguinte, quando eles estavam voltando de Betânia, Jesus teve fome. Viu de longe uma figueira cheia de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. Então disse à figueira:
- Que nunca mais ninguém coma das suas frutas!
E os seus discípulos ouviram isso.
Quando Jesus e os discípulos chegaram a Jerusalém, ele entrou no pátio do Templo e começou a expulsar todos os que compravam e vendiam naquele lugar. Derrubou as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não deixava ninguém atravessar o pátio do Templo carregando coisas. E ele ensinava a todos assim:
- Nas Escrituras Sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: "A minha casa será chamada de 'Casa de Oração' para todos os povos." Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões!
Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei ouviram isso e começaram a procurar um jeito de matar Jesus. Mas tinham medo dele porque o povo admirava os seus ensinamentos.
De tardinha, Jesus e os discípulos saíram da cidade.
No dia seguinte, de manhã cedo, Jesus e os discípulos passaram perto da figueira e viram que ela estava seca desde a raiz. Então Pedro lembrou do que havia acontecido e disse a Jesus:
- Olhe, Mestre! A figueira que o senhor amaldiçoou ficou seca.
Jesus respondeu:
- Tenham fé em Deus. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês poderão dizer a este monte: "Levante-se e jogue-se no mar." Se não duvidarem no seu coração, mas crerem que vai acontecer o que disseram, então isso será feito. Por isso eu afirmo a vocês: quando vocês orarem e pedirem alguma coisa, creiam que já a receberam, e assim tudo lhes será dado. E, quando estiverem orando, perdoem os que os ofenderam, para que o Pai de vocês, que está no céu, perdoe as ofensas de vocês. [Se não perdoarem os outros, o Pai de vocês, que está no céu, também não perdoará as ofensas de vocês.] 

Meditação:

Jesus está próximo de uma figueira muito grande, mas sem frutos. A Casa do Senhor, chamada a dar frutos de vida, deve ser a casa de oração para todo o mundo. a oração nos adentra no desenvolvimento da capacidade de escutar a Deus que nos fala por meio de sua Palavra e do clamar sofrido dos pobres.

A casa deve ser escola de oração que nos abra a escutar “com um ouvido no povo e outro no Evangelho”. O discípulo que, desta maneira, aprende a escutar saberá dar uma resposta comprometida que dê frutos abundantes. Se a casa se converteu em cova de ladrões, em lugar de dar os frutos esperados, será um lugar estéril desde sua raiz.

Em vez de alimentar as nações que tinham fome de justiça e de paz, fome do reino, terminará se consumindo a si mesma. Os discípulos, chamados a crer com todo o coração, tem que ser uma Igreja comunidade, servidora dos pobres, casa acolhedora, de portas abertas e coração missionário.

Este evangelho enfoca o Templo de Jerusalém, com sua prática e doutrina, como alvo principal das denúncias de Jesus aos chefes religiosos de Israel. Desde sua construção por Salomão, sempre teve como anexo o Tesouro, para o depósito de imensas riquezas acumuladas pelas ofertas e taxas cobradas do povo.

Naquele momento de intenso comércio e lucro praticado durante a festa da Páscoa, Jesus denuncia a corrupção do Templo. A figueira seca e o monte que pela fé é lançado ao mar representam o monte Sião, com Jerusalém e o Templo que oprimiam o povo.

A verdadeira religião, agradável a Deus, é a do perdão e da misericórdia.

Reflexão Apostólica:

Jesus procurou frutos na figueira e lá só encontrou folhas… “pois não era tempo de figos”. Apesar de mostrar três situações diferentes esse Evangelho nos leva a perceber a mensagem central que Jesus nos quer comunicar.

Jesus ainda hoje tem fome e somos nós as “figueiras” onde Ele procura fruto para saciar a Sua fome. Jesus tem fome do nosso amor expressado em atos concretos de santidade e de justiça, mas só tem encontrado, quando muito, a nossa “boa vontade”.

Isso acontece, porque muitas vezes nos preocupamos muito com a aparência, nos ocupamos com o ter conhecimento das coisas temporais, desejamos ser instruídos e, por isso, nos tornamos admiráveis aos olhos humanos.

Queremos servir a Deus, mas nos revestimos de uma capa atraente sem nunca alcançar o tempo de dar frutos bons e agradáveis ao Senhor. Jesus tem fome do fruto do Seu Espírito em nós.

O
fruto do Espírito é o AMOR que tem de ser colhido sempre, pois toda hora é tempo de semear e de colher amor. Amor semeado tem colheita certa. A figueira dá figos, o homem, amor!

O homem e a mulher que não dão frutos de amor são estéreis. Muitas vezes, porém, nós estamos desvirtuados da nossa condição primeira, porque, como fala mais adiante o Evangelho, nós nos deixamos invadir pelos “vendilhões” e o templo do nosso ser torna-se também uma “cova de ladrões”!

São os maus pensamentos, as maquinações, a vaidade, a falta de perdão, o sentimento de vingança, etc. Confundimos o que é do Espírito com o que é da nossa humanidade e mesmo até com o que é demoníaco.

Por isso, nós, como a figueira, secamos e nos autodestruímos. Precisamos também, como Jesus, expulsar de dentro do nosso coração tudo que nos impede de dar frutos de santidade. Jesus nos dá alento: “tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebeste, e, assim será”.

Na nossa oração nós precisamos suplicar o Espírito Santo. É Ele quem nos capacita a perdoar, a amar, e assim, produzir os frutos que Jesus procura em nós.

Como
está o templo do seu coração? O que você tem pedido na sua oração? Quais os frutos que você tem para matar a fome de Jesus? A sua casa é uma casa de oração?

Propósito:

Pai, ensina-me a viver a religião pura e agradável a ti. Cheio de fé e disposto a perdoar e a viver reconciliado, que eu possa rejeitar tudo o que desvirtua a verdadeira religião.

 

Evangelho do dia 01 de junho quinta feira 2023

 


01 de junho - Quando sentimos o coração duro e irritável, vamos buscar um pouco de doçura no Coração de Jesus. (S 176). São Jose Marello


EVANGELHO - Mc 10,46-52

Naquele tempo,
quando Jesus ia a sair de Jericó
com os discípulos e uma grande multidão,
estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho.
Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar:
«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais:
«Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e disse: «Chamai-O».
Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».
O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja».
Jesus disse-lhe:
«Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista
e seguiu Jesus pelo caminho.

Comentário

O Evangelho desta quinta feira propõe-nos a última etapa desse caminho (geográfico, mas também espiritual) que Jesus iniciou com os discípulos na Galileia e que irá levá- lo a Jerusalém, ao encontro da paixão, morte e ressurreição. É a última cena de um percurso que não tem sido fácil e no qual os discípulos, como cegos, se aferram às suas ideias e projetos próprios, recusando-se a entender e a aceitar que o caminho do Reino deva passar pela cruz e pelo dom da vida.

O episódio que hoje nos é proposto situa-nos à saída da cidade de Jericó. Jericó, a "cidade das Palmeiras", é um oásis situado na margem do rio Jordão, a norte do Mar Morto, e que dista cerca de 30 quilómetros de Jerusalém. Na época de Jesus, era uma cidade relativamente importante, onde Herodes, o Grande, tinha edificado um luxuoso palácio de Inverno.

Além de Jesus, Marcos coloca no centro da cena um mendigo cego com o nome de Bartimeu ("filho de Timeu"). Este nome, meio aramaico ("bar") e meio grego ("timaios"), é um nome perfeitamente usual no ambiente hebraico - palestinense onde a história é situada (nunca aparece entre os cerca de 2.000 nomes próprios que ocorrem no Antigo Testamento); aos leitores romanos de Marcos, contudo, o nome devia evocar o "Timeo", um dos mais conhecidos "diálogos" de Platão. Alguns autores pensam que, mais do que um personagem histórico, o cego Bartimeu seria uma figura simbólica.

Os "cegos" faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade palestina de então. As deficiências físicas eram consideradas - pela teologia oficial - como resultado do pecado. Segundo a concepção da época, Deus castigava de acordo com a gravidade da culpa. A cegueira era considerada o resultado de um pecado especialmente grave: uma doença que impedisse o homem de estudar a Lei era considerada uma maldição de Deus por excelência.

Pela sua condição de impureza notória, os cegos eram impedidos de servir de testemunhas no tribunal e de participar nas cerimónias religiosas no Templo.

Reflexão

É natural que Jesus tenha encontrado, quando saía de Jericó, um cego que mendigava junto da estrada... No entanto, parece claro que, à volta desse acontecimento fundamental, Marcos construiu uma catequese para os seus leitores. Quem é, na catequese de Marcos, este "cego" que Jesus encontra ao longo do caminho, quando se dirige para Jerusalém? Ele representa todos esses a quem a teologia oficial considerava pecadores, malditos, impuros, marginais, longe de Deus e da sua proposta de salvação.

O cego da nossa história está sentado à beira do caminho, provavelmente a pedir esmola. O estar sentado significa acomodação, instalação, conformismo. Ele está privado da luz e da liberdade e está conformado com a sua triste situação, sabendo que, por si só, é incapaz de sair dela. O pedir esmola (o texto refere explicitamente a sua condição de mendigo - verso 46) indica a situação de escravidão e de dependência em que o homem se encontra.

Contudo, a passagem de Jesus de Nazaré dá ao cego a consciência da sua situação de miséria, de dependência, de escravidão. Então, Bartimeu percebe o sem sentido da sua situação e sente a vontade de apostar numa outra experiência. A passagem de Jesus na vida de alguém é sempre um momento de tomada de consciência, de questionamento, de desafio, que leva a pôr em causa a vida velha e a sentir o imperativo de ir mais além ...

No entanto, Bartimeu está consciente da sua debilidade e sente que, sem a ajuda de Jesus, continuará envolvido pelas trevas da dependência, da escravidão, da instalação ... Por isso, pede: "Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim" (vers. 47). O título "filho de David" é um título messiânico. Portanto, Bartimeu vê em Jesus esse Messias libertador que, segundo a mentalidade judaica, havia de vir não só para salvar Israel dos opressores, mas também para dar vida em plenitude a cada membro do Povo de Deus.

Antes de referir a intervenção de Jesus, Marcos dá conta da reação dos que estão à volta de Jesus: repreendiam o cego e queriam fazê-lo calar (vers. 48). Quando alguém encontra Jesus e resolve deixar a vida antiga para aderir ao Reino que Jesus veio propor, encontra sempre resistências (que vêm, por vezes, dos familiares, dos amigos, dos colegas). Estes que repreendem e mandam calar o cego representam, portanto, todos aqueles que colocam obstáculos a quem quer deixar a sua situação de miséria e de escravidão para aderir à proposta libertadora que Cristo faz. No entanto, a oposição não só não desarma o cego, como o leva a gritar ainda mais forte: "filho de David, tem misericórdia de mim" ...

A incompreensão ou a oposição dos homens nunca fazem desistir aquele que viu Jesus passar e que viu n'Ele uma proposta de vida e de liberdade.
Jesus parou e mandou chamar o cego. A cena recorda-nos os relatos do chamamento dos discípulos (cf. Mc 1,16-20; 2,14; 3,13). Os mediadores que transmitem ao cego as palavras de Jesus dizem-lhe: "coragem, levanta-te que Ele chama-te" (vers. 49). Ou seja: deixa a tua situação de miséria, de escravidão e de dependência, porque Jesus chama-te. O chamamento é sempre, nestes casos, a tornar-se discípulo, a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.

Em resposta, o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus (vers. 50). A capa podia estar colocada debaixo do cego, como almofada, ou nos seus joelhos, para recolher as moedas que lhe atiravam; em qualquer caso, a capa é tudo o que um mendigo possui, a única coisa de que ele pode separar-se (outros deixaram o barco, as redes ou a banca onde recolhiam impostos). O deitar fora a capa significa, portanto, o deixar tudo o que se possui para ir ao encontro de Jesus. É um corte radical com o passado, com a vida velha, com a anterior situação, com tudo aquilo em que se apostou anteriormente, a fim de começar uma vida nova ao lado de Jesus.

Jesus perguntou ao cego: "que queres que te faça?". É a mesma pergunta que, pouco antes, Jesus fizera a João e Tiago (cf. Mc 10,36). A identidade da pergunta acentua, contudo, a diferença da resposta ... Os dois irmãos queriam sentar-se ao lado de Jesus e ver concretizados os seus sonhos de grandeza e de poder; o cego Bartimeu, ao contrário, cansado de estar sentado numa vida de escravidão e de cegueira, quer encontrar a luz para seguir Jesus (vers. 51).

Jesus responde a Bartimeu: "vai, a tua fé te salvou" (vers. 52). A fé não é a simples adesão a determinadas verdades abstratas, que o crente aceita acriticamente; mas, no contexto neo - testamentário, a fé é a adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcos termina a sua história dizendo que o cego recuperou a vista e seguiu Jesus - isto é, fez-se discípulo de Jesus. Ao aderir a Jesus e à sua proposta de salvação, ao aceitar seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida (Jesus prepara-Se para entrar em Jerusalém, onde vai fazer dom da sua vida em favor dos homens), Bartimeu encontrou a salvação: deixou a vida da escuridão, da escravidão, da dependência em que estava e nasceu para essa vida verdadeira e eterna que, através de Jesus, Deus oferece aos homens.

O cego Bartimeu que encontráramos a mendigar, sentado à beira do caminho, à saída de Jericó representava, inicialmente, os pecadores que viviam longe de Deus e à margem da salvação. Depois de encontrar Jesus, Bartimeu transforma-se e torna-se o protótipo do verdadeiro discípulo ... Destinatário privilegiado da proposta de salvação que Jesus traz, ele proclama sem hesitações a sua fé, invoca a ajuda e a misericórdia de Jesus, acolhe sem hesitações o chamamento que lhe é feito, liberta-se da vida velha e, com alegria, decisão e entusiasmo, aceita, sem condições, seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. É com Bartimeu que os discípulos de Jesus são convidados a identificar-se.

• A situação inicial do cego Bartimeu (que jaz na escuridão, dependente, acomodado, conformado) evoca uma realidade que conhecemos bem ... Evoca a condição do homem escravo, prisioneiro do egoísmo, do orgulho, dos bens materiais, da preguiça, da vaidade, do êxito; evoca a condição daquele que está acomodado na sua situação de miséria, instalado nos seus preconceitos e projetos pessoais, conformado com uma vida de horizontes limitados; evoca a condição daquele que se sente refém dos seus vícios, hábitos e paixões e que sente a sua incapacidade em romper, por si só, as cadeias que o impedem de ser livre... Esta situação será uma situação insuperável, a que o homem está condenado de forma permanente?

• A Palavra de Deus que nos é proposta garante-nos que a situação do homem cego, prisioneiro da escuridão, não é uma situação incontornável, obrigatória, sem remédio ... Jesus veio ao mundo, enviado pelo Pai, com uma proposta de libertação destinada a todos aqueles que procuram a luz e a vida verdadeira. Esse Jesus de Nazaré que Se cruzou com o cego à saída de Jericó continua a cruzar-Se hoje, de forma continuada, com cada homem e com cada mulher nos caminhos da vida e oferece-lhes, sem cessar, a proposta libertadora de Deus ... É preciso, no entanto, que não nos fechemos no nosso egoísmo e na nossa auto - suficiência, surdos e cegos aos apelos de Deus; é preciso que as nossas preocupações com os valores efémeros não nos distraiam do essencial; é preciso que aprendamos a reconhecer os desafios de Deus nesses acontecimentos banais com que, tantas vezes, Deus nos interpela e questiona ...

• O que é que implica aceitar a proposta que Jesus faz? Fundamentalmente implica - como aconteceu com Bartimeu - tornar-se discípulo ... Ser discípulo de Jesus é aderir à sua pessoa, acolher os seus valores, viver na obediência aos projetos do Pai, fazer da vida um dom de amor aos irmãos; é solidarizar-se com os pequenos, com os pobres, com os perseguidos, com os marginalizados e lutar por um mundo onde todos sejam acolhidos como filhos de Deus, iguais em direitos e em dignidade; é lutar contra as estruturas que geram injustiça, opressão e morte; é ser testemunha, com palavras e com gestos, da verdade, da justiça, da paz, da reconciliação. Quem aceita seguir o caminho do discípulo escolhe viver na luz e está a contribuir para a construção de um mundo novo.
• Quando reconhecemos o "chamamento" de Deus, qual deve ser a nossa resposta?
Bartimeu, logo que ouviu dizer que Jesus o chamava, atirou fora a sua capa e correu ao encontro de Jesus. O gesto de Bartimeu representa, aqui, a renúncia imediata à vida antiga, ao egoísmo, ao comodismo, à escravidão, aos comportamentos incompatíveis com a adesão a Cristo e a esse caminho novo que Jesus o convida a percorrer. É isso, também, que é pedido a todos aqueles a quem Jesus chama à vida nova ...
• Na história do encontro de Bartimeu com Cristo, aparecem outros personagens, com papéis vários. Uns constituem obstáculos à adesão de Bartimeu a Cristo; outros apresentam-se como intermediários entre Cristo e Bartimeu e transmite ao cego as palavras de Jesus... Este fato serve para nos tornar conscientes do papel daqueles que nos rodeiam no nosso caminho da fé ... Ao longo da nossa caminhada, encontraremos sempre pessoas que nos ajudam a ir ao encontro de Cristo e pessoas que (muitas vezes com óptimas intenções) tentam impedir-nos de encontrar Cristo. Precisamos de aprender a discernir entre as várias opiniões que nos são propostas e a dar a devida importância a quem nos ajuda a descobrir o caminho para a verdadeira vida.

• Quem encontra Cristo e aceita o desafio para viver como discípulo tem, a partir daí, um caminho fácil? De forma nenhuma. Tem de abandonar a vida cómoda e instalada em que vivia e enfrentar uma nova realidade, num desafio permanente, num questionamento constante; tem de aprender a enfrentar as críticas, as incompreensões, os confrontos com aqueles que não compreendem a sua opção; tem de percorrer, dia a dia, o difícil caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida ... É preciso, no entanto, que o discípulo esteja consciente de que o caminho de Jesus não é um caminho que leva à morte, mas é um caminho que leva à ressurreição, à vida verdadeira e eterna.

"Que queres que te faça?", diz Jesus ao cego ... Não tenhamos medo, nós também, de dizer a Jesus: "que eu veja". A alegria de Cristo que nos ama é esta fé, esta confiança nele. Não tenhamos medo de Lhe dizer a nossa fé e confiança, muitas vezes!

sexta-feira, 26 de maio de 2023

EVANGELHO DO DIA 31 DE MAIO QUARTA FEIRA 2023

 

31 – Que a Mãe Santíssima nos guarde sempre debaixo do seu manto! (L 17). São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 1,39-56

 "Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:

- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse.
A Canção de Maria
Então Maria disse:
- A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo, e ele mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba dos seus tronos reis poderosos. Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre.
Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa.
"
 

Meditação:

 Lucas, em seu evangelho, com as narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua origem simples, em uma casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde se concentram as elites privilegiadas.

Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo.

Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.

Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.

Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus na pessoa de Jesus, Seu Filho visita o seu povo. Em Maria Deus anuncia a Alegria e serve discretamente a humanidade inteira: Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.

Maria é portadora da fonte da alegria e cada cristão é também convidado a sê-lo. A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.

 Com estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o género humano.

 Não fique ingrata! Glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da majestade divina.

Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas em meditar no seu Criador, de quem espera a salvação eterna.

Porque fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes.

 Logo acrescentou: E santo é o seu nome, para fazer notar aos que a ouviam e mesmo para ensinar a quantos viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. É precisamente o nome a que Maria se refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.

 Enquanto a Igreja aguarda a jubilosa esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o costume, belo e salutar, de cantar todos este hino de Maria na salmodia vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade.

 Como Maria, que da nossa boca brotem apenas as palavras de gratidão que traduzem o sentir mais profundo do nosso coração: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador»

 Reflexão Apostólica:

 Maria recebe de Deus um grande presente e uma grande responsabilidade – Ser a mãe de Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem, na fração de segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe escolhida por Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?

Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso tempo de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea, a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não conseguimos nem nos mover, outros apenas fogem.

 Numa situação fisiológica tão desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o anúncio. O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e parte!

Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por meio do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que eu, mas por que?

Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia conseguido era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final de campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para sempre”.

Foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das promessas de Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis; olhava para Maria, sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”.

Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu povo (para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de Deus).

  A alegria de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio romano, da opressão, dos tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus, gesto este que outras santas mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram durante a missão de Jesus.

Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que brotava de um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde apedrejavam as adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a maior declaração de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao fato de não podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e próximo a Jesus, levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que Deus é amor!

Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA e a fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.

Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida, pois não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez homem, o viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular, mas creio que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu filho.

Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!


 

EVANGELHO DO DIA 30 DE MAIO TERÇA FEIRA 2023

 


30 de maio - São José Marello.

A palma da vitória está no Céu para quem sabe morrer triunfalmente. (L 23).SÃO JOSÉ MARELLO

 


EVANGELHO DO DIA

Marcos 10,28-31

Aí Pedro disse:
- Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.
Jesus respondeu:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais, ainda nesta vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.
Jesus anuncia outra vez a sua morte e a sua ressurreição    

Meditação:

O texto do Evangelho de ontem no qual Jesus apresentava a incapacidade dos homens e mulheres apegados aos bens seguirem Jesus, opõe-se ao de hoje.

 Vemos Pedro a professar o seu despojamento de tudo para ir a traz do mestre: Veja! Nós deixamos tudo e seguimos o senhor.

 Pedro é um dos que deixaram tudo para seguir Jesus. Não era rico, mas um esforçado pescador, porém, seu gesto foi muito valioso. Jesus diz então que quem deixar família e bens por ele e pelo evangelho, receberá cem vezes mais.

 Quem deixa tudo para ser discípulo missionário de Jesus sofrerá também perseguições no seguimento, mas encontrará na comunidade cristã o necessário para viver em bens materiais e afetivos.


Nas palavras de Pedro, não só estavam as dos outros apóstolos ontem, como também estão as minhas e as tuas. Estão as palavras de todos nós quando nos desfazemos nos despimos dos nossos orgulhos, vaidades, soberbas. Assim como Pedro nos evangelhos, tomava decisões em nome da Comunidade dos Apóstolos, assim continua nos dias de hoje falando e nos representando.

 “Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho” (Doc. de Aparecida 31).

 Finalmente, a Palavra nos ensina que aqueles que crerem ter tudo, não alcançarão a vida e são os últimos, enquanto que os que crêem em

Jesus e o seguem compartilhando o que são e o que tem encontram tudo na comunidade cristã e são os primeiros.

 Definitivamente, o cristão é chamado a viver em santidade, que se realiza na prática cotidiana do mandamento do amor.

 No evangelho, a pergunta de Pedro a Jesus é a mesma que certamente já dirigimos ao Senhor em algum momento de nossas vidas: “Que receberemos em troca, já que deixamos coisas muito importantes para te seguir?” E embora o seguidor do Senhor não devesse olhar de modo primordial para a recompensa, Jesus nos assegura que pelas renúncias que fazemos por ele e pelo Evangelho receberemos cem vezes mais. Que significa isto?

 Quando optamos por Cristo escolhemos crescer de modo extraordinário numa experiência humana e de fé que nos levará a ser mais conscientes e coerentes, mas capazes de transformar nossa atual sociedade num cenário digno que permitisse o desenvolvimento de uma qualidade de vida cabalmente humana para o conjunto de seus cidadãos.

 Neste crescimento, de que participa a mesma comunidade da qual fazemos parte, seguiremos optando por ser melhores no serviço e na construção do reino de Deus no nosso meio, e poderemos ver que, à medida que os demais progridem com nossa parcela de dignidade, reconhecimento, respeito, alegria de viver, iremos nos enriquecendo cada vez mais a nós mesmos.

 Não em riquezas materiais, por certo, mas numa riqueza muito mais profunda, reconfortante e duradoura. E tudo será lucro, definitivamente, quando estivermos plenamente convencidos da meta que nos está esperando em Deus apesar dos problemas, trabalhos e perseguições que tratar de alcançá-la implica.

 Reflexão Apostólica:

 Os discípulos queriam saber de Jesus o que eles teriam em troca por O terem seguido! Jesus foi claro e direto na sua explanação: a recompensa de Deus não vem do modo como que nós esperamos, mas cem vezes mais do que imaginamos.

 No entanto, só poderá comprovar esta promessa quem realmente se dispõe a sofrer perseguições. Quem tiver deixado “tudo” pela causa de Cristo, receberá desde já, também tudo, com perseguições e no mundo futuro, a vida eterna.

 Deixar tudo não significa lançar fora, rejeitar, mas simplesmente vivenciar de uma maneira diferente. Deixar pai, mãe, filhos, bens por causa de Jesus e do Evangelho, significa colocar como prioridade as exigências do ser cristão (ã), tornando-se livre de apegos humanos e de idolatrias.

 Deixar tudo é desvencilhar-se de idéias, de preconceitos e pensamentos humanos, racionais, para se deixar conduzir pela mensagem do Evangelho, a boa nova de Jesus para os homens.

 Quando nós colocamos Jesus Cristo como centro da nossa vida tudo o que nós possuímos, adquire um novo sentido e, mesmo com tribulações, nós conseguimos usufruir de tudo o que temos, com uma nova mentalidade, sem apego, sem egoísmo, com serenidade.

 Quando nós nos dedicamos à causa de Cristo, quando temos o nosso pensamento e o nosso ideal de vida, voltados para Ele nem as coisas materiais nem a nossa família nos afastam de Deus porque as coisas da terra nos levam a uma vivencia espiritual que faz toda a diferença na qualidade da nossa vida.

 Você tem deixado tudo pela causa de Cristo? O que você desejava antes de conhecê-Lo é o mesmo que você anseia hoje? Você é uma pessoa muito apegada aos seus planos, sua família, seus bens? Qual é o lugar que Cristo ocupa na sua vida?

 A opção de Pedro e demais discípulos contrasta com a do homem rico que desinteressou-se pelo seguimento de Jesus. Em resposta a Pedro, Jesus faz uma declaração abrangente que vai além daqueles que lhe estão perto, e além de seu tempo. Jesus refere-se a todo aquele que tudo deixa por causa dele e do seu anúncio.

 O sentido do desapego da família e das propriedades é a adesão a um novo projeto de vida. Já, nesta vida, no mundo novo possível, de modo muito mais abrangente são reencontrados os laços de amizade e amor, na grande família dos filhos de Deus, no usufruto do bem maior que é a compaixão, a comunicação, a solidariedade e a partilha, em uma sociedade em que vigora a justiça e a paz.

 Não faltarão as hostilidades dos poderosos que vivem às custas do povo oprimido e empobrecido. São ambiciosos que amam a riqueza e desprezam a vida.

 A sentença final exprime a subversão do Reino. É descartada a sociedade hierarquizada baseada no poder e no prestígio da riqueza, representada pelo homem rico que se afasta de Jesus.

 Vigora agora a comunidade solidária e fraterna em que todos usufruem os bens terrenos, na alegria e no amor. Os discípulos, seduzidos por Jesus, libertam-se do jugo do ter e das estruturas que alicerçam o império do dinheiro.

Propósito:

Pai, dá-me a graça de entregar-me totalmente ao serviço do Reino, sem esperar outra recompensa além de saber-me amado por ti.

Evangelho do dia 24 junho segunda feira 2024 - Natividade São João Batista

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